Igreja: Músculos e a Carne – 2


Este texto é o sétimo de uma série de 8 sermões de John MacArthur a respeito da “Anatomia do Corpo de Cristo (igreja)”, onde ele distingue a cabeça, o esqueleto, os sistemas internos, os músculos e a carne.
No primeiro sermão ele falou sobre cinco verdades inegociáveis que formam o esqueleto da igreja: Uma visão elevada de Deus, a autoridade absoluta das escrituras, a clareza doutrinária, a santidade pessoal e a compreensão da autoridade espiritual.
No segundo sermão ele começou a falar sobre os sistemas internos da igreja, definido como sendo 16 atitudes básicas. Primeiro ele tratou da obediência, humildade, amor e unidade.
No terceiro sermão ele tratou da vontade de servir, alegria, paz e gratidão.
No quarto sermão ele tratou da autodisciplina, prestação de contas e perdão.
No quinto sermão ele tratou da dependência, flexibilidade, crescimento, fidelidade e esperança.
No sexto sermão ele começou a falar dos músculos da igreja, ou seja, sua função. Ele falou sobre pregar e ensinar, evangelização e missões, adoração e oração.
Abaixo segue a continuação deste assunto.


Esta manhã continuarei a falar sobre “A anatomia da igreja”. Durante as últimas semanas, eu tenho partilhado do meu coração, creio que tem sido uma compreensão útil da Igreja do Senhor Jesus Cristo.
Temos tentado reexaminar o que somos e o que fomos chamados a ser, fazer e dizer. É algo que o Senhor me levou a fazer nesses dias.

Minha vida é a Igreja de Jesus Cristo. Eu não tenho um horário de trabalho. Nunca paro quando os interesses do reino do Senhor exigem.
Cada momento da minha vida, cada um dos pensamentos em minha mente têm a ver com o Seu reino, Sua obra, Seu povo e Sua Palavra.
Eu fui chamado para uma vocação única. Eu entendo isso e com gratidão expresso o meu apreço a Deus. Há uma grande alegria nisto, bem como uma responsabilidade séria e importante.

Eu sou frequentemente lembrado de vários alertas na Palavra, tal como Tiago 3:1, que diz: “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo”.
Não esteja com pressa para estar em um lugar de responsabilidade espiritual, a menos que você esteja pronto para lidar com a consequência do fracasso.

Hebreus 13:17 diz: “Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil”.
Há um fator de responsabilização muito grave no ministério, no pastoreio, na condução da Igreja de Jesus Cristo.
E enquanto a vida, por um lado, se enche de alegria, felicidade e bem-aventurança, há sempre a realidade da imensa seriedade de como lidamos com a Igreja.

Em I Coríntios 4:1 diz: “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus”.
A palavra traduzida por “ministros”, no original grego, é “hupēretēs”, que nomeava o nível mais baixo dos escravos: os remadores nos porões dos navios.
Ou seja, a melhor tradução é: “Que os homens nos considerem como escravos, do mais baixo nível, de Cristo, transmitindo as verdades divinas”.

E, assim, ele diz: “Que seja dito de mim que eu fui um escravo de baixo nível de Cristo, no degrau mais baixo da escravidão, e que eu fui um mordomo, cuidando daquilo que não me pertencia, mas gerenciando bem as coisas, a saber, os mistérios de Deus”.

Além disso, no verso 2, diz: “requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel”. Paulo está dizendo: “Isto é o que eu quero da minha vida, ser um escravo fiel para lidar com o que Deus me dá, e que Ele me tenha como digno de confiança, fiel à causa e ao chamado”.

No versículo 3, ele diz: “Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por algum juízo humano; nem eu tampouco a mim mesmo me julgo”.
Ou seja, “eu não estou à procura de algum reconhecimento humano. Pouco importa para mim a opinião de vocês ou a minha própria opinião sobre mim. A verdade é que vocês não conhecem o meu coração, como eu também não o conheço. Nem vocês e nem eu podemos ficar no lugar do juízo verdadeiro”.

O versículo 4 diz: “Porque em nada me sinto culpado; mas nem por isso me considero justificado, pois quem me julga é o Senhor”.
Ou seja: “Mesmo quando eu não vejo um caminho perverso em mim mesmo, eu não me sinto justificado, pois quem me julga é o Senhor”. Sério, não é?

Então, no versículo 5 ele diz: “Portanto, nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o louvor”.
Em outras palavras, “a verdadeira questão é o que está dentro de você. Não se trata do quão inteligente você é, ou quão fluente, ou o quão bom pregador ou líder dinâmico, mas o que Deus vai avaliar é o seu coração”.
E os homens não podem ver o seu coração, e nem sequer você é capaz de ver a verdade. É somente então que “cada homem terá louvor de Deus”.

Então, eu confesso a você que a Igreja traz consigo um enorme peso de seriedade para mim. Estarei sob dupla condenação pelo fracasso, e assim são todos aqueles que ministram e ensinam a Palavra.
Devo prestar contas a Deus de como eu guiei as ovelhas e alimentei o rebanho e, finalmente, serei julgado pelo próprio Senhor.
E eu não quero viver iludido ou satisfeito com avaliações positivas dos homens e nem de mim mesmo.

Então, eu estou compartilhando com você meu coração, porque estes são fardos que eu carrego e todos os que servem a Cristo. E eu só preciso que todos vocês suportem comigo esta carga.
E assim, nós temos falado sobre princípios que Deus deseja que sejamos como uma igreja. E é tão importante que nós entendamos que essas verdades não são opcionais para nós, mas têm que estar presentes em nossa realidade.

Você sabe, quando o apóstolo Paulo reuniu os anciãos de Éfeso em Mileto, em seu caminho de volta a Jerusalém, eles desceram para conversar com ele lá, enquanto o navio estava no porto.
E todos estavam ao redor dele, quando ele lhes disse palavras muito importantes:

Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus. Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. (Atos 20:27-28).

Nós não estamos lidando com uma trivialidade quando lidamos com a Igreja. Nós não estamos lidando com algo que vem fácil e vai fácil.
Estamos lidando com o bem mais precioso que existe em toda a eternidade, porque ela foi comprada com o sangue do Filho de Deus. A importância da igreja para Deus é proporcional à grandiosidade do preço que foi envolvido no seu regaste.

E assim, eu tenho o privilégio de compartilhar meu coração e o coração de nossos anciãos e pastores, com todos vocês. Para que juntos, possamos entender o que é que Deus quer que sejamos, para que sejamos uma igreja agradável a Ele.
Estamos vendo a igreja a partir da perspectiva de um corpo, utilizando os conceitos de Paulo e mais alguns pontos.
Submissos à cabeça (Cristo), quatro elementos formam o corpo de Cristo: O esqueleto, os sistemas internos, os músculos e a carne.

Em primeiro lugar, tem de haver um esqueleto – isto é, o que lhe dá forma e estrutura. Este esqueleto é constituído por verdades inegociáveis e fundamentais: uma visão elevada de Deus, a autoridade absoluta das escrituras, a clareza doutrinária, a santidade pessoal e a compreensão da autoridade espiritual.

Em segundo lugar, temos os sistemas internos. Um corpo físico tem órgãos e fluidos que circulam através dele, capacitando-o a viver e funcionar. Vimos 16 atitudes que os constituem: obediência, humildade, amor, unidade, serviço, alegria, paz, gratidão, autodisciplina, perdão, dependência, flexibilidade, responsabilidade, crescimento, fidelidade e esperança.

Em terceiro lugar, temos os músculos, dos quais começamos a falar na semana passada. Os músculos representam função. A igreja é constituída para funcionar, cumprir sua função.
Hoje eu quero terminar este assunto e falar sobre o quarto ponto, a carne. No próximo domingo, quero completar esta série falando sobre a cabeça do corpo, que é Cristo, e como Ele une tudo isso.

Músculos da igreja – Parte 2

Mas, vamos falar sobre os músculos, a função da Igreja, como se move, sobre os ministros e como ela age.
Na semana passada falamos de algumas funções. A primeira foi pregar e ensinar, uma função básica da igreja. I Timóteo 4:2 diz:

Pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina.

Em segundo lugar, falamos do evangelismo e missões, a sua responsabilidade de levar o evangelho a todo o mundo. Porque podemos ver a desgraça iminente sobre os ímpios, somos obrigados a sair e avisá-los. Em Mateus 28:19-20, Jesus disse:

Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.

Em terceiro lugar, nós falamos sobre adoração. Tanto individualmente como coletivamente. Nós somos o templo do Espírito de Deus, e Deus habita nos louvores de Seu povo redimido.

E, em seguida, em quarto lugar, dissemos que a nossa função exige oração. Isto é uma prioridade, amados. Quando você vai para Efésios 6:10-18, Paulo descreve a armadura de um crente.
Ele passa por toda a sequência de elementos da armadura, e conclui: “Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos”.
Não importa o quanto sabemos ou temos, nada pode funcionar sem a fonte de alimentação que é a oração.

Agora, eu quero falar sobre algumas outras funções hoje, e eu vou passar por elas muito rapidamente. A quinta é o discipulado. Esta é uma função da Igreja.

Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros. (II Timóteo 2:1-2).

Estamos todos nesse processo. Em Atos 1:1-2, Lucas escreve, “Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo o que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar, até ao dia em que foi recebido em cima…”.
O primeiro tratado foi o Evangelho de Lucas, que retratou a obra de Cristo, notadamente Seu ensino e pregação.
O livro de Atos é uma continuação do que Jesus começou. E aqui você e eu estamos, 2.000 anos depois, ainda trabalhando no que Jesus começou.

Jesus deu o bastão para os apóstolos; que deram para outras pessoas, e assim foi passando ao longo dos séculos até nós. E estamos aqui seguindo em frente nesta obra santa.
Alguém investiu em nós, e nós precisamos investir em outras pessoas, o que significa dizer que um crente deveria estar sendo discipulado e discipular outros.

Você diz: “Eu não sei muito”. Encontre alguém que sabe menos do que você, e ensine o que você sabe. Encontre alguém que sabe mais do que você e escute-o. Conecte-se em algum lugar. Seja ensinado e ensine. Todos nós temos que estar no fluxo em algum lugar. Nós somos uma corrente, todos ligados e conectados entre si.

Em I Coríntios 4, você tem uma visão indireta maravilhosa do processo de discipulado.
Paulo está escrevendo uma carta que é basicamente uma repreensão à igreja de Corinto. Eles deixaram, de muitas maneiras, o que seria fundamental para sua fé e se lançaram em todos os tipos de coisas pecaminosas.

Então, Paulo escreve para corrigi-los, e ele começa, no versículo 14-15:

Não estou tentando envergonhá-los ao escrever estas coisas, mas procuro adverti-los, como a meus filhos amados. Embora possam ter dez mil tutores em Cristo, vocês não têm muitos pais, pois em Cristo Jesus eu mesmo os gerei por meio do evangelho.

Aqui temos uma boa percepção para nos ajudar a entender a relação de quem ensina ao que está sendo ensinado.
Paulo diz isso porque eles estavam se perguntando diante das repreensões: “Quem esse cara pensa que é? O que lhe dá o direito de falar com a gente assim?”.
Paulo diz: “Aqui está a razão. Primeiro de tudo, eu sou seu pai espiritual. Ou seja, eu te trouxe à existência”. E isso é a primeira coisa sobre discipulado.

Você tem que ter um bebê antes que possa ajuda-lo a crescer. O melhor lugar para o discipulado começar é levar alguém a Jesus Cristo. Haverá um elo que não existiria se você não for essa pessoa chave.
Quando Deus te usa para trazer alguém para Cristo, há um endividamento, um senso de responsabilidade, um sentimento de amor com você a partir do novo nascido, permitindo-lhe dizer coisas para ele que você pode se sentir um pouco hesitante em dizer a outros.
Assim, o discipulado deve começar com o evangelismo. Podemos ajudar outras pessoas a crescer, mas a ligação entre duas pessoas, uma das quais levou a outra a Cristo, é maravilhosa.

“Como a meus filhos amados” (v.14). A atitude em que o discipulado ocorre é uma atitude de amor, não é uma emoção; é um compromisso de serviço humilde auto sacrifício para um em necessidade.
E assim, você tem um ambiente de amor, que diz: “Eu vou dar a minha vida por você; vou dar o meu tempo por você; vou dar as minhas orações por você; Eu vou dar minhas ideias por você. Eu te dou a mim mesmo”.
Se você não se importa com uma pessoa, e não estiver disposto a sacrificar-se por ela, você nunca terá o processo de discipulado trabalhando em seu potencial mais rico.

“Mas procuro adverti-los” (v.14). Essa é a palavra “noutheteo”, o que significa “admoestar ou avisar as pessoas sobre o julgamento se elas não mudarem seus comportamentos”.
É corretivo. É um aspecto do discipulado. Tudo começa com a salvação, quando levamos alguém a Cristo, construímos então um vínculo de amor e então temos o aspecto corretivo.
É como uma criança. Você tem que alertar seus filhos do que eles devem ficar longe. Você não pode simplesmente dar instruções positivas para os seus filhos; você tem que lhes dar instruções negativas também.
É por isso que Paulo disse aos anciãos de Éfeso, em Atos 20:31, em Mileto: “Durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós”.
Avisar, alertar, dar os limites… São partes essenciais do discipulado.

Temos outro aspecto fundamental: “Portanto, suplico-lhes que sejam meus imitadores” (v.16).
Você precisa dizer para aquele discípulo: “Você tem que ser como eu”.
“O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de paz será convosco” (Filipenses 4:9).

Em outras palavras, você tem que estar mais a frente no caminho do que eles estão em seu desenvolvimento espiritual.
Você tem que ser capaz de dar alguma liderança. Agora, nosso Senhor não está pedindo a perfeição; é só que você esteja na direção certa, e que outro vai acompanhar. E sua imperfeição só pode reforçar o quanto isto é importante.
Se você fosse perfeito, seria muito difícil alguém segui-lo. É a imperfeição da pessoa que eu sigo que me ajuda a entender o caminho.

E assim, é necessário que haja exemplo. Essa é a questão. Paulo disse: “Sejam meus imitadores, como eu sou de Cristo”.
Então, você precisa ser capaz de dizer a alguém: “Eu quero que você me siga no caminho, pois estou seguindo a Cristo”. E você não vai dizê-lo com orgulho. Você vai dizê-lo humildemente, entendendo sua própria fraqueza.

E há um outro elemento no discipulado. No versículo 17 ele diz:

Por essa razão estou enviando a vocês Timóteo, meu filho amado e fiel no Senhor, o qual lhes trará à lembrança a minha maneira de viver em Cristo Jesus, de acordo com o que eu ensino por toda parte, em todas as igrejas.

Então, o discipulado é levar alguém a Cristo, construir uma relação de amor sacrificial com essa pessoa, advertindo-a e corrigindo-a, ser um modelo ou um padrão que a pessoa possa seguir, ensinando-a a verdade de Deus.
Paulo disse: “Que é que vocês querem? Devo ir a vocês com vara, ou com amor e espírito de mansidão?” (v.21).

Agora, amados, é isso que estamos empenhados em fazer. Este sempre foi o coração desta Igreja.
Estamos tentando nos reproduzir. Uma das características da vida é que se ela reproduz. Vida que não se reproduz não é vida, é morte.
A vida reproduz, e você está se derramando em outra pessoa, talvez em seu cônjuge, filhos, um amigo, pessoas que você a levou a Jesus Cristo, crianças, novos cristãos, amigos no trabalho.
Assumindo esta responsabilidade, aprendendo e fazendo tudo na dependência do Espírito Santo. Eis aqui uma ação graciosa.

E por fim, é claro, I João 2:6, que diz: “Aquele que afirma que permanece em Cristo deve andar como ele andou”.
Então, o nosso modelo é Cristo, e nós estamos tentando cultivar as pessoas ao longo da caminhada com Cristo.
Somos comprometidos com isto. E esta é uma função que deve ser de cada um de nós. Não, não é opcional.
Todos nós estamos indo e trazendo as pessoas ao conhecimento de Jesus Cristo. Estamos pegando aqueles que o Senhor traz para serem discipulados. Nisto, todos os diferentes tipos de relações estão envolvidas.

Eu sempre disse que o discipulado é nada mais do que a construção de uma verdadeira amizade com um centro espiritual.
É isso que é o discipulado. De modo que não somos amigos em razão de qualquer outra coisa a não ser por causa dos interesses de Cristo. Qualquer coisa fora disto é superficialidade sem fundamento.

O discipulado é, basicamente, ensinar as pessoas uma vida piedosa. Você está ensinando-lhes com respostas bíblicas.
Maturidade espiritual é quando suas reações involuntárias são virtuosas, então você sabe que Deus tem o controle sobre você.
E nós estamos tentando trazer as pessoas para o ponto onde elas não têm que pensar para agir certo; elas reagem automaticamente de forma correta. Esse é o processo.
Ao longo do caminho você vai ter algumas falhas, mas você ganhará uma maravilhosa nova compreensão dos sofrimentos de Cristo.

Há uma outra função que a Igreja tem de estar envolvida: Pastorear. E nós poderíamos falar muito acerca disto, mas deixe-me apenas dizer que nós estamos comprometidos com o fato de que vocês têm que ser ovelhas e têm que ser pastores, e isso basicamente diz que todos têm que cuidar de todos. Nós temos que ser envolvidos em um cuidado mútuo e conhecer as necessidades.

Jesus disse a Pedro: “Tu me amas? Tu me amas? Tu me amas?”
Pedro responde: “Tu sabes que te amo!” “Tu sabes que te amo!” “Tu sabes que te amo!”
E Jesus diz: “Apascenta as minhas ovelhas!” “Apascenta as minhas ovelhas!” “Apascenta as minhas ovelhas!”.

Pedro disse:

Portanto, apelo para os presbíteros que há entre vocês e o faço na qualidade de presbítero como eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo como alguém que participará da glória a ser revelada, pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer. Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir Não ajam como dominadores dos que foram confiados a vocês, mas como exemplos para o rebanho (I Pedro 5:1-3).

Paulo disse:

Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue (Atos 20:28).

E, basicamente, é alimentá-las e conduzi-las. É a tarefa do pastor. E nós queremos fazer isso, porque como podemos dizer que amamos a Deus, quando vemos o nosso irmão necessitado e fechamos a nossa compaixão?
Como é que o amor de Deus habita em vós, se você não se preocupa com as pessoas, se você não se preocupa com as suas necessidades?

E posso sugerir-lhe que todos nós temos que estar envolvidos no processo de pastoreio.
Se você tem comida suficiente no seu prato para alimentá-las, e elas não têm, divida sua comida.
Se você tem discernimento suficiente para compartilhar com elas, e elas estão perdidas e vagando, leve-as de volta.
Pedro diz que Jesus é o Supremo Pastor. E a implicação é que somos seus sub-pastores, e todos nós estamos envolvidos em cuidar das ovelhas. Isto é essencial.

Meu coração dói quando uma ovelha parece sentir-se abandonada em meio ao rebanho.
Muitas vezes as ovelhas são atendidas em alguma tragédia, mas após isto cada qual volta aos seus afazeres normais e a ovelha é, muitas vezes, abandonada. Não podemos conviver com isto.

Em João 10, Jesus disse: “Eu sou o bom pastor”. Em seguida, Ele disse: “Eu sou a Porta”. O significado disto é a figura de um pastor que está deitado à porta do aprisco, sendo que cada ovelha que entra ou sai tem que passar sobre ele.
Ele para cada uma delas, as examina, procura ver se há algo que ela necessita. Se houver hematomas, Ele usa o óleo.
E o pastor cuida das ovelhas. Há uma responsabilidade no pastoreio.

Há pessoas que demandam mais intenso pastoreio, outras menos. Há aqueles que não querem ser pastoreados e há outros que desejam isto ardentemente.
Todos nós temos que nos ver como ovelhas e pastores, que significa, em certo sentido, cuidar um do outro.
Nós temos uma conta para prestar a Deus sobre isso. É a igreja de Cristo, você sabe. Não é a igreja de John MacArthur.
Ele nos deu para cuidar e todos nós temos responsabilidades. Todos nós daremos conta disto. O pastoreio tem por finalidade levar as pessoas à semelhança de Cristo.

Há uma outra função da igreja: construir famílias. Eu creio que a família é a unidade de Deus para a transmissão da justiça de uma geração para a seguinte.
Creio que isto é muito claro em Deuteronômio capítulo 6, onde Deus ordena a família como a unidade básica da preservação da justiça no mundo, ao transmitir a verdade de uma geração para a seguinte.

Agora, você sabe tão bem quanto eu, que tudo o que Deus ordenou, Satanás atacou.
Tudo o que Deus fez para preservar a justiça atraiu terríveis ataques de Satanás. E, basicamente, se resume a três instituições: a família, a igreja, e o governo.
Onde Deus ordenou um governo para castigo dos malfeitores e para o bem daqueles que são retos, Satanás vai tentar destruir.
Onde quer que haja uma igreja onde Cristo é exaltado e a Palavra é proclamada, ele vai atacar ferozmente.
E onde quer que haja uma família que vai passar a justiça para a geração seguinte, ele vai fazer todo o possível para desintegra-la.
Essas são as unidades básicas de preservação na sociedade: a família, a Igreja e o governo.

E as pessoas dizem: “Você acha que há uma conspiração para rasgar o nosso governo?” É claro que existe. E está conseguindo.
Nossa sociedade está descendo a ladeira. Por quê? Porque a massa da nossa sociedade é constituída de pessoas sem Deus. E assim, naturalmente, eles são os peões de Satanás. O sistema entrará em colapso.

E você acha que ele está atacando a Igreja? Por todos os lados. O “Conselho Nacional de Igrejas” publicou uma Bíblia eliminando o que eles chamam de “termos sexistas”. Nela, Jesus não é mais o Filho de Deus, mas a “Criança de Deus”. Bem, isto vem de algo que se chama “Conselho Nacional de Igrejas”. Terrível!

E, então, a família se desintegrou com os ataques de uma sociedade imoral, cheia de luxúria, e dificilmente pode sobreviver.
E a Igreja está em uma posição vital de preservar essa unidade da sociedade, a família. Estamos empenhados nisto como uma função nossa, não é verdade?
Estamos empenhados em ensinar as crianças e os jovens, para que não frequentem as escolas satânicas. Temos o compromisso de lhes discipular.
Estou tão emocionado ao ver nossas crianças e jovens sendo formados para preservar a justiça para as próximas gerações.
Eles estão aprendendo tudo o que Deus pensa sobre casamento, família, vida piedosa etc. etc.

Efésios 5:18-20 diz:

Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito, falando entre vocês com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor, dando graças constantemente a Deus Pai por todas as coisas, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo.

Paulo está falando da embriaguez religiosa. Os idólatras, através das bebedices, pensavam entrar em comunhão com os deuses, procedimentos estes acompanhados por orgias nos templos pagãos.
Então, ele está instruindo a igreja acerca dessas coisas, exortando-os a repudiarem isto e os intimando a se encherem do Espírito, comungando com o Deus vivo.

E, como um dos resultados disso, está a submissão uns aos outros. Uma submissão que alcançará todos os níveis.
As esposas vão se submeter a seus maridos, como seus cabeças. Os maridos vão se submeter (no sentido de servi-las e cuidar delas) a suas esposas, amando-as, purificando-as.
Os filhos vão se submeter a seus pais, honrando-os e obedecendo-os. Os pais vão se submeter a seus filhos (novamente, no sentido de servi-los e cuidar deles), atendendo suas necessidades, não os provocando a ira, alimentando-os com a Palavra e trazendo-os para Cristo.

Tudo isso flui de vidas controladas pelo Espírito de vida. E é isso que nós queremos ver.
A função da Igreja, em seguida, é trazer as famílias para o controle do Espírito de Deus, numa relação abençoadora.
Onde você tem todos lutando por supremacia, haverá desintegração e a impossibilidade de qualquer relacionamento significativo.
Com as famílias estruturadas em torno da Palavra, a igreja se moverá no testemunho do Evangelho de maneira eficaz.

Outra função é a formação. Treinamento. Equipar as pessoas para um ministério, para uma tarefa. Efésios 4:11-12 diz:

E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo.

Estamos treinando pessoas para o ministério, para o evangelismo, para missões ou para o que Deus quer de sua igreja neste mundo.
A Igreja tem que ser um agente de equipar, formar, treinar constantemente as pessoas para a obra.
A Igreja tem que funcionar na área da formação. Temos que treinar crianças, jovens, líderes etc. O treinamento é essencial.
Você deve estar sendo treinado para alguma tarefa específica, de acordo com os seus dons.

Quero te perguntar: Você está envolvido no pastoreio? Você está funcionando em oração? Você está funcionando no discipulado? Você está funcionando no sentido de ajudar a família a ser sustentada como Deus quer que seja? Você está funcionando para treinar ou sendo treinado? Você está funcionando em dar?

Você está fazendo o que o Senhor quer que você faça? Você tem o profundo desejo de se gastar pelo Reino de Deus?
Você quer apenas viver superficialmente em relação aos interesses de Deus, sem o desejo se sacrificar por seu reino? Você está disposto a renunciar em prol dos interesses do Céu?

Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria (II Coríntios 9:7).

Aqui há um princípio. Nunca é uma questão de quanto você tem, é uma questão de seu coração.
A melhor lição que você tem a aprender, em termos de administração, é que você não possui nada. Nada. Nada é seu. Tudo é Dele.
Deus não quer seu dinheiro, mas seu coração. Não deixe o lugar de bênção que vem da obediência e amor a Ele. Dar é uma função.

Então, quais são as funções? Muito simples: pregação, ensino, evangelismo, missões, adoração, oração, discipulado, pastoreio, família, formação, dar, comunhão. Essas são as funções essenciais.
Você diz: “John, nós já conversamos sobre o esqueleto da igreja, sobre os sistemas internos da igreja e sobre os músculos da igreja. E quanto a carne?
Quer saber de uma coisa? Realmente não importa. Usando a analogia do corpo, o homem olha para a aparência externa, mas Deus olha o coração.

Você quer saber de uma coisa? A igreja é o que uma igreja é no seu coração.
O que eu quero saber sobre uma igreja é qual é o seu esqueleto. É uma igreja comprometida com uma visão elevada de Deus? Com prioridade absoluta na Escritura, na clareza doutrinária, na santidade pessoal e autoridade espiritual?
E quais são as atitudes que fluem através dela? Obediência, amor, serviço, unidade, e todas as demais.
E quais são as suas funções? E, então, queridos, não se trata nem um pouco da aparência exterior, ou de como dar conta de tudo, ou do formato das programações. Você entende isso?

Quando Deus, por Sua graça maravilhosa, me trouxe para esta igreja, eu disse, em meu próprio coração, antes de tudo, em seguida, disse aos homens:
“Deus, eu sei que, se nós formos o que o Senhor quer que sejamos, não haverá problemas para ministrar de forma eficaz, porque o que nós somos é que é o problema”.
Quando pastores vêm à nossa Igreja, procurando um pouco de “carne” (forma da igreja) para levar e implantar em suas igrejas, isso não terá resultado algum para eles.
Mas, se todos as características que vimos sobre a anatomia da igreja estão presentes, a carne não é realmente importante. Não é tão importante o que parece exteriormente, mas é a beleza que está no interior que fala de sua realidade.

Deixe-me pensar sobre a carne por um minuto. O que é a carne da igreja? A manifestação externa da nossa pregação e ensino?
Bem, isso acontece o tempo todo. Nós estamos ensinando, pregando. Pregando aqui, nas prisões, nas missões de resgate, nos meios de comunicação, etc. etc. Estamos constantemente fazendo isto.
Estamos evangelizando, envolvidos em missões, discipulando, treinando, cuidando dos novos nascidos.

Nós olhamos para missões, e vemos o desenvolvimento de uma estratégia para todo o mundo.
Temos um grande grupo pronto para ir para o campo missionário. Estamos atuando em vários lugares do mundo.
De várias formas temos chegado a vários lugares, tais como América do Sul, Filipinas, Índia, Japão, Europa, África, etc.

Temos sido intensos em múltiplas ações em prol do reino de Deus. Nas orações, nas ações dos idosos em orar e proclamar o evangelho, na adoração, isto em todos os níveis e aspectos da vida da igreja.
Temos um grupo focado em encontros específicos para orar pela igreja e mergulhar na Palavra de Deus, buscando a direção do Senhor em todas as coisas.
Estamos envolvidos, em todos os níveis, no processo de discipulado, desde a mais nova criança ao idoso, do mais novo crente aos líderes.

Temos presbíteros e diáconos que cuidam de pessoas. Funções que têm sido exercidas com ação e amor.
Temos dado especial atenção à família. Ensinando exaustivamente o papel de cada um e zelando pela estrutura familiar em nossa igreja.
Temos sido intensos na comunhão uns com os outros, na liberalidade em ofertar, etc. etc.

Eu acredito que Deus chamou esta igreja à existência, e é um lugar único. E eu digo: “Senhor, mantenha-nos naquilo que o Senhor quer que sejamos. Queremos ser a Tua Igreja, construída em Teus caminhos, para a Tua glória”. Amém!?

Obrigado, Pai, por este tempo nesta manhã. Bom tempo. Doces canções de fé ressoam em nossos ouvidos. E o pensamento de que Tu estás neste mesmo salão, e porque Tu estás aqui, há amor suficiente para todos nós. Muita alegria suficiente, bastante esperança suficiente, poder o bastante para afastar qualquer escuridão. Oh, que emocionante pensar nisso. Obrigado pelo que Tu tens feito na nossa comunhão e nesta igreja, por tudo o que é bom, Tu já fizeste. Tudo o que é menos do que isso, nós é que fizemos. Ajuda-nos a deixá-Lo trabalhar do Teu jeito, conforme Tua vontade. Amém.


Esta é uma série de 8 sermões sobre a Anatomia do Corpo de Cristo (igreja)

01. Anatomia da Igreja: O esqueleto
02. Anatomia da Igreja: Os sistemas internos – Parte 1
03. Anatomia da Igreja: Os sistemas internos – Parte 2
04. Anatomia da Igreja: Os sistemas internos – Parte 3
05. Anatomia da Igreja: Os sistemas internos – Parte 4
06. Anatomia da Igreja: Os músculos e a carne – Parte 1
07. Anatomia da Igreja: Os músculos e a carne – Parte 2
08. Anatomia da Igreja: A cabeça da igreja


Este texto é uma síntese do sermão “The Anatomy of the Church: The Muscles and the Flesh, Part 2”, de John MacArthur, em 16/10/1983.

Você poderá ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/resources/sermons/2029A/the-muscles-and-the-flesh-part-2

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


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