O Dilúvio: O Juízo no Horizonte


Este é o 4° de uma série de 8 sermões de John MacArthur sobre o Dilúvio (veja links no fim deste texto).  A teologia de incrédulos no meio da igreja tem posto em dúvida o relato de Gênesis, transformando-o em relato simbólico. Essa falsa teologia tem tentado mitigar a verdade das Escrituras com o uso de falsos argumentos ditos “científicos”,  na tentativa de adaptar os dois grandes cataclismos da Criação e do Dilúvio às concepções infundadas de que o Universo tem bilhões de anos e que Deus teria criado coisas imperfeitas para que se transformassem e evoluíssem. Em oposição à incredulidade, John MacArthur mergulha nos relatos bíblicos e mostra toda a perfeição e exatidão da Palavra de Deus. de, John MacArthur mergulha nos relatos bíblicos e mostra toda a perfeição e exatidão da Palavra de Deus. 


Vamos continuar hoje a olhar para o Dilúvio. Entraremos hoje em Gênesis 7, um capítulo que intitulei “Ondas de julgamento”. O relato da inundação em Gênesis é dado em linguagem simples, com precisão e várias vezes repetido. As coisas foram ditas no capítulo seis, serão ditas duas ou três vezes mais no capítulo sete. E isso é típico do estilo hebraico, por causa da ênfase.

Este é o grande julgamento de todos os julgamentos que já houve na história do mundo. As lições que ensina são potentes e dramáticas. A repetição é projetada em cada ponto para adicionar mais detalhes a algo que já foi revelado. A passagem diante de nós é simples, cuidadosa, precisa e repetida. É o registro histórico da destruição de toda a Terra e seus habitantes, exceto daqueles que estavam na arca.

Há muitas coisas que podem ser ditas sobre o que esta inundação ensina e vamos ver algumas delas hoje. Uma coisa que é muito óbvia é que Deus não se preocupa prioritariamente com o ambientalismo. Nós nunca poderemos ter a inteira compreensão do poder e da sabedoria de Deus na Criação, de tão perfeita que foi sua obra. Mas Ele não hesitou em destruí-la completamente por causa do pecado e produzir uma nova Terra.

A justiça é a preocupação de Deus. O mundo físico não é sua preocupação, mas o mundo espiritual. O Senhor rejeitou e destruiu esse planeta uma vez e fará isto mais uma vez. Assim, a Bíblia, desde Gênesis até Apocalipse, começa com a destruição da Terra e termina com a destruição da Terra.

De fato, no Livro de Apocalipse, a Terra é, em primeiro lugar, renovada e então, totalmente destruída juntamente com os céus, e em seu lugar, o novo céu e a nova Terra, o estado eterno é criado. Deus tem preocupações com a justiça e não se preocupa com o meio ambiente. Se necessário, destruirá todo o planeta e o Universo por causa da Sua santidade.

Além disso, aprendemos algumas coisas sobre Deus a partir do dilúvio. Tudo na Bíblia realmente revela Deus. É o testemunho e a revelação de Deus, bem como de Seu caráter. A Bíblia toda se ocupa disso, e não é diferente no Dilúvio. O que aprendemos no relato do Dilúvio é que Deus tem o poder absoluto, divino, sobrenatural sobre a criação. E Ele tem total liberdade para agir como Ele quiser.

Consequentemente, Deus também tem controle total da História. Também aprendemos que, com o Dilúvio, Deus claramente faz distinção entre os justos e os injustos, quem deve e quem não deve ser destruído. Nós também aprendemos com o Dilúvio que Deus é paciente e gracioso. Ele adverte os pecadores antes que traga esse julgamento. Mas, quando esse julgamento vem, também aprendemos que Deus julga o pecado de forma mortal.

O Dilúvio foi o mais maciço e abrangente julgamento que Deus fez na História. E um maior ocorrerá na volta de Jesus. Esses dois julgamentos não são os únicos, pois Deus sempre trouxe juízo contra os pecadores. Mas, quando você olha o Diluvio, aprende que Deus pode julgar com uma ira mortal. A destruição da humanidade, exceto Noé e sua família, mostra que Deus não está brincando quando fala sobre julgamento. A Sua misericórdia e graça não devem ser banalizas ou desdenhadas.

A maior preocupação de Deus é com o pecado. Ele sentenciou a humanidade no Dilúvio, e o homem passou a ter uma vida curta. Estamos a mais de 4.500 do Diluvio, e Deus continua exibindo Sua graça e glória, formando uma noiva para Seu filho. Mas, Deus não hesitará em trazer um novo juízo destruidor, quando a medida da iniquidade do homem estiver cheia. Ele disse: “Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem” (Gênesis 6:3).

A paciência de Deus com o homem terá um limite, e quando o juízo vier, ele virá de forma contundente, não haverá um tribunal de apelação. Vivemos no tempo da graça, mas Sua paciência com o homem será revogada, vindo então pesado juízo.

Todas as realidades profundas sobre o caráter de Deus, a natureza de Deus e o propósito de Sua redenção são demonstradas pelo Dilúvio. Eu poderia desenvolver um sermão de cada um deles, porque há muito lá, mas deixo você pensar sobre eles. Ao entramos no capítulo 7 de Gênesis, essas coisas ficam claras.

Em Gênesis 6:3, o Senhor disse: “Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos”. Durante 120 anos, Deus alertou a humanidade e mandou Noé construir a arca, que flutuaria acima do julgamento. O capítulo 7 inicia com o fim desses 120 anos.

Deus começaria a cumprir o que disse em Gênesis 6:13, que “o fim de toda a carne é vindo perante a minha face; porque a terra está cheia de violência; e eis que os desfarei com a terra”. E em Gênesis 7:1, Deus dá uma ordem a Noé: “Entra tu e toda a tua casa na arca, porque tenho visto que és justo diante de mim nesta geração”.

Esse foi o resultado do pecado e do envolvimento do homem com demônios, conforme vemos em Gênesis 6:1-4. O verso 5 diz que “a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente”. Durante 120 anos, Noé foi um pregador da justiça (II Pedro 2:5) e foi absolutamente obediente a tudo o que Deus lhe ordenara, sem perguntas e dúvidas.

Enoque também foi um pregoeiro do juízo (Judas 14-15). Deus o tomou para Si (Gênesis 5:24), mas seu filho Matusalém pregou até que o dilúvio viesse. Matusalém significa, no hebraico “quando este morrer, isto virá”. O que Deus estava dizendo no nome dado a Matusalém era que ele não morreria até que o julgamento fosse enviado. É o que esse nome indicava. Matusalém viveu 969 anos. Desde seu nascimento, seu próprio nome era uma profecia de juízo. Os ímpios foram avisados de um julgamento vindouro. E Matusalém gerou Lamaque, que gerou Noé (Gênesis 5:25,28-29).

E então, Deus ordenou a Noé a entrar na arca, uma grande caixa retangular com 133 metros de comprimento, 22 metros de largura e 13 metros de altura, com capacidade para transportar o equivalente a 125.000 ovelhas. A arca não era um navio, não havia como guiá-la. Deus seria seu leme.

A construção da arca foi um ato de fé de Noé. Nunca havia chovido na Terra antes do Diluvio, durante os 120 anos de construção não havia qualquer sinal de uma destruição iminente. Noé se distanciou totalmente dos valores deste mundo para uma vida de total obediência. Uma vida pela fé.

Há uma imagem bonita aqui da união da eleição e vontade soberanas. Deus prometeu libertação a Noé 120 anos antes de sua entrada na arca. Noé entrou voluntariamente na arca, no entanto, ele entrou sob a promessa de Deus e propósito de Deus. Por que Deus o salvou? Em Gênesis 7:1 Deus diz: “porque tenho visto que és justo diante de mim nesta geração”. Em Gênesis 6:9 diz: “Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noé andava com Deus”.

Você diz: “Mas por que Noé era justo? A Bíblia diz que Deus não viu um justo!”. Noé era justo, porque Deus o declarou justo. Ele era justo, porque se viu como um pecador e se voltou para Deus clamando perdão e piedade. Temos aqui a justificação.

E a evidência da obra de Deus em sua vida era que ele era irrepreensível em seu tempo e andava com Deus. Ele era um verdadeiro crente. E também a família dele. Um contraste com o resto do mundo. E então, Deus diz que é hora de entrar; o julgamento está chegando. É hora de virar as costas para o mundo inteiro, o que Deus disse que iria acontecer, começaria a acontecer de fato. E Deus repete o que lhe havia dito antes:

De todos os animais limpos tomarás para ti sete e sete, o macho e sua fêmea; mas dos animais que não são limpos, dois, o macho e sua fêmea. Também das aves dos céus sete e sete, macho e fêmea, para conservar em vida sua espécie sobre a face de toda a terra (Gênesis 7:2-3).

Conforme escrito no verso 20 do capítulo 6, os animais viriam a Noé. Mas, dos animais limpos viriam 7 casais. Aqui está a primeira menção de animais limpos na Escritura. Vemos isto na Lei Mosaica, em Êxodo, Deuteronômio e Levítico (capítulo 11). Quando Deus deu a Lei cerimonial a Moisés, Ele detalhou tudo sobre animais limpos e imundos. As ofertas de sacrifício também estão bem detalhadas na Lei de Moisés, tal como e quando oferecer os sacrifícios.

Na Lei Mosaica há uma espécie de codificação do sistema sacrificial, detalhamento e o esclarecimento do limpo e do impuro. Todas essas coisas existiam antes da Lei Mosaica, pois havia sacrifícios, como o de Abel e Abraão. Quando Noé saiu da arca, ele “edificou um altar ao Senhor; e tomou de todo o animal limpo e de toda a ave limpa, e ofereceu holocausto sobre o altar” (Gênesis 8:20).

Então, havia sacrifícios durante todo o período anterior a Moisés, feitos pelo povo de Deus. O sacrifício pelo pecado era algo necessário, Deus deixou isto muito claro desde que vestiu Adão e Eva com peles de um animal que foi morto (Gênesis 3:21). A culpa do homem exigia a morte de um inocente substituto. Tudo isto era uma imagem do sacrifício definitivo de Jesus Cristo.

Então, os sacrifícios já existiam. As ofertas já existiam. Encontramos Abraão dando dízimos a Melquisedeque no Livro da Gênesis muito antes da Lei Mosaica ser dada. E também é verdade que a ideia de animais limpos e impuros existia antes das instruções específicas no Livro do Levítico. Então, Deus já havia começado a revelar ao Seu povo certos padrões de comportamento que Ele desejava. E o propósito de limpo e impuro, as pessoas muitas vezes perguntam:

Qual é o propósito? É porque alguns animais são literalmente mais sujos do que outros? Isso tem a ver com a saúde? Isso significa que algumas pessoas gostam de pensar que você pode comer certos animais porque eles carregam menos doenças do que outros animais?.

Essa não é a principal questão. Olhe para o sistema de sacrifícios e pergunte a si mesmo se o sistema de sacrifício tirava o pecado ou trazia perdão? Não. Mas era uma imagem de um sacrifício que viria fazer isso. Aqueles sacrifícios eram, em certo sentido, representativos do fato de que Deus queria seu coração e sua alma. Eram formas pelas quais eles podiam demonstrar fidelidade e submissão a Deus.

E mesmo o limpo e o impuro também eram simbólicos. O sistema sacrificial era simbólico, o sistema de oferta era simbólico, todos os assuntos da lei cerimonial eram simbólicos. E os animais limpos e imundos também simbolizavam o fato de que – e aqui há algo a ter em mente – Deus queria que Seu povo aprendesse a fazer distinções.

Era como se o Senhor lhes dissesse: “Quero que você aprenda a separar os Meus caminhos de todos os outros caminhos”. Desde o início, Deus ensinou o Seu povo que havia o caminho Dele e havia outro caminho. E tinha a ver com seus sacrifícios, ofertas, dietas, com os assuntos comuns da vida diária, através dos quais as pessoas precisavam aprender o caminho de Deus.

As leis sobre a dieta, as leis que tratavam do limpo e impuro, foram realmente para ensinar a separação. As purificações exigidas no livro de Levítico é uma figura de como Deus vê a sujeira da pecaminosidade no homem, não era, de fato, coisas externas, mas o que estava no coração.

Isaias 1:6 diz: “Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo”. Aqui temos o sentido real da imundícia que Deus via.

No jardim do Éden havia duas árvores: uma permitida e uma proibida. O destino eterno do ser humano é o céu ou o inferno. A Bíblia estabelece dois e apenas dois caminhos. Um contraste ilustrado pelo limpo e imundo. Uma separação do caminho de Deus de qualquer outro caminho.

E esta distinção é feita em toda a Escritura. As pessoas são salvas ou perdidas; pertencem a Deus ou pertencem ao diabo; o caminho estreito ou o caminho largo; a vida eterna ou a destruição; a verdade ou a mentira, o bem o mal, a luz ou a escuridão, o reino de Deus ou reino de Satanás, o amor ou o ódio, a sabedoria espiritual ou a sabedoria do mundo. Deus queria ensinar o povo a fazer distinções.

E para ensinar-lhes que havia o Seu caminho, eles precisavam aprender a fazer essa distinção. E assim, eles receberam essas leis. E essas leis eram apenas temporárias. Em Atos 10:9-16, Deus cancela todas as leis sobre animais limpos e imundos. Em sua visão, quando desce do céu um vaso com vários animais imundos e comuns, de acordo com a Lei de Moisés, Pedro rejeita comer, pois eram répteis da terra e aves do céu.

Mas, ele ouve uma voz que disse: “Ao que Deus purificou não consideres comum”. E em I Timóteo 4:4, é dito: “Porque toda a criatura de Deus é boa, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graças”. Na arca, Deus enviou para a arca os animais chamados limpos e imundos, ambos manifestam a maravilha e a glória de Sua mente e criação.

Então, Deus mandou Noé levar 7 casais de animais limpos. E a melhor forma de entendermos essa ordem, obviamente, diz respeito ao sacrifício. Ele deve ter revelado, em algum momento, a Noé quais eram os animais limpos e os impuros. E ao sair da arca, Noé “edificou um altar ao Senhor; e tomou de todo o animal limpo e de toda a ave limpa, e ofereceu holocausto sobre o altar” (Gênesis 8:20).

Os animais limpos eram aqueles que Deus designou para serem usados para o sacrifício. Se Noé não tivesse tomado esses pares extras, ele teria literalmente exterminado espécies, pois ele ofereceu sacrifícios. Lembre que somente após o Dilúvio é que o homem deixa de ser vegetariano, conforme Gênesis 9:3-4.

Essa distinção entre os animais limpos e imundos havia até mesmo na literatura babilônica e assíria. Em regra, eles traziam sacrifícios a suas divindades de rebanhos, manadas, gado e ovelhas. E, em casos muito raros, de cabras montesas. Os cães e porcos, considerados imundos, eram oferecidos como presentes aos demônios, como substitutos para as enfermidades que assolavam alguém.

Então, os animais ditos imundos sempre eram usados de forma negativa. Se um cão entrasse num templo de algum deus babilônico, todo o templo tinha que ser limpo. Então, havia essas distinções.

Então, Deus mandou um casal de todos os seres vivos que viviam fora da água, mantendo-se a prole da Terra. O que isso lhe diz? Noé entrou na arca com sua família e aqueles animas, e não haveria nada na Terra. Isso é sem dúvida uma inundação global. Eu fico perplexo com tanta literatura cristã dizendo que o Dilúvio foi uma inundação local, na área que Noé habitava.

Como seria possível uma inundação local onde o nível das águas estava acima de 5.000 metros de altura (pois cobriu o monte Ararate)? Noé levou consigo aqueles animais e assim preservou as espécies da Terra, que teriam desaparecido com a inundação global.

Você pode estar questionando: “Há tantos animais no mundo, tantas variedades de espécies, como foram colocados todos eles na arca?”. Esse é um dos argumentos das pessoas que dizem que o Diluvio foi uma inundação localizada. Vamos analisar isto.

Deus não colocou na arca todos os animais que existem no mundo hoje e nem todos os animais que foram extintos. Ele não colocou 52 variedades de cães, mas apenas um par de espécies. Deus preservou todo o material genético para produzir todos os animais que já viveram, se estão extintos, ou ainda estão vivos desde o Dilúvio.

Se você está sem entender, apenas pense nisso: todos os seres humanos que já viveram ou vivem, vieram de um casal, Adão e Eva. Todo o material genético estava neles, esses genes podem ser colocados em combinações variadas e várias mutações e adaptações ocorrem. De um casal formaram-se várias raças, povos, tribos e nações. Isso é uma coisa incrível.

Os cientistas estimaram que, em teoria, se um casal pudesse produzir muitos bilhões de filhos, nunca teria um par igual. Isso não é incrível? Todos nós sabemos sobre impressões digitais, não é? Os gêmeos idênticos não são idênticos. A variabilidade é absolutamente assombrosa.

Assim como os humanos, dois animais de uma espécie, ao se reproduzirem, as variações começariam a aparecer. E então, há algumas mutações. E, como tudo tende a piorar, nada melhora [o pastor MacArthur está se referindo à Lei da entropia], hoje não temos cães melhores do que os dois da arca.

Hoje temos os piores cachorros, cavalos, ovelhas, pássaros etc. Por quê? Quando há uma anomalia, quando há uma variação, ela é uma mutação, e toda mutação genética só piora a espécie. Isso porque quando há uma mutação, não é adicionada informação genética, de modo que o que ocorre é que a informação genética já existente naquela espécie é danificada ou prejudicada com a mutação.

Assim, através dos sucessivos acasalamentos, e sob a influência de fatores climáticos, você pode ter, por exemplo, uma variação da espécie de cão com pelos curtos e outra variação com pelos longos habitando um lugar muito frio, como a Sibéria e, passadas algumas centenas de anos, a variação de pelos curtos deixar de existir e você só encontrar cães de pelos longos nessa região fria.

Por quê? Esses cães se adaptaram ao clima e desenvolveram pelos longos? Não. O que aconteceu é que essa variação já possuía pelos longos quando chegou ali, porém a variação com pelos curtos deixou de existir, todos morreram. Ora, cães mortos não se reproduzem…

É fascinante estudar que nas partes mais quentes do mundo e, em sua maior parte, como uma regra geral, as pessoas têm uma pele mais escura. Isso não é porque seu corpo evoluiu para isso, é porque as pessoas de pele mais escura floresceram lá, enquanto as pessoas de pele mais clara estavam contraindo câncer de pele, melanomas e coisas assim e tendiam a diminuir.

Se você se sentar num grande aeroporto e observar pessoas tão diferentes, você poderia pensar como Deus tem um senso de humor. Deus permitiu a criação ter variedades, Ele odeia os clones. É a individualidade que Lhe atrai.

Toda essa variedade opera a partir de uma única fonte genética criada em Adão e, novamente, em Noé. Essa fonte foi sofrendo mutações em função de genes defeituosos. Há uma raça na Terra. E estamos todos nisso. Não há mais do que uma raça apenas. A diferença de genética entre duas pessoas, de qualquer parte do mundo, mesmo na mesma família ou grupo, é 0,2. Essa é a diferença.

Deixe-me levá-lo a ver um pouco mais. O que chamamos de características raciais, cor da pele, forma do olho, é 6% da variação de 0,2 ou 0,012. Trivial. Somos parte de uma raça apenas. A pele de uma pessoa é mais escura do que de outra por ter mais melanina na pele, mas ambas fazem parte de uma mesma raça. O que diferencia os seres humanos é a cultura, não a raça. Todos nós éramos uma raça na arca, éramos uma família. E nos multiplicamos, mas ainda somos a mesma família.

Atos 17:26 diz: “De um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação”. A versão King James diz “De um só sangue”, ou seja, de um mesmo material genético.

Então, bastava ter dois de qualquer espécie na arca para que fornecessem todo o material genético necessário para povoar a Terra, com tudo o que já vivia aqui no reino animal e no mundo humano. E passaram 4.500 anos de uma Terra que foi amaldiçoada, daí resultando a multiplicação de mutações e degenerações, bem como de adaptações. Certa quantidade de informações genéticas foi perdida, dando lugar a deformidades e doenças. A humanidade sofre um processo de degeneração. Estamos muito longes do que Noé era. E muito mais distantes ainda das condições de Adão e Eva.

Então, em Gênesis 7:4, Deus diz: “Porque, passados ainda sete dias, farei chover sobre a terra quarenta dias e quarenta noites; e desfarei de sobre a face da terra toda a substância que fiz”. Depois de uma semana, o juízo viria. Isso não é interessante para você? Você se lembra, quando o Senhor Jesus voltar, há um período de sete anos chamado de grande tribulação [a 70ª semana de Daniel], o preliminar final para o grande julgamento e destruição dos ímpios.

Bem, o Senhor deu sete dias aqui. Alguns comentaristas sugerem que esses sete dias foram para o luto da morte de Matusalém. Não sabemos quando Matusalém morreu e não há nada aqui sobre isso. Outros sugeriram que Deus precisava lamentar a morte do mundo por sete dias. Nada na Bíblia fala sobre isso. Sem dúvida, foram apenas mais sete dias de pregação e alerta. Mas, ninguém escutou.

E veremos o versículo quatro. Ele diz que Deus iria enviar chuva à Terra. E alguém poderia dizer naquela época: “O que é chuva?”. Cento e vinte anos antes, no versículo 17, “estou trazendo o dilúvio de água”. Vai haver uma inundação. Aqui se chama chuva. Hoje entendemos a chuva. Sabemos exatamente o que é a chuva. Mas, se você retornar aos versos 5 e 6 do capítulo 2 de Gênesis, verá isto:

E toda a planta do campo que ainda não estava na terra, e toda a erva do campo que ainda não brotava; porque ainda o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra. Um vapor, porém, subia da terra, e regava toda a face da terra.

Na Criação original não havia chuva. A Terra foi formada entre duas massas de água. Durante a primeira parte da semana da Criação, Deus agrupou as águas superiores num dossel de vapor de água que tornava a Terra semelhante a uma estufa, ao providenciar temperatura uniforme, inibir os movimentos de massas de ar, provocar a queda de névoas e filtrar os raios ultravioletas, desse modo prolongando a vida. E as águas inferiores, em reservas subterrâneas (o que resta hoje é uma pequena fração do original), rios, lagos e mares.

A água brotava do chão, através do vastíssimo lençol freático, das águas subterrâneas. A chuva não caia do alto, surgia do chão, uma maneira muito mais eficiente de regar. É exatamente assim que o mundo original era regado. Não havia chuva, ervas daninhas, necessidade de proteger a plantação e arar a terra. Havia uma uniformidade perfeita de condições de vida em todo o planeta.

Alguma coisa iria mudar aqui, porque Deus diz que enviaria chuva sobre a Terra. Isso era algo novo. Nunca havia chovido antes. O verso 11 de Gênesis 7 diz: “romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram”. O que aconteceu aqui, penso eu, foi que a crosta terrestre foi se abrindo, rachando, e liberando todo aquele reservatório de água que até então fazia o papel de regar a terra. E a convulsão cataclísmica levou água para o ar e criou a horrenda chuva que caiu sobre a Terra por 40 dias e 40 noites.

Assim, a hidrologia original, os padrões hidrológicos originais na Terra eram muito diferentes do que sabemos. Entendemos o ciclo da água, ela está no oceano, evapora-se, constituindo nuvens, precipita-se e assim o ciclo recomeça. E esse é o ciclo. E esse ciclo hidrológico, por sinal, é explicado em detalhes cuidadosos em Isaías 55: 10-11, em Jó 28: 24-26, 36: 26-29 e alguns outros lugares. Eclesiastes e Salmos falam sobre esse ciclo hidrológico.

Mas, o que faz o ciclo hidrológico funcionar é o vento. No mundo antigo, antes do Dilúvio, não havia nenhum padrão de vento, a atmosfera era completamente diferente. Não habia chuvas na Terra original e é muito provável que não houvesse chuva até o Dilúvio, quando o Senhor rompeu o padrão da criação original. Veremos isso em detalhes na próxima vez.

Mas, voltando a Gênesis 7:4, vemos outras coisas importantes. Deus diz que depois de “sete dias, farei chover sobre a terra quarenta dias e quarenta noites; e desfarei de sobre a face da terra toda a substância que fiz”.

Deus jamais deixa de assumir toda a responsabilidade pelo julgamento. Vejo cristãos querendo desassociar Deus de Seus juízos sobre a Terra. Os críticos do mundo dizem que um Deus bom não faria isso. E parece que alguns querem defender Deus. Mas, Deus não resiste a assumir a responsabilidade pelo julgamento e Ele não espera que nós tentemos desfazer a Sua responsabilidade pelo juízo. A moderna teologia está tentando fazer isto.

Em Gênesis 6:5, o Senhor viu que “toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente” e no verso 6 Ele lamentou profundamente o estado do homem, e no verso 7 Ele diz: “destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus”. Ele não hesita em assumir esse tipo de responsabilidade. E no verso 23 de Gênesis 7 diz:

Assim foi destruído todo o ser vivente que havia sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; e foram extintos da terra; e ficou somente Noé, e os que com ele estavam na arca.

Na verdade, exatamente o contrário, Deus quer deixar bem claro que Ele é o juiz e o executor de Seu juízo.

Então, de volta ao versículo 4 de Gênesis 7, Deus diz: “vou enviar chuva”. Chuva aqui é “natar”. É uma palavra que se refere à chuva normal. Não é um derramamento particularmente torrencial. Mas, aconteceu por 40 dias e 40 noites e, quando chegar ao versículo 12, a palavra chuva lá é a palavra hebraica “Gesemand”, que significa uma torrente, um derramamento torrencial. Começou como uma chuva e evoluiu para um dilúvio.

No entanto, seria impossível que isso acontecesse sob as atuais condições climáticas. Aquela chuva que cobriu toda a Terra seria completamente impossível hoje. Na verdade, não há água suficiente em torno de todo o planeta para fazer chover por tanto tempo em toda a Terra. Isto não pode mais acontecer.

As águas do Dilúvio chegaram a, pelo menos, mais de 5.000 metros de altura, em toda a Terra. Um cientista calculou que hoje, uma chuva de toda a água no céu e o transbordamento dos lençóis freáticos na terra geraria menos de 3 centímetros de profundidade cobrindo a Terra. Estamos falando de algo totalmente diferente.

Estamos falando de um conjunto completamente diferente de condições que afogaram o planeta. Mas é precisamente o que o Senhor disse que iria fazer, destruir todos, exceto quem estivesse na arca. Demorou um ano para que a água diminuísse, antes que houvesse terra em que pudessem sair. Na próxima vez vamos ver, com detalhes, de onde veio toda a água do dilúvio.

Vamos orar.

Pai, entendemos que é verdade, Tu és o juiz. E não precisas de nós para Te defendermos. Tu és o criador. Tu és o redentor. E Tu és o juiz. Nós não precisamos manipular as informações sobre quem Tu és, deturpar quem és, redefinir-Te em termos humanos que nos fazem sentir mais confortáveis. Nós entendemos que o Senhor é o juiz e que algum dia vai executar juízo sobre o mundo novamente e salvará apenas aqueles que, como Noé e sua família, crêem em Ti e pertencem a Ti. E o resto será destruído. Isto é quem o Senhor é. E é o que o Senhor disse que faria. Nós também sabemos que, antes desse dia chegar e antes que Jesus volte, haverá amplo aviso, ampla pregação da graça, pregação da misericórdia, oferta de libertação e, na visão completa do mundo, será apresentado um arco de segurança para o que eles podem vir, se quiserem. E esse não é outro senão Jesus Cristo, em quem andamos acima da tempestade do julgamento.

Agradecemos a Ti porque aqueles que Te conhecem e amam estão na arca da segurança. E iremos navegar acima do terrível julgamento por vir, dirigindo-nos para as glórias de Tua presença para sempre.

Pai, oramos para que, enquanto isso, enquanto o dia da graça persistir e enquanto Teu espírito continua a lutar com os homens, para que possamos ser fiéis em chamar os pecadores ao arrependimento e chamá-los a chegar à arca da segurança, ser libertos da tempestade, ir para um mundo novo, Teu reino, e fazer parte de uma humanidade nova e redimida. Que possamos usar as oportunidades para levar o que aprendemos aqui e aplicá-lo, à medida que nos esforçamos para ajudar a abrir o entendimento das pessoas acerca do julgamento por vir. Ensina-nos a usar o Dilúvio como uma prova dramática, uma ilustração do que espera os ímpios neste mundo. E obrigado novamente por nos libertar. No nome de nosso Salvador. Amém.


Esta é uma série de sermões sobre o Dilúvio.  Por similaridade do assunto, o sermão referente a Gênesis 6:1-4 pode ser substituído pelo sermão pregado por John MacArthur sobre I Pedro 3:17-22 (Clique aqui e leia). Veja abaixo os links dos sermões já publicados desta série.


Clique aqui e leia os sermões traduzidos de John MacArthur sobre o livro de Gênesis


Este texto é uma síntese do sermão “Judgment on the Horizon”, de John MacArthur em 26/02/2001.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/90-258/judgment-on-the-horizon

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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