O Fruto do Espírito – 1


Este é o primeiro de 4 sermões de John MacArthur sobre Fruto do Espírito. Veja detalhes e links no fim do texto


Vamos retomar nosso estudo na carta aos Gálatas, vamos ler o capítulo 5, versos 16 a 25:

16 Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne.
17 Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer.
18 Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei.
19 Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia,
20 idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções
21 invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.
22 Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,
23 mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.
24 E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências.
25 Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.

Estamos bastante familiarizados com esta parte das Escrituras. Há uma ordem nos versículos 16 e 25: “andai no Espírito”. Isso é um mandamento. Somos ordenados a andar pelo Espírito, andar no Espírito. Efésios 5:18 diz: “enchei-vos do Espírito”, Isto é, devemos ceder o controle de nossas vidas ao Espírito Santo.

Isso não é fácil. A ordem é seguida pelo reconhecimento de um conflito, no versículo 17: “A carne”. Ela ainda permanece, ainda não fomos glorificados, ainda somos humanos. Portanto, temos a carne remanescente mesmo após nossa conversão e transformação. E ela gera uma tremenda batalha. Ela se opõe à obra do Espírito. A carne não é apenas o corpo físico, mas também as emoções, vontade e a mente. A única forma de vencer a carne é submissão ao controle do Espírito.

Somos justos e pecadores ao mesmo tempo. Temos uma nova natureza, fomos recriados, somos uma nova criação, criados em Cristo Jesus para boas obras; mas estamos ainda presos em nossa humanidade remanescente. E então, há uma batalha contínua. Desejamos andar no Espírito, mas a carne luta contra isso; e o Espírito luta contra a carne. Nossos desejos carnais são restringidos pelo Espírito Santo. Portanto, temos um mandamento de andar no Espírito. Ao cumprir esse mandamento, temos um conflito incrível entre nossa carne pecaminosa remanescente e o Espírito Santo que habita em nós.

Como sabemos quando a carne está no controle ou quando o Espírito está no controle? Não é nada místico, é muito claro. Tem a ver com as atitudes e ações de nossas vidas. Quando a carne está no controle, você obtém o que está nos versículos 19 a 21. Estas são as ações da carne, são evidentes, óbvias, manifestas, claras: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices e glutonarias. E aqui temos apenas exemplos, pois o texto diz: “e coisas semelhantes a estas”.

Esse é o tipo de coisa que marca as pessoas que não herdarão o reino de Deus. Esses são comportamentos de homens não regenerados. Mas ainda temos propensão a essas coisas em nossa carne não resgatada. E nossa carne não será redimida, até que recebamos nosso lar celestial e um corpo glorificado. Assim, não teremos convivência com a carne para sempre. Estamos numa guerra e somos exortados a andar em espírito. É uma ordem. A guerra está em nós, como Paulo trata em Romanos 7.

Já vimos o contraste entre as obras da carne e o fruto do Espírito. Duas semanas atrás, conversamos sobre as obras da carne; nós as examinamos detalhe por detalhe. É uma lista terrível e desastrosa das coisas que destroem a vida e os relacionamentos de uma maneira muito devastadora. Essas são as coisas que dominam essencialmente a vida de uma pessoa não salva. Pode haver algum bem realizado humanamente, mas basicamente, a carne só pode produzir essas obras sinistras.

Por outro lado temos o fruto do Espírito: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Esse é o fruto que o Espírito produz em sua vida. Portanto, se você olhar para um crente verdadeiro, poderá ver o pecado em alguma ocasião; mas você, inevitavelmente, verá essas virtudes também. E à medida que você cresce na graça e no conhecimento de Cristo e se torna mais semelhante a Cristo, vê mais o fruto do Espírito do que as obras da carne. A santificação é a frequência decrescente da lista nos versículos 19 a 21, e a frequência crescente da lista nos versículos 22 e 23.

A vida vivida na carne, mesmo debaixo da lei, produz os vícios dos versículos 19 a 21. A vida vivida no Espírito produz as virtudes dos versículos 22 e 23. O Espírito que está em nós nos impede de satisfazer a carne, as coisas que a carne naturalmente deseja. Então, quando você anda no Espírito, há restrição contra as coisas da carne. Não apenas isso, mas isso te leva a andar pelo Espírito, produzindo as virtudes listados nos versículos 22 e 23. Isso é tão essencial, porque essas são as características que marcam um verdadeiro cristão.

As ações ou obras da carne são plurais – “ações, obras”, no plural. Como você viu, há uma lista exemplificativa nos versículos 19 a 21. Não é tudo, o texto também fala de coisas semelhantes a elas. Nem todo mundo faz todas essas coisas o tempo todo. Pecadores não são livres, eles são escravos. Eles são escravos de seus pecados, mas eles têm a liberdade de escolher seus pecados.

Porém, por outro lado, o texto apresenta o fruto do Espírito no singular. Quando você está andando no Espírito, você não colhe frutos isolados, mas um conjunto de frutos. O fruto do Espírito é múltiplo, conforme listado aqui. O fruto do Espírito é colocado no singular, porque a virtude não é uma escolha em uma lista da qual você decide produzir uma virtude e outra não. Você não diz: “Bem, hoje vou mostrar alegria. Na próxima terça-feira, posso mostrar gentileza. Alguns dias depois, talvez eu tente amar alguém”. Não funciona assim. Isto não é uma lista.

Você pode fazer isso em seu pecado. Escolher praticar alguns hoje e outros amanhã. Você pode planejar os tipos de pecado que vai produzir. Mas quando você anda no Espírito, o fruto vem como um pacote. O fruto do Espírito é a combinação de todas essas virtudes. E o verso 21 diz que “contras estas coisas não há lei”. Significa que a lista apresentada de frutos do Espírito é apenas uma amostra, apenas uma seleção de virtudes muito importantes.

O pecado é uma lista para escolher, mas a virtude é produzida coletivamente. É um belo buquê coletivo de virtudes. É isso que o Espírito Santo produz em alguém que anda pelo Espírito. E você verá todos eles na vida do homem regenerado.

A ideia de fruto é muito importante, é muito mencionada no Novo Testamento, e mesmo no Antigo Testamento. Em Oséias 14:8, Deus diz: “De mim vem o seu fruto”. Então Deus é a fonte de toda virtude; o fruto é visto como uma metáfora da virtude, como “uma árvore produz frutos” ou “uma videira produz frutos” ou “uma planta produz frutos”. A vida de Deus no crente produz frutos espirituais.

O Salmo 1 trata do homem que “que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite”. Ele diz que esse homem “será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo”. Provérbios 11:30 diz que “o fruto do justo é árvore de vida”. O capítulo 12:12 diz que “a raiz dos justos produz o seu fruto”.

Quando falamos de fruto, falamos de virtude justa, espiritual. Em Mateus 13:23, Jesus diz que aquele “semeado em boa terra é o que ouve e compreende a palavra; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta.” Ele está falando de virtude ou fruto espiritual, resultados espirituais. Romanos 7:4, diz que fomos ressuscitados com Cristo para que possamos dar frutos para Deus. Efésios 5:8-9 diz:

Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz. Porque o fruto do Espírito está em toda a bondade, e justiça e verdade.

Filipenses 1:11 diz que devemos ser “cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus”. Tiago 3:17 diz que: “a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos”.

Então, a ideia é que Deus deseja que produzamos frutos. Em João 15, Jesus diz:

1 Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor.
2 Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda.
3 Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado;
4 Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim.
5 Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
6 Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam.
8 Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos.

Judas foi um ramo que teve uma conexão superficial e não salvadora com Jesus. Ele foi cortado por ser infrutífero, e foi queimado. Se estivermos, de fato, em Cristo, Ele estará em nós, e nessa união o ramo produz frutos. Sem Cristo não produziremos frutos espirituais, mas se estivermos realmente Nele, haverá muitos frutos. E isto glorificará a Deus. Produzimos frutos para Deus. Esses frutos atestam a nossa verdadeira condição de novos nascidos, de discípulos de Jesus. E o fruto é toda bondade, justiça, verdade, ou seja, todas as boas obras que o Senhor produz em nós.

Agora, especificamente, existem alguns comportamentos indicados nas Escrituras como frutos espirituais. Hebreus 13:15 diz: “ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome”. Adoração é fruto. Quando você adora, seja louvando ou honrando o nome do Senhor com sua vida, está produzindo frutos.

Em Filipenses 4:17, Paulo agradecer aos irmãos em Filipos pelas provisões para suas necessidades em Tessalônica, disse: “Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que cresça para a vossa conta”. Ou seja, dar é frutificar.

Em Mateus 3: 8, Jesus disse: “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento”. Arrepender-se do pecado é fruto. Em Romanos 1:13, Paulo diz que conduzir alguém a Cristo é fruto. Adorar é fruto, dar é fruto, arrependimento é fruto, trazer alguém a Cristo é fruto.

Somos ao mesmo tempo justos e pecadores, até sermos glorificados. Mas devemos ser caracterizados por muitos frutos. Esse fruto estará em nós, porque é isso que o Espírito Santo está fazendo em nós. O fruto é a evidência de que o Espírito Santo está em nós. O fruto é a prova da nossa salvação. Em Mateus 7:17-20, Jesus deixou isto bem claro:

17 Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus.
18 Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons.
19 Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo.
20 Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.

Ele usou termos semelhantes em João 15. Essa é a evidência da salvação. Não é um evento passado. Sua vida está manifestamente irradiando virtudes espirituais definidas como fruto? Essa é a pergunta que define um cristão verdadeiro.

Em Gálatas 5:22 e 23, há nove virtudes mencionadas, elas compõem um buquê de frutos produzidos pelo Espírito Santo. Eles são o fruto do Espírito. Eles não são produzidos pela carne; e ainda paradoxalmente, todas as nove são repetidamente ordens para nós. Em toda a Escritura somos ordenados ao amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.

O novo nascimento é uma obra de Deus, mas mesmo assim você é ordenado a nascer de novo. A fé é uma obra de Deus, mas você é ordenado a crer. O fato de você confessar a Cristo é uma obra de Deus, mas você recebeu a ordem de confessar Jesus como Senhor. O fato de você estar sendo santificado é uma obra do Espírito de Deus, mas você foi ordenado a ser obediente. Somos ordenados a fazer o que somente o Espírito pode fazer em nós.

Resumindo, somos ordenados a andar no Espírito, a alinharmo-nos com o que o Espírito está fazendo. O modelo para isso é o Senhor Jesus. Sua vida aqui na Terra foi de plena frutificação. E toda Sua vida e obra foram resultados da ação do Espírito Santo.

Frutos se enquadram em duas categorias. Uma categoria se manifesta exteriormente em bons atos, e a outra em atitudes, frutos que vêm do coração do homem, de seu interior. Em Gálatas 5:22-23, Paulo está tratando da segunda categoria, das atitudes, daquilo que está no coração do homem e que, por consequência, gera os bons atos ou ações. Se praticarmos bons atos ou ações sem as atitudes, seremos meramente legalistas e hipócritas.

O fruto da atitude vem primeiro, e onde essas atitudes dominam, surgem ações relacionadas a essas atitudes. Você não pode amar sem atos de amor. Você não pode ter alegria sem expressões de alegria. Tudo isso é basicamente alimentado em nós pelo Espírito Santo. Então, se você está andando em Espírito, Ele produzirá em você, em seu interior, um buquê de frutos espirituais. Essa é a melhor, mais clara e mais abrangente descrição de um verdadeiro cristão.

A evidência de vida espiritual não são os atos externos, as boas ações etc., mas amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio e outras virtudes semelhantes. Essa é a evidência de que não vivemos segundo a carne. A carne só produz iniquidade. Nossa salvação é exibida pelos frutos que manifestamos.

Vamos começar a ver cada uma dessas virtudes que juntas formam o fruto do Espírito. Hoje veremos amor e alegria.

O amor é o primeiro da lista, porque o amor é superior a tudo. O mundo vê o amor como uma emoção. E isso é falso. Se você deseja uma definição completa de amor, busque em I Coríntios 13, chamado de capítulo do amor. Paulo estava confrontando a igreja de Corinto com todos os seus problemas. Ele fala do caminho excelente: viver em amor.

1 Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine.
2 Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.
3 E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.

São afirmações extremamente interessantes. Supostas manifestações de dons ou obras são totalmente inúteis, se não há o verdadeiro amor. No verso 13, ele diz que “agora permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor”.

Ele fala do amor ágape, o amor que se doa, o amor incondicional, o amor que se entrega. Nos versos 4-8, ele diz que:

O amor é paciente, benigno, não arde em ciúmes, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal, não se alegra com a injustiça, regozija-se com a verdade, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Por fim, o amor jamais acaba, ele nunca falha.

Essa é a natureza do amor. Jesus disse que “ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos”. Esse é o amor. Ele busca apenas o melhor para todos ao seu redor. Suporta tudo e qualquer coisa. Você se sacrifica até a ponto de desistir de sua vida pelos outros. Essa é a essência do amor ágape. Por isso, I João 3:16 diz: “conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos”.

I João 3:14 diz que “nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama a seu irmão permanece na morte”. Isso é básico. E no verso seguinte, João é ainda mais enfático: “Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si”. E João continua:

17 Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?
18 Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade.
19 E nisto conhecemos que somos da verdade, e diante dele asseguraremos nossos corações;

O ensino de Cristo e apostólico é muito claro em afirmar que o amor ágape é característica essencial do novo nascido. Se você não está disposto a fazer desse amor a força motriz da sua vida, há muitas dúvidas sobre se você é de fato um cristão, seja lá no que você diz acreditar. Em João 15:12-14, Jesus deixou muito claro a natureza desse amor:

12 O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.
13 Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos.
14 Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando.
15 Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça;
17 Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros.

Ao lavar os pés dos discípulos (João 13:5), Jesus estava ali executando um serviço considerado naquele tempo como o mais humilhante de todos. Em Lucas 22:27 Jesus disse:

25 Mas Jesus lhes disse: Os reis dos povos dominam sobre eles, e os que exercem autoridade são chamados benfeitores.
26 Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve.
27 Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa? Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve.

O Novo Testamento nos manda amar com um amor sacrificial. Essa é a marca essencial de um novo nascido. Em João 13, Jesus disse:

34 Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.
35 Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.

Efésios 5:1-2 diz:

1 Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados
2 e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave.

Colossenses 3:12-14 diz:

12 Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade.
13 Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós;
14 E acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição.

Não há nenhum mistério sobre isso, com certeza, nenhum. Devemos ser marcados pelo amor. De onde vem esse amor?

Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado. (Romanos 5:5)

A razão pela qual você tem amor divino em você é porque Cristo está em você, o Espírito habita em você. E se você estiver andando no Espírito, obedecendo a Cristo, irradiará amor por toda parte.

O segundo fruto em Galátas 5:22 é o gozo. Há tempo para apenas alguns comentários, continuaremos na próxima vez. Sobre a segunda palavra em Gálatas 5:22, que é “gozo”. Não se trata de algo superficial, momentâneo e relacionado às circunstâncias. Não é o tipo de alegria que você sente quando algo de bom acontece em sua vida. Não é esse tipo de alegria. Não tem nada a ver com você estar saudável ou doente, sozinho ou no meio da multidão, de você ganhar bem ou não, de ter o suficiente ou não. Não está relacionado de modo algum com suas circunstâncias, sejam elas positivas ou negativas. Não tem relação alguma com o fato de você ter problemas em sua vida ou por um tempo você não ter problemas.

Há uma alegria que está relacionada à circunstâncias. Quando elas são boas, a pessoa demonstra estar satisfeita, mas se as circunstâncias mudam, a alegria se vai. Não é disso que trata a Escritura, mas de um gozo em meio às turbulências, um gozo que não se move, é inatacável, é imóvel. É um gozo profundo que proporciona constante satisfação e contentamento.

Neemias 8:10 diz: “A alegria do Senhor é a sua força.” A alegria que pertence ao Senhor é dispensada a você, assim como o amor do Senhor é dispensado a você. Portanto, seu gozo não sobe e desce junto com as circunstâncias. Mas é imóvel, é imutável, é tão imóvel e imutável quanto é o seu Senhor.

I Pedro, capítulo 1:7-8 diz:

7 Para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo
9 A quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória,

A que esse gozo está relacionado? À nossa redenção final. Não importa o que aconteça na minha vida, nada pode tocar na salvação eterna que me foi dada. O verso 4 fala de uma “herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros”. E quem está sustentando essa salvação? O verso 5 diz: “sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo”.

Jesus, conversando com os discípulos no cenáculo, pouco antes de Sua prisão, disse: “Em verdade, em verdade eu vos digo que chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará; vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em alegria” (João 16:20). Em outras palavras: “quando Eu for para a cruz, vocês vão chorar e o mundo vai comemorar. Vocês sofrerão, mas a tristeza de vocês será transformada em alegria. Vocês sentirão muita dor na sexta-feira, mas terão alegria no domingo à noite”. E Jesus completa:

A mulher, quando está para dar à luz, tem tristeza, porque a sua hora é chegada; mas, depois de nascido o menino, já não se lembra da aflição, pelo prazer que tem de ter nascido ao mundo um homem. Assim também agora vós tendes tristeza; mas outra vez vos verei; o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar. (João 16:21-22).

E em João 15:11, Jesus diz algo tremendo: “Tenho-vos dito estas coisas para que o meu gozo esteja em vós, e o vosso gozo seja completo”. Em outras palavras: “Eu dou meu gozo a vocês”. A própria alegria que o Filho possui na promessa do Pai, nós possuímos na promessa do Filho.

Isaías 53:3 diz que Jesus “Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso”. Mas, por outro lado, Hebreus 12:2 diz que Jesus “em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus”.

Cristo é o modelo da alegria. Ele foi para a cruz cheio de alegria, porque o sofrimento nunca poderia impedir o cumprimento da promessa de Deus. Nosso exemplo de gozo é Cristo. Ele suportou o cálice da ira de Deus em nosso lugar, mas Se apegou à promessa de gozo. Nós nunca vamos passar por nada como Ele passou. Ele fez tudo pela alegria do resultado. É assim que temos que encarar a vida.

E então, como o amor, somos ordenados a nos alegrarmos. Filipenses 3:1 e Filipenses 4:4 dizem: “Alegrai-vos no Senhor. Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos” Somos ordenados a fazer o que somente o Espírito pode fazer, o que é como dizer: “Ande no Espírito. Mantenha o passo com o Espírito.”

Onde conseguimos o poder para esse gozo? O poder vem do Espírito Santo. Romanos 14:17 diz: “o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo”. A alegria é obra do Espírito Santo. Se você anda no Espírito, está cheio de alegria.

É isso que as pessoas diriam sobre você? Você é uma pessoa manifestamente cheia de amor e de gozo? Se você é desprovido de amor e gozo, há algo errado com sua experiência. Ou você não é um cristão ou não está andando pelo Espírito. Se você estiver caminhando em sintonia com o Espírito, sua vida irradiará amor e alegria profunda. É isso que marca os cristãos.

Nós não somos vítimas. Não precisamos andar deprimidos e gemendo porque as coisas não estão indo do jeito que pensamos que deveriam. Cristãos não são vítimas, são vencedores. Não precisamos mudar o mundo, não precisamos mudar nossas circunstâncias; só precisamos viver no amor e no gozo, sejam lá quais forem as circunstâncias. Isso deveria ser você e eu o tempo todo; e quando estivermos assim, estaremos andando no Espírito. Vamos orar.

Senhor, obrigado por nosso tempo nesta manhã; muito prático, útil, convincente. Obrigado por nos dar a Tua Palavra e, mais importante, obrigado por nos dar o Teu Espírito, caso contrário, a Tua Palavra não faria sentido para nós. Não consigo entendê-la sem o Espírito. Por isso, agradecemos por Tua palavra e Espírito. Senhor, ajude-nos a andar no Espírito, a andar fielmente no Espírito, para que nossas vidas sejam incansavelmente cheias de amor e alegria. Por que não deveria ser sempre assim, cheios de alegria porque somos amados eternamente e nos é prometida uma herança eterna incompreensível que nunca pode ser retirada? Celebraríamos, se ganhássemos na loteria; mas isso é poeira em comparação com ganhar o céu. Não temos razão para ser nada menos do que amor e alegria. Então, preencha-nos com isso, para que o mundo saiba que pertencemos a Ti. Coloque o evangelho, o poder do evangelho, em exibição em nós. Que nossas vidas transformadas sejam testemunhas de quem nos transformou, o Senhor Jesus Cristo, oramos em Seu nome. Amém.


Esta é uma série de  sermões de John MacArthur sobre o Evangelho de Marcos. Veja abaixo os links dos sermões já publicados.


Este texto é uma síntese do sermão “The Fruit of the Spirit, Part 1″, de John MacArthur em 13/05/2018.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/48-36/the-fruit-of-the-spirit-part-1

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


Leia também: A Estabilidade Espiritual – 1


 

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