O Falso Evangelho Social – 1


Este é o primeiro de uma série de 4 sermões de John MacArthur sobre o falso evangelho social, conforme links no final do texto.


1º SERMÃO: O FALSO EVANGELHO DA JUSTIÇA SOCIAL

Nosso texto de hoje será o 18° capítulo do livro de Ezequiel. Eu entendo que falar sobre o assunto do qual estou me propondo a falar pode ser um pouco controverso. Mas, tudo bem. Eu várias vezes sou o primeiro a querer ajudar a esclarecer assuntos acerca dos quais as pessoas podem estar confusas. E muitas pessoas me perguntaram se eu falaria sobre essa questão da justiça social, que é uma questão tão importante em nossa sociedade. Então, é isso que vamos fazer.

Eu não quero te dar minha opinião ou qualquer outra opinião, mas quero te mostrar o que a Palavra de Deus diz, para que possamos entender este movimento particular que está acontecendo ao nosso redor. Agora, meu objetivo não é falar sobre política, economia, sociologia ou qualquer outra coisa. Apenas quero abordar a questão da justiça social e do evangelho.

Nossa cultura, nossa sociedade tem falado sobre justiça social por alguns anos. O tema justiça social existe há muito, muito tempo. Faz parte do socialismo clássico. Porém, nos últimos meses e nos últimos anos, a justiça social se tornou uma questão importante na igreja evangélica, pois há muitas pessoas dizendo que ela é uma parte essencial do evangelho e que se não entendermos que seja assim, não temos o verdadeiro evangelho.

Essa é uma afirmação bastante significativa. Eu estava lendo um escritor esta semana que disse: “Nós não tínhamos o evangelho até entendermos a justiça social”. E a pergunta que eu quero responder para você é: A justiça social é uma parte essencial do evangelho?

Agora, vamos definir nossos termos. Quando estamos falando de justiça social, não estamos falando de justiça legal, não estamos falando sobre a lei, não estamos falando sobre o que seja legal ou ilegal, bom ou mau, certo ou errado, pecaminoso ou justo. Também não estamos falando sobre a justiça divina. A justiça divina é perfeita em tudo. Não estamos nem falando sobre a justiça bíblica. E, a propósito, o que a Bíblia tem a dizer sobre a justiça também é claramente revelado. Estamos falando de algo diferente de qualquer um desses conceitos.

Você não encontra na Bíblia aquilo que é definido como justiça social pelo socialismo. A justiça social é um termo que descreve a ideia de que todos têm o direito a uma mobilidade social ascendente igual, privilégio social igual, finanças iguais ou recursos iguais. E, se não houver esses direitos e essas oportunidades iguais para todos, a sociedade é, por natureza, injusta. E eu só quero me apressar para dizer, claro, que a sociedade é injusta; ninguém argumentaria contra isso. O governo é falho, porque é dirigido por seres humanos pecadores, decaídos e corruptos.

E, por mais que se tente melhorar a sociedade, ela ainda é repleta de injustiças, desigualdades, discriminações. Nós não estamos discutindo isso. Mas, o que acontece, neste novo esforço para se obter justiça social, é que vários grupos de pessoas reclamam por circunstâncias e consideração muito diferentes do que elas acham que receberam. Elas acreditam que foram tratadas injustamente e que agora é hora de a sociedade tratá-las justamente. O pensamento é: seja lá como ou quando for que tenha havido tratamento injusto contra alguém ou algum grupo, agora a justiça deverá ser feita.

O que a justiça social está dizendo é que fomos privados de privilégios. Nós fomos privados de poder; nós somos os “sem poder”. Nós fomos privados de posição. Nós fomos privados de propriedade, de status, de prosperidade; nós não temos o que as pessoas poderosas têm. E consequentemente, não há justiça social para nós, para aqueles de nós que são os necessitados.

Uma palavra resume tudo e essa é a palavra “vítima”. Cada um desses segmentos de nossa população que clama por justiça social acredita ter sido vitimado por outras pessoas nessa sociedade.

Esta palavra, vítima, mais do que qualquer outra palavra, descreve sua condição auto designada. As vítimas autodestrutivas da discriminação social hoje são mulheres que acreditam que foram abusadas por homens, não apenas pessoalmente, mas também coletivamente. Há os pobres que acreditam que há muito foram abusados ​​pelos ricos. Existem grupos étnicos que acreditam que há muito foram abusados ​​por outros grupos étnicos que têm mais poder. E há os sexualmente desviados, os homossexuais em particular, que foram abusados ​​por heterossexuais.

Então, você tem essas categorias de vítimas: mulheres, certos grupos étnicos, os pobres, os homossexuais. E assim, há um grupo crescente de vítimas que simplesmente se classificam como aquelas que têm que suportar o discurso de ódio. E o discurso de ódio em nossa sociedade simplesmente é ouvir alguém dizer algo com o qual você não concorde e aí você encara isso como uma agressão a você.

E essas são as pessoas que estão exigindo justiça social e, com isso, querem deixar de ser oprimidas por todos os que elas considerem opressores na sociedade. E quanto mais vítima alguém for, é considerado mais importante; quanto mais sincera uma pessoa, mais será taxada como  autoritária. Se alguém se encaixar como vítima em várias categorias, essa pessoa terá mais status, mais autoridade e será mais ouvida.  Essa é uma nova ideia chamada “interseccionalidade”, ou seja, a pessoa é uma vítima por diversas causas, por exemplo: alguém que seja ao mesmo tempo mulher, pobre, negra, homossexual. Mas, se você não está em nenhum grupo de vítimas, você não tem nada a dizer. Ninguém vai querer ouvi-lo.

É nesse ponto que estamos em nossa sociedade hoje. Temos uma massa beligerante cada vez maior de vítimas que estão definindo suas vidas pelo que outras pessoas fizeram a elas. Agora ouça, não duvido que as pessoas sejam vítimas. Somos todos vítimas, de muitas maneiras. Você sabe, fundamentalmente, somos todos vítimas do pecado de Adão. Todos nós fomos vitimados apenas por nascermos neste mundo. Nós somos uma parte da humanidade pecadora e totalmente depravada.

A maioria de nós sofreu nas mãos de outra pessoa. A maioria de nós tem sido tratada injustamente, indelicadamente, às vezes brutalmente e às vezes impiedosamente. A maioria de nós foi mal interpretada. A maioria de nós, em algum momento, se perguntou: “Por que os ímpios prosperam e os justos têm que sofrer?”

Nota: Martin Lloyd Jones, em seu livro “Por que prosperam os impios?”, escreveu: “Por que a sociedade opulenta ao nosso redor parece passar tão bem sem Deus? Num mundo que parece tão rico, tão bem sucedido, como é que Deus permite o cristão conhecer provas, tentações e angústias? Como pode o cristão achar lugar seguro no caminho escorregadio, cheio de dúvida e desespero? Esses não são problemas novos. Eles foram experimentados intensamente pelo autor do Salmo 73.

Entendemos isso em um mundo caído. Isso é viver nessa Terra, isso é vida no mundo. Não vai ser do jeito que todos gostariam que fosse. É por isso que estamos ansiando pela Nova Jerusalém no reino milenar, quando nosso Senhor estará no trono e a governará o mundo com justiça. É um mundo difícil de se viver.

Eu li que somente no século XX, 170 milhões de pessoas morreram em genocídios. Não se trata das mortes em guerras declaradas, mas é apenas do abate de uma raça ou uma tribo de pessoas. Acredita-se que algo como 1,64 bilhão tenha morrido nas guerras modernas. O mundo está cheio de vítimas: da guerra, do genocídio, do crime, do terror. O mundo é impiedoso para todos nós em muitos níveis. Mas, ultimamente, essa ideia do status de vítima foi abraçada pela igreja evangélica.

Eu já vi isso acontecer no passado e aconteceu com força total recentemente. Essa é a ideia de que é uma parte essencial do evangelho compreender a importância e a necessidade de justiça social. Agora a justiça social, por sua própria definição, é um tipo de conceito temporal econômico, não um conceito espiritual. Por isso, injetar um conceito sociológico-econômico-temporal no evangelho é estar injetando algo estranho no evangelho.

Mas, sem levar em conta isso, há um grito muito alto sendo bradado, no sentido de que não podemos ser cristãos que têm o evangelho se não incluirmos o evangelho social, o que significa justiça terrena, temporal, para todos. Agora, essa é a pergunta:

“Isso faz parte do evangelho ou não faz parte do evangelho?” E essa é a pergunta que desejo responder, pois é minha responsabilidade sempre esclarecer o evangelho.

Através dos anos, eu tenho lutado a batalha pelo evangelho. Escrevi livros como O Evangelho Segundo Jesus, O Evangelho Segundo os Apóstolos, A Vergonha do Evangelho, O Evangelho Segundo Paulo, O Evangelho Segundo Deus – através de todos esses livros, por décadas na minha vida tenho tentado esclarecer o evangelho. Então, aqui estamos nós novamente com algumas pessoas dizendo que algo deve ser parte do evangelho, e precisamos saber se isso é correto ou não. Então, essa é a minha intenção.

Agora, temos que partir do seguinte fundamento:  a justiça social não está incluída em nenhuma passagem do Novo Testamento acerca do evangelho. Então, a justiça social não está incluída como parte do evangelho espiritual. Também não faz parte de nenhum evangelho do Antigo Testamento, como veremos no décimo oitavo capítulo de Ezequiel.

Mas, estou me adiantando. Isso não quer dizer que não devemos amar as pessoas, viver justamente, cuidar delas e ministrar às pessoas que foram tratadas de forma injusta e indelicada e impiedosa, pois nós devemos, como cristãos. Claro que faremos tudo isso. Devemos ser conhecidos pelo nosso amor uns aos outros e amor ao mundo inteiro. E devemos ser como Cristo foi para o mundo, cuidando, satisfazendo necessidades, ministrando às pessoas, amando-as. Isso é um resultado da salvação. A questão é:

O evangelho social é parte do evangelho salvífico, ou cuidar das pessoas é um resultado do evangelho? Agora, aqui está a verdade:A justiça social não faz parte do evangelho”. Eu irei mais além: “A justiça social é um sério impedimento para o evangelho.

E é por isso que estou tão preocupado com esse assunto. Eu não estou dizendo que as pessoas não foram maltratadas, elas foram. Eu não estou dizendo que elas não deveriam ser tratadas melhor, pois deveriam. Só estou perguntando: O modo como as pessoas devem ser tratadas na sociedade é parte do evangelho ou não?

Na verdade, minha convicção  é de que colocar isso como parte do evangelho é um sério impedimento ao próprio evangelho. É por isso que tal assunto nunca é incluído em nenhuma passagem bíblica acerca do evangelho. Então, vamos para o capítulo 18 de Ezequiel. Vou inicialmente fazer uma referência a um verso apenas, e então nós vamos ter que esperar até a próxima semana para ver o resto, porque eu tenho muito mais coisas que eu quero dizer antes disso. No versículo 4, há uma declaração no final: “A alma que pecar morrerá”. Essa é a tese deste capítulo.

Agora, antes de falarmos sobre isso, deixe-me falar um pouco sobre Ezequiel. Ele é um profeta no exílio babilônico. Seu nome é mencionado apenas em sua profecia, em mais nenhum outro lugar das Escrituras. Seu nome significa “fortalecido por Deus“. Vamos analisar seu chamado. Volte ao capítulo 3 de Ezequiel. Ele é chamado freqüentemente de “filho do homem” (versos 1, 3, 4 e 10). A outra pessoa chamada de “Filho do Homem” na Bíblia é Jesus, outro pregador.

Mas, vamos ouvir este texto, começando no versículo 4. Deus fala com Ezequiel. Ele diz: “Filho do homem, vai, entra na casa de Israel, e dize-lhe as minhas palavras.” Essa é a tarefa de qualquer pregador. E continua, versos 5 a 7:

5 Porque tu não és enviado a um povo de estranha fala, nem de língua difícil, mas à casa de Israel;
6 Nem a muitos povos de estranha fala, e de língua difícil, cujas palavras não possas entender; se eu aos tais te enviara, certamente te dariam ouvidos.
7 Mas a casa de Israel não te quererá dar ouvidos, porque não me querem dar ouvidos a mim; pois toda a casa de Israel é de fronte obstinada e dura de coração.

Isso soa muito familiar com o chamado de Isaías não é? Continuando, versos seguintes:

10 Disse-me mais: Filho do homem, recebe no teu coração todas as minhas palavras que te hei de dizer, e ouve-as com os teus ouvidos.
11 Eia, pois, vai aos do cativeiro, aos filhos do teu povo, e lhes falarás e lhes dirás: Assim diz o Senhor DEUS, quer ouçam quer deixem de ouvir.
12 E levantou-me o Espírito, e ouvi por detrás de mim uma voz de grande estrondo, que dizia: Bendita seja a glória do SENHOR, desde o seu lugar.
13 E ouvi o ruído das asas dos seres viventes, que tocavam umas nas outras, e o ruído das rodas defronte deles, e o sonido de um grande estrondo.
14 Então o espírito me levantou, e me levou; e eu me fui amargurado, na indignação do meu Espírito; porém a mão do SENHOR era forte sobre mim.
15 E fui a Tel-Abibe, aos do cativeiro, que moravam junto ao rio Quebar, e eu morava onde eles moravam; e fiquei ali sete dias, pasmado no meio deles..

Assim, ele recebe esse chamado. Ele será determinado e resoluto, pregando a mensagem de Deus para as pessoas. Elas não vão gostar, não vão ouvir, serão obstinadas, rebeldes e teimosas. Mas, para confirmar seu chamado, Ezequiel recebe uma visão da glória de Deus, e então é levado para um lugar próximo à Babilônia, mais ao sul, até a margem do rio Quebar, e fica lá sete dias, pasmado entre o povo. Eles sabiam que ele era um profeta de Deus, que ele tinha uma mensagem dura e eles estavam perturbados com sua presença.

16 E sucedeu que, ao fim de sete dias, veio a palavra do Senhor a mim, dizendo:
17 Filho do homem: Eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; e tu da minha boca ouvirás a palavra e avisá-los-ás da minha parte.

Vamos parar aí por enquanto. Ezequiel tinha 25 anos quando foi levado cativo com outros 10.000 judeus. Ele foi levado em cativeiro em 597 aC. Você se lembra da história: o Reino do Sul, Judá, ainda existia, foi atacado pelos babilônios, sendo que o primeiro ataque foi em 605 a.C. . Essa foi a primeira deportação. Os babilônios conquistaram os judeus e levaram milhares deles para o cativeiro. Em 597 a.C., os babilônios voltaram, na chamada Segunda Deportação, levaram cerca de 10 mil judeus em cativeiro. Ezequiel e sua esposa estavam nessa Segunda Deportação.

Então, agora Ezequiel está morando na Babilônia, perto do rio Quebar, ao sul da cidade da Babilônia. Sua esposa morre. Nós não sabemos exatamente quando, mas há um registro de sua morte em sua profecia. Ele viveu até o ano 560 a.C., disseram os rabinos, quando foi assassinado por um judeu a quem ele confrontou sobre a idolatria, de acordo com a tradição rabínica. A maioria dos estudiosos diz que seu ministério provavelmente durou cerca de 22 anos. Ele começou quando tinha 30 anos. É assim que o livro começa, capítulo 1, versículo 1, “no trigésimo ano“.

Então, ele estava há cinco anos em cativeiro, antes de começar seu ministério. E na metade do seu ministério, Jerusalém é destruída, no cerco de 586 a.C. . Metade de seu ministério foi gasto alertando os judeus de que mais julgamento estaria chegando, e os capítulos de advertência vão do 4 ao 24. Ele é um pregador do juízo.

Agora, como eles entraram em cativeiro? Você se lembra que o povo de Israel queria um rei. Eles tinham juízes, mas queriam um rei, então o Senhor lhes deu um rei. Eles tiveram três reis enquanto o reino estava unificado: Saul, Davi e Salomão. Depois de Salomão, o reino se dividiu. Dez tribos foram para o norte e formaram o que é conhecido como Israel. Duas tribos ficam no sul e formam Judá. Esses dois reinos passaram a coexistir. O reino unificado durou cerca de 110 anos, e depois se dividiu.

O Reino do Norte caiu primeiro. Foi subjugado em 722 a.C. pelos assírios. Deus usou a Assíria para julgar o reino idólatra do norte. E eles foram para o cativeiro, de onde nunca voltaram. O Reino do Sul sobreviveu a outros 135 anos. No final desse período, Deus trouxe o julgamento através da Babilônia. E ela veio em três investidas: 605 a.C., 597 a.C. e 586 a.C. . Agora, pouco antes da primeira investida, em 609 a.C.,  os egípcios vieram e mataram o bom rei Josias.

E, imediatamente, levantaram-se maus reis sobre Judá, quatro deles seguidos, reis corruptos, realmente iníquos, mergulhando o povo, após o bom reinado de Josias, em pecado, iniquidade e idolatria. E assim, Deus traz os babilônios para julgá-los. Ezequiel é, então, levado ao cativeiro para pregar a esses judeus cativos que Deus ainda não terminou Seu julgamento. Há mais julgamento por vir, incluindo a completa destruição de Jerusalém e do templo.

Ezequiel é, então, um pregador de julgamento, de juízo. E todos os seus sermões pronunciam julgamento, não apenas sobre as pessoas que estão ainda em Judá, mas sobre as pessoas que ouvem aqueles que são de coração duro, teimosos e obstinados, e não o ouvem. Ele é um pregador de julgamento e tem um princípio básico e fundamental de julgamento divino, e é o seguinte: “A alma que pecar morrerá“. Essa é a sua mensagem. “O salário do pecado é a morte”, na linguagem do apóstolo Paulo.

A alma que pecar morrerá fisicamente, espiritualmente e, mais importante, eternamente. Dessa forma, Ezequiel está pronunciando julgamento sobre aqueles que pecam. Essa é uma verdade básica, fundamental, do evangelho. Agora, de onde Ezequiel retirou isso? Vamos voltar para Deuteronômio, de volta a Moisés, de volta à lei. Deuteronômio, capítulo 24. E aí Deus está expondo a Sua lei. Você chega ao versículo 16, que diz: “Os pais não morrerão pelos filhos, nem os filhos pelos pais; cada um morrerá pelo seu pecado.

Não há nada de ambíguo nisso, certo? Todos serão mortos por seu próprio pecado, quer você esteja falando sobre pena capital sob a lei mosaica ou se você está falando sobre a morte física em geral ou se você está falando sobre a morte eterna. Todos experimentam a morte, qualquer tipo de morte, por causa de seus próprios pecados. Esse é o princípio fundamental do evangelho. E Jesus disse: “ vocês morrerão em seus pecados… para onde eu vou vocês nunca irão… ”. Esta é a lei da responsabilidade individual.

Essa lei da responsabilidade individual pode ser exemplificada de várias formas na história do povo de Deus, Israel. Mas, ela aparece em uma ilustração interessante em 2 Reis, capítulo 14. Aqui temos um rei chamado Joás. E ele é assassinado por dois de seus funcionários. Amazias, filho de Joás, torna-se rei. O assassinato de Joás está no capítulo 12. No capítulo 14, seu filho Amazias se torna rei aos vinte e cinco anos de idade. Ele reinou por vinte e nove anos em Jerusalém, o versículo 2 diz, e ele agiu bem aos olhos do Senhor.

Não que tenha feito tudo certo. Mas, ainda assim, esse é o epitáfio: “Ele agiu bem aos olhos do Senhor”. Uma ilustração de ele fazendo o certo está no versículo 5: “Sucedeu que, sendo já o reino confirmado na sua mão, matou os servos que tinham matado o rei, seu pai”. Isso estava de acordo com a lei mosaica. Ele matou aqueles que mataram o rei, seu pai.

Observe o versículo 6: “Porém os filhos dos assassinos não matou, como está escrito no livro da lei de Moisés, no qual o Senhor deu ordem, dizendo: Não matarão os pais por causa dos filhos, e os filhos não matarão por causa dos pais; mas cada um será morto pelo seu pecado”, que é uma citação de Deuteronômio 24:16. Assim, isso era lei em Israel. As pessoas seriam mortas por seus próprios pecados. Esse é o princípio fundamental do evangelho: “Você será julgado por seus próprios pecados”.

Várias gerações mais tarde, e chegamos a Ezequiel. Vamos voltar ao capítulo 3. Ezequiel conhece esta lei mosaica e sabe que ela foi confirmada na vida de Israel, como por exemplo, pelo rei Amazias. Assim, no verso 18, Ezequiel é instruído por Deus: “Quando eu disser ao ímpio: Certamente morrerás; e tu não o avisares, nem falares para avisar o ímpio acerca do seu mau caminho, para salvar a sua vida, aquele ímpio morrerá na sua iniquidade, mas o seu sangue, da tua mão o requererei.

Essa é uma declaração séria. Isso é chamado de culpa do sangue. Ezequiel, era um pregador. Se não alertasse os ímpios sobre seu pecado, o sangue deles estaria em suas mãos quando Deus tirasse a vida deles. Isso não significa que Ezequiel iria para o inferno. Simplesmente significa que ele estaria pecando severamente por não avisá-los.

Verso 19: “Mas, se avisares ao ímpio, e ele não se converter da sua impiedade e do seu mau caminho, ele morrerá na sua iniqüidade, mas tu livraste a tua alma.”  Ezequiel seria um vigia, um guardião, que diria às pessoas que o perigo estava chegando, que avisaria as pessoas. E o perigo a ser avisado era sobre o julgamento de Deus.

Versículo 20: “Semelhantemente, quando o justo se desviar da sua justiça, e cometer a iniqUidade, e eu puser diante dele um tropeço, ele morrerá: porque tu não o avisaste, no seu pecado morrerá; e suas justiças, que tiver praticado, não serão lembradas, mas o seu sangue, da tua mão o requererei.“ Ou seja, se alguém começar a agir corretamente, mas acabar se pervertendo, vai morrer. Já que você não o avisou, ele morrerá em seus pecados, e os atos justos que ele havia feito no passado não serão lembrados, mas o seu sangue Deus iria exigir da mão de Ezequiel.

Esta é a principal responsabilidade do pregador, ou seja alertar os iníquos de que eles vão morrer em seus pecados. Verso 21: “Mas, avisando tu o justo, para que não peque, e ele não pecar, certamente viverá; porque foi avisado; e tu livraste a tua alma.” Não admira que Tiago diga:“Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo” (Tg 3:1). Isso é um assunto sério. Você falha em advertir os ímpios de seus pecados e avisá-los de que eles morrerão por seus próprios pecados, e você tem o sangue deles em suas mãos.

Vejamos Josué capítulo 1, verso 18, que diz: “Todo o homem, que for rebelde às tuas ordens, e não ouvir as tuas palavras em tudo quanto lhe mandares, morrerá. Tão-somente esforça-te, e tem bom ânimo.“ As pessoas que não o escutassem quando ele falasse por Deus, morreriam. Esta é a responsabilidade universal de todo pregador, caso contrário, seremos culpados pelo sangue.

Agora, eu quero que você vá para o capítulo 14 de Ezequiel.  Lembre-se que estamos bem no meio da parte da profecia de julgamento, todos esses são sermões de juízo. Deus pune um país inteiro? Sim. Quero ler começando no verso 12:  

12 Veio ainda a mim a palavra do Senhor, dizendo:
13 Filho do homem, quando uma terra pecar contra mim, se rebelando gravemente, então estenderei a minha mão contra ela, e lhe quebrarei o sustento do pão, e enviarei contra ela fome, e cortarei dela homens e animais.
14 Ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça livrariam apenas as suas almas, diz o Senhor DEUS.

As únicas pessoas que Deus poupa são os justos (a quem Deus imputou a justiça de Cristo), todos os demais morrem em seus próprios pecados. Mesmo quando Deus julga uma nação trazendo fome a ela, aqueles que estão sob esse julgamento são os que morrem em seus próprios pecados. Os justos são livres. O texto fala de um juízo sendo derramado através da fome ou do envio de bestas selvagens, versículo 15. O texto diz que mesmo que homens como Noé, Daniel e Jó estivessem no meio do povo sob juízo, só eles seriam livrados, mas o país ficaria desolado.

A terceira possibilidade de juízo divino citada no texto seria o envio da espada ou guerra sobre um país. Versos 17-18:

17 Ou, se eu trouxer a espada sobre aquela terra, e disser: Espada, passa pela terra; e eu cortar dela homens e animais;
18 Ainda que aqueles três homens estivessem nela, vivo eu, diz o Senhor DEUS, que nem filhos nem filhas livrariam, mas somente eles ficariam livres.

A quarta possibilidade de juízo seria o envio de pragas, versos 19-20:

19 Ou, se eu enviar a peste sobre aquela terra, e derramar o meu furor sobre ela com sangue, para cortar dela homens e animais,
20 Ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor DEUS, que nem um filho nem uma filha eles livrariam, mas somente eles livrariam as suas próprias almas pela sua justiça.

Quatro possíveis juízos severos.  Mas não foi que Ele tenha afogado o mundo inteiro por causa dos pecados de alguns. Ele afogou o mundo inteiro porque o mundo inteiro era culpado de pecar. Ele olhou e viu que todos eram corruptos, e tudo o que havia em seus corações era apenas mal continuamente.

Mesmo os julgamentos coletivos de Deus atingem apenas o povo ímpio e pecador, e os justos são poupados. Cada pessoa é responsável pelo seu próprio pecado. Sim, há momentos em que Deus pode atrasar o julgamento, porque existem algumas pessoas justas no meio dos que desafiam Seu juízo. Vimos isso em Gênesis 18, na história de Sodoma e Gomorra. Deus disse, em outras palavras: “Se houvesse muitos justos, eu poderia suspender o julgamento por agora”. Mas, quando o julgamento vem, é sobre os indivíduos. E cada um é responsável perante Deus pelos seus próprios pecados.

Agora, vejamos o capítulo 33 de Ezequiel. Eu gostaria de ter tempo para ler tudo isso, mas não tenho. Mas, quero mostrar a consistência do assunto em Ezequiel 33, nos vinte versos iniciais. Vamos analisar desde o início do capítulo, que diz:

1 E veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
2 Filho do homem, fala aos filhos do teu povo, e dize-lhes: Quando eu fizer vir a espada sobre a terra, e o povo da terra tomar um homem dos seus termos, e o constituir por seu atalaia;
3 E, vendo ele que a espada vem sobre a terra, tocar a trombeta e avisar o povo;
4 Se aquele que ouvir o som da trombeta, não se der por avisado, e vier a espada, e o alcançar, o seu sangue será sobre a sua cabeça.
5 Ele ouviu o som da trombeta, e não se deu por avisado, o seu sangue será sobre ele; mas o que se dá por avisado salvará a sua vida.
6 Mas, se quando o atalaia vir que vem a espada, e não tocar a trombeta, e não for avisado o povo, e a espada vier, e levar uma vida dentre eles, este tal foi levado na sua iniquidade, porém o seu sangue requererei da mão do atalaia.
7 A ti, pois, ó filho do homem, te constituí por atalaia sobre a casa de Israel; tu, pois, ouvirás a palavra da minha boca, e lha anunciarás da minha parte.
8 Se eu disser ao ímpio: Ó ímpio, certamente morrerás; e tu não falares, para dissuadir ao ímpio do seu caminho, morrerá esse ímpio na sua iniquidade, porém o seu sangue eu o requererei da tua mão.
9 Mas, se advertires o ímpio do seu caminho, para que dele se converta, e ele não se converter do seu caminho, ele morrerá na sua iniquidade; mas tu livraste a tua alma.

Este é o trabalho do pregador. O Senhor pune todos individualmente pelo seu pecado. O julgamento vem por causa do que o pecador fez.

Você diz: “Agora, espere um minuto, eu pensava que de acordo com Êxodo 20, verso 5, os pecados dos pais, ou as iniquidades dos pais são visitados nos filhos até a terceira e quarta geração…”. Realmente o texto diz isso. E é repetido em Deuteronômio 5:9 e em Êxodo 34:7. O que isso significa?

A chave para entender esses textos está na palavra “pais“, plural. Esses textos estão se referindo aos pais de uma geração, ou seja aos líderes, aos influenciadores de uma geração. Essa geração de pais, líderes, se eles são iníquos, sua iniquidade cria circunstâncias que são transmitidas à geração subsequente. Nós entendemos isso, certo? Estamos vivendo um período tão miserável, moralmente falando, da história humana por causa do caráter vil da Internet. O mal está em todos os lugares em um nível nunca conhecido na história humana. Esta é uma cultura corrupta e vil.

As consequências das escolhas que os pais dessa cultura, os arquitetos dessa cultura, os educadores dessa cultura, as pessoas que estão dando origem a essa cultura, fizeram vão durar gerações. Você entende bem isso. É por isso que você teme quando pensa no mundo que seus filhos vão viver. Você teme pelos seus netos,  bisnetos, você nem imagina como vai ser, porque você sabe que a corrupção desta geração gerará sérias consequências e se perdurará nas gerações subsequentes. E isso é exatamente o que esses versos estão dizendo.

Então, entendemos que os pecados de uma geração criam uma espécie de condição de corrupção na qual as gerações subsequentes têm que viver. Estamos vivendo na geração corrupta agora que foi acionada pela última geração. Portanto, o princípio é de que uma geração, baseada em sua liderança, em seus educadores e influenciadores, cria um ambiente que é transmitido às gerações subsequentes. Estamos vivendo em um mundo muito, muito difícil e miserável, transmitido a nós daqueles que nos antecederam.

Eu vou além disso. O pecado de um homem, Adão, afetou a todos nós. Em Adão, todos nós morremos. Assim, chegamos a este mundo afetados pelo pecado do homem chamado Adão. Seu pecado nos leva a ser concebidos e nascidos em iniquidade, totalmente depravados, incapazes e indispostos, rivais contra Deus, operando na concupiscência da carne, dos olhos e na soberba da vida. Somos infelizes pecadores. Não há quem seja justo, não, nem um sequer. Isso é por causa de Adão. Então, sim, Adão pecou e transmitiu a condição de pecador a todos.

Gerações passadas pecaram e seus pecados tiveram consequências. Esta geração atual é provavelmente mais corrupta que qualquer outra geração. Essa corrupção terá consequências nas gerações futuras. No entanto, ninguém será enviado ao inferno pelo pecado de Adão, e ninguém será enviado ao inferno pelo pecado de qualquer outra pessoa. Você vai morrer em seus próprios pecados. Podemos sentir as consequências dos pecados dos outros. Mas, meu pecado é meu pecado, e seu pecado é seu pecado, e Deus nos mantém pessoalmente culpados.

Ninguém jamais foi enviado ao inferno por causa do pecado de Adão. “Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados; porque, se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados“, disse Jesus (Jo. 8:24). Ninguém jamais foi enviado ao inferno por causa do pecado de uma geração passada, ou dos pecados de um pai, mãe, família ou dos pecados das pessoas ao seu redor.

Deixe-me esclarecer algo muito importante: aos olhos de Deus ninguém é uma vítima. Somos todos rebeldes, obstinados, teimosos. Claro, os exilados, eles estavam na Babilônia por causa das más escolhas que os reis de Judá fizeram, por causa das más escolhas que seus ancestrais fizeram ao trazerem os ídolos para a Judá. Eles estavam em cativeiro por causa dessas escolhas. Isso criou o contexto em que eles viviam. Mas, Ezequiel diz a eles: “A alma que pecar morrerá”. Aqui temos o princípio fundamental do evangelho. Ninguém é uma vítima. Do ponto de vista de Deus, ninguém é uma vítima.

Até as condições em que vivemos hoje se encaixam no propósito de Deus. Ele ordenou você para este tempo, para ser quem você é, para estar na família em que você está, entre as pessoas com quem você está, no lugar onde você está, tudo dentro da Sua soberania. E se você diz: “eu sou uma vítima, porque eu sou isso ou porque sou aquilo, ou por causa de algo no passado”, então você realmente está se juntando a Adão. Você se lembra que Deus veio a Adão e disse: “Adão, por que você comeu do fruto?”. Ao que Adão respondeu: “A mulher que você me deu…”.  Ele não estava culpando Eva, ele estava culpando a Deus.

Isso é absolutamente como a natureza humana opera. “Oh, eu sou a vítima das escolhas de outras pessoas… estou na situação em que estou por causa do que essa pessoa fez, o que essa geração fez, o que meu ancestral fez, o que os antepassados ​​de outra pessoa fizeram, o que a cultura fez…”. E a resposta que essa cultura tem dado a esse discurso vitimista é: “Ah, sim, você está certo… você foi abusado, você foi tratado injustamente… nós simpatizamos com você… queremos abraçar tudo isso… queremos ter uma conferência para fazer as pessoas LGBT se sentirem bem-vindas na igreja… queremos começar a elevar a posição das mulheres, fazer mais pregadoras… sim, lamentamos que você se sinta mal…”.

É isso que um pregador fiel, como Ezequiel, faz? Ou ele avisa a essa pessoa que, onde quer que ela esteja neste mundo e quem quer que ela seja, ela está aqui dentro do propósito da soberania de Deus, e a única coisa com a qual ela precisa se preocupar é com o seu próprio pecado? Essa mensagem é a realidade fundamental absoluta do evangelho. Todos os que morrem sob o julgamento de Deus morrem por seus próprios pecados e não pelo pecado dos outros. Isso é claro e inequívoco.

Mas, é da natureza humana lutar contra isso e dizer: “Eu sou uma boa pessoa… há pessoas más ao meu redor que fizeram coisas ruins comigo…”. E  algumas vezes esse mal foi perpetrado há duzentos anos atrás, às vezes duas gerações atrás. E, na cultura moderna, tudo isso vira logo uma  hashtag “#Eu sou uma vítima”.  Assim, aparecem as vítimas de certas atitudes regionais ou atitudes de gênero, ou de preferência sexual, ou discurso de ódio, ou economia, ou educação. Todas essas pessoas se vêem apenas como vítimas do preconceito e da opressão que se cruzam.

E há aqueles que alegam pertencer a tantas categorias de vítimas, que poderiam até receber uma medalha de honra por todas as categorias de vitimização nas quais dizem se encaixar. Seu discurso é: “Todo mundo me ofendeu, pessoas que eu não conheço, pessoas mortas me ofenderam, pessoas vivas me ofenderam… eu sou uma vítima da injustiça do passado… e a maioria de vocês nem sabe o quanto me ofendem, pois é inconsciente…”.

E, a propósito, nesse contexto, se você não é uma vítima, então você faz parte do grupo de opressores e você deve se arrepender por causa disso. Mas, todo esse discurso vitimista não é novo. Quero dizer, é assim que as pessoas caídas reagem. Elas não assumem a  responsabilidade pelos seus atos, mas culpam outra pessoa. E estão perfeitamente felizes em culpar a Deus. Mas, essa cultura da vitimização  entrou  na igreja. Todas as vítimas agora esperam que a igreja assuma sua causa de vitimização, e elas estão exigindo justiça social.

Como isso foi parar na igreja? Como isso entrou na igreja? Como isso chegou ao ponto em que as pessoas dizem que isso faz parte do evangelho?

Eu posso te dar uma resposta rápida. Algumas décadas atrás, a igreja decidiu, a fim de ganhar o mundo, que ela teria que se tornar como o mundo, certo? Tiraram o órgão, o coro, a orquestra,  os hinos, e agora nós temos luzes de rock and roll, espelhos, fumaça e toda forma de entretenimento mundano. Os defensores de tudo isso alegam que não alteraram a mensagem do evangelho, mas que apenas mudaram o método.

Que não mudaram a substância, apenas o estilo. Alegam que estão tentando alcançar as pessoas e elas não gostam de hinos, não gostam de longas exposições da Escritura e, então, entendem que não poderemos ganhar o mundo se não mudarmos. E assim, ajustes são feitos para que supostamente possamos ganhar o mundo.

E agora, a igreja está fazendo o que o mundo gosta. Estamos dando a eles o que eles gostam. Nós estamos dando a eles o que eles estão acostumados, o que eles querem, dando a eles o estilo que eles querem. Deixe-me dizer uma coisa. Eu escrevi um livro nos anos 90 chamado “Envergonhado do Evangelho: Quando a Igreja se Torna Como o Mundo”. Nele eu disse que estamos descendo uma rampa escorregadia. E isso foi há mais de vinte e cinco anos. E eu avisei:

O mundo vai aceitar que você mude seu estilo para agradá-lo, mas em breve irá exigir que você mude sua substância. Ele vai exigir que você  mude sua mensagem.”

E agora, há todos esses evangélicos cortejando o mundo, e eles conseguiram convencer o mundo de que realmente querem fazê-lo sentir-se à vontade, e o mundo agora está tão consciente do compromisso dessa igreja consigo, que o mundo decidiu: “agora a igreja tem que mudar não só o estilo, mas a substância, não só o método, mas a mensagem.” E então, você tem essas pessoas literalmente abraçando todas essas ideias de vitimização e a igreja tem que abraçar essas ideias também, para não ficar de fora, para não ser rejeitada.

A igreja, então, é pressionada a adicionar à mensagem do evangelho o conceito de justiça social, a trazer toda essa ideia de vitimização para a sua missão. No início, muda-se apenas o estilo, mas no fim muda-se a mensagem, altera-se o evangelho, porque o evangelho é a pedra de tropeço para o mundo e é uma mensagem que o mundo odeia. Neste novo estilo de evangelicalismo, você não prega como foi ordenado a Ezequiel pregar. Você não prega que as pessoas vão morrer em seus pecados e ir para o inferno para sempre, você não prega isso.

Assim como Ezequiel, a igreja como atalaia de Deus deveria estar advertindo o mundo não sobre questões e problemas sociais, mas sobre o seu pecado.

A mensagem da igreja não diz respeito ao que certas classes de pessoas sofreram no passado (as vítimas do passado) ou no presente. A mensagem da igreja para o mundo é: “você precisa lidar com seu próprio pecado diante de Deus, porque você será responsabilizado por causa dele!”.

Olha, eu sei que as pessoas sofreram injustiças, eu entendo; esse é um mundo caído. Mas, também sei que a Bíblia é categórica: se você é um pregador, independentemente de qual seja a condição social das pessoas, você tem um trabalho a fazer, e é de avisá-los acerca de suas maldades e do julgamento vindouro de Deus.

É nosso trabalho, como igreja de Cristo, afirmar que as pessoas são vítimas dos pecados de outra pessoa? Você sabe onde isso leva? Eles vão culpar a Deus. Eles começam a culpar pessoas, sistemas, mas acabarão culpando Deus, pois Ele não agiu para impedir as pessoas e os sistemas. E, se eles culpam a Deus por sua condição, como eles virão para Deus, como crerão que Ele é misericordioso? Deus é soberano e é o autor da história.

O conceito de justiça social, então, faz parte do evangelho? Claramente não, absolutamente não. O evangelho diz que qualquer que seja sua condição no mundo, qualquer coisa que tenha dado errado com você é um pequeno problema comparado ao seu próprio pecado. Devemos transformar os homossexuais em vítimas? Mulheres rebeldes e desobedientes são vítimas? Adúlteros, abortadores de bebês, mentirosos, ladrões, criminosos são vítimas da sociedade? Devemos deixar as pessoas pensarem que não são responsáveis pelos seus atos, mas que são apenas vítimas?

Ezequiel responde-nos: Não! A mensagem a ser proclamada ao mundo é: “Enfrente seu próprio pecado, arrependa-se, ou você morrerá na sua iniquidade.” E isso é dito repetidas vezes no capítulo 18 do livro de Ezequiel:  “O seu sangue requererei da sua mão se você não der esse testemunho”. O pregador que é negligente em seu dever de pregar o severo julgamento mortal e eterno de Deus aos pecadores tem sangue em suas mãos.

Da próxima vez, vamos ver como tudo isso está exposto em Ezequiel, capítulo 18. Vamos nos curvar em oração.

Pai, somos muito gratos pela Tua Palavra, ela fala com tudo ao nosso redor e tudo em nós. Obrigado pela clareza da revelação divina. Ajude-nos a doarmos a nossa vida, em nome de Jesus Cristo, para cuidar de todos os que sofrem; mas, ao mesmo tempo, para avisá-los de que eles serão responsabilizados perante o Senhor, não pelo que alguém fez a eles, mas pelo que fizeram contra Ti. Dê-nos coragem para sermos fiéis em pregar o evangelho. Confirme essas coisas em nossos corações pelo Teu Espírito Santo, em nome de Cristo. Amém.


Esta é uma série de 4 sermões sobre a heresia do Evangelho Social, conforme textos listados abaixo.


Este texto é uma síntese do sermão “Social Justice and the Gospel, Part 1″, de John MacArthur em 26/08/2018.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/81-21

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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