Homens Dotados (2)


Esta é uma série de sermões de John MacArthur sobre dons espirituais e homens especialmente dotados. Veja os links no final deste texto.


1. INTRODUÇÃO

Estamos estudando esta série sobre dons espirituais e vamos continuar nela nesta manhã. Estamos investindo o nosso tempo colocando algum fundamento para uma compreensão completa de 1 Coríntios, capítulos 12 a 14.

1.1. PRIMEIRO ATO DA HISTÓRIA DA REDENÇÃO:

Deixe-me tentar colocar o estudo que estamos fazendo em seu contexto total. Para isso, vamos voltar a Gênesis. O primeiro ato da história redentora foi muito longo. Durou do Éden até Belém. Foi desde o nascimento do mundo até o nascimento do Salvador do mundo. Esse é o ato número um da história redentora. Incluiu toda a história da preparação para a vinda do Messias até a Sua chegada em Israel.

Esse primeiro ato da história redentora está registrado no Antigo Testamento. Esse é o cenário. O Antigo Testamento nos ensina muitas verdades. Mas, há uma verdade principal ou primária ensinada em todo o Antigo Testamento: há um só Deus e nenhum “vice-deus”. É isso aí. O Senhor nosso Deus é o Senhor. Essa é a única mensagem que Deus queria estabelecer na sociedade.

Essa verdade foi ensinada a Abraão, de início, em Ur dos caldeus. E é por isso que ele teve que sair de lá. E essa mesma verdade teve que ser ensinada e repetida a todos os seus descendentes por mais de 20 séculos. Só o Senhor é Deus e não há outro. Javé, o Deus de Abraão, Isaque, Jacó, o Deus de Israel,  é o único Deus. A nação que era cativa no Egito aprendeu no êxodo que o Senhor é o Deus poderoso em que eles poderiam confiar, pois Ele poderia derrotar outros deuses e libertar Israel do Egito.

A lei mosaica revelou a mesma verdade: há um único Deus, esse Deus tem seus padrões e esses padrões devem ser obedecidos. Toda a vida diária social, ética, religiosa do homem deveria ser liderada pelo amor e lealdade a um Deus que havia tirado Israel do Egito. Esta foi a principal mensagem de Deus no Antigo Testamento. E essa mensagem teve que ser repetida várias vezes, porque Israel a esquecia com muita facilidade.

Israel continuamente buscava os ídolos. Elias teve que arrastá-los para fora do culto dos deuses da fertilidade pagã introduzido por JezabelOseias teve que chamá-los de volta a Yahweh, seu primeiro amor, quando eles cometeram adultério espiritual com ídolos. Jeremias, Isaías, nunca se cansaram de lembrar ao povo que havia um Deus, um Salvador, que poderia libertar o Seu povo, de modo que toda a esperança em outros deuses era vazia.

Mas, a lição só foi aprendida por Israel no cativeiro de 70 anos na Babilônia. E esse cativeiro teve início depois que o reino do norte havia sido destruído. O reino do sul foi levado em cativeiro e durante esses 70 anos viveram em adversidade, de modo que penduraram suas harpas nos salgueiros e choraram pelos rios (Salmo 137:1-2). Através de toda essa adversidade, eles finalmente entenderam que existe apenas um Deus. O aprendizado foi doloroso, mas veio.  

Quando eles voltaram daquele cativeiro de 70 anos e reconstruíram os muros de Jerusalém, o templo e restabeleceram a nação, desde então, até hoje, a teologia judaica ortodoxa nunca se afastou de sua crença em um só Deus, nunca mais voltaram a se aproximar da idolatria. Deus finalmente conseguiu que sua mensagem fosse aprendida. Eles voltaram do cativeiro, reconstruíram a cidade, restabeleceram a adoração ao Deus único e o Antigo Testamento termina. A mensagem de Deus está do início ao fim do Velho Testamento: “O Senhor, nosso Deus, é o único Deus”.

No período intertestamentário, isto é, nos 400 anos entre o final do Antigo e o início do Novo Testamento, houve uma tremenda tentativa por parte dos gregos, liderada por Antíoco Epifânio, de levar Israel a adorar ídolos. Houve uma profanação do templo. Houve um esforço para superar sua religião, para quebrar suas crenças. Mas, essa tentativa falhou. Os Macabeus lideraram uma revolução que manteve seu compromisso com a adoração ao único Deus.

Então, nos primeiros anos do Novo Testamento, e antes de ele ser escrito, os romanos ocuparam as terras de Israel, e, com seu politeísmo, inundaram a terra com todos os seus deuses. Porém Israel se recusou a cair nessa adoração e até exigiu que os estandartes romanos fossem removidos quando tivessem a imagem de César neles [pois os imperadores romanos eram vistos como deuses]. Os judeus também exigiram que Roma imprimisse moedas especiais sem a imagem de César, porque entendiam que isso constituía idolatria, e eles não queriam fazer parte dela.

E foi a crença judaica no Deus único que fez com que Israel não se misturasse com o padrão romano e que, finalmente, levou à destruição do Templo em 70 d.C. A mensagem de Deus chegou até Israel. Não foi fácil, mas muitos entenderam. E, consequentemente, eles a divulgaram para o resto do mundo: “O Senhor é o único Deus”. 

1.2. O SEGUNDO ATO DA HISTÓRIA DA REDENÇÃO:

Então, veio o segundo ato na história redentora, que durou de Belém até o Pentecostes. Deus, tendo estabelecido que Ele é o único Deus, invadiu a História e veio ao mundo. Diferentemente do Antigo Testamento, na era do Novo Testamento Deus está aqui. Essa é a diferença. Deus se torna visível no mundo dos homens. Jesus faz Deus acessível ao toque humano. E é por isso que Paulo diz: “Nele habita toda a plenitude da divindade”. Há um único Deus verdadeiro e agora Ele está, não apenas diante de nós como Criador e acima de nós como soberano, mas está sobre nós como Salvador.

1.3. O TERCEIRO ATO DA HISTÓRIA REDENTORA:

Mas, então, veio o terceiro ato da história redentora e isso foi ainda mais incrível. Porque, nessa fase, Deus não está lá, nem aqui, mas em nós. Uma dimensão maior. Deus veio morar em nós. O terceiro ato vai do Pentecostes até o arrebatamento. E essa é a era em que agora vivemos. Você vê a revelação da Trindade nesses três atos: Deus, o Pai, revelado como um só Deus. Deus, o Filho, revelando-se na História humana. Deus, o Espírito, o Deus em nós, nesta era.

Deus testemunhou no Antigo Testamento através da Sua Palavra. Deus testificou no Novo Testamento através de Sua Encarnação. E Deus agora fala ao mundo através de Sua igreja. Nós somos o corpo de Cristo. Nós somos Deus no mundo. Você pode resumir, assim, a história da redenção: ato um, Deus é um; ato dois, Deus é homem; ato três, Deus está no homem. Essa é a história redentora.

1.4. O QUARTO ATO DA HISTÓRIA REDENTORA:

O ato quatro será o retorno ardente de Jesus Cristo quando Ele vier em Sua glória para revelar Ele mesmo, manifestar Deus e assumir o governo do mundo. Mas, hoje, no ato três, Deus vive em Sua igreja. O Espírito Santo vive em Seu corpo. Ele vive em você e em mim, que somos cristãos. Você diz: “Por que você está nos falando tudo isso, John? Por isso: no Ato um, Deus queria se manifestar, assim como no ato dois também. No ato 4, Jesus Cristo se manifestará.

O que você acha que Deus quer fazer no ato três, que é a fase da história redentora em que nos encontramos agora? Manifestar-se também. Como? Através de você e através de mim. E é somente quando a igreja é visivelmente semelhante a Cristo, que Cristo é visto no mundo. Você vê? Então, como podemos manifestar Deus no mundo? Somente obedecendo a Deus.

Efésios 4:12-13 diz: Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo”. Se quisermos manifestar Cristo no mundo, devemos ministrar uns aos outros, edificar uns aos outros, ser como Cristo. E para fazer isso, Ele deu a cada um de nós o que? Dons espirituais.

2. OS HOMENS DOTADOS

Todo crente é chamado e dotado com um dom, para equipar, construir, servir, para que o corpo cresça, para que Cristo seja visível pela igreja coletiva. E tratamos desse assunto durante as últimas quatro semanas. Como Ele vai fazer isso? Bem, Ele nos deu dons. Nós os vemos em três categorias: Ele nos deu homens dotados, dons edificantes permanentes e dons de sinais temporários. Falaremos sobre os dois últimos no futuro. Hoje vamos voltar para o nosso estudo acerca dos homens dotados.

Agora, o Senhor sabe que se a igreja deve irradiar Cristo, alguém deve liderá-la, alguém deve estar à frente. E há aqui cinco categorias que realmente constituem os homens dotados, ou as pessoas-chave na edificação da igreja: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. Estes não são dons espirituais. São pessoas dotadas, dadas como presentes para a igreja.

2.1. APÓSTOLOS

Agora, você se lembra da última vez que conversamos sobre os apóstolos? Eu só vou adicionar algumas coisas para completar sua compreensão. Quem foram os apóstolos? Marcos 3:13-15: “E subiu ao monte, e chamou para si os que ele quis; e vieram a ele. E nomeou doze para que estivessem com ele e os mandasse a pregar, e para que tivessem o poder de curar as enfermidades e expulsar os demônios”. Essa última parte [sublinhada] aparece na versão King James, mas não está contida nos manuscritos mais antigos, segundo os quais essa parte do texto seria: “… para que os enviasse a pregar e tivessem autoridade para expulsar demônios”.

E então, o texto continua  nomeando quem eram estes doze homens. Estes são os apóstolos de primeiro escalão, o grupo oficial de apóstolos. Eles deveriam pregar e expulsar demônios, proclamando o evangelho e invadindo o reino Satanás. Eles tinham um título muito oficial, formal, eram chamados de “Os Doze“. Mais tarde, quando Judas se foi, eles foram chamados de Os Onze, aos quais Matias foi adicionado.

Então, eles sempre foram um grupo oficial de doze homens. Sua tarefa básica: pregar o evangelho. E eles tinham autoridade para testemunhar sobre algo totalmente original. Eles pregaram uma mensagem que ninguém na História jamais havia pregado. Eles pregaram uma nova mensagem e quando ela foi estabelecida e concluída, eles desapareceram. Havia apenas doze. Quando morreram, acabou o grupo dos doze.

Além dos onze iniciais e Matias, ainda houve mais um apóstolo desta mesma categoria. E  ele diz em 2 Coríntios 11:5 que: penso que em nada fui inferior aos mais excelentes apóstolos. Ele não era menos apóstolo do que Pedro, Tiago e João. Quem era ele? Paulo. Então, Paulo se encaixa nessa categoria de apóstolos de alto escalão, o que nos dá um total de treze apóstolos. O ministério desses treze homens foi dar testemunho original do evangelho, revestidos de autoridade e poder para operar milagres.

Mas, o que é interessante sobre isso é que havia outros no Novo Testamento também identificados pela palavra grega traduzida em nosso idioma como apóstolo. Para ajudá-lo a entender o que eu mencionei na semana passada, deixe-me apenas levá-lo a 2 Coríntios 8:23, porque eu quero mostrar as duas categorias diferentes de apóstolos. 2 Coríntios 8:23 diz: Quanto a Tito, é meu companheiro, e cooperador para convosco; quanto a nossos irmãos, são embaixadores das igrejas e glória de Cristo.No grego é: “Eles são os apóstolos das igrejas”.

Agora, escute, você tem então duas categorias de apóstolos: os apóstolos do Senhor mais Paulo e você tem uma segunda categoria que são os apóstolos das igrejas. Os apóstolos das igrejas seriam como essas pessoas mencionadas no texto anterior e outros como Andrônico e Júnia, Tiago, irmão de nosso Senhor, talvez Tito. Eles não foram pessoalmente comissionados pelo Senhor Jesus Cristo. Necessariamente eles não tinham que ter tido testemunho pessoal, visual da ressurreição, ou seja, não tinham que ter tido contato pessoal com o Cristo ressuscitado, como foi exigido no caso do grupo dos treze apóstolos.

Este é um grupo diferente. A palavra apóstolo simplesmente significa “mensageiro” ou “enviado”. Estes são os apóstolos de segundo escalão, os apóstolos das igrejas. E assim, são distintos dos Apóstolos do Senhor Jesus Cristo. Mas, eles foram chamados por Deus para um propósito muito especial, para uma missão muito singular na formação da igreja: proclamar a verdade, proclamar a doutrina, ensinar a Palavra, estabelecer o fundamento.

Agora, havia falsos apóstolos. 2 Coríntios 11:13 diz: Há falsos apóstolos. Agora, ninguém poderia falsificar o apostolado dizendo-se apóstolos de Cristo, simplesmente porque todos conheciam quem eram os treze e todos sabiam que havia apenas treze. Você não poderia vir e dizer: “Eu sou apóstolo Efraim “. Eles diriam: “Sinto muito, rapaz, sabemos quem são os Treze”.

Mas, poderia haver falsificação quanto à segunda categoria de apóstolos, no sentido de alguém se apresentar como um um apóstolo de Cristo, mas sendo, na verdade, um apóstolo das igrejas. Eles poderiam confundir essa questão, e é aí que Satanás plantou os falsos apóstolos nas igrejas, [ou seja, homens querendo agir como apóstolos de Cristo sem o ser, querendo estabelecer a doutrina da igreja sem terem autoridade para tanto].

duas categorias de apóstolos, sendo que  o grupo dos Treze era formado por aqueles a quem Deus deu revelação divina, e aqueles outros – os apóstolos das igrejas – eram os mensageiros das igrejas, que foram enviados pelo mundo, que se moviam para pregar o evangelho naqueles primeiros anos. Estes também, sem dúvida, tinham poder dado pelo Espírito Santo para operar milagres, a fim de referendar seu ministério.

Paulo fala sobre os dons de um apóstolo, das habilidades milagrosas de um apóstolo, em 2 Coríntios 12:12, os sinais de um apóstolo, e talvez ambas as categorias de apóstolos tinham a capacidade de fazer milagres, para atestar o que eles estavam dizendo .

Os apóstolos de Cristo não são um grupo de autoperpetuação. Na verdade, quando Tiago foi decapitado, ninguém foi escolhido para ocupar seu lugar. E única razão pela qual Matias tomou o lugar de Judas foi para completar o número dos Doze. Mas, quando os verdadeiros apóstolos morreram, ninguém tomou seu lugar, porque não havia apostolado contínuo. Não há sucessão apostólica, é o que estamos dizendo. E, consequentemente, não há sucessão de dons apostólicos [Nota do site: Deus continua operando milagres, mas não através de dons de cura e de operação de maravilhas a homens específicos]. Entraremos nisso mais tarde.

Eles não são um grupo perpétuo. Eles tiveram uma comissão intransmissível, dada diretamente por Jesus Cristo. Eles não puderam transmiti-la a ninguém mais. Quando eles morreram, acabou. Eles não têm nenhum elemento permanente na vida da igreja. Eles pertencem à infância da igreja. Mas eles foram usados ​​para ensinar a doutrina e basicamente estabelecer os padrões da igreja.

E eles se movimentaram muito, eram enviados, mensageiros, isso é apóstolos, é o que isso significa. Eles cessaram quando o Novo Testamento foi concluído e o padrão da igreja havia sido estabelecido. Agora eles tinham alguns amigos junto com eles chamados de “profetas“.

2.2. PROFETAS

E os profetas, da mesma forma, nos anos de fundação da igreja, foram aqueles que falaram por Deus. Agora, como vimos na vez passada, um profeta não se movia de forma itinerante, como acontecia com um apóstolo. Tinham um ministério fixo em um local. Cada vez que vemos profetas no Novo Testamento, eles estavam estabelecidos em uma congregação local. E, ao invés de serem fontes da revelação doutrinária divina [função privativa dos apóstolos de Cristo], eles eram fonte de sabedoria prática para a igreja.

Eles alertaram a igreja acerca de problemas futuros. Eles traziam a mensagem especial de Deus a uma determinada congregação local, acerca do que Ele queria, Sua vontade para eles. Os apóstolos tinham uma função de maior autoridade e os profetas tinham que estar sujeitos aos ensinamentos dos apóstolos, de acordo com 1 Coríntios 14:37.

Agora, vamos nos lembrar do chamado e do papel dessas pessoas. O Senhor Jesus Cristo deu apóstolos e profetas à igreja. O objetivo foi a construção da base, do fundamento. Efésios 2:20 diz que eles são o fundamento da igreja. Efésios 3: 5 diz: O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas”.

Assim, a confirmação do ministério dos apóstolos e profetas se deu através da capacidade que lhes foi dada de fazer milagres, a fim de provar que eles estavam, de fato, falando por Deus. Seu propósito foi estabelecer a igreja com doutrina sólida.

Porém, os apóstolos e profetas saíram de cena e, quando isso foi acontecendo, seu ministério foi assumido por outro grupo. Nós veremos esse grupo no nosso estudo de hoje: evangelistas, pastores e mestres.

2.3. EVANGELISTAS

Observe Efésios, capítulo 4, versículo 11. Vejamos os evangelistas. Vamos descobrir o que é um evangelista. Efésios 4:11: E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas…. Agora, quando pensamos em um evangelista, não é muito difícil defini-lo. Se eu lhe pedisse que me desse uma definição de evangelista, você provavelmente diria: “Um evangelista é alguém que anda por aí pregando o evangelho”. Você está certo.

Alguns dizem que a palavra evangelistaderiva de vendedores de sabão. No passado, os comerciantes de sabão agiam assim: eles iam ao centro da cidade, achavam um cara bem sujo e o levavam até a esquina para lavá-lo. E, enquanto demonstravam a eficácia do seu sabão, diziam: “Isso é o que esse produto pode fazer por você!”. E assim, as pessoas no passado começaram a chamar as pessoas que saiam pregando o evangelho de ‘vendedores de sabão’, porque estavam limpando o interior dos seus ouvintes.

Basicamente, um evangelista é aquele que proclama boas novas, é o pregador do evangelho. Agora, a palavra evangelista só aparece três vezes no Novo Testamento. Uma vez, aqui, em Efésios 4:11, referindo-se a um grupo de pessoas. Havia um grupo deles entregue à igreja. Depois dos apóstolos e profetas, vieram os evangelistas. Estou convencido de que os evangelistas assumiram o papel dos apóstolos.

Eles são  ministros mais itinerantes. Isso não significa que eles estejam sempre em movimento. Paulo poderia ficar em um lugar por três anos, não poderia, como apóstolo? E Timóteo, veremos, como um evangelista, ficou em muitos lugares por longos tempos. Mas, seu ministério é um ministério em movimento. É um ministério itinerário. Eles estão em movimento, movendo-se, pregando o evangelho.

Agora, a segunda vez em que o termo evangelista é usado no Novo Testamento é em  Atos 21:8, que diz: Partindo no dia seguinte, chegamos a Cesaréia e ficamos na casa de Filipe, o evangelista, um dos sete“. Filipe era originalmente um diácono, um dos escolhidos em Atos 6. E, em Atos 21, descobrimos que ele passou a ser chamado como Filipe, o evangelista.

Bem, se queremos saber o que é um evangelista, devemos olhar para a vida de um por um momento. Então, vamos seguir Filipe um pouco. Vá para Atos 8:4-5 e vamos descobrir exatamente no que um evangelista estava envolvido: Os que haviam sido dispersos pregavam a palavra por onde quer que fossem. Indo Filipe para uma cidade de Samaria, ali lhes anunciava o Cristo.”

Agora, isso define um evangelista: alguém que prega a Palavra. Penso que é importante lembrar a muitos evangelistas de que é importante pregar a Palavra, que não é apenas ler o texto, contar dez histórias e fazer um apelo. Creio que pregar a Palavra é o que diz o verso 5: Indo Filipe para uma cidade de Samaria, ali lhes anunciava o Cristo. Isso é evangelismo. Filipe foi a uma cidade, pregou a Cristo. Um evangelista em ação é um pregador de Cristo.

Ele está se esforçando para ganhar pessoas. Versículo 6: Quando a multidão ouviu Filipe e viu os sinais miraculosos que ele realizava, deu unânime atenção ao que ele dizia.Agora, você tem a identidade básica de um evangelista. Mas, é claro, Filipe também tinha a capacidade de fazer milagres, porque, naquela época, o Novo Testamento não tinha sido escrito ainda e, para confirmar às pessoas que o que ele dizia era verdadeiro, Deus deu não só a Filipe, mas aos  evangelistas, naqueles dias, habilidade para operar milagres.

Agora, veja o versículo 35: Então Filipe, começando com aquela passagem da Escritura, anunciou-lhe as boas novas de Jesus. Aqui você tem uma situação totalmente diferente para Filipe. Na primeira parte de Atos 8, ele está pregando Jesus para uma multidão. No meio de Atos 8, ele está pregando Jesus a um homem. É preciso ressaltar que um evangelista pode ser afetivo com grupos, bem como com indivíduos.

Um evangelista, então, é alguém que é dado à igreja para o propósito de evangelizar e empoderado pelo Espírito para trazer pessoas a Jesus Cristo. O versículo 40, aliás, diz: Filipe, porém, apareceu em Azoto e, indo para Cesaréia, pregava o evangelho em todas as cidades pelas quais passava. Um evangelista pode ser um pregador itinerante do evangelho.

Em 2 Timóteo 4 a 5 está a terceira e última vez que a palavra evangelista aparece no Novo Testamento: Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério. Paulo está dizendo a Timóteo: “para cumprir seu ministério, você precisa fazer o trabalho de um evangelista”, o que me leva a crer que Timóteo era, de fato, um evangelista.

Então, vimos um grupo coletivo de evangelistas, em Efésios 4:11 e Filipe e Timóteo agindo individualmente. Certamente houve muitos mais, e tem havido muitos mais na história da igreja. Até hoje temos evangelistas. O evangelista do Novo Testamento é aquele que proclama as boas novas. Uma das obras mais eruditas que já foram escritas, traduzida do alemão, é chamada de “Kittle”. É uma série de estudos sobre palavras do Novo Testamento. É muito erudito. Ouça o que o Kittle diz sobre a palavra evangelista:

Pode haver pouca diferença entre um apóstolo e um evangelista, sendo que todos os apóstolos eram evangelistas. Por outro lado, nem todos os evangelistas eram apóstolos. Ter o chamado direto do Senhor ressuscitado era um aspecto essencial do apóstolo. Nas três passagens do Novo Testamento, o evangelista é subordinado ao apóstolo.

Agora, o que é importante sobre isso é o seguinte: nem todos os evangelistas eram apóstolos, mas todos os apóstolos eram evangelistas. O que é importante, então, é que o trabalho de pregar o evangelho, que os apóstolos fizeram, é agora o trabalho dos evangelistas. Você não precisa mais de apóstolos, porque eles cumpriram seu trabalho estabelecendo a doutrina da igreja. E temos tudo escrito no Novo Testamento, certo? Os evangelistas continuam o trabalho dos apóstolos.

Eles não são iguais aos apóstolos. Eles fazem o mesmo trabalho que os apóstolos, mas claramente são distintos. Por exemplo, Filipe, o evangelista, definitivamente não era um apóstolo. “Como você sabe disso, John?”. Porque em Atos 8 é dito que Filipe pregou em Samaria, o povo creu e ele os batizou, mas nenhum deles recebeu o Espírito Santo. Eles tiveram que esperar até que Pedro e João viessem, porque, nos dias iniciais da igreja, o Espírito Santo era transmitido a novos grupos somente através do ministério dos apóstolos. E Filipe não conseguiu fazer isso. Ele é retratado como alguém subordinado aos apóstolos, era um evangelista.

E assim, hoje, dizemos que as pessoas que pregam o evangelho não são apóstolos, mas evangelistas. Por exemplo, Timóteo, que era evangelista, era um discípulo de um apóstolo, não um apóstolo. E na lista em Efésios 4, os apóstolos vêm em primeiro lugar, seguidos dos profetas e depois, em terceiro lugar, vêm os evangelistas. Assim, o evangelista sempre é visto em um contexto subordinado. Eles continuam o ministério proclamador dos apóstolos.

É muito importante examinarmos o que os primeiros pais da igreja, no primeiro século, entendiam sobre esse assunto. Essas pessoas viveram numa época muito próxima da primeira geração da igreja e, portanto, tinham uma compreensão bem clara do que o Novo Testamento realmente diz sobre esse e outros assuntos, pois tudo estava muito fresco ainda, recente. Assim, os pais da igreja nesse período são uma boa fonte para nós.

Um deles, Eusébio, disse o seguinte: Os evangelistas são os sucessores dos apóstolos que morreram“. Então, os pais da igreja sabiam que não havia sucessão apostólica. A igreja do primeiro século sabia disso, e eles viram os evangelistas como aqueles que continuariam a proclamação do evangelho.

Então, o que um evangelista deve fazer? Tarefa primária: pregar o evangelho. Agora, observe isso. Filipe é um exemplo de pregar o evangelho em áreas novas, territórios novos onde Cristo nunca foi anunciado, iniciando uma igreja. Timóteo, a segunda ilustração de um evangelista, é uma ilustração de um homem que foi a igrejas já estabelecidas e mobilizou as pessoas de lá para evangelizar sua cidade. Viu a diferença?

Você pode ter um evangelista que está viajando como missionário, fundando igrejas, plantando igrejas, ou você pode ter um evangelista que chega a uma assembléia local, quando é pequena, e tem a capacidade de mobilizar os fiéis proclamar Cristo, agir na comunidade, a fim de conquistá-la para Jesus. Esse também é o trabalho de um evangelista.

Alguns de vocês tiveram a experiência de estarem em uma igreja que começou com um evangelista fazendo seu trabalho de evangelização, alcançando pessoas, porém a igreja nunca saiu do estágio da evangelização, isto é, não houve o trabalho de ensino de um pastor para amadurecer os santos, quando teria sido melhor que houvesse.

Então, este é o trabalho de ganhar pessoas para Cristo e edificá-las. Paulo diz: Timóteo, faça o trabalho de um evangelista“. Você diz: Bem, o que um evangelista faz? Ele apenas chega, faz seu serviço rapidamente e vai para outro lugar começar tudo de novo?“. Não.

Número um – Um evangelista é um plantador de igrejas. Ele ganha pessoas para Cristo, planta a igreja. É provável que Tito também fosse um evangelista. E Paulo disse a Tito: “Estabeleça anciãos ou ordene anciãos em cada cidade”. Ele teria que ir às localidades, trabalhar na edificação dos santos para conduzi-los à maturidade e nomear os anciãos, o que significa que ele teria que ter ficado em cada localidade até que eles estivessem maduros o suficiente para se autogovernar.

Paulo diz a Timóteo, por exemplo , em 1 Timóteo 4:13, instruindo Timóteo, como evangelista: Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá. Você sabe o que isso significa? Em outras palavras: “Timóteo, até chegar aí, leia o texto, explique-o, aplique-o, seja um pregador, um expositor da verdade, um mestre. Ofereça-se a eles santo, preste atenção à doutrina”. Versículo 6:  Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Jesus Cristo, criado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido.”

Número dois: Um evangelista ensina e prega  – 2 Timóteo 2: 2, Paulo diz: E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros. O que um evangelista faz? Ele ensina e ele prega.

Um evangelista não é alguém que só pode pregar sermões. Ouvi um evangelista bem conhecido dizer outro dia: “Eu sou apenas um motivador. Eu não espero ensinar a ninguém. Eu sou apenas um motivador”. Isso não faz nenhum sentido. Então, o que ele usa para motivar as pessoas? A verdade ou a palavra falsificada? Se for a verdade, então ele é um mestre, um professor. Mas, se não for a verdade, então é um falso. Eu quero pensar que ele use a verdade…

Tudo bem, o trabalho evangelístico pode ser realizado em lugares onde Cristo nunca foi nomeado ou pode ser realizado em lugares onde já existe um grupo estabelecido de crentes que tentam conquistar uma cidade. Mas, trata-se do ministério de pregar o evangelho e ensinar a Palavra de Deus. Porque o ministério dos apóstolos, profetas, evangelistas, pastores de ensino é para … o quê? Aperfeiçoamento dos santos, Efésios 4:11. E o ministério de um evangelista visa a amadurecer os santos, tanto quanto os outros ministérios.

2.4. PASTORES DE ENSINO

Isso nos leva à categoria quatro: pastores ou pastores de ensino. Efésios 4:11 cita: Apóstolos, profetas, evangelistas e pastores de ensino [ou pastores e mestres]. Importante saber que pastores e mestres se refere a um ministério apenas, isto é, pastores de ensino. Não se trata de duas categorias: pastores e mestres. Mas, de uma apenas. No original grego isso é claro, sem dúvida.

Agora, este é o ministério que tomou o lugar do ministério dos  profetas. Quando os profetas todos morreram, os profetas do Novo Testamento, os pastores de ensino ou pastores-mestres passaram a exercer o ministério nas igrejas locais. Agora, qual o trabalho do pastor de ensino? Ele é dado à igreja para permanecer em uma congregação local, para ministrar às suas necessidades práticas através da aplicação da doutrina. Ele pastoreia a igreja, protegendo-a, defendendo-a, alertando-a, construindo muros em torno dela para sua proteção e desafiando-a,  instruindo-a, motivando-a, a longo prazo.

Esse é o meu chamado, é o que faço. Eu sei, no meu coração, que é para o que Deus me chamou a fazer. Eu sei o que é ter o coração de um pastor de ensino. Eu sei o que significa, porque o desejo do meu coração é pastorear vocês. E as pessoas, às vezes, diziam: “Bem, você não se importa com o mundo?”. Sim, mas eu me importo com o mundo na perspectiva de o mundo ser alcançado através de vocês, porque vocês são aqueles pelos quais Deus está me dando o desejo imediato. E eu entendo o meu coração nessa área.

Bem, o que o pastor-mestre ou pastor de ensino deve fazer? Antes de tudo, ele é chamado de pastor de ensino ou pastor-mestre, então ele deve fazer duas coisas: pastorear e ensinar. Você diz: Bem, o que pastorear quer dizer?” Proteger o rebanho. “O que ensinar significa?”. Alimentar o rebanho. É isso: proteger e alimentar. Essa é a base. Paulo falou sobre tudo isso em Atos 20. Leia depois.

Um pastor deve alimentar, advertir, ensinar com uma enorme convicção, exortar, confortar. Esse é o ministério do pastor-mestre. Às vezes, no Novo Testamento, os pastores são chamados de anciãos, às vezes são chamados de bispos, mas é tudo a mesma coisa. O pastor  tem que ficar em uma localidade e deve trabalhar para o  amadurecimento das pessoas nesse lugar. Ele deve proteger o rebanho. Deve advertir o rebanho.

As pessoas me dizem: “Por que você, de vez em quando, diz certas coisas sobre outros grupos?”. Porque eu quero alertar o rebanho acerca deles. Às vezes, pessoas entram em contato comigo para falar sobre certas dúvidas que têm. Procuro mostrar a elas que tal e tal doutrina não são verdadeiras e porque não cremos nelas. Faço isso para tentar construir algumas defesas contra o erro em seus próprios pensamentos.

Você sabe, nós pastores ensinamos, lideramos, advertimos, governamos, pastoreamos. Em uma semana normal, posso passar um dia todo estudando a Bíblia. No dia seguinte, por exemplo, passo o dia todo ensinando a Bíblia. No dia seguinte, posso estar atendendo pessoas que estão se enganando com doutrina falsa ou deixaram sua esposa ou algo assim, e eu os chamo e faço tudo o que posso fazer para tentar manter o rebanho a salvo. Esse é o ofício de um pastor.

E há outros homens dados ao corpo de Cristo cuja única visão é o mundo das pessoas perdidas, como é o caso dos evangelistas. É assim que Deus projetou a igreja. E o pastor-mestre não se senta e critica o evangelista, nem o evangelista critica o ensinamento pastoral. Se ambos estão operando de conformidade com o modelo bíblico, eles se complementam, de acordo com o design de Deus.

E Deus precisa deles seja na América, no Canadá, no México, através dos mares, porque é assim que Ele constrói Sua igreja em qualquer lugar. Você diz: Em que categoria os missionários se encaixam?. Eles se enquadram em ambas as categorias. Alguns são pastores de ensino, alguns são evangelistas.

E assim, Cristo deu à igreja os apóstolos e profetas para o fundamento, a revelação, a confirmação, para estabelecer a igreja com doutrina sólida. E então, nos nossos tempos modernos, Ele dá à igreja os evangelistas e pastores-mestres para evangelismo, para ganhar pessoas, para a edificação, exortação, manutenção de um comportamento de acordo com as Escrituras, para equipar a igreja com ministério afetivo. Essas são as pessoas dotadas que Cristo deu a Sua igreja.

Agora, esse é o projeto de Deus. Alguns de vocês, sentados aqui nesta manhã, são chamados para esse ministério. As pessoas me dizem: “Quando você recebeu seu chamado para o ministério?”. Sabe, minha mãe, com seu abençoado coração, dizia: “Oh, quando ele tinha cinco anos, costumava subir em uma caixa no quintal e pregar. E eu sabia que ele era chamado para o ministério…”. Ela tinha esse desejo em seu coração. Eu estava na igreja quatro dias por semana. Ouvia meu pai pregar o tempo todo: na igreja, em casa, em seu escritório, em todos os lugares.

Mas, eu senti o chamado para o ministério mais tarde na minha vida, quando percebi aquele tremendo chamado, depois de eu já ter ido à faculdade. Alguns de vocês podem estar em um ponto diferente de suas vidas. Mas Deus pode atingir, tocar sua vida, dar você à Sua igreja como um evangelista ou um pastor de ensino.

2.5. MESTRES

E há uma outra categoria que temos que ver,  são os mestres. Agora, alguns combinam os mestres, mencionados em 1 Coríntios 12:28, com os pastores-mestres de Efésios, entendendo que se trata do mesmo dom. Bem, talvez eles estejam certos. Eu realmente não poderia argumentar contra isso. De acordo com Atos 13:1, os pastores em Antioquia foram chamados de profetas e mestres. Então, há esse paralelo.

Mas eu me inclino a pensar que seja uma categoria separada, por causa do fato de ser usado no original uma palavra diferente da que foi usada no texto de Efésios, que acabamos de ver, para pastor-mestre ou pastor de ensino. Vamos, assim, supor que seja mesmo uma categoria diferente, apenas para que possamos obter a mais ampla interpretação possível e não excluir qualquer detalhe que o Senhor desejou incluir nesse texto de 1 Coríntios.

Quem seriam essas pessoas, os mestres? Ouça, creio que uma das riquezas da Grace Community Church é que Deus nos deu mestres. Eu não me refiro ao fato de que Ele tenha nos dado apenas pessoas com o dom de ensinar. Eu me refiro a que Ele nos deu mestres talentosos, pessoas superdotadas, com um ministério único. Escute, eu devo muito do ministério na minha vida a homens que não eram nem evangelistas nem pastores-mestres. Eram professores, professores de seminário. Homens que passaram a vida em uma pequena sala, estudando para escrever um livro que mudou meu pensamento.

Você vai à livraria e compra livros de homens que não são evangelistas, nem pastores, mas escritores, professores da Bíblia. Vocês vão às conferências no verão. E vocês ouvem os professores da Bíblia. Deus deu esses professores ou mestres à Igreja para complementar, dar suporte aos ministérios dos evangelistas e dos pastores de ensino. Tudo se junta para edificar o corpo. E, amado, esse é o nosso compromisso com a nossa igreja, acredite.

A igreja local, essencialmente, é um lugar de treinamento para equipar os cristãos. É um lugar de treinamento de onde devem sair evangelistas, pastores e professores para a Igreja de Jesus Cristo ao redor do mundo. Nada me emociona mais do que ver alguém ir para o seminário, alguém que assume o ministério pastoral, alguém que vai ao campo missionário.

Alguns vêm até mim e dizem: “John, eu me sinto chamado por Deus para o ministério pastoral; ou me sinto chamado por Deus para conquistar pessoas para Cristo, para o evangelismo. Sinto Deus me falando sobre estudar a Bíblia, para que eu possa ser um professor em um seminário, numa faculdade cristã ou em uma escola…”.

Além daqueles que se gastam aqui nessa igreja local, temos enviados por todo o mundo. E Deus nos ajude a continuar fazendo isso. Este é o nosso compromisso. Em vez de trazer pessoas de fora para assumir funções, a igreja deve produzir seu próprio povo, levá-los à maturidade e enviá-los para atuar em lugares onde Deus quiser usá-los.

Não é nada bom quando a igreja simplesmente passa a operar como uma igreja musical, tudo voltado para a música. Geralmente nessas igrejas as mesmas pessoas que tocam e cantam são as que fazem todo o resto da obra na igreja. Sempre as mesmas pessoas. A igreja precisa ter a necessidade de ter pessoas diversas assumindo funções diversas. Isso só acontece quando há investimento na formação de líderes. Oro a Deus para que da nossa congregação saiam essas pessoas superdotadas, evangelistas, pastores-mestres e professores ministrando ao corpo de Cristo.

Você diz: “Mas, John, como alguém pode saber qual seja o seu chamado?”. Deixe-me levá-lo a uma ilustração. Vejamos o capítulo 3 de Êxodo. Isso é útil. O chamado de Moisés. Nessa época, Moisés cuidava do rebanho de Jetro, seu sogro, que era sacerdote de Midiã, e ele conduziu o rebanho para o deserto, chegando ao monte de Deus, Horebe. Agora, isso é interessante, verso 2: apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia.”

E Moisés disse, verso 3: Agora me virarei para lá, e verei esta grande visão, porque a sarça não se queima. Quando o Senhor viu que ele se virou para ver, Ele o chamou do meio do arbusto e disse: “Moisés, Moisés”. E ele disse: “Aqui estou eu”. Agora ouça, aqui está o primeiro princípio sobre um chamado. Deus queria que Moisés fizesse alguma coisa, que era tirar Israel do Egito. Deus queria que Moisés fizesse um trabalho, que fosse um líder.

Agora, ouça-me, Deus tomou a iniciativa. Deus acendeu uma sarça em chamas e disse: “Moisés, Moisés”, e Moisés disse: “sim”. Ouça-me, Deus não fica lá do céu pensando: “Oh, espero que MacArthur entre no ministério, porque é aí que eu gostaria que ele estivesse. Eu gostaria tanto que ele entendesse isso…”. Não. Se Deus quer você, você vai ouvir o chamado em algum lugar, em algum momento, como Moisés ouviu.

Eu ouvi. Vocês, que conhecem meu testemunho, sabem que eu ouvi. Espero que você não tenha que ouvir isso como eu ouvi, mas eu ouvi. [O pastor MacArthur está se referindo ao grave acidente de carro sofrido em sua juventude, que lhe causou ferimentos sérios e uma recuperação lenta, que foi o cenário do seu chamado].

Deus toma a iniciativa, amado. Deus toma a iniciativa. Essa é a primeira coisa a aprender. Deus o chamará. Como? De maneiras diferentes, com um tremendo e irresistível senso de responsabilidade em relação a esse ministério, que você sentirá em seu coração. Deus revelará Sua vontade, Deus o chamará. Salmo 32:8, diz: Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos“. Deus disse. Salmo 48:14: Porque este Deus é o nosso Deus para sempre; ele será nosso guia até à morte“. O salmista sabia que Deus o guiaria até a morte.

Agora, Deus lança um chamado a Moisés,  versículo 7, dizendo: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores. Agora, escute, Moisés, há anos, tinha um fardo, um fardo profundo em seu coração. Seu fardo era o povo de Israel. Ele mesmo assassinou um egípcio, e é por isso que ele está no deserto. Ele queria que seu povo saísse do Egito. E agora, Deus diz a ele, em outras palavras: “Moisés, eu tenho o mesmo peso que você tem”.

E aqui está a segunda indicação para conhecer seu chamado: quando você começa a sentir que você carrega um fardo divino. Eu posso lembrar quando eu costumava, literalmente, a pensar em nada mais do que: “Deus, Tu podes me usar para ajudar a ensinar Tua igreja, para que ela possa crescer?”. Eu tinha uma profunda preocupação com a ignorância dos cristãos. Eu costumava falar sobre isso em todos os lugares que ia. Eu costumava carregar esse fardo de querer o amadurecimento dos santos. Recebi um chamado e junto veio um fardo da parte de Deus.

E há uma terceira coisa, versículo 8, Deus lhe dá um plano, um objetivo: Portanto desci para livrá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir daquela terra, a uma terra boa e larga, a uma terra que mana leite e mel; ao lugar do cananeu, e do heteu, e do amorreu, e do perizeu, e do heveu, e do jebuseu. Os versos 9 e 10 seguem para dizer o mesmo: “Vou libertá-los. Vou levá-los a Canaã!”.

Entrar no ministério é um conhecimento dos resultados. Moisés diz: “Recebi um chamado de Deus. Tenho um fardo divino e agora ouvi falar sobre os resultados. Se eu cumprir o meu chamado, iremos para a terra de Canaã!”. Entrar para o ministério me excitou porque eu dizia: “Deus, apenas pense no que acontecerá se pudermos ensinar as pessoas a Tua Palavra! Pense em como elas crescerão, e como elas se excitarão e como elas serão abençoadas!”.

Quando você tem o chamado, sente o fardo e vê o objetivo, é hora de sair. Mas você sabe de uma coisa? Moisés se sentiu inadequado. Olhe para o versículo 11: Então Moisés disse a Deus: Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel?. Em outras palavras, “Quem sou eu, o Senhor está chamando o cara certo? Não sou ninguém, como eu poderia ir ao Faraó e trazer os filhos de Israel para fora do Egito?”.

Agora, o que Deus poderia ter dito a ele? Algo do tipo: “Moisés, agora você me escute, você é alguém, Eu tenho um material sobre auto estima que você tem que ler… É simplesmente ridículo que você se sinta assim. Moisés, você é filho da filha do faraó! Você foi criado na corte! Você é alguém, Moisés!”. Você acha que Deus disse isso a ele? Não. Moisés disse: “Quem sou eu?” e Deus simplesmente ignorou sua pergunta. Você sabe por quê? Porque ela é irrelevante. A coisa mais irrelevante do mundo era sobre ‘quem ele é’.

Eu gosto do versículo 12. Aqui está a resposta de Deus: Certamente eu serei contigo; e isto te será por sinal de que eu te enviei: Quando houveres tirado este povo do Egito, servireis a Deus neste monte. Isso é excitante. Deus não está procurando por aqueles que se sentem suficientes. O apóstolo Paulo diz em 2 Coríntios 3:5: Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus. Deus diz que é irrelevante quem você é. É o que Deus é que importa.

Assim, há quatro ingredientes em um chamado ministerial: o chamado, o fardo, o objetivo e o senso de incapacidade. Desde meu chamado, nunca mais me senti suficiente. O ministério é a coisa mais assustadora. Embora eu tenha feito isso por anos, ainda me assusta todos os dias a responsabilidade. E se eu perder esse temor, tudo estará acabado.

Deus disse a Moisés: “Eu vou cuidar de você”. Mas, Moisés queria saber o que dizer quando fosse encarar o Faraó. E Deus lhe disse: Diga isto: Eu sou o que sou me enviou. Por isso é que também eu posso chegar aqui e dizer a vocês:, “Assim diz Deus”. Você vê? O que importa se eu sou ou não suficiente? O que importa se eu sou ou não adequado? Ele é.

E a experiência do chamado de Moisés não é isolada. Vejamos Juízes 6. Deus não quer que você analise o quão bem você fala, o quão bonito você é ou quão inteligente você seja. Veja também o exemplo de Gideão. O Senhor teve que entregar Israel nas mãos dos midianitas porque eles pecaram. Mas, quando o Senhor quis libertar Israel, Ele escolheu Gideão. E Gideão, no versículo 15, diz isso: Ai, Senhor meu, com que livrarei a Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu o menor na casa de meu pai.”

E o Senhor não disse: “Que é isso, Gideão, você tem uma bela família, uma educação maravilhosa….”. Mas, Ele disse, em outras palavras: “Gideão, isso é irrelevante, porque certamente Eu estarei com você!”. Veja que é a mesma afirmação que o Senhor fez a Moisés.

Vamos ver mais um exemplo. Olhe para o capítulo 1 de Jeremias, versos 4 e 5: Assim veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta. E Jeremias responde: Ah, Senhor DEUS! Eis que não sei falar; porque ainda sou um menino. O Senhor lhe disse, versos 7 e 8: Mas o Senhor me disse: Não digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, falarás. Não temas diante deles; porque estou contigo para te livrar, diz o Senhor.”

Você vê, é o mesmo padrão: Deus o chama para uma tarefa; você tem uma sensação de fraqueza, uma sensação irresistível de fraqueza e inadequação. Então, você tem que se alegrar, você está em boa companhia. Os homens de Deus, ao longo dos séculos, sentiram o mesmo. Mas os mesmos homens de Deus que se julgaram inadequados, creram que Deus é adequado. Você entende isso? Esse é o desafio.

Alguns de vocês podem estar orando especificamente sobre essa área de ministério. Mas, deixe-me alertá-lo em um aspecto. Tiago capítulo 3, versículo 1, diz: Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo. Assim, se você não foi chamado, fique longe disso. Mas, se você tem um chamado, lembre-se de que Deus é adequado e não você.  Vamos orar.

Obrigado, Pai, pelo nosso tempo esta manhã. Levante deste grupo aqueles que serão Teus evangelistas, pastores de ensino, professores, para edificarem a igreja para a Tua glória. Que possam realmente irradiar Jesus Cristo. Em cujo nome oramos. Amém.


Esta é uma série de sermões sobre os dons do Espírito Santo e homens especialmente dotados, conforme links abaixo:


Este texto é uma síntese do sermão “The Gifted Men, Part 2: Evangelists, Pastors, Teachers”, de John MacArthur em 20/06/1976.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/1852

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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