Domar a Língua – 1


Este é o primeiro de dois sermões de John MacArthur sobre “Domar a Língua”, conforme links no final deste texto.


Abra sua Bíblia no terceiro capítulo de Tiago. Antes de tudo, quero contar um pequeno incidente pessoal que ocorreu na minha vida há alguns anos atrás, quando eu já estava pastoreando aqui na Grace Church. Eu fui ao dentista para fazer meu exame de rotina. E ele estava mexendo na minha boca, fazendo aquilo que qualquer dentista faz, com todos aqueles instrumentos que eles usam.

E quando ele terminou, disse: “Você tem um problema. Você tem um tumor bastante grande na sua língua”. Bem, isso não é algo que um pregador quer ouvir… Ele disse: “Eu não sei se é benigno ou maligno, mas você precisa ir a um cirurgião e removê-lo.” Perguntei-lhe o quão grande era, ele disse: “É maior do que seu polegar, e está localizado na parte de trás, onde você não pode vê-lo”. E eu lembro de dizer ao dentista naquela época: “Agora olhe, você está se referindo à minha língua, mas na verdade está se referindo a mim, pois eu vivo pela minha língua!“.

E pensei nisso muitas vezes desde então. Eles fizeram a cirurgia alguns dias depois, e o que eles encontraram era benigno e, tanto quanto eu sei, eu não tive nenhuma recorrência. Mas, eu pensei sobre isso muitas vezes, essa afirmação: “Agora olhe, você está se referindo à minha língua, mas na verdade está se referindo a mim…”, e isso é muito verdadeiro.

A língua realmente é você. É mesmo! A língua é o tagarela do coração. Jesus disse: “Da abundância do coração fala a boca”. A língua é o revelador do coração. No terceiro capítulo de sua carta, Tiago apresenta a questão da língua como outra prova da fé viva, porque a fé verdadeira será demonstrada pela fala, bem como a fé falsa. Nada revela mais o coração do que a língua.

E esse assunto é uma grande preocupação para Tiago. Ele menciona a língua em cada capítulo. Ele a menciona duas vezes no capítulo 1, versículos 19 e 26. Também no capítulo 2, versículo 12. Ele a menciona no capítulo 4, versículo 11 e no capítulo 5, versículo 12. Além disso, Tiago gasta uma grande porção do capítulo 3 tratando especificamente da questão da língua.

Agora, Tiago, como você se lembra, está sendo usado pelo Espírito Santo para nos mostrar que os verdadeiros crentes, que foram gerados pela Palavra de Deus, como ele colocou no capítulo 1, versículo 18, manifestarão essa nova vida através do modo de como eles vivem. Essa nova vida será evidenciada através da resistência nas provações, como vimos no capítulo 1;  também através da humildade na tentação, que também vimos no capítulo 1.

Essa nova vida será demonstrada através da  obediência à Escritura, como também vimos no capítulo 1; da preocupação amorosa com os necessitados, sem parcialidade, como vimos no capítulo 2. O verdadeiro cristão evidenciará sua fé sendo um padrão de boas obras, como vimos no capítulo 2, versículos 14 a 26. E agora, Tiago diz que essa nova vida, a transformação, a salvação serão evidenciadas através da forma como as pessoas falam. Sua língua, seu discurso, vão contar o que há no seu coração.

E então, o que Tiago está colocando aqui é que reconheçamos que a fé viva se evidencia através do controle da língua. Agora, ao longo dos versículos que começam o terceiro capítulo, através do versículo 12, as palavras “boca” e “língua” são usadas com freqüência com referência à fala. E talvez devêssemos dizer, desde logo, que quando Tiago fala da boca e da língua, em certo sentido as personifica.

Alguém poderia perguntar: “Por que Tiago não usa a palavra coração, ao invés de boca e língua? Por que ele não diz que o coração é o problema? Por que ele diz que é a língua? É porque a língua apenas reage ao coração. A boca só responde ao coração. Vale observar que, no modo de pensar hebraico, a distinção entre o homem e o membro do seu corpo culpado não é tão claramente distinta. O hebraico, francamente, concentra-se muito frequentemente no membro culpado e não na questão do coração.

Por exemplo, lemos sobre “pés rápidos para derramar sangue” (Provérbios 1:16), como se os pés fossem os culpados em um assassinato. Lemos sobre “olhos cheios de adultério” (II Pedro 2:14), como se os olhos fossem culpados, quando sabemos, é claro, que é o que está no interior da pessoa. Mas, no desejo hebraico de expressão concreta e expressão prática, muitas vezes se refere a um membro do corpo como se fosse o culpado. E então, quando Tiago fala sobre a boca e a língua, não significa que, de fato, ele culpe a boca e a língua, como se estas operassem independentemente de qualquer outro impulso. Significa, simplesmente, que elas são os órgãos pelos quais o coração se expressa [Na cultura hebraica, o coração era uma representação da mente].

E então, Tiago, em certo sentido, personifica a língua como o símbolo vivo do que está no coração. Os rabinos – você pode ver isso no Salmo 64 e no versículo 3 – costumavam dizer que a língua é uma flecha. E a razão pela qual eles diziam que a língua é uma flecha e não uma faca, é porque uma flecha mata à distância. A língua pode matar sem estar perto da vítima. A língua é uma flecha mortal.

Em nenhum outro lugar a união de fé e obras é mais visível do que em nosso discurso. Que pensamento! Na verdade, alguém disse: “Cada um de nós está carregando uma arma escondida. Tudo o que temos a fazer é abrir as nossas bocas e o dano será feito“. Sabia que você fala de 18 a 25.000 palavras por dia? Alguns dizem que os homens falam 25 mil palavras por dia e as mulheres falam 30 mil palavras por dia. Eu não sei quem contou isso, mas a dificuldade é quando o homem volta para casa do trabalho, pois ele já gastou suas 25.000 palavras e a mulher nem começou com as 30.000 dela…[risos] Ela passou o dia esperando por essa oportunidade…

Mas, falamos um tremendo número de palavras por dia. Alguém calculou que provavelmente preencheríamos com nossas palavras um livro de 54 páginas todos os dias. E em um ano, provavelmente, produziríamos cerca de 66 livros de 800 páginas! Isso pode surpreender você. Se você for uma pessoa normal, passará um quinto de sua vida falando. É interessante…

Lembro que quando era criança, sempre que  meus pais me levavam ao médico, a primeira coisa que o médico dizia era: “Deixe-me ver sua língua…”. E Tiago está dizendo o mesmo: “Deixe-me ver sua língua…”. A enfermeira colocava um termômetro debaixo da língua e aferia a temperatura física. Tiago diz que sua própria língua revelará sua temperatura espiritual. Nada é mais susceptível de revelar depravação do que a nossa boca.

As pessoas que estavam no pátio juntamente com Pedro, enquanto Jesus estava sendo julgado, disseram a ele: “a maneira como você fala mostra que é um dos seguidores de Jesus…”. Isso é uma verdade. E como Deus criou Seus filhos pela Sua Palavra, Ele presumiu que eles seriam conhecidos por suas palavras, e que haveria alguma conexão entre Sua Palavra, que os produziu, e as palavras deles, que são o resultado dessa produção.

É interessante para mim também que em Gênesis, capítulo 3, versículo 12, vemos que o primeiro pecado ocorrido após a queda foi um pecado da língua. A primeira expressão do pecado veio imediatamente a partir da boca, porque ela peca com facilidade. Adão disse: “A mulher que Tu me deste…“, e caluniou a Deus, culpando-O pelo pecado. E quando o apóstolo Paulo caracteriza o caos do homem, quando ele quer retratar todos os feios traços da depravação do homem, quando quer descrever a miséria do homem em sua condição pecaminosa, ele destaca a língua.

Em Romanos, capítulo 3, palavras muito familiares, nos versículos 13 e 14, ele diz que é assim que você descreve um pecador: “A sua garganta é um sepulcro aberto; com as suas línguas tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; cuja boca está cheia de maldição e amargura. O ponto focal de nossa queda e depravação é a boca.

Quando Isaías quis confessar a Deus o seu pecado total em meio a uma visão da santidade de Deus, ele disse: “Sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios” (Isaías 6:5). Nada mais evidencia o pecado de um homem do que a boca dele. Uma boca impura é aquilo que mais representa a depravação. Então, a boca é o monitor da condição humana. As palavras certas, assim, seriam a manifestação de uma vida justa. É o que Tiago está dizendo. E assim, no capítulo 3, ele nos chama a medir o nosso discurso, para ver se é consistente com o que afirmamos ser a realidade da nossa fé.

Controlar a língua, então, é essencial e Tiago nos dá cinco razões convincentes para o controle da língua. Vamos ver a primeira delas esta noite. Número um: Tiago nos chama a controlar a língua, porque o seu potencial para nos condenar é enorme. Tiago 3: 1 e 2 diz:

Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo. Porque todos tropeçamos em muitas coisas…

Tiago fala sobre condenação ou julgamento. E todo o contexto do que ele diz no início, embora ele não mencione a língua lá, é essa questão de falar. E a implicação do que ele está dizendo é:você deve tomar cuidado para não se colocar em uma posição de ensino, porque um mestre basicamente usa sua língua como ferramenta, de modo que você terá uma grande responsabilidade se abusar disso e trará sobre si mesmo potencial julgamento. Esse é o argumento que ele está usando.

E ele começa com os mestres, começando no topo. O falar da pessoa é a marca da fé verdadeira, e se você voltar para o capítulo 1, versículo 26, ele diz que: “Se alguém entre vós cuida ser religioso, e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a religião desse é vã. Uma fé que não transforma a língua não é a fé salvadora. Portanto, a fala é uma marca da verdadeira fé, devendo ser uma medida adequada daqueles que articulam a fé, daqueles que ensinam a fé.

Isso também, por sinal, aponta para o fato de que a fé morta, a fé falsa, a hipocrisia e engano são um perigo para todos os homens, mesmo para aqueles que são mestres na igreja. E mesmo aqueles que ensinam precisam fazer uma checagem pessoal no discurso, para ver se a fé deles é real. E tendo introduzido o assunto ao nível dos mestres, Tiago passará para uma discussão mais geral, de todos, o discurso de todos.

Agora, vamos voltar e olhar mais de perto para o versículo 1. “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres…“. Na verdade,  “meus irmãos” vem depois no texto em grego, fazendo com que o texto já comece com esta afirmação muito forte: “Que muitos não sejam mestres, meus irmãos…“. Agora, isso não significa negar o fato de que Deus quer que ensinemos a Sua Palavra, porque Deus quer que façamos isso. O Senhor quer que articulemos a verdade de Deus.

Vamos a Números, capítulo 11, versículos 26 a 29, onde temos um relato de Moisés dizendo, no versículo 29: “Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta, e que o Senhor pusesse o seu espírito sobre ele!“. Na situação que houve envolvendo Eldade e Medade, Moisés estava dizendo, em outras palavras: ‘Não estou desprezando o papel de um profeta, desejo que Deus fizesse de todos profetas!’. De certo modo,  desejamos que todos fossem pregadores e todos fossem mestres.

E, certamente, em Mateus 28, todos somos chamados a ir pelo mundo e fazer discípulos, ensinando as pessoas a observar o que Cristo ordenou. Tiago não está negando isso (3:1). Paulo diz, em 1 Coríntios 9: “Ai de mim se eu não pregar...”. E em 1 Timóteo 3:1, “se alguém deseja o episcopado…“, que envolve principalmente o ofício de ensinar , “… excelente obra deseja.” Tiago não está contradizendo isso.

Mas, o que Tiago está dizendo é que não devemos embarcar em um papel de ensino sem o senso da seriedade envolvida nisso. E, sem dúvida, para o grupo de cristãos que Tiago está escrevendo, houve algum fracasso em considerar essa grande seriedade. As pessoas estavam aspirando ao papel de mestre com pouco ou nenhum pensamento quanto às implicações disso.

E então, ele diz, em outras palavras: “Meus irmãos…”, e ele se dirige a todos os que usam o nome de Cristo dentro da igreja, “quero impedir que vocês se apresentem de forma tola no papel de ensinar”. Por quê? “Por causa do grande potencial para o pecado com sua língua, pois quando você pecar com a sua língua em particular, é uma coisa; mas quando você peca com sua língua em público, isso é outra coisa”. E o potencial de condenação é muito maior para quem está no amplo nível de proclamação verbal.

Agora, o que ele quer dizer com “muitos de vós não sejam mestres”? De que tipo de mestre ele está falando? Comecei a pensar sobre isso e me perguntei o que ele tinha em mente exatamente. A palavra grega traduzida aí como ‘mestre’ é ‘didaskalos’. É a palavra que pode ser traduzida como ‘mestre’ nos Evangelhos. Então, podemos concluir que ele está falando aqui sobre um professor reconhecido. Ele estaria dizendo:

Não se apresente para o ofício de ensino, não se apresente em algum ministério oficial na igreja, através do qual você se tornará um proclamador e um professor da Palavra de Deus, se você não entender as implicações disto quanto à sua fala.

E você se lembra que Tiago está escrevendo para aqueles com herança judaica e aliança judaica. Entre os judeus havia professores oficiais. Havia rabinos oficiais. Homens como Nicodemos, que foi reconhecido como mestre em Israel. Havia homens naquela posição que amavam seu título, adoravam sua honra, amavam seu reconhecimento, seu poder, adoraram seu prestígio.

Na verdade, em todos os lugares em que um rabino fosse, ele seria tratado com grande respeito. De fato, acreditava-se que o dever de um homem para com seu rabino excedia seu dever para com seus pais, porque seus pais apenas o trouxeram à vida neste mundo, mas seu professor o trouxe para a vida no mundo.  Era dito que, se os pais de um homem e o professor de um homem fossem capturados por um inimigo, o professor deveria ser resgatado primeiro.

Se o rabino e os pais precisassem de ajuda, era um dever ajudar primeiro o rabino. Era verdade que um rabino não tinha permissão de ganhar dinheiro através do ensino, e que ele devia suportar suas necessidades corporais trabalhando para se manter, mas, a despeito disso, era considerado um trabalho especialmente piedoso e meritório levar um rabino à sua casa e fornecer-lhe todos os cuidados.

Era desesperadamente fácil, então, que um rabino se tornasse uma espécie de pessoa que Jesus representava como um tirano espiritual, um ostentoso ornamento de piedade, um amante do lugar mais alto em qualquer função, uma pessoa que se gloriava no respeito quase subordinado que outros o davam em público.

E foi esse tipo de atitude que Jesus condenou tão vivamente e de forma flagrante em Mateus 23, versículos 4 a 7. Tal honraria de auto-busca proveniente de motivos mal intencionados era para ser estranha a qualquer seguidor verdadeiro de Jesus Cristo. E, no entanto, certamente havia pessoas na congregação, para a qual Tiago escreveu sua carta, que almejavam essa posição de mestre, porque estavam apaixonadas por todo o glamour dessa posição.

E eu poderia deduzir que na igreja primitiva também havia professores oficialmente chamados. Havia apóstolos, profetas, pastores e evangelistas, e também mestres, professores. A expressão é claramente mencionada em 1 Coríntios 12:28. Alguns entendem que se tratavam de pastores-mestres e outros entendem que eram duas categorias, ou seja, pastores e mestres (Efésios 4:11). Isso não importa. Enfim, havia aqueles que eram pastores, evangelistas, mestres, apóstolos e profetas. E eles eram os mestres oficialmente reconhecidos na igreja.

Mas, além disso, havia algumas oportunidades não oficiais para ensinar também. Por exemplo, era permitido, em uma sinagoga judaica, mestres não oficiais se levantarem e ensinarem. Qualquer um que fosse respeitado, reverenciado, que tinha algum tipo de credencial e algum motivo para ser ouvido, poderia se levantar para ensinar em uma sinagoga, mesmo que ele não tivesse sido devidamente educado ou fosse educado por essa sinagoga ou por qualquer instrumento reconhecido dessa sinagoga.

Uma ilustração clássica disso foi o nosso Senhor Jesus Cristo, que se levantou na sinagoga de Nazaré para ler as Escrituras e depois se sentou para falar. Ele era um orador convidado, por assim dizer. Em Atos 13, quando Paulo e Barnabé são enviados pela igreja em Antioquia, os versículos 5 e 15 os mostram numa situação em que lhes é dada a oportunidade de se levantarem em uma sinagoga para ensinar. E assim, havia professores oficiais, e então, havia oportunidades não oficiais de ensinar também.

Eu creio que isso acontecia na igreja primitiva. Se você olhar para 1 Corintios 14, encontrará, começando em torno do versículo 26, Paulo discutindo o fato de que naquela igreja de Corinto muitas pessoas falavam. Ele diz: “Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação“. E então, ele regula isso, dizendo como deveria ser feito e como isso não deveria ser feito. Mas, na igreja primitiva, aparentemente, havia algum formato onde as pessoas podiam se levantar e dar um ensino, uma doutrina, uma revelação ou o que quer que fosse.

Então, havia, como na sinagoga, mestres oficiais e não oficiais na igreja. E isso não é algo tão estranho para nós, pois temos o mesmo em nossa igreja, por exemplo. Nós temos mestres (professores),  pastores, evangelistas e professores, que são separados especificamente para a função de ensino. E então, há também muitos de vocês que ensinam. Talvez você ensine em um grupo de estudo da Bíblia nas casas, talvez você ensine numa classe de crianças, talvez você se levante para ensinar uma doutrina, uma Palavra do Senhor, uma compreensão da Escritura em uma reunião cristã ou algo assim.

Então, eu não acho que queremos limitar Tiago. Voltemos ao verso e vejamos o que ele diz. Ele diz, basicamente, um princípio simples: “Que muitos não se tornem mestres“. E eu não creio que possamos ler isso acrescentando mais do que existe no texto. Tiago está dizendo: ‘Seja muito cauteloso quando se envolve no papel de mestre em qualquer nível, seja oficial ou não oficial, por causa do enorme potencial de condenação que sua língua irá causar’.

Vamos voltar ao capítulo 1, versículo 19: “Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar“, e isso em um contexto de discussão da Palavra de Deus. Rápido para ouvir a Palavra de Deus, e lento para falar. Mas, apesar disso, houve e há muitos que querem conquistar a proeminência, que estão impressionados com a autoridade e a honra, e que têm absolutamente pouco ou nenhum pensamento sobre a responsabilidade e as consequências da ação de ensinar a Palavra.

Paulo, ao instruir Timóteo, refere-se aos tais, no capítulo 1 de 1 Timóteo. Ele diz: “Do que, desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas…“, versículo 7, “Querendo ser mestres da lei, e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam.” Isso foi na igreja de Éfeso.

Não havia dúvida, entre os santos reunidos para quem Tiago estava escrevendo, que havia algum aspirante ao papel de ensinar que não tinha idéia das possíveis implicações do erro no ensino. É uma verdade assustadora. A exortação se dirige a qualquer um que aspire essa posição. Tiago não está restringindo o genuinamente talentoso. Ele não está restringindo o genuinamente qualificado. Ele não está impedindo o chamado genuíno. Ele não está restringindo o sincero e experiente.

Mas, ele está dizendo: ‘você deve se esforçar bastante para entender a seriedade do papel do ensino, antes de você abrir a sua boca!’. Tiago tem em mente não apenas falsos mestres, mas também pessoas ignorantes, não qualificadas, despreparadas e mal instruídas. Moisés disse a Arão, em Levítico 10: 3, “Isto é o que o Senhor falou…”! Este trecho das Escrituras está constantemente em minha mente: “Isto é o que o Senhor falou…”.

Há uma carga contínua de oração em meu próprio coração quando estou diante do Senhor: “Senhor, leva-me a dizer o que o Senhor pretende dizer”. E qualquer pessoa que se coloca na posição de ensinar a verdade das Escrituras deve ter essa carga no coração e apresentá-la em oração. Sempre. É uma responsabilidade de peso e ninguém deve enxergá-la como algo fácil.

A responsabilidade de quem ensina as Escrituras é mencionada duas vezes no livro de Ezequiel, capítulo 3, versículos 17 e 18 e capítulo 33, versículos 7 a 9, onde o mestre é realmente avisado de que ele é uma espécie de vigia sobre os muros para alertar as pessoas. E ele deve ter cuidado de fazer isso direito, ou o sangue daquelas pessoas será requerido das mãos dele. Em outras palavras, há um sentido em que há uma grande responsabilidade.

Paulo, quase como um suspiro de alívio, em Atos 20:26-27, diz: “Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos. Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus.” Hebreus 13:17 diz que nós pastores daremos conta a Deus sobre como exercemos a liderança, a direção e como ensinamos ao povo de Deus. É realmente uma questão muito séria. Nós nem precisamos entrar em passagens como 2 Pedro 2, ou o livro de Judas, onde Deus pronuncia terrível julgamento sobre um falso mestre.

Mas, mesmo aquele que se esforça para ensinar a verdade, que não está na categoria de um falso mestre, deve entender a enorme responsabilidade que assume quando se compromete a ensinar. Não é de admirar que John Knox, na primeira vez que ele esteve atrás do púlpito para pregar, tenha chorado de forma incontrolável. Tiveram que tirá-lo, porque ele estava demasiadamente sobrecarregado com a tarefa em questão. Não seja rápido para entrar na posição de quem vai ensinar. Eu compartilhei com alguns de nosso pessoal esta semana uma citação de um pregador com o nome de Bruce Thielemann. Ele disse:

Não há uma honra especial na pregação, há apenas uma dor especial. O púlpito chama os ungidos para a tarefa de pregar, assim como o mar chama seus marinheiros. E, assim como o mar, ele bate, machuca e não descansa. Pregar, pregar verdadeiramente, é morrer despido, um pouco de cada vez, e saber que a cada vez que você faz isso, você deverá fazê-lo novamente.

“Não aumente as fileiras de pregadores”, diz um tradutor. Por quê? Porque a língua tem esse potencial de condenação. Versículo 1: “Sabendo que [nós] devemos receber um julgamento mais rigoroso“, e o “nós” aí tem a função de identificação. Tiago se coloca também como alguém que é mestre. Ele não quer advertir os outros sem se incluir. É um aviso severo relativo à responsabilidade de quem ensina. Temos uma enorme responsabilidade para com Deus quando ensinamos, em qualquer nível.

É por isso que Paulo diz, em 2 Timóteo 2:15, “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade“. Existe uma vergonha relacionada ao ensino do erro, e também há julgamento relacionado ao ensino do erro. É por isso que, em 1 Timóteo, capítulo 4, o apóstolo Paulo diz a Timóteo, verso 6: “Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Jesus Cristo, criado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido.

E, no mesmo texto, verso 7: “Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas, e exercita-te a ti mesmo em piedade”. Mais adiante, verso 13: “Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá.” E mais à frente, verso 15: “Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos.” E, verso 16: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina.” O ensino na igreja é um assunto muito, muito importante.

A palavra “julgamento” ou “juízo”, no texto de Tiago 3:1, é “krima”. É um termo neutro, mas geralmente é usado no Novo Testamento para expressar um julgamento negativo. O tempo futuro aqui, provavelmente, refere-se ao julgamento no futuro, quando estaremos diante do Senhor. Para um falso mestre não salvo, esse julgamento seria no momento da Segunda Vinda do Senhor, um julgamento terrível, do tempo falado por Judas, 14-15, quando diz: “Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos; para fazer juízo contra todos e condenar dentre eles todos os ímpios, por todas as suas obras de impiedade, que impiamente cometeram, e por todas as duras palavras que ímpios pecadores disseram contra ele“, que se aplica em um contexto de falso ensino.

Então, o julgamento futuro de um incrédulo que ensina o erro será na Segunda Vinda de Cristo. O futuro julgamento para um crente que ensinou o erro certamente será no tribunal de Cristo, quando compareceremos diante Dele para recebermos qualquer recompensa que Ele considere oportuno nos dar. I Coríntios 4 diz que: “nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o louvor.” E Paulo está dizendo aí, em outras palavras:

Olha, eu vou esperar aquele tempo quando terei o meu ministério avaliado. Você pensa que é uma pequena coisa. E eu penso o mesmo. Mas, Deus pensa ser uma grande coisa, e assim, eu ministro em vista do que está me aguardando no futuro.

Eu já fui perguntado, em diversas ocasiões, sobre para quem eu preparo meus sermões… Um repórter um dia me perguntou: “Quando os sermões são impressos em jornais que são escritos para a oitava série, para quem você prepara esses sermões?”. E eu disse: “Você pode não entender isso, mas eu os preparo para Deus. Minha única preocupação é que Deus esteja satisfeito, Seu nome seja honrado e Sua Palavra seja tratada de forma justa e honesta”. E se eu sentir que fiz menos do que deveria e poderia ter feito, a vida se torna miserável no nível mais profundo para mim .

Assim, dedicar-se ao ensino da Palavra de Deus é uma ocupação muito perigosa para qualquer um, por causa do poder da língua para falar o erro, ou para emitir erro de julgamento, ou falar de forma inadequada, deturpar Cristo ou o Espírito Santo. E é por isso que o apóstolo Paulo foi relutante a começar esse ofício. Ele estava relutante, até que foi pressionado a fazer isso. E você se lembra, ele se converteu de forma maravilhosa na estrada de Damasco.

Mas, decorreu um longo tempo, realmente, antes de ele começar a articular as coisas de Deus. Deus o levou para a região da Nabateia, na Arábia, e o treinou lá por dois anos. Só após esse treinamento, Deus o trouxe de volta pronto para proclamar. Esta é uma grande responsabilidade. Você diz: “Bem, talvez alguns de nós possamos evitar de cometer erros ao ensinarmos…”. Veja, então, o verso 2: “Todos nós tropeçamos em muitas coisas…“. E a implicação do que Tiago está colocando aqui é ‘e a boca é certamente uma das coisas principais’.

Todo mundo peca em uma infinidade de maneiras. E uma dessas maneiras, a boca, traz consigo a advertência em relação a não se apressar em se colocar numa posição de ensino. Ele diz: “Todos nós tropeçamos…“. Esta é uma colocação abrangente sobre a depravação de todos nós. Provérbios 20, versículo 9, diz: “Quem poderá dizer: Purifiquei o meu coração, limpo estou de meu pecado?“. A resposta é: ninguém. II Crônicas 6:36 diz: “Não há homem que não peque…“. Gente, isso não pode ser dito de modo mais claro: não há homem que não peque.

Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rom. 3:23). Então, todos nós pecamos, todos nós pecamos e de muitas maneiras. A palavra usada no versículo 2 por Tiago é “tropeçar“, que é um substituto para a palavra “pecar”, que significa um lapso moral, uma falha de fazer o que é certo. É o pecado, um crime contra Deus. Todos nós fazemos isso. O verbo tropeçar no verso 2 está no tempo presente. Todos nós fazemos isso comumente e de muitas maneiras.

De várias maneiras,  todos nós continuamente fracassamos em fazer o que é certo. E a língua é uma maneira muito dominante pela qual nós falhamos. E por isso tem grande potencial para nos condenar. Agora, embora Tiago se inclua também nessa declaração do verso 2, pois ele diz “todos nós”, o texto aqui é mais uma observação da verdade do que uma confissão pessoal. O que ele está dizendo é: ‘Não se apresse para passar sua vida usando sua boca, se você percebe o quão potencialmente desastroso isso pode ser. Porque você é um pecador, você deve ser relutantemente ao invés de apressado para fazer isso!’.

A Escritura se refere ao potencial desastroso da boca. A Bíblia se refere, direta ou indiretamente, a: uma língua, língua enganadora, língua mentirosa,  língua dobre, uma língua imunda, uma língua corrupta, língua amarga, uma língua com raiva, uma língua astuta, uma língua lisonjeira, uma língua insultuosa, uma língua fofoqueira, língua maliciosa, uma língua blasfemadora, língua tola, língua ostentadora, murmuradora, língua reclamadora, língua amaldiçoadora, uma língua controversa, uma língua sensual, uma língua vil, mexeriqueira, uma língua sussurradora, língua que exagera os fatos, e assim por diante.

Será que você se vê em algumas dessas definições em que a Palavra coloca a língua? Não é de admirar que Deus colocou nossa língua em uma gaiola atrás dos dentes, murada pela boca! Posso ser ousado em afirmar que a maioria dos problemas se relaciona com a língua. A maioria deles. Alguém disse: “Lembre-se que sua língua está em um lugar úmido e, portanto, pode escorregar facilmente…“. A maneira mais fácil de pecar é com a língua.

Nada é mais representativo do pecado do homem do que a sua boca e não existe uma maneira mais fácil de pecar do que com sua boca, porque você pode dizer qualquer coisa que você queira dizer. Não há restrições. Você não pode fazer qualquer ação maligna que você possa querer fazer, porque talvez as circunstâncias não existam para você fazê-la. Mas, você pode dizer absolutamente qualquer coisa. Sua língua tem um tremendo potencial para julgar você.

Para olhar para esse assunto do ponto de vista de nosso Senhor, vá para Mateus 12:34. E aqui Jesus está em um diálogo muito intenso com os fariseus, que O acusaram de fazer Suas obras pelo poder do inferno, em vez do céu. E Jesus volta para eles, no versículo 34, e diz: “Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.” Essa é uma verdade básica.

Jesus continua, verso 35: “O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más. Agora, preste atenção nisso: “Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado” (versos 36-37). Que declaração!

Ouça isso: você percebe que, no julgamento final, seu destino eterno pode ser determinado pelas suas palavras? Você diz: “Eu pensei que fosse justificado pela fé em Jesus Cristo…”. Isso é certo. Mas a justificação que você recebe pela fé em Jesus Cristo tem que ser manifestada em suas palavras, para que você possa ser julgado literalmente de acordo com suas palavras, pois suas palavras são um fofoqueiro contra você porque eles revelam o seu coração. E assim, no final, é correto dizer que você será julgado por suas palavras, se você deve entrar no Reino de Deus ou ser excluído do Reino. Suas palavras.

Você diz: “O Senhor guarda um registro das palavras de todos?” Ora, isso é fácil para Ele, pois nem precisa anotá-las. E, portanto, há um sentido real em que as palavras dos homens serão a base do seu julgamento, porque elas são o juiz absolutamente preciso de suas almas. O coração de um homem é o armazém e suas palavras indicam o que está armazenado lá. Provérbios 15:28 diz: “A boca do ímpio derrama coisas más“. Então, quando você dá a sua vida a Cristo e sua vida se transforma, e você tem um coração novo, você tem um novo vocabulário. E certamente, esse excelente presente deve ser cultivado.

Creio que Deus nos dá um novo coração e com ele vem uma nova língua, mas mesmo essa nova língua é vítima daquela velha natureza, não é? Então, Tiago diz: controle sua língua, porque ela tem potencial para te condenar.

Em segundo lugar, a língua tem um certo poder de controle. Não só tem potencial para condenar, mas tem poder para controlar. E isso é absolutamente fascinante. Espero que possamos chegar a essa visão espiritual tão dramática.

Todos pecam com a língua. Tiago diz, no versículo 2: “Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito…“. As únicas pessoas que não pecam com a boca são as pessoas perfeitas. Agora, há um debate interessante sobre o que Tiago está dizendo aqui. Ele quer dizer perfeito – “teleios” – no sentido de absolutamente perfeito, como Deus, como Cristo? Bem, ele poderia querer dizer isso. Ele poderia estar dizendo: “Se um homem nunca tropeça em suas palavras, ou ofende com suas palavras, este seria um homem absolutamente perfeito”. Isso é correto.

E, se este é o sentido da palavra ‘perfeito’ aqui, então Tiago está realmente dizendo: “Nenhum de vocês é perfeito, então esqueçam a ideia de que que não podem tropeçar com suas palavras, porque só as pessoas perfeitas não fazem isso e ninguém é perfeito”. Por outro lado, a palavra “teleios” é também usada para significar a maturidade. E, assim, o que Tiago está dizendo, então, num sentido geral, é que se um homem não continua a tropeçar com sua boca ou palavras, o mesmo é um homem maduro. Ou seja, ele alcançou a maturidade espiritual. Ele é como Cristo, embora não exatamente perfeito como Cristo.

Eu não sei se podemos ser dogmáticos quanto ao que exatamente Tiago quis dizer quando usou a palavra “teleios” nesse texto, mas vamos considerar os dois sentidos. E digamos que Tiago poderia estar dizendo que se você nunca peca com sua boca, você é perfeito, porém ninguém pode ser perfeito… ou, se você controla sua língua, você está demonstrando maturidade espiritual. Eu me inclino para essa última visão. Tiago está dizendo que apenas pessoas maduras espirituais são capazes de controlar sua língua.

O único ser humano que teve uma língua absolutamente perfeita foi Jesus Cristo, e em João 7:46, você se lembra o que disseram sobre Ele? “Ninguém jamais falou como este homem…“. Ele foi perfeito em seu discurso, absolutamente sem erro. Ouça isso: “O qual não cometeu pecado, nem engano foi encontrado em Sua boca“. Nenhum pecado em Sua vida, nenhum pecado em Sua boca.

E assim, podemos dizer que à medida em que nossa santidade se aproxima da santidade de Cristo, vamos sendo conformados à Sua imagem e, como resultado disso, nosso discurso será piedoso. E veja o que é dito no final do versículo 2: “Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo.” Agora, entenda que este é um pensamento espiritual tremendamente prático.

Eu não acho que eu realmente entendia tudo o que está sendo dito aqui antes. Tiago está dizendo que se uma pessoa pode dominar sua língua, ela pode dominar suas tendências malignas em todo o seu corpo. Agora, como Tiago chegou a essa conclusão? Escute: a língua, é a expressão instantânea do coração, ela pode pecar mais prontamente e mais frequentemente do que qualquer outro membro do corpo, apenas por causa de circunstâncias. Você não pode se posicionar para pecar, em todos os sentidos, com seu Corpo, mas você está sempre em posição de pecar com sua língua.

Porque a língua pode pecar com tanta facilidade, porque é um monitor de depravação, se você pode controlar a língua, o maior pecador em seu corpo, então, em virtude de controlar o maior, você alcança o controle sobre o menor. Você compreende isso? A pessoa que controla a língua também controlará o corpo, com todos os outros impulsos. Uma vez que a língua responde de forma mais imediata, mais rápida e mais facilmente ao pecado, se ela for controlada, as partes mais lentas também serão controladas, porque os meios de graça divina aplicados ao maior também são aplicados ao menor. Que visão!

Você sabe o que isso me diz? Isso diz que se eu quiser concentrar minha vida cristã em algum ponto, se eu quiser ter toda a minha vida espiritual sob controle, eu devo trabalhar na minha língua. Bem, agora percebemos que não é totalmente possível ter uma língua perfeita, mas à medida em que alguém controla a língua, controlará seu corpo. Por quê? Porque qualquer que seja a dinâmica espiritual que funcione para controlar a sua língua, esta irá trabalhar para controlar o resto de você. Isso não é prático? Quero dizer, basta entender isso: concentre-se na sua boca! E se o Espírito Santo tiver o controle do membro mais volátil e mais potente, o resto será subjugado.

Warren Weirsbe ​​conta a história sobre um pastor amigo que veio até ele e disse que tinha um membro da igreja que era uma fofoqueira notória. Ela ficaria pendurada no telefone durante todo o dia, falando da vida alheia com alguém que a escutasse. Ela veio a este pastor, amigo de Warren Weirsbe, ​​um dia e  disse: “Pastor, o Senhor me convenceu  do meu pecado de fofoca. A minha língua está trazendo problemas para mim e para outros…”. O pastor sabia que ela não era sincera, porque ela já havia feito esse tipo de confissão diversas vezes antes. E, cautelosamente, ele perguntou: “Bem, o que você pretende fazer?” Muito piedosamente, ela disse: “Eu quero colocar minha língua no altar”. O pastor lhe respondeu com calma: “Não há um altar grande o suficiente…”. [Risos]. Bem, não quero discutir com ele, mas acho que há um altar suficientemente grande…

Temos que nos concentrar em nossa boca: é o que Tiago está dizendo. Bem, que simplificação! Apenas se concentre no que você diz. E qualquer meio de graça que você receber em virtude de controlar sua língua, irá controlar o resto do seu corpo, quem você é. O salmista disse assim no Salmo 39, versículo 1: “Guardarei os meus caminhos para não pecar com a minha língua; guardarei a boca com um freio…“. Esse é o lugar para começar, amado: a boca. Esse é o lugar para começar.

Para nos ajudar a entender isso, Tiago nos dá duas ilustrações. Versículo 3: “Ora, nós pomos freio nas bocas dos cavalos, para que nos obedeçam; e conseguimos dirigir todo o seu corpo.” Aqui está a ilustração número um e é uma ilustração excelente para mostrar que, se você controla a língua, você controla tudo. Ele usa um cavalo. Como você controla um cavalo? Você controla um cavalo controlando sua língua. Você coloca um pedaço de metal na boca de um cavalo, em sua língua. E então, você coloca um arreio em torno disso, puxa-o sobre a cabeça do animal, pega as rédeas, e quando você puxar isso, estará puxando aquele pedaço de metal contra a língua do cavalo.

Então, é uma ilustração muito boa. Ao controlar a língua do cavalo, você controla os movimentos do cavalo. Um cavalo, por sinal, deixe-me dizer-lhe, é inútil sem isso. Você já conheceu um cavalo que voluntariamente vem arar um campo? Ou puxar um vagão? Ou transportar um cavaleiro? Você tem que subjugá-los, não é? E você faz isso através daquele mecanismo ligado à língua do animal. Aí você controla o animal, controlando sua  língua. Você poderá dirigir todo o corpo.

É o que Tiago está dizendo. Você controla sua língua e você pode dirigir todo o seu corpo. Tudo o mais entra na linha. Que ilustração maravilhosa! Ao controlar a língua, toda a sua vida será dirigida a um propósito útil. Sem o controle da língua, o cavalo é absolutamente inútil. Um cavalo sem estar arreado é absolutamente bom para nada. Serve só para correr sozinho.

Outra ilustração que Tiago dá está no versículo 4:  “Vede também as naus que, sendo tão grandes, e levadas de impetuosos ventos, se viram com um bem pequeno leme para onde quer a vontade daquele que as governa.” Essa é outra ilustração muito prática. Mesmo no tempo em que Tiago escreveu esta carta, já havia navios enormes. Em Atos 27,  é citada uma embarcação contendo 276 passageiros. Esse grande navio conduzido pelo Mediterrâneo, é claro, estava fora de controle em Atos 27, mas sob controle, era guiado totalmente pelo leme. Esse pequeno leme move esse enorme navio.

Estive neste verão em uma embarcação de 70 mil toneladas. Pode-se dizer de um navio assim que ele é uma cidade flutuante, com milhares de pessoas nele. Mas, é movido através do mar por um pequeno leme. Subi à cabine do capitão, e depois fui à cabine de direção, e lá estava um homem movendo toda aquela imensa embarcação através de um pequeno instrumento em sua mão. É o que Tiago diz. Se você pode controlar a língua, pode controlar o resto.

A idéia é esta: a potência aplicada no ponto certo é suficiente para controlar todo o navio. E o poder aplicado no ponto certo, sendo a boca, é suficiente para controlar a pessoa. E esse é o segundo ponto. Tiago diz:  controle sua língua por causa do poder que ela possui para controlar você. Fale apenas palavras graciosas. Posso ser muito prático com você? Fale apenas palavras gentis. Fale apenas palavras amorosas, palavras verdadeiras, reflexivas, palavras sagradas, sensíveis, palavras edificantes.

Fale apenas palavras gentis, palavras reconfortantes, palavras de benção, de humildade, de sabedoria, de ação de graças. Fale apenas palavras altruístas e palavras pacíficas. Se fizer isso, você controlará todas as outras partes da sua vida, porque a única maneira de falar dessa forma é estando sob o poder do Espírito de Deus. O ponto focal é concentrar-se no controle de sua língua. Isso simplifica as coisas de forma conceitual. Sua língua é como uma chave mestra. Um comentarista escreveu:

Se a nossa língua estivesse tão bem sob controle, que se recusasse a formular as palavras de autocomiseração, de imagens da luxúria, dos pensamentos de raiva e ressentimento, então essas coisas seriam aniquiladas antes de terem de chance de viver . O disjuntor principal não seria ativado e, assim nos privaria desses pecados. O controle da língua é mais do que uma evidência de maturidade espiritual. É também o meio para isso.

A língua vista como um interruptor que liga e desliga a energia… que boa ilustração!

Eu tenho na minha na minha casa uma central elétrica, onde há muitos desses interruptores pequenos, os disjuntores. E um deles, na parte inferior, é o disjuntor principal. Você pode desligar cada um daqueles disjuntores, que correspondem a diversas áreas da casa, ou você pode simplesmente desligar o disjuntor principal e, então, é absolutamente irrelevante o que você faz com os outros. Isso é essencialmente o que este escritor está dizendo. Sua língua é a chave principal. Desligue-a e nada mais pode funcionar.

E Tiago resume, no versículo 5. “Assim também a língua é um pequeno membro, e gloria-se de grandes coisas…”. O que ele quer dizer? A língua se gaba de si mesma, pois ela pode fazer coisas excelentes. É potente. É orgulhosa do seu poder de controlar, e pode realmente fazê-lo. É um instrumento poderoso. Pode derrubar pessoas. Pode derrubar igrejas. Pode destruir relacionamentos. Pode destruir um casamento. Pode devastar uma família. Pode arrasar uma nação. Pode conduzir ao assassinato, à guerra.

Por outro lado, ela pode construir, não apenas destruir. Pode criar amor, entusiasmo, encorajamento, conforto, paz, alegria. Quão poderosa é a língua! E se nós conseguirmos controlá-la, ela pode controlar todo o resto de nós. Então, Tiago diz, em outras palavras: “Olhe para o seu falar. É o falar da fé viva? E aplique-se para controlar sua língua, por causa de seu potencial para condenar você e para controlá-lo.” Que palavra prática para nós!

Antes de orarmos, há algo mais a ser dito. Eu realmente sinto que o Senhor vai nos instruir nesse estudo de Tiago, enquanto passamos para a próxima parte dele, no próximo domingo. Mas vamos fazer um compromisso, e isso esteve no meu coração toda a semana. Eu geralmente resisto a fazer anúncios públicos sobre o que eu me comprometi a fazer diante do Senhor, mas no meu coração pedi ao Senhor para me ajudar diariamente a começar todos os dias com um desejo consciente de deixar o Espírito de Deus controlar minha língua.

Afinal, como diz em Colossenses, capítulo 3,  devo me despir do velho homem e me revestir do novo. Se eu sou uma nova criatura em Cristo, não há lugar para as coisas do velho homem. E como posso subjugar todas as áreas potenciais da minha vida? Tiago diz: “Controle sua língua”. Então, que nos disponhamos em nossos corações a cada dia, a começarmos o dia com um esforço consciente, que se mantenha durante todo o dia, para que nossa língua seja um instrumento de graça, de benção e de verdade para todos que nos ouvirem falar. E, com uma língua controlada pelo Espírito, tudo o mais entrará na linha.

Vamos orar, em silêncio, cada um de nós, convidando o Espírito de Deus a trabalhar dessa maneira em nossas vidas.

Pai, nós pedimos que Tu nos dê a graça pelo Teu Espírito para controlarmos nossa língua. Mesmo aqueles de nós que somos redimidos, que temos uma fé viva, que fomos verdadeiramente transformados, que temos um coração novo, um coração que produz coisas boas, ainda possuímos tantas dessas coisas antigas ainda em nós, deixadas em nossa carne. Senhor, ajuda-nos a entregar ao Espírito o controle da nossa língua, de modo que nosso discurso seja sempre com graça, temperado com sal, edificando um ao outro. Perdoe-nos, Senhor, por nossos tão frequentes pecados nessa área. Santifica nossas bocas e, assim, todo o nosso corpo, para a Tua glória. Em nome de Cristo, amém.


Esta é uma série de 2 sermões sobre ‘Domar a Língua”.  Links dos sermões já publicados:


Este texto é uma síntese do sermão “Taming the Tongue, Part 1”, de John MacArthur em 07/12/1986.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/59-17/taming-the-tongue-part-1

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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