A Expiação Eficaz de Cristo – 1


Esta é uma série sobre a doutrina da graça. Para melhor entendimento, sugerimos ler a sequência das mensagens, conforme links no fim deste texto.


Nota do site: Neste sermão, John MacArthur responde a algumas perguntas, tais como: A expiação que Cristo fez na cruz foi real, ou seja, não depende de ser ativada pelo homem ou foi apenas uma perspectiva que Deus abriu para o pecador decidir se ela é efetiva ou não? Cristo pagou o castigo de todos os homens ou apenas daqueles que foram chamados desde a eternidade, confirmando que nenhum daqueles que o Pai lhe entregou se perdeu? Se ele morreu por todos, e a maioria ocupará o inferno, então sua obra fracassou, pois dependerá de os homens fazerem a sua parte, e agora eles permanecerão pagando seus pecados no inferno? Ou seja, a expiação na cruz não foi eficaz em si mesma, há um complemento humano na expiação?


Eu vou desafiar seu pensamento sobre esta questão: Por quem Cristo morreu? Estivemos examinando algumas doutrinas muito importantes: a doutrina da perseverança, ou a preservação dos santos; a doutrina da eleição soberana na salvação e doutrina da incapacidade total ou absoluta, isto é, a depravação do pecador que o torna totalmente incapaz para responder ao evangelho. E agora quero falar com vocês sobre o que eu escolhi chamar de “doutrina da expiação real” (ou efetiva).

Agora, você precisa entender que essas doutrinas de que estamos falando estão no coração e na alma da fé cristã. Elas foram tratadas na grande Reforma e resgatadas das trevas do catolicismo romano.

Agora, pode parecer óbvio, para a maioria dos cristãos, falar sobre por quem Cristo morreu, porque tendemos a levar as coisas a um nível bastante superficial e não pensar profundamente sobre elas, e assim perdemos a própria essência de algumas dessas gloriosas verdades em relação as quais precisamos cavar um pouco mais profundamente.

E eu vou tentar ir fundo neste assunto hoje, embora obviamente seria impossível falar sobre isto em uma noite apenas. Não poderei responder a todas as suas perguntas hoje, mas na próxima vez chegaremos lá.

Vamos começar com algumas coisas simples. Se eu perguntar ao cristão médio: “Por quem Cristo morreu?” A resposta tradicional seria: “Por todo mundo. Cristo morreu por todo o mundo, Ele morreu por todos os pecadores”.

E a maioria das pessoas na igreja crê assim, bem como muitas pessoas fora da igreja verdadeira e muitas pessoas associadas ao cristianismo.

Eles creem que, na cruz, Jesus pagou a Dívida do pecado por todos, porque Ele ama a todos e Ele quer que todos sejam salvos.
Esta é a visão evangélica comum. Jesus morreu por todos. Ele pagou o preço pelos pecados de todos. E tudo o que temos a fazer é dizer aos pecadores que Jesus os ama tanto, que Ele pagou o preço do pecado de todos e Ele quer que todos eles sejam salvos, de modo que tudo o que os pecadores têm a fazer é tomar uma decisão de aceitar este sacrifício.

Agora, se Jesus morreu por todos os homens, então Ele realizou uma potencial expiação e não uma expiação real ou efetiva. Desse modo, os pecadores passaram a ter uma possibilidade de perdão ou salvação, que só poderá ser real se eles os ativarem por sua própria fé e decisão.

Então, o que precisamos fazer é dizer aos pecadores que eles precisam pegar a salvação que já foi comprada para eles. Já que Cristo morreu por todos, todos podem ser salvos. É apenas uma questão de eles chegarem a receber essa salvação.

E assim, nossa responsabilidade é convencer as pessoas a vir e tomar a salvação que lhes foi fornecida, para convencê-los a vir e aceitar o dom.

Isso é tão arraigado na estrutura teológica evangélica atual, que um autor escreveu: “Eu posso levar alguém a Cristo se eu encontrar a chave para o coração dessa pessoa”. A suposição é que se você descobrir como impactar as emoções das pessoas, você pode ganhar multidões de verdadeiros discípulos para Cristo. Essa é a ideia popular.

E eu sei que muitos de vocês estão pensando: “Bem, eu sempre entendi que é assim mesmo. Eu fui ensinado assim”. Este é, de fato, um pensamento comum. As consequências disso seriam assim: o inferno está cheio de pessoas pelas quais Cristo morreu. Vou dizer isso de outra maneira: o inferno está cheio de pessoas cujos pecados foram pagos na cruz. Isso é um pouco mais perturbador quando você diz isso assim, não é?

Outra maneira de dizer seria que o lago de fogo, que queima para sempre com fogo e enxofre, está cheio de pessoas condenadas eternamente, mas cujos pecados Cristo expiou plenamente na cruz. A ira de Deus foi satisfeita pela expiação de Cristo em favor daquelas pessoas que permanecerão para sempre no inferno.

Com este entendimento, o céu será povoado pelas almas daqueles por quem Cristo morreu, assim como também o inferno será ocupado por almas que foram alvos da mesma obra de Cristo. Isso torna a pergunta um pouco mais perturbadora. A única diferença é que as pessoas no céu aceitaram o dom, as pessoas no inferno o rejeitaram. Isso é mais ou menos a visão evangélica tradicional.

Soa estranho quando você começa a citar implicações dessa visão: Jesus morreu e pagou totalmente a penalidade pelos pecados de todos os homens, isto então seria verdadeiro tanto para aqueles que serão glorificados como para aqueles que serão condenados ao fogo eterno?

E a única diferença depende da escolha do pecador? Ou seja, a morte de Jesus Cristo, então, não foi uma expiação real, é apenas uma potencial expiação. Ele realmente não comprou a salvação para ninguém em particular. Ele só removeu algum tipo de barreira para tornar possível que os pecadores escolhessem ser salvos.

Logo, a mensagem típica para os pecadores é dizer-lhes que “Deus te ama tanto que Ele enviou Seu Filho para pagar totalmente a culpa de seus pecados. E se você responder a esse amor, não decepcionar a Deus, aceitar este dom e deixá-Lo salvá-lo, então este perdão chegará até você”. Ou seja, a decisão final cabe ao pecador. Só após a decisão do pecador é que a obra da cruz deixa de ser um potencial para ser uma realidade.

E assim você meio que trabalha o pecador, como que tentando encontrar um ponto de necessidade sentida, uma emoção, para movê-lo à fé. E nisto a igreja evangélica usa inúmeros recursos, como apelos musicados.

Agora temos um problema aqui. Vimos em nosso último estudo que nenhum pecador por conta própria pode fazer essa escolha, certo? Esta é a doutrina da incapacidade absoluta. Ele não pode fazer isso.

Todos os pecadores estão mortos em seus delitos e pecados. Todos eles foram despojados totalmente da vida de Deus. Todos fazem somente o mal continuamente. Todos são incapazes de compreender, de se arrepender e de crer.

Todos têm mentes escurecidas, foram cegados pelo pecado e Satanás, todos têm corações que estão cheios do mal, todos são ímpios e desesperadamente perversos. Todos desejam somente a vontade de seu pai que é Satanás. Todos eles são incapazes de buscar a Deus. Eles estão todos presos em absoluta incapacidade e falta de vontade.

Então, como então o pecador pode fazer a escolha? Por mais que você possa usar recursos de convencimento, o pecador, por conta própria, não pode entender, não pode se arrepender e não pode crer. Lembram-se dos vários textos bíblicos que vimos sobre isto? Como por exemplo:

Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (João 1:12-13).

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie (Efésios 2:8-9).

A salvação é de Deus. Vimos isso. Deus tem que dar vida aos mortos, vista aos cegos, ouvidos aos surdos, entendimento ao ignorante, arrependimento aos que amam o pecado, fé aos que não podem crer.

Deus tem que mover o coração para procura-Lo, aquele que de outra forma não o faria. De modo que todos os elementos que fizeram com que o pecador viesse a Cristo são ordenados por Deus e induzidos por Deus. Jesus disse: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer” (João 6:44).

E, como aprendemos, a doutrina da incapacidade absoluta significa que as pessoas somente serão salvas se Deus as salvar e, portanto, a salvação se baseia no decreto de Deus, a doutrina soberana da eleição.

Ninguém poderia ser salvo a menos que Deus o salve, e Deus salva aqueles a quem Ele escolhe para salvar. Você não pode esperar o pecador sozinho, não importa como ele está emocionalmente, não importa o que você diga a ele, você não pode esperar que ele “decida por Cristo” por conta própria. Virão a Cristo aqueles que o Pai chamou e o Pai os dá ao Filho.

Agora, com isso em mente, olhando para a doutrina da eleição e a doutrina da incapacidade absoluta, podemos fazer a pergunta novamente: Por quem Cristo morreu? Ele morreu uma morte que é uma salvação potencial para todos, e, portanto, na maior parte foi inútil? Ou ele morreu uma morte que é uma expiação real, não apenas potencial, e foi totalmente eficaz a todos os que ele chamou?

Bem, a única resposta para a pergunta, que faz sentido real, é que Jesus Cristo morreu e pagou totalmente a penalidade pelos pecados de todos os que Deus chamou.

Agora, alguém vai dizer: “Bem, espere um minuto. Isso soa como expiação limitada”. Esta afirmação parece ser estranha para muitos, pois a maioria acredita que naquela cruz, Jesus estava tomando para si o castigo de todos, e por isso devemos insistir para que o pecador aceite este sacrifício.

Mas, aqueles a quem Deus não chamou, não virão a Cristo de forma alguma, pois estão mortos e não podem sequer entender a mensagem do Evangelho.

Diante dessa realidade, a maioria acaba acreditando que Jesus morreu na cruz por todos aqueles que estão no inferno. Então, que tipo de expiação Ele providenciou para os que estão condenados, se a expiação foi para todos?

E assim você diz: “Você deve acreditar que a expiação é limitada”. É claro. Você também. Você diz: “Eu acredito em uma expiação ilimitada“. Bem, então você deve ser um universalista, ou seja, aquele que acredita que todo mundo está indo para o céu, que não existe inferno. Se você acredita que Jesus pagou na íntegra a penalidade por todos os pecados de todas as pessoas que já viveram, então você tem que ser um universalista.

Mas, sabemos melhor do que isso. Sabemos que a expiação é limitada. Nós sabemos que nem todo mundo vai para o céu. Para ser um universalista, você tem que ignorar a Escritura. Então, deixe-me dar-lhe alguns pontos importantes, ok? E veremos até onde iremos hoje.

Número um, a expiação é limitada. E por “expiação” quero dizer o sacrifício de Cristo, pelo qual Ele pagou a penalidade pelo pecado. A expiação é limitada. Agora vamos olhar para isso em apenas algumas passagens óbvias. Veja alguns textos:

E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo (Mateus 10:28).

E, se a tua mão te escandalizar, corta-a; melhor é para ti entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga (Marcos 9:43).

Há um inferno e Deus vai mandar pessoas para lá. Isso me diz que a expiação é limitada.

Em João 8:12,24, Jesus diz: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida. Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados”.

Aqui está uma condição. Você tem que seguir a Cristo. É limitado, então, àqueles que seguem a Cristo. Há um inferno e as pessoas estão indo para lá.
No sermão do monte, Jesus no deu uma ideia de quantos estão indo para o inferno:

Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem (Mateus 7:13-14).

A única maneira de o homem não morrer em seus pecados é crer no Senhor Jesus Cristo. Mas, se a expiação foi ilimitada e alcançou a todos, não haveria multidões marchando para o inferno. Jesus foi muito claro quanto a isto:

Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus (João 3:17-18).

Há um inferno e as pessoas estão lá porque não creram em Jesus Cristo. É um lugar de pranto e ranger de dentes (Mateus 22:13). Uma descrição de castigo e julgamento. Em -II Tessalonicenses 1: 7-9 Paulo escreve:

E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder.

Então, a Bíblia declara que existe um inferno. A única maneira de evitá-lo é não morrer em seus pecados. E para não morrer em seus pecados, você tem que crer no Senhor Jesus Cristo. E se você não crer, você vai pagar a pena de destruição eterna. Isso prova que a expiação é limitada. Não se aplica universalmente. Deus não tinha a intenção de salvar a todos. Ele é Deus. Ele poderia ter salvo a todos, se esta fosse Sua intenção. A expiação é limitada.

Se Deus não tivesse escolhido alguns, todos iriam para o inferno. A humanidade caída está morta em seus pecados e não pode escapar disto, salvo se alguém receber vida do Senhor.

Agora, todos nós temos que aceitar isso ou ser universalistas. Nós sabemos que nem todos vão para o céu. Na verdade, será um pequeno rebanho.
Se crermos na ideia de que Cristo morreu também pelas multidões que estão no inferno, estaremos numa situação muito estranha

Nota do Site: Haveria uma implicação indireta de um fracasso da cruz. Como o Senhor ficaria satisfeito em ver a maioria daqueles que Ele veio resgatar ir para o inferno? Isaias 53:11 diz: “Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos”.

Não há dúvida de que a expiação é limitada. Mas, em segundo lugar, como é esta limitação? Como é limitada? Bem, é limitada porque nem todos são salvos, somente aqueles que se arrependem e creem. É assim que é limitada. Muito importante que você compreenda isso. “Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo” (Romanos 10:9).

Agora, aqui vem a terceira questão-chave: Por quem é limitada? Por quem? Sabemos que é limitada. A visão popular diz: “A expiação de Jesus é ilimitada, mas os pecadores limitam sua aplicação”. E estamos de volta ao que dissemos antes. Então, a cruz foi uma potencial expiação, cuja realidade é limitada pelo pecador.

Agora, se cremos que o pecador é quem limita a expiação, temos que crer, então, que Deus forneceu um sacrifício pelos pecados em Seu Filho que, por si só, não é suficiente, em si mesmo não é real, porque o pecador pode neutralizar isto.

Deus limitou a expiação. Mas ouça com atenção. Deus limitou a expiação quanto à sua extensão, porque Ele não escolheu a todos e nem todos irão para o céu. E isso está na mente divina, esse é o decreto de Deus, esse é o propósito de Deus, e você tem que enfrentar essa questão.

Eu não tenho nenhum problema em pensar que a expiação é limitada. Ela é restrita para aqueles que creem, a quem Deus concedeu fé e arrependimento. Estou muito confortável em crer nisto. Mas, não ficaria confortável em pensar que o pecador é quem pode limitar Deus, ou seja, pensar que multidões que Jesus teria vindo salvar foram para o inferno.

Se você diz que Deus providenciou uma expiação que é apenas potencial, que depende do pecador remover uma barreira para que ela seja real, ou seja, que não é Deus quem escolheu salvar, mas o próprio pecador é quem decide se salvar, então você crê na expiação ilimitada quanto à extensão, mas insuficiente quanto ao efeito real.

Esta é a fé comum hoje, ou seja, muitos creem que a expiação da cruz foi direcionada para todas as pessoas, mas que depende delas aceita-la ou não. Assim, a expiação na cruz foi apenas uma intenção de Deus que precisa ser ativada por decisão do pecador. A teologia moderna pôs um limite no poder efetivo da cruz.

Dizemos que Jesus pagou o castigo que era nosso. Você acredita nisso? Você responde que sim. Mas o efeito desse pagamento foi apenas potencial ou foi efetivo? Ele realmente levou em Seu corpo os nossos pecados na cruz ou Ele fez isto apenas potencialmente, agora depende de nós para isto ser uma realidade?

Você crê que Jesus salvou plenamente a todos que Ele veio salvar, e nenhum deles se perdeu (João 17:12) ou considera que multidões pelas quais ele veio morrer estão perecendo no inferno?

Você tem duas opções: crer que a extensão da expiação da cruz foi limitada àqueles que o Pai escolheu em sua soberania ou crer que o poder de expiação da cruz não foi real, mas apenas potencial ou virtual.

Na Bíblia esta é uma questão bem clara. Jesus pagou tudo. Ele fez uma obra completa e não com necessidades de complementos humanos. O que Ele fez na cruz não foi uma expiação parcial ou uma potencial expiação, mas uma verdadeira expiação real limitada àqueles a quem o Pai chamou em Seu decreto eterno.

Não existe tal coisa como Jesus pagando pelos pecados de alguém e depois essa mesma pessoa vai continuar pagando eternamente no inferno. Isso diminui a obra de Cristo. É uma zombaria à obra da cruz.

Se Jesus pagou pelo pecado de todos, de forma ilimitada, então todos iriam para o céu. Se você considera que ainda depende do pecador para que isto seja realidade, então você deve dizer que Jesus não pagou tudo, mas a metade, o resto depende das pessoas.

Não há como acreditar que o inferno está cheio de milhões de pessoas cujos pecados foram pagos na íntegra pelo sacrifício de Cristo na cruz.

Não consigo ver o Pai punindo totalmente o Filho na cruz pelos pecados das pessoas que serão punidas por esses mesmos pecados para sempre no inferno. Ou seja, Ele pagou pelo pecado de todos e a maioria continuará pagando no inferno? Então, o pagamento seria falso. Você crê assim?

Qual é o ponto? O que Cristo fez na cruz foi uma expiação verdadeira, completa, pelos pecados de todos os que crerem, e como ninguém pode crer, a menos que Deus lhe conceda fé, são os pecados daqueles que o Pai escolheu chamar para Ele mesmo.

Não é bíblico limitar a expiação quanto à sua eficácia. Não é bíblico limitar a expiação quanto à sua realização. Se Ele pagou na íntegra a penalidade por seus pecados, você receberá a salvação.

A expiação de Jesus Cristo na cruz foi perfeita e em harmonia com o decreto eterno do Pai. Não é bíblico limitar a expiação pela vontade do pecador involuntário e incapaz. A expiação é limitada por Deus aos eleitos. Mas é ilimitada quanto ao seu efeito. Para os eleitos, é uma expiação completa.

Agora, a soma de tudo se resume a isso: é a morte de Cristo uma obra que potencialmente salva pecadores dispostos, ou é uma obra que realmente fornece salvação para pecadores involuntários, que pela graça soberana de Deus, serão feitos dispostos?

A única resposta possível é que Deus ofereceu um sacrifício em Seu Filho, um verdadeiro pagamento integral pelos pecados de todos os que crerem, e todos os que crerem, somente crerão porque o Pai os atrairá e Ele lhes concederá o arrependimento, fé e regeneração.

A morte de Jesus, então, deve ser entendida como uma completa satisfação à santa justiça de Deus em favor de todos aqueles a quem Deus chamou para a salvação.

Eu não inventei isso. Esta doutrina vai muito atrás, de volta à Reforma, de volta a John Owen, e até de volta a Charles Spurgeon. Ouça o que Spurgeon disse:

Por muita vezes nos é dito que limitamos a expiação de Cristo, por dizermos que Cristo não pagou a dívida de todos os homens, ou todos os homens seriam salvos. Ora, a nossa resposta a isso é que, por outro lado, essas pessoas limitam a expiação de Cristo, e não nós.
Os que não creem na soberana eleição divina, dizem que Cristo morreu por todos os homens. Perguntamos a eles o que querem afirmar com isso. Porventura Cristo morreu para garantir a salvação de todos os homens? Eles respondem: “Não, certamente que não”.
Mas eles argumentam: “Cristo morreu para que qualquer homem seja salvo, se…”. Então citam várias condições. Ora, quem é que limita o poder da expiação de Cristo? São vocês que negam a eficácia e a infalibilidade da expiação de Cristo.
Cremos que a morte de Cristo foi totalmente eficaz e infalível para salvar e conservar salvos todos aqueles a quem o Pai chamou em seu decreto eterno. Esta fé é irrenunciável.

A expiação é uma expiação real, não meramente potencial. É uma verdadeira expiação, não é apenas um passo que depende de barreiras removidas por aqueles que estão mortos e incapazes de removê-las.

O pecador está morto, não pode crer, não pode se arrepender e não pode responder ao chamado do Evangelho. O poder de Deus fez com que a obra da cruz alcance plenamente todos aqueles a quem Ele chamou.

Esta verdade permeia a Palavra de Deus e nunca conseguiríamos esgotar as riquezas nela contidas. Na próxima vez quero levá-lo às profundezas do que a Escritura tem a dizer para apoiar esta maravilhosa visão de uma expiação que Deus tem, por Sua própria soberania, limitada àqueles que creem, mas uma expiação que em si é ilimitada. A todos para quem é provida a salvação, esta será dada em sua plenitude.

Agora, eu quero acrescentar apressadamente, que as pessoas dizem: “Bem, como você sabe se Cristo morreu por você?” A resposta é: “se você vier e crer no evangelho do Senhor Jesus Cristo, então a morte de Cristo foi por você”. E não se detenha, venha a Cristo.

Nós levamos o evangelho até os confins da terra, é a missão que o Senhor nos ordenou. Deixamos as coisas secretas ao Senhor, mas seguimos a responsabilidade de chamar os pecadores à fé, sabendo que os que vierem terão uma expiação completa para eles.

Pai, obrigado por este grande dia e pela glória de nossa fé e nossa salvação estarem cada vez mais claras para nós naquilo que aprendemos hoje. E nós bendizemos o Teu nome e Te agradecemos. Amém.


Esta é uma série de 10 sermões sobre a doutrina da graça, conforme links abaixo.

01. A Perseverança dos Santos – Parte 1
02. A Perseverança dos Santos – Parte 2
03. A Perseverança dos Santos – Parte 3
04. A doutrina da eleição – Parte 1
05. A doutrina da eleição – Parte 2
06. A doutrina da eleição – Parte 3
07. A doutrina da incapacidade absoluta
08. A doutrina da Expiação Eficaz, Parte 1
09. A doutrina da Expiação Eficaz, Parte 2
10. O chamado eficaz de Deus


Este texto é uma síntese do sermão “The Doctrine of Actual Atonement, Part 1″, de John MacArthur em 07/11/2004.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/90-277/the-doctrine-of-actual-atonement-part-1

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


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