Chamado de Tiago/Simão/Tadeu


Este texto é parte de uma série de 12 sermões sobre o chamado dos apóstolos. Veja os links dos demais textos no fim desta página.


Estamos tendo bons momentos olhando as biografias dos doze apóstolos e eu peço que você abra sua Bíblia no capítulo 6 de Lucas. Em nosso estudo sobre Lucas, nós estamos indo num ritmo mais lento no capítulo 6, porque aqui temos nos versículos 14 ao 16 os nomes dos doze apóstolos. Nós não queremos apenas passar por esses nomes, como se fossem inconsequentes ou sem importância, porque na verdade eles não são.

Estes são os doze representantes oficiais que Jesus chamou para serem a primeira geração de pregadores do evangelho e espalharem a verdade ao redor do mundo. Mais tarde, veremos no relato de Lucas que eles terão poder sobre o mundo físico, no tocante às doenças e morte, poder sobre o mundo espiritual, isto é poder sobre demônios. Tudo isso para autenticar seu ministério. Um dia eles ainda reinarão sobre as doze tribos de Israel no Reino do Milênio. E na Nova Jerusalém, a capital do novo céu e nova terra no estado eterno, cada um dos seus nomes estará nos alicerces das doze portas de entrada naquela cidade (Apoc. 21:14).

Estes são homens extremamente importantes no quadro geral do propósito de Deus, do propósito redentor no mundo. E, no entanto, é notável o pouco que se diz sobre eles nas páginas da Escritura. Queremos extrair do que sabemos tudo o que pudermos para que possamos ter algumas informações biográficas sobre eles, que têm sido extremamente alentadoras, muito encorajadoras para nós.

Chegamos ao último grupo de quatro apóstolos. Hoje vamos ver o grupo três, o qual é formado por: Tiago, filho de Alfeu, e Simão, que foi chamado de zelote, Judas (Tadeu), filho de Tiago, e Judas Iscariotes, que se tornou o traidor. Eu disse que há quatro listas de apóstolos na Bíblia, no Novo Testamento. Elas estão nos Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e no livro de Atos. Em todas as quatro listas, os doze nomes são fornecidos.

Pedro é sempre o primeiro nome. Todos os outros nomes estão sempre em seu grupo. O grupo é sempre o mesmo em todas as vezes que são mencionados no Novo Testamento, indicando que eles eram pequenos clãs de apóstolos que se juntaram no grupo maior de doze. E há uma diminuição da intimidade com Jesus. O grupo um é muito íntimo de Jesus. O grupo dois um pouco menos íntimo. O grupo três parece estar distante de Jesus, particularmente, é claro, Judas Iscariotes, que era um incrédulo.

E vamos deixar Judas para o próximo Dia do Senhor. Ele é a maior tragédia de toda a vida humana, e esse será um estudo fascinante e atraente. Mas, nesta manhã, quero que vejamos Tiago, filho de Alfeu, Simão, chamado ‘o zelote’ e Judas, filho de Tiago.

Agora, é sempre um desafio para o pregador pregar a Palavra de Deus com precisão, mas é especialmente desafiante para o pregador pregar sobre pessoas sobre quem nada é dito. Este é o maior de todos os desafios e estou impressionado com a forma como pude encontrar coisas para dizer sobre as pessoas sobre as quais quase nada foi dito. Então, é isso que vamos fazer nesta manhã e creio que você vai ficar fascinado por estas biografias.

Um excelente cristão inglês, chamado Henry Drummond, há muito tempo fez uma declaração famosa, que ficou registrada na história. Ele disse isso: “Senhoras e senhores, a taxa de entrada no reino dos céus não custa nada, mas a assinatura anual custa tudo”. E se há algo que define os apóstolos é que eles deixaram tudo. Eles entenderam o que era desistir de tudo. Seja qual for a vida que tinham antes de serem chamados a ser apóstolos de Jesus Cristo, ela chegou a um final cruel. Eles desistiram de tudo.

E, na história que vemos no registro dos Evangelhos, os apóstolos, é claro, desempenham um papel maravilhoso em dar cor aos relatos da vida de Jesus, mas eles não são realmente os principais atores. Nós os vemos às vezes manifestando dúvida, descrença e confusão. Nós os vemos às vezes falando mais de si mesmos do que deveriam falar, colocando mais confiança em suas habilidades e força do que deveriam ter. Então, vemos suas fraquezas. Mas, na verdade, no registro do Evangelho há muito, muito poucas manifestações de algum grande ato de qualquer apóstolo.

O melhor que conseguimos é sobre Pedro fazendo perguntas profundas e depois dando respostas profundas ao Senhor, pela ação direta do Espírito Santo nele. A única vez que parece que Pedro poderia fazer um ato formidável, andar na água, ele tira os olhos do Senhor e começa a afundar. Então, não estamos olhando para homens que, em qualquer sentido, podem ser considerados como heróis no registro dos Evangelhos.

Seu heroísmo realmente se mostrou depois que Jesus voltou ao céu, enviou o Espírito Santo, capacitando-os. E então, você começa a ver algo de seu heroísmo no livro de Atos, embora os relatos mais importantes só digam respeito a Pedro, João e Paulo. E o resto deles entra na obscuridade. Mas, sabemos que todos eles foram usados ​​de maneira poderosa para levar o evangelho de Jesus Cristo a várias partes do mundo. A história e a tradição indicam isso para nós.

Então, quando você pensa sobre os apóstolos, você não precisa pensar em pessoas heroicas. Principalmente no relato dos Evangelhos, pois são o registro de seu treinamento. E eles realmente não foram enviados até antes da ascensão de Jesus. Após a Sua ressurreição, Atos 1 diz, Jesus lhes ensinou por quarenta dias as coisas relativas ao reino. Ele estava concluindo o treinamento daqueles homens. Depois foi para  o céu e enviou o Espírito Santo. E então, o Dia de Pentecostes lançou a igreja e a pregação começou a se espalhar pelo mundo.

O que encontramos sobre os apóstolos no registro dos Evangelho é muito treinamento. E quando você chegar ao livro de Atos, o registro é limitado a apenas alguns dos apóstolos. E, é claro, Paulo não estava nem entre os doze originais. Portanto, a maior parte do ministério desses homens é obscura para nós agora. O relato completo está no céu. Não nos foi dado na Terra.

Mas o que, então, aprendemos com os apóstolos? Bem, creio que a principal lição que eu quero que você absorva dessas biografias é que o Senhor usa todos os tipos de pessoas fracas e comuns. Se há algo semelhante em todos os apóstolos é que eles eram os mais comuns dos comuns. Esse é o tipo de pessoas que o Senhor pode usar.

Agora, eu quero mostrar de modo geral em que nível eles estavam espiritualmente. Abra sua Bíblia em João 6 por um momento. E isso fornece uma boa ilustração do trabalho espiritual que tinha sido feito em seus corações. Jesus teve muitos seguidores. Ele tinha milhares de seguidores. Ele tinha multidões maciças atraídas pelos milagres, por Seu poder sobre os demônios, Seu poder sobre a doença e até mesmo o Seu ensino. Ele estava atraindo multidões. Tantas pessoas estavam ao redor, que se tornou muito difícil Ele agir, operar. Às vezes, Ele tinha que entrar em um barco e ir para a água apenas para conter a pressão da multidão, para não derrubá-Lo no chão.

Havia muitas, muitas vezes, quando Ele tinha que encontrar consolo e silêncio, que Ele se dirigia para uma montanha, um lugar escondido para se afastar das multidões que O cercavam. A multidão, em seu contexto mais amplo, era atraída pelos milagres, pelos sinais e maravilhas, quais o mundo nunca tinha visto. E assim, havia uma quantidade imensa de popularidade que estava sendo gerada pelo grande poder sobrenatural de Jesus.

E quando esta grande multidão vinha a Ele, Jesus a ensinava e, à medida que Ele a ensinava regularmente, a multidão foi diminuindo. Eles estavam apaixonados por Seus milagres e Seu poder apenas. Isso é bem ilustrado, especialmente em João 6. Jesus tinha acabado de alimentá-los. Ele alimentou literalmente milhares de pessoas, algo entre vinte e trinta mil pessoas. Ele criou comida para eles a partir de poucos pães e peixes. Então, eles voltaram na manhã seguinte para um café da manhã gratuito, pois eles eram atraídos por isso.

Eles pensaram que Ele seria um Messias conforme eles imaginavam, que Ele poderia criar um estado de bem-estar onde ninguém precisaria mais trabalhar para obter comida, pois Ele criaria a comida para eles todos os dias. E assim, eram atraídos por esse tipo de coisas. Mas, Jesus trazia ensino para esta multidão e, à medida que este ensino avançava, a multidão foi diminuindo, pois Jesus lhes dizia verdades que eles realmente não estavam dispostos a aceitar.

Esta é uma dessas ocasiões de ensino, aqui em João 6. Jesus estava ensinando na sinagoga de Cafarnaum. E Ele estava dizendo, essencialmente, e estas são palavras familiares, no versículo 53: Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Agora, isso não é uma declaração de canibalismo. Isso é simplesmente dizer: ‘você deve Me receber em você com tudo o que Eu sou. Você tem que Me aceitar no total, quem Eu sou’. E Ele repete isso pelo versículo 58.

‘E se você não fizer isso, se você não Me receber completamente, tudo o que Eu sou, seja na Minha humanidade, seja na Minha divindade, seja em Meu sacrifício, então você não terá a vida de Deus em você’. Era o que Jesus estava ensinando. Bem, versículo 60, Muitos, portanto, dos Seus discípulos ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?”. O texto aí não se refere aos Doze, mas à multidão de pessoas que simplesmente estavam seguindo Jesus, vendo Nele um novo rabi.

Jesus estava falando de submissão total. Mas, essa ideia não era aceitável para aquela multidão. Jesus estava consciente de que aqueles seus discípulos, seguidores,  estavam tendo muita dificuldade em engolir a ideia de que, literalmente, tinham que se submeter totalmente à pessoa e obra de Jesus Cristo. Isso exigia realmente mais compromisso do que estavam interessados ​​em fazer. Alimentos, comida grátis, milagres, libertação de demônios: tudo bem. Mas, nada além disso.

Bem, só que Jesus foi muito além disso e falou sobre amar a Deus, obedecê-Lo, receber a Sua Palavra, crer, viver. E então, a resposta daquela multidão foi resmungar. Eles disseram: “Duro é esse discurso…”. A palavra grega usada para “duro aí é sklēros, da qual temos a palavra esclerose, que é um endurecimento. Isso significa algo seco, algo difícil, rígido. E eles estavam apenas dizendo: ‘isso é muito difícil de engolir, nós simplesmente não estamos dispostos a fazer esse tipo de submissão completa!’.

E Jesus sabia disso, estava totalmente consciente do que eles pensavam. Ele disse a eles: Isto vos escandaliza? (v. 61). Algumas versões trazem: Isso os faz tropeçar?. A palavra tropeçar, é essencialmente a palavra skandalizo”. Isso o escandaliza, isso o ofende seriamente? A palavra grega Skandalizo” vem da ideia de uma vara torta que era usada como isca para prender um animal e depois matá-lo. As varas seriam dispostas de tal maneira que, quando o animal entrasse num determinado local seguindo a isca, ele derrubava as varas e elas o apertavam, tirando-lhe a vida.

Jesus está dizendo, em outras palavras: ‘Então, essas palavras matam qualquer possibilidade de um relacionamento futuro? Vocês estão todos resmungando porque o que Eu disse, em certo sentido, é uma declaração de morte para nosso relacionamento, é isso?’. Verso 62: Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava?“. Agora, o que Ele está dizendo é que: ‘se vocês não acreditam que Eu desci do céu, acreditariam se eu voltasse para lá?’. Isso Ele fez em Sua ascensão. E isso aponta para o fato de que eles não acreditavam que Ele veio do céu.

Eles acreditavam que Ele fosse um profeta ou um grande rabi, ou até que Ele fosse algum tipo de homem de Deus, algum tipo de milagreiro, mas eles não acreditavam que Ele era Deus, vindo do céu, encarnado e, portanto, eles não estavam dispostos a recebê-Lo completamente. Havia muitos outros rabis aos quais eles estavam apegados, associados e sujeitos. No versículo 63, Jesus diz: “O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos digo são espírito e vida.

O que Ele está dizendo é que se eles não criam nem aceitavam quem Ele era e rejeitavam Seu ensino, eles não teriam a verdade e a vida. E Jesus diz, no versículo 64: Mas há alguns de vós que não crêem…. Em outras palavras: ‘vocês gostam de milagres, gostam da comida gratuita, mas é só isso… vocês não acreditam que Eu desci do céu… vocês acreditariam se eu voltasse para o céu? Vocês estão resmungando, porque não acreditam’.

Bem, Jesus sabia desde o início quem eram os que não criam e Ele mesmo sabia quem O trairia. Ele conhecia Judas. Judas estava nesse grande grupo de discípulos. E Jesus continuou lhes dizendo, verso 65: Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for concedido. Somente Deus pode transformar um coração e levá-lo a crer. Somente um Deus soberano pode fazer a obra num coração. Você deve estar aberto a esse trabalho, mas essa é uma obra de Deus.

Jesus estava lhes dizendo que embora eles estivessem vendo e recebendo tanto Dele, não poderiam crer por conta própria, pois somente Deus pode fazê-lo. Então, Jesus mesmo reconhece que esta é uma obra soberana de Deus, embora isto não retire do pecador a sua responsabilidade pessoal, mas ressalta que o pecador por si mesmo nunca chegará à fé. Bem, o versículo 66, Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele. Jesus estava acabando com a multidão.

Ele não precisava de todos aqueles caçadores de milagres. Ele só queria as pessoas que realmente O amavam, que verdadeiramente comiam e bebiam Dele, que realmente se submetiam totalmente a Ele. E, assim, a famosa declaração no versículo 67, direcionada aos doze: Quereis vós também retirar-vos?. Ele sabia a resposta, mas queria obter deles a confissão. Simão Pedro respondeu, falando em nome de todos eles: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.  E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente” (vv. 68-69).

Então, essa declaração era de que eles criam que Jesus era o Santo de Deus. Eles creram pela graça, através da fé, e agora estavam dispostos a desistir de tudo. Eles não iriam embora. Mas então, apenas para esclarecer que essa declaração de fé não incluía completamente os doze, versículos 70 e 71, Jesus respondeu: “Não vos escolhi a vós os doze? E um de vós é um diabo. E isto dizia ele de Judas Iscariotes, filho de Simão; porque este o havia de entregar, sendo um dos doze.”

Jesus identificou que havia um entre os doze que era um traidor. Então, o que encontramos aqui, com exceção de Judas, é um grupo de homens que cria em Jesus. Estes doze, e talvez outros, mas esses doze com certeza, com exceção de Judas, fizeram uma afirmação de sua fé em Cristo e agora, quando Jesus lhes disse diretamente: ‘Vocês querem ir embora por não quererem esse compromisso total que Eu estou requerendo?’, eles disseram: ‘absolutamente não,sabemos que só Tu tens as palavras da vida eterna, e nós acreditamos e conhecemos que Tu és o santo de Deus’.

Eu só quero que você saiba que os apóstolos, com exceção de Judas Iscariotes, eram verdadeiros crentes. Eles fizeram um rompimento com o passado permanentemente, eles estavam seguindo Jesus e tinham sido chamados para o chamado mais alto para que qualquer humano já foi chamado, isto é, o apostolado, para se tornar não mais discípulos apenas, mas pregadores, a primeira geração de pregadores, à qual foi dado o poder de fazer maravilhas, milagres e sinais. Eles foram transformados para continuar a obra de Cristo. E que grupo notável eles eram!

Voltemos para Lucas, por um momento, e quero lembrar-lhe que o Senhor usa todos os tipos de pessoas. Ele pode usar líderes dinâmicos, fortes e ousados ​​como Pedro, que se encarregam, iniciam, planejam, elaboram estratégias, confrontam, comandam pessoas, que muitas vezes falam melhor do que vivem e agem com muita pressa e estão ansiosos para serem perdoados e restaurados.

E Deus pode usar as almas humildes, gentis e discretas, como André, que não procuram proeminência, nem atenção individual, nem multidões, e estão sempre trazendo pessoas a Cristo. Ele pode usar homens zelosos, apaixonados, intransigentes, orientados para tarefas, insensíveis e ambiciosos, como Tiago, que vêem apenas o trabalho a fazer e morrerão para fazer isso.

E Ele pode usar os buscadores sensíveis, amorosos, crentes e íntimos como João, que falam a verdade amando e atraem os homens para Cristo, vivendo uma vida obediente. Descobrimos que Ele pode usar pessoas céticas, analíticas, mecânicas, lentas para crer, sem visão, pessimistas e inseguras, como Filipe ou um defensor da verdade, honesto, aberto, de mentalidade clara, meditativo e profundamente rendido, como Natanael Bartolomeu, que têm plena fé e compreensão, embora caiam no pecado grave, como o preconceito.

E Ele pode usar um pária, um extorquidor, um cobrador de impostos, um traidor, o mais odiado dos homens, como Mateus Levi, que sabe que ele mesmo é um pecador e busca perdão e se torna um homem quieto, manso e humilde, que nem sequer se referirá a si mesmo em todo o seu Evangelho, além de mencionar sua conversão, um homem que ama a ralé e os marginalizados, que tem grande fé em Cristo e entrega total a Seu senhorio. E Ele pode até usar, como vimos na semana passada, homens heróicos, corajosos e duvidosos como Tomé.

Agora, chegamos aos últimos quatro e eles têm suas próprias distinções. O número nove na lista completa é um homem que nos foi indicado no versículo 15 pelo nome de Tiago, filho de Alfeu.

Há uma linha famosa nos Apócrifos que diz: “Vamos agora louvar homens famosos“. Bem, essa é a perspectiva do mundo. Eu posso te assegurar que Tiago, filho de Alfeu, nunca estaria em um  programa de TV, nunca seria convidado a endossar um livro,  nunca seria convidado a orar em uma conferência . Ele nunca seria apresentado em uma entrevista da revista Christian. Ele é muito, muito obscuro.

Agora, ele tinha um nome compartilhado por alguns outros: havia Tiago, filho de Zebedeu, que era o irmão de João. Esse Tiago é conhecido por nós e há vários incidentes nos Evangelhos onde ele aparece. E então, havia outro Tiago, que era o irmão de nosso Senhor. Nosso Senhor tinha um meio irmão nascido de José e Maria cujo nome era Tiago. Mais tarde, ele se tornou o líder do Conselho de Jerusalém e escreveu a Epístola de Tiago. Mas, Tiago, o filho de Alfeu, é simplesmente obscuro. Nós nem sabemos nada sobre Alfeu…

Mas, curiosamente, abra Marcos 15:40. Você encontrará Tiago, filho de Alfeu nesse texto:  E também ali estavam algumas mulheres, olhando de longe, entre as quais também Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José, e Salomé…. Aqui ele é identificado como Tiago, o menor. Agora, o que é isso? A palavra traduzida como menor aí é ‘mikros’, de onde vem nossa palavra micro. Bem, isso mostra que ele era pequeno. Bem, de que maneira ele era pequeno? Isso poderia se referir a suas características físicas. Ele poderia ter sido apenas um sujeito pequeno. E isso talvez seja verdade.

Pode ser também que ele fosse jovem em idade. Talvez  ele fosse uma pessoa de fundo, dos bastidores, que não aparece. Ou talvez seja uma combinação disso tudo. Certamente não podemos ser dogmáticos, mas vamos, por nossa conta, presumir que ele era uma espécie de pequeno tipo de pessoa tranquila. E “Tiago, o menor” provavelmente era seu apelido. Não se tratava de alguém fisicamente proeminente. E, de fato, o Novo Testamento não nos diz absolutamente nada sobre ele.

No entanto, tenho algumas coisas a dizer sobre ele, uma espécie de preenchimento dos espaços em branco. Sua marca distintiva é a sua obscuridade, certo? Se não sabemos nada sobre ele, isso é um fato interessante. Aparentemente, ele não procurou nenhum reconhecimento. Ele não mostrou grande liderança, não fez perguntas críticas, não demonstrou nenhuma visão incomum. Apenas o nome dele permanece e toda a sua vida e trabalho estão afundados na obscuridade.

Fontes históricas nos diz, no entanto, que ele foi enviado, depois do Pentecostes, à Pérsia para pregar o evangelho, o Irã moderno. O evangelho foi rejeitado pelo governo de lá e ele foi crucificado por sua fidelidade a Cristo, assim como seu Senhor foi crucificado. O legado para o Irã foi o Islã pagão. O Senhor usa pessoas que não parecem extraordinárias. Aqui está Tiago, um soldado quieto e desconhecido.

E lembre-se disso: ele se tornou um grande pregador, ele conseguiu fazer milagres, expulsar demônios, curar pessoas para validar a mensagem que ele pregava. Ele pregou a mensagem com fidelidade e a Palavra de Deus nunca retorna vazia, diz Isaías, então deu frutos por sua pregação. Ele foi poderoso o suficiente para provocar seu próprio martírio.

Agora, embora a Escritura não diga nada sobre ele, eu só quero apresentar-lhe um pensamento interessante. Em Marcos, capítulo 2, versículo 14, Jesus passa pelo escritório de impostos de Levi, Mateus, que vimos na última vez. E note isso: Ele viu Levi, que era filho de quem? Alfeu. Poderia ser que este Tiago fosse irmão de Mateus? Pode ser. Não há esforço por parte do escritor das Escrituras para distinguir entre os dois “Alfeus”. Poderia ser. Isso não seria incomum, já que Pedro e André eram irmãos e Tiago e João também.

Há outro pensamento interessante, menos provável, mas pelo menos ele aguça minha curiosidade. No capítulo 19 de João, na crucificação de Jesus, no versículo 25, estava de pé junto à cruz de Jesus, sua mãe, Maria, a irmã de sua mãe e a esposa de Cléofas. Alguns estudiosos nos dizem que o nome Cléofas é apenas outra forma do nome Alfeu, de modo que se este Tiago fosse filho da irmã de Maria, ele teria sido primo de Jesus.

Bem, Tiago era o primo de nosso Senhor? Ele era o irmão de Mateus? Nós não sabemos. Mas, você sabe de uma coisa? Não importa para o Senhor. Tudo isso realmente não é importante. E isso é algo que você precisa entender neste estudo inteiro: se fosse realmente importante o pedigree de todos os apóstolos, isso teria sido revelado nas Escrituras. Mas, não foi. Isso sempre me faz rir, você sabe, quando as pessoas no ministério colocam seu nome e depois a lista de títulos depois de seu nome, todo seu pedigree...

Esse tipo de coisa não é realmente importante. Os apóstolos nunca foram os verdadeiros operadores no reino, de qualquer forma. Cristo era. E eles eram apenas as ferramentas. Se tivessem sido realmente importantes e seu pedigree fosse importante, se seus métodos fossem importantes, se seus meios fossem importantes, se seus estilos fossem importantes, se suas carreiras fossem importantes, teríamos alguma informação sobre isso.

Nós chegamos no livro de Atos e, como eu disse, não temos nada sobre eles lá, exceto Pedro, Tiago e João, sendo que Pedro e João dominam a primeira parte, e o apóstolo Paulo, o apóstolo que veio depois, domina a segunda metade do livro de Atos. Portanto, não há nada que possamos saber sobre eles. E o motivo disso é que os homens não são a questão. Não precisamos de uma biografia desses homens. Foi suficiente saber que eles foram escolhidos pelo Senhor, fortalecidos pelo Espírito e levaram o evangelho ao mundo de seus dias. E eles simplesmente desaparecem.

A Escritura sempre mantém o foco no poder de Cristo e no poder da Palavra. Eles pregaram a Palavra, cheios com o Espírito, e é isso que você precisa saber. O vaso não é a questão importante, o Mestre é. Então, em certo sentido, Tiago, filho de Alfeu, era como o resto dos apóstolos. Ele foi usado pelo Mestre, foi um escravo do amor. Ele viveu apenas para a glória do Senhor e morreu sem deixar nenhum registro terrenal. Mas acredite, há um registro celestial. Ele agora brilha no céu. Seu nome agora está no alicerce de um dos portões que levam à Nova Jerusalém.

Bem, eu odeio dizer algo mais sobre alguém sobre quem nada é dito, mas posso dizer que o Senhor usa pessoas obscuras, pequenas, desconhecidas, como Tiago, filho de Alfeu, do qual pode ser até afirmado que era irmão de Mateus ou primo de Jesus, mas que buscou apenas o lugar escondido do serviço, e ainda assim foi fortalecido pelo Senhor para a maior tarefa de todas, a pregação do evangelho.

Número dez, o próximo, de volta a Lucas, homem fascinante: Simão, que foi chamado de zelote.

Agora, eu quero ajudá-lo com isto um pouco, porque se você ler Mateus e Marcos, as listas dos apóstolos, você vai encontrá-lo identificado de uma maneira diferente. Em Mateus e Marcos, ele é identificado como Simão, o cananita. Por que Mateus e Marcos o identificam assim? Bem, os melhores manuscritos antigos trazem a palavra ‘“cananios, e essa é uma palavra grega que vem de uma raiz hebraica.

A palavra hebraica é qanah” e significa ser ciumento ou ser apaixonado, zeloso. Era usada na língua hebraica para falar daqueles que eram apaixonados, ciumentos e zelosos pela lei de Deus. Isso é cananios”. Já zelotes” significa zelo no grego, e essa é a palavra que aparece aqui, de onde vem a palavra zealot [em inglês, que significa fanático]. Então, você tem uma palavra grega que vem de uma raiz hebraica, e você tem outra palavra grega que se refere a estar com ciúmes ou ser zeloso.

Ambas as palavras se referem a este homem. Ele era um homem que tinha zelo e paixão, em particular pela lei de Deus. A terminologia tem isso. Ambas as palavras nos indicam que ele era um homem claramente definido por uma característica em sua vida, a qual era essa paixão pela lei de Deus. Na verdade, muito tempo depois que ele se converteu, muito depois sendo apóstolo, ele ainda é chamado de zelote ou cananita. Quero dizer, ele carregou o rótulo por toda a vida.

Acho que, em certo sentido, ele era um agitador. Agora, como esse sujeito foi chamado para ser um dos doze? Seu título, o zelote’, não tem nada a ver com seu lugar de origem, mas descreve Simão como membro de um partido ciumento, radical, zeloso e revolucionário entre os judeus. Havia principalmente quatro partidos entre os judeus. Havia os fariseus, extremamente obcecados sobre a lei, fundamentalistas religiosos. Havia os saduceus, aqueles que eram os liberais religiosos. Havia os essênios e eles eram os monásticos. Eram pessoas separadas que viveram no deserto, num estilo de vida austero e não faziam caso dos confortos da cidade. Seriam como monges que viviam em um mosteiro.

O último dos quatro principais grupos foi o grupo zelote. E sua inclinação particular era política. Eles odiavam os romanos. Se você quisesse definir um zelote, você poderia dizer que era alguém que odiava qualquer um que impusesse ao judaísmo qualquer intrusão pagã. E os romanos, é claro, eram culpados disso. Eles odiavam os romanos. Eles odiavam os gregos antes deles. Na verdade, eles já nasceram na rebelião. Nascidos realmente para serem terroristas.

Eles eram os terroristas políticos. Eles eram assassinos. A sua existência parece vir do período dos macabeus, quando os gregos ainda estavam liderando e governando Israel. E os judeus estavam cansados ​​disso. O templo tinha sido profanado. Um porco tinha sido morto no altar para zombar do judaísmo e de suas leis cerimoniais. E houve uma revolução os Macabeus, como você sabe. 1 Macabeus 2:50 diz: Sede zelosos pela Lei e dêem suas vidas pela Aliança. E assim, houve a convocação de judeus que deram suas vidas para despojar os pagãos que haviam ocupado suas terras.

Eles eram o grupo mais radical dos quatro partidos. Eles eram realmente fariseus extremistas, que chegaram ao ponto em que eles não só interpretaram a lei literalmente, mas  acreditavam que alguém que não interpretasse a lei como deveria ser interpretada e não vivesse por essa lei, poderia ser morto, assassinado. Insistiam em uma interpretação literal e tradicional da lei.

Eles queriam um Messias que expulsaria os romanos e todas as outras nações pagãs e que restauraria o reino a Israel com toda a sua antiga glória salomônica ou davídica. Eles eram patriotas fervorosos e se juntaram sob a liderança de um homem chamado Judas de Gamala para libertar os judeus dos romanos. Eles literalmente começaram uma rebelião e alguns de seus crimes foram bastante surpreendentes.

Eles eram sediados na Galileia, de onde era o resto dos apóstolos, com exceção de Judas Iscariotes. Eles provocaram sedição, fizeram atos terroristas em todos os lugares. Josefo, o historiador, escreveu sobre aqueles dias e vale a pena vermos algo do que ele deixou registrado. A terra de Israel estava sob o domínio romano. E, é claro, os judeus não podiam aceitar esse fato, sendo que o país era um vulcão adormecido prestes a entrar em erupção. Eles queriam expulsar os romanos.

Os romanos ofenderam os judeus em todos os sentidos. Durante muitos anos, Herodes, o Grande, que não era judeu, mas um idumeu, conseguiu manter a nação em paz. Ele fez isso pela pura força de sua personalidade, sua habilidade e diplomacia, além de ser apoiado, é claro, pela força romana. Era 4 a.C. quando Herodes, o Grande, morreu. Dividiu seu reino a seus filhos: Filipe, que ficou com as regiões do nordeste; Antipas, ficou com a Galileia; Arquelau, foi deixado com a Judéia e Samaria.

Antes que este novo acordo de divisão de poder pudesse ser reconhecido por Roma, Israel entrou em erupção. Eles queriam expulsar todos os governantes gentios e os romanos. A revolta foi a mais feroz da Galileia, onde este Judas de Gamala liderou a insurreição. O poder romano conteve essa insurreição, mas os zelotes ficaram mais fortalecidos. No sul, na Judéia, os romanos descobriram que Arquelau não era capaz de governar, então o substituíram por um homem chamado Quirino. Agora, este é bem conhecido de nós, porque ele ordenou um recenseamento, você se lembra disso? Foi quando Jesus nasceu.

Quirino ordenou um censo de tributação. Esse foi outro ato terrível, no que diz respeito aos zelotes, e, assim, uma guerra santa explodiu novamente, liderada por Judas de Gamala. A revolta novamente foi esmagada pelos romanos e desta vez Judas foi morto, mas os zelotes foram fortificados ainda mais e eles pararam com a rebelião aberta e mudaram sua estratégia para o terrorismo. Eles se tornaram conhecidos como ‘sicarii’, que significa ‘sicários’ ou ‘homens da adaga’.

A ‘sica’, ou ‘adaga’, era uma pequena espada curvada que eles  escondiam nas dobras de suas túnicas, vinham por trás dos romanos e os esfaqueavam na parte de trás das costelas, atravessando do coração. Eles se envolveram na guerra de guerrilha, saqueando e subindo à Galiléia para se esconderem. Às vezes, até matavam  seus compatriotas que eles acreditavam estarem comprometidos com Roma. Josefo escreve sobre este Judas de Gamala, que foi o líder dessas rebeliões e por meio de quem  os zelotes foram fortificados. Ele disse:

Judas, o galileu, foi o autor da quarta seita da filosofia judaica. Eles, os zelotes, têm um apego inviolável à liberdade e dizem que Deus é o único governante e Senhor. Eles não se importam de morrer por meio de qualquer tipo de morte, nem eles atentam para a tortura de seus parentes e amigos, nem admitem qualquer temor que os faça chamar qualquer homem de ‘senhor’. E, uma vez que esta resolução imutável deles é conhecida por muitos, não vou falar mais sobre isso, pois não tenho receio de que nada do que eu tenha dito sobre eles não será acreditado, mas em vez disso, receio que o que eu disse não tenha descrito corretamente a resolução que eles mostram quando sofrem.

Eles não se importavam de morrer, ele diz, qualquer tipo de morte, nem atentavam para a tortura de seus filhos e seus amigos. Eles poderiam ser torturados, mortos, mas nada poderia mudar sua paixão. Simão era um deles. Na verdade, há historiadores que acreditam que em 70 dC, quando os romanos destruíram Jerusalém, sob a liderança do general Tito Vespasiano, massacraram um milhão e cem mil judeus em Jerusalém, nesse terrível holocausto, que grande parte disso foi precipitado pelos zelotes. eixe-me ler o que um historiador diz:

Quando Jerusalém foi cercada e seus habitantes estavam morrendo de fome lentamente, e quando o cenário era completamente desesperador, dentro da cidade sitiada estava ocorrendo uma guerra civil na qual os zelotes e os assassinos, que eram zelotes, estavam matando qualquer um que sugerisse uma política mais moderada, ou que estivesse preparado para chegar a um acordo com Roma antes que a última ruína envolvesse a cidade. Os zelotes e os assassinos estavam enlouquecidos de ódio pelos romanos e por qualquer pessoa que tivesse alguma relação com os romanos. Foi o ódio louco por Roma que, no final, destruiu sua cidade.

Quer dizer, quando um exército romano sitiou a cidade de Jerusalém, os romanos cortaram todos os suprimentos da cidade, para que seus habitantes começassem a morrer de fome. Era assim que funcionavam os cercos no mundo antigo. Era assim que se derrotava uma cidade. Quando as pessoas começavam a morrer de fome, geralmente chegavam a uma posição de negociação. Bem, havia pessoas em Jerusalém que queriam fazer isso para salvar suas vidas. Os zelotes não permitiriam isso. Eles realmente mataram os judeus que queriam negociar e, como resultado, acabaram destruindo sua cidade inteira e massacraram a população.

Josefo escreve: “Zelotes, esse era o nome pelo qual essas pessoas imprudentes ficaram conhecidas, como se fossem zelosos em boas práticas e não fossem bastante extravagantes e imprudentes nas piores ações“. Aqui, Josefo está mesmo dizendo que seu zelo era mal concebido. Ele continua: “Nada mostra o fanatismo dos zelotes melhor do que o incidente em que o último deles finalmente pereceu. Quando Jerusalém caiu, algumas fortalezas na cidade ainda resistiam. O último deles estava fora da cidade em um lugar chamado Masada…”. Você se lembra disso? O palácio de verão de Herodes, na parte sul do deserto, eu já estive lá algumas vezes…

Josefo continua: “Um grupo de judeus, comandado por Eleazar, resistia. Quando ficou claro que toda esperança de fuga havia desaparecido, Eleazar convocou os judeus, fez um discurso flamejante no qual ele os exortou primeiro a matar suas próprias esposas e filhos e então, cometerem suicídio. Eles  levaram a cabo seu discurso. Eles abraçaram ternamente suas esposas, beijaram seus filhos e, então, começaram o trabalho sangrento. Novecentos e sessenta pereceram. Apenas duas mulheres e cinco crianças escaparam ao se esconderem numa caverna“.

Eles eram tão zelosos que, literalmente, mataram suas famílias, em vez de serem tomadas pelos romanos. Este é Simão. Agora, pense em Simão tendo que andar junto de um ex-publicano como Mateus, que se vendeu a Roma para extorquir impostos de Israel, que estava entre as mais odiadas e desprezadas de todas as pessoas naquela sociedade, porque ele era um coletor de impostos romano que traiu seu povo e ajudou e instigou o invasor pagão. Se não fosse pelo fato de Cristo ter salvado Simão, ele não pensaria duas vezes em enfiar sua faca no coração de Mateus.

É incrível, não é, que Jesus tenha escolhido um homem como este, um terrorista, um homem de feroz lealdade, um homem de incrível paixão, coragem e zelo, estreito, entusiasmado, um homem de ação, leal, selvagem? O Senhor o escolheu. J.G. Greenhough escreve: “estavam esses homens [um zelote e outro publicano] separados em dois grupos, em que um grupo nutria pelo outro profundo abismo de pensamentos, sentimentos de ódio apaixonado, mas, ainda assim, o publicano e o zelote apertaram as mãos…“, referindo-se a Mateus e Simão. Continua:

… e eles uniram os corações aos pés de Jesus. No fogo do Seu amor, esses opositores foram soldados. Era uma imagem e uma previsão, em uma pequena escala, do que aconteceria na igreja maior, onde os muros de separação deveriam ser quebrados, onde as antipatias nacionais deveriam ser crucificadas, sepultadas com Cristo e ressuscitadas transfiguradas na glória da fé e da caridade unificadora, onde não haveria judeu nem grego, bárbaro, cita, nem escravo ou livre, mas Cristo sendo tudo em todos.

Lindas palavras!

Pensemos em Simão em comparação a Judas Iscariotes. Judas queria dinheiro, queria poder, queria o reino judaico. Ele queria que os romanos saíssem. Simão deve ter ficado confortável andando com Judas, porque Judas era materialista. Judas estava olhando as implicações políticas da messianidade de Jesus. Ele traiu Jesus no final, porque ficou claro para ele que o assunto não estava indo como ele pensava que devesse e seus pensamentos teriam sido os mesmos de Simão antes de este realmente ser salvo: o despojo dos romanos, a liberdade de Israel.

Suponho que, de certa forma, Simão poderia ter sido o traidor. Ele era ainda mais apaixonado por essas coisas do que Judas. Mas, Simão creu na verdade. E o entusiasmo ardente que ele teve por Israel foi direcionado para Cristo. Eu me pergunto se, quando ele pregava, dava testemunhos sobre seus antecedentes. Seria interessante… A propósito, ele pregou muitas vezes. Eusébio, o historiador da igreja, diz que Simão pregou nas ilhas britânicas, no Egito e na África.

E, finalmente, por causa de sua pregação, ele foi serrado ao meio. Tenho certeza de que se ele estava disposto a morrer por aspirações políticas e ao amor do judaísmo, ele estava ainda mais disposto a morrer pelas aspirações espirituais e pelo amor de Cristo, não é?

Há ainda um outro apóstolo para esta manhã nesta lista, versículo 16, “Judas, o filho de Tiago”.

Hoje consideramos Judas um nome muito ruim para colocar num filho. Mas, naqueles dias não era, porque Judas significa “Jeová conduz“. A questão é que hoje esse nome está associado mais fortemente ao outro Judas, o traidor. Agora, novamente, eu não sei muito sobre esse Judas, mas realmente estou atraído por ele. Ele tinha três nomes. Jerônimo o chamou de trinominus, o homem com três nomes.

Em Mateus 10:3, ele é chamado Tadeu e também de Labeu. Ele é Judas, é Tadeu, Labeu, filho de Tiago… muitos nomes. Agora, o nome Judas foi o nome de nascimento, que seus pais lhe deram. É um nome maravilhoso, que significa Jeová conduz. E tenho certeza de que os pais estavam antecipando que, na sua vida, Deus o guiaria e ele O seguiria. Foi uma ótima e excelente escolha de nome desses pais hebreus para este pequeno bebê judeu.

Mas, seus outros nomes são realmente interessantes e provavelmente foram adicionados e talvez se tornaram, eu não sei, espécies de apelidos que ele acumulou. Você sabe o que significa Tadeu? “Criança de peito. A raiz hebraica tem a ver com a amamentação feminina. Agora, quero dizer, basicamente, eu interpretaria este nome como o menino da mamãe. Você pensaria muito antes de chamar seu filho o menino da mamãe“. [Risos].

Talvez ele fosse um sujeito de baixa estatura, talvez ele fosse o caçula em uma longa fila de irmãos e especialmente querido e apreciado por sua mãe. E seu outro nome, Labeu, é uma palavra hebraica que significa coração criança. Este é um coração pequeno e terno, o menino da mamãe, andando junto com Simão, o zelote. Isso é bem interessante. Um coração amável, simpático, compassivo, gentil, mas corajoso … o Senhor pode usar? Claro, os zelotes dão excelentes pregadores, assim como os carinhosos, compassivos e gentis  meninos da mamãe”.

É realmente um grupo interessante, não é? Existe uma espécie de “um de cada”. Agora, queria saber mais sobre Judas, com todos os seus nomes. Mas, a história dele também foi encoberta. Porém, como eu tenho dito acerca de todos os apóstolos, não deixe que a obscuridade sombreie seu respeito por eles. Eles se tornaram pregadores poderosos. Esses homens nunca entrarão no salão terrenal da fama, mas acreditem, lideram o “rol da fama” no céu.

Seu humilde serviço não é registrado pelos homens, mas é registrado por Deus. Eles são bem conhecidos no céu e no registro celestial. Temos um incidente com este Judas Tadeu Labeu. Volte-se para João 14. Isso é realmente interessante, é apenas um pequeno vislumbre desse homem. Isso mostra sua obscuridade. Verso 22: “Judas, não Iscariotes…“. Você gostaria de ser conhecido por quem você não é? Tenho certeza de que ele geralmente dizia: ‘Eu sou Judas, não o Iscariotes…’.

Então, Judas, não o Iscariotes, disse a Jesus: Senhor, de onde vem que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo?“. Isso respalda a ideia de que ele era um homem muito carinhoso. Ele não diz nada forte, ousado ou confiante. Ele não confronta o Senhor e repreende-O, como Pedro. Há uma gentileza, uma mansidão e uma espécie de ternura na pergunta. E este é o único incidente em que ele aparece, em todos os Evangelhos. Ele diz, em outras palavras: ‘Senhor, por que  nós Te conhecemos, mas o resto do mundo não Te conhece? O que aconteceu?’.

Há uma gentileza aí. Ele estava dizendo: ‘todos nós Te seguimos com grande expectativa. Tu és o Salvador do mundo, o santo de Deus. Tu vens para estabelecer Teu Reino, estás pregando as boas novas de perdão e salvação, as boas-novas para o mundo, e nós sabemos disso, mas ninguém mais sabe disso… Então, por que o Senhor vai se revelar a nós e não ao mundo?’.

Este é um discípulo piedoso e crente. Este é um homem que ama o seu Senhor e este é um homem que sente o poder da salvação em sua vida. Ele está cheio da esperança pela salvação do mundo e de um jeito típico de alguém que é terno de coração, um coração-criança, “menino da mamãe”, ele apenas diz: ‘O que aconteceu? Tu és o Rei do mundo, mas o mundo não sabe disso. Tu és o Salvador do mundo, porém o mundo não sabe isso… Por que podemos entender e podemos ver, mas ninguém mais pode? Como Tu vais salvar o mundo, se eles não Te conhecem? Tu não achas que talvez este seja um bom momento para Te tornares conhecido de todos?’, uma espécie de ‘poderias fazer isso agora?’.

Creio que ainda existia aquela esperança de que o reino viesse naquele momento. A resposta de Jesus é maravilhosa, tão terna quanto a pergunta, verso 23: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada.“. Em outras palavras: ‘Olha, você não precisa se preocupar com isso. O Reino não pode ser conhecido por ninguém que não Me ama. Mas, quando alguém Me ama, guardará a Minha Palavra, Meu Pai o amará e nós iremos até ele e o Reino virá ao coração dessa pessoa’. Essa é a resposta. Que grande afirmação!

A pergunta ainda se referia a uma espécie de domínio político, um pouco de domínio material: ‘por que o Senhor ainda não conquistou o mundo?’.  Mas, Jesus responde revelando que não iria subjugar o mundo externamente, mas que iria subjugar corações. Que resposta! O verso 24 apresenta o outro lado da questão: “Quem não me ama não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou.” É só uma questão amar ou não o Senhor. A resposta de Jesus é maravilhosa!

Podemos estar eternamente gratos a Judas Tadeu por provocar essa resposta. Não é uma resposta obscura. É uma resposta profunda e direta: ‘Eu só posso Me revelar a um coração amoroso, obediente e crente’. É o mesmo hoje, não é? As pessoas dizem: ‘Bem, eu não entendo o evangelho, não entendo sobre Cristo, não estou interessado nisso…’. Bem, não é de mais informações que precisam. Há certamente uma quantidade mínima de informações que você precisa. É uma questão de amá-Lo, o que equivale a crer Nele, confiando Nele como Senhor e Salvador.

Os únicos olhos que verão e os únicos ouvidos que ouvirão são aqueles compostos de obediência amorosa. Paulo disse, em 2 Coríntios 4:3: “Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, é naqueles que se perdem que está encoberto“. Essa é a questão. Eles devem vir para ver a realidade de Cristo e para amá-Lo. E se eles não estão dispostos a fazer isso, não haverá reino de Deus em seus corações.

A propósito, há uma história tradicional que diz que Judas Tadeu se tornou conhecido por curar muitas pessoas de muitas doenças em seu ministério e pregação apostólica. E há uma história que registra que ele curou um homem chamado Adgar, que era rei da Síria quando ele estava pregando, curando. E este homem tornou-se um cristão tão devoto que o seu sobrinho apóstata capturou Judas Tadeu e o  martirizou por causa do evangelho.

Então, ele pode ter sido um “menino da mamãe”, mas ele teve um coração de coragem. Nunca subestime as pessoas ternas. E, a propósito, ao longo da história, há um símbolo identificado com ele como apóstolo. Às vezes, quando você vê em registros históricos antigos “Judas, filho de Tiago”, há um símbolo associado ao seu nome e é um taco enorme, como um bastão de beisebol. E a razão disso é que essa foi a arma usada para matá-lo.

Então, que tipo de pessoa o Senhor usa? Todos os tipos que você possa imaginar. Ele chamou esses homens da obscuridade para o mais alto chamado. E, pessoal, o que é animador sobre isso é que assim somos nós, não é mesmo? Isto é quem nós somos. O Senhor pode nos usar de uma maneira poderosa e então, Ele recebe toda a glória, porque não podemos ser a explicação para qualquer sucesso espiritual.

Oremos.

Senhor, ao concluir nosso tempo de culto nesta manhã, certamente agradecemos as revelações refrescantes, encorajadoras e maravilhosas que o Senhor nos forneceu através desses homens. Quão maravilhoso é que o Senhor nos use e esta é uma lista incrível de diferentes tipos de pessoas, todos pregadores de Teu grande evangelho,  testemunhas habilitadas com a verdade e o Espírito para pregar sermões poderosos e fazer obras poderosas. Que variedade incrível! No final, nenhum deles é uma explicação para o seu poder ou a sua pregação. Só o Senhor é. Tua verdade e Teu Espírito transformam os inúteis em úteis e elevam os humildes aos lugares da glória eterna. Agradecemos o testemunho desses homens, pois eles nos servem de exemplo para sermos fiéis e nunca subestimarmos o que Tu podes fazer com cada um de nós. Agradecemos por este grande testemunho e espero que possamos ser úteis para Ti, em nome de Cristo. Amém.


Esta é uma série de 12 sermões sobre o chamado dos apóstolos

01. O chamado dos doze apóstolos
02. O chamado de Pedro (Parte 1)
03. O chamado de Pedro (Parte 2)
04. O chamado de Pedro (Parte 3)
05. O chamado de André e Tiago (irmão de João)
06. O chamado de João
07. O chamado de Filipe
08. O chamado de Natanael (Bartolomeu)
09. O chamado de Mateus e Tomé 
10. O Chamado de Tiago (filho de Alfeu), Simão (o zelote) e Judas Tadeu 
11. O chamado de Judas Iscariotes – Parte 1
12. O chamado de Judas Iscariotes – Parte 2


Este texto é uma síntese do sermão “Common Men, Uncommon Calling: James, Simon and Judas”, de John MacArthur, em 26/08/2001.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/42-80/common-men-uncommon-calling-james-simon-and-judas

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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