Jesus: Triunfo do sofrimento – 1

Em nosso estudo da carta de Pedro, chegamos agora a uma nova secção do ensino desta maravilhosa carta.

I Pedro 3
17 Porque melhor é que padeçais fazendo bem (se a vontade de Deus assim o quer), do que fazendo mal.
18 Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado no espírito;
19 No qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão;
20 Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água;
21 Que também, como uma verdadeira figura, agora vos salva, o batismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo;
22 O qual está à destra de Deus, tendo subido ao céu, havendo-se-lhe sujeitado os anjos, e as autoridades, e as potências.

Esta parte nos leva ao estudo do triunfo do sofrimento de Cristo. Nós vamos continuar nas próximas semanas a contemplar as riquezas desses versículos, devido à sua grande importância, a sua grande verdade.

Temos afirmado muitas vezes, em nosso estudo desta maravilhosa epístola, que o tema recorrente de Pedro é, simplesmente, viver no meio do sofrimento.

E em todo tempo, o seu grande exemplo é Cristo. Se você quer saber como visualizar o sofrimento, então olhe para Jesus Cristo.

No capítulo 2, versículos 20 e 21, ele fala sobre o fato de que quando você está em sofrimento, você deve suportá-lo com paciência, porque isto é agradável diante de Deus.
E então ele diz:

Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas.

Quando qualquer crente sofre por fazer o que é certo diante de Deus, se quiser obter uma perspectiva sobre isso, deve olhar para Cristo, que é o modelo de sofrer por causa da justiça.

No capítulo 4, versículo 1, ele volta ao mesmo tema: “Ora, pois, já que Cristo padeceu por nós na carne, armai-vos também vós com este pensamento, que aquele que padeceu na carne já cessou do pecado”.

Mais uma vez, vamos sofrer na carne, Cristo é nosso modelo, e devemos ter a mente de Cristo (I Coríntios 2:16).

Neste mesmo capítulo, versículos 12 a 16, Pedro diz:

Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse; Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis. Se pelo nome de Cristo sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus; quanto a eles, é ele, sim, blasfemado, mas quanto a vós, é glorificado. Que nenhum de vós padeça como homicida, ou ladrão, ou malfeitor, ou como o que se entremete em negócios alheios; Mas, se padece como cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus nesta parte.

Em seguida, no capítulo 5, versículo 1:

Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar.

Então, repetidamente, Pedro aborda o tema do sofrimento, sempre relacionando ao sofrimento de Cristo.

Cristo torna-se o modelo ou o padrão de como o crente enfrenta o sofrimento enquanto pratica a justiça.


Pedro estava escrevendo esta carta, sob a inspiração do Espírito Santo, para crentes que estavam em dificuldade extremas, debaixo de perseguições hostis.

Ele disse no capítulo 1, versículo 6-7:

Que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo, em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo;

Ele continua o assunto no capítulo 2, versículos 12 e 18-19:

Tendo o vosso viver honesto entre os gentios; para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação, pelas boas obras que em vós observem. Vós, servos, sujeitai-vos com todo o temor aos Senhores, não somente aos bons e humanos, mas também aos maus. Porque é coisa agradável, que alguém, por causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente.

E, claro, eles já estavam experimentando isso. No capítulo 3, versículos 9 e 13-14 ele diz:

Não tornando mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo; sabendo que para isto fostes chamados, para que por herança alcanceis a bênção.

E qual é aquele que vos fará mal, se fordes zelosos do bem? Mas também, se padecerdes por amor da justiça, sois bem-aventurados. E não temais com medo deles, nem vos turbeis.

Então, repetidamente, ele fala sobre o sofrimento. O tema é o sofrimento.

No versículo 10, do capítulo 5, ele diz: “E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos chamou à Sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá”.

E nesta questão de sofrimento, para fazer o que é certo no meio de uma sociedade ímpia e hostil, devemos manter nosso foco em Cristo. Cristo nos mostra como lidar com o sofrimento injusto.

Pedro testemunhou: “O qual, quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente” (I Pedro 2:23).

Estamos prontos para responder às nossas provações como Cristo respondeu às suas, ou seja, em silêncio, seguros, graciosamente e em plena confiança em Deus? É assim que nós devemos responder.

Pedro, não somente quer nos mostrar como Cristo triunfou em meio ao sofrimento, como também nos mostra como podemos vencer diante das mesmas coisas.

Pedro diz: “Porque melhor é que padeçais fazendo bem (se a vontade de Deus assim o quer), do que fazendo mal.” (I Pedro 3:17).

Existem dois tipos de sofrimento para o cristão. Você pode sofrer por fazer o que agrada a Deus ou você pode sofrer por fazer o que é errado.

Provavelmente, todos nós, em um momento ou outro, vamos sofrer. E você pode escolher qual o tipo de sofrimento que você quer.

Se você sofre por fazer a vontade de Deus, obedecendo e vivendo uma vida piedosa, você sofre nas mãos dos homens, mas vive sob a bênção divina.

Neste mundo há pressão para você se comprometer com o sistema maligno. Quando você cede e vive uma vida mundana, você não sofrerá nas mãos dos homens, mas sofrerá nas mãos de Deus.

Essa é a escolha simples a fazer. Provavelmente você sofrerá nesta vida, então terá que escolher a natureza do seu sofrimento, se nas mãos dos homens ou nas mãos de Deus.

Ao ler I Pedro 3:18-22, nosso texto base para hoje, fica claro que devemos entender que Cristo morreu pelos nossos pecados e morreu injustamente, morreu o justo pelos injustos.

Mas, mesmo em se tratando de uma morte injusta, Ele triunfou em ressurreição e está à direita de Deus. E todos os seres demoníacos, que atuaram em parte do Seu sofrimento, agora estão sujeitos a Ele.

Embora sofrendo injustamente, Jesus triunfou em meio ao sofrimento. Esta é a mensagem. Esta é a mensagem. O foco da mensagem é muito, muito claro.

Ele sofreu injustamente. Ele sofreu para fazer a vontade do Pai e Deus O fez triunfar. Esta é uma verdade maravilhosa e gloriosa.

Pedro diz que Ele sofreu a morte na carne, morte pelos pecadores, mas Ele estava vivo no Espírito.

E, como um espírito vivo, Ele imediatamente foi capaz de ir e proclamar sua vitória aos espíritos em prisão. Enquanto Seu corpo estava morto na cruz, seu espírito estava vivo e Ele já estava proclamando a vitória aos espíritos em prisão

[Nota: É uma referência a uma parte dos anjos caídos que foram presos permanentemente no abismo. Este assunto será detalhado no próximo sermão].

Isso deve dar-nos uma grande esperança em nosso sofrimento. Deus nos dará a vitória quando nosso sofrimento é por amor à justiça.

Eu quero mostrar-lhe quatro áreas em que Jesus triunfou: Um triunfante ato de carregar sobre si nossos pecados, uma proclamação triunfante, uma salvação triunfante e uma supremacia triunfante.

Para entender a imensa riqueza de I Pedro 3:18-22, temos de passar algum tempo com ele. E, francamente, Pedro vai nos mergulhar, creio eu, mais profundamente na obra da cruz de Jesus Cristo do que já estamos mergulhados em qualquer outro lugar.

Uma porção riquíssima da Escritura, e poderíamos entender que seria difícil porque ele nos mergulha em coisas profundas e misteriosas. Esta porção exige um exame cuidadoso, mas nos mostra o maravilhoso triunfo de Cristo, a fim de que possamos entender o nosso triunfo.

Para esta noite, no breve tempo que temos, deixe-me falar com você sobre o primeiro ponto: Um triunfante ato de carregar sobre si nossos pecados.

Versículo 18: “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado no espírito”.

Basta ler, e isso exige um momento de silêncio, apenas para deixar a verdade penetrar em nós. “Cristo morreu pelos pecados de uma vez por todas, o justo pelos injustos, a fim de nos levar a Deus”.

Amados, Cristo foi injustamente executado. Ele nunca pecou. Pilatos estava certo quando disse: “Não acho culpa alguma neste homem.” (Lucas 23:4).

Os líderes religiosos tiveram que fabricar mentiras sobre Ele. Eles tiveram que pagar e subornar testemunhas falsas para provocar a condenação ilegal. Não havia pecado Nele, Ele era justo, o justo, morrendo pelos injustos.

Mas, apesar do fato de que Ele sofreu injustamente, Ele triunfou através de Seu sofrimento e nos levou para Deus.

No coração de Pedro está a realidade de que
embora o sofrimento do cristão não seja substitutivo e redentor, pode ser um instrumento pelo qual alguém seja levado a Deus, se lidar com o sofrimento de um modo espiritual.

Mas também, se padecerdes por amor da justiça, sois bem-aventurados. E não temais com medo deles, nem vos turbeis; antes, santificai ao SENHOR Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós. (I Pedro 3:14-15).

Agora, quando olhamos para esta grande declaração, quero destacar vários aspectos do ato de Cristo ter carregado sobre si os nossos pecados.

Em primeiro lugar: O sofrimento de Cristo foi definitivo, supremo. Ele diz isso: “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados”.

Note a palavra “também”. Qual é a sua implicação? O “também” significa, “além de outra pessoa”. De quem mais que ele está falando? Ele está falando dos crentes. Ele está falando sobre o fato de que você vai sofrer por fazer a vontade de Deus, lembrando que Cristo também padeceu.

Você não deveria se surpreender, então, se você sofre. Em outras palavras, nosso Senhor convida-o para estar disposto a sofrer por causa da justiça, de fazer o que Ele também estava disposto a fazer.

Pedro não está nos ensinando a fazer algo que Cristo não tenha feito, em termos de sofrimento, porque o máximo que qualquer mártir pode fazer é morrer, e Cristo fez isso. Mas seu sofrimento foi definitivo, supremo.

É por isto que o escritor da epístola aos Hebreus disse: “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” (Hebreus 12:4). Em outras palavras, você sofre, mas não de forma suprema, definitiva, como Cristo sofreu.

Em segundo lugar, o sofrimento de Cristo foi relacionado com os pecados alheios, não com os Seus próprios pecados, visto que Ele jamais pecou.

Você diz: “Por que você está dizendo isso?”. Isso é o que diz o texto: “Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos”.
Então, quando os cristãos são tratados injustamente, sofrem críticas, abusos, hostilidades, perseguições e morte por sua fé, tudo isto está relacionado aos pecados, não aos seus próprios pecados.

Num certo sentido, eles estão sofrendo por causa dos pecados de outras pessoas, certo? Quando o crente sofre por causa da justiça, está sofrendo por causa dos pecados de outros contra nós.

Portanto, no caso de Cristo, Ele sofreu pelos pecados alheios, de forma muito diferente. Não eram os seus pecados, mas dos outros.

Pedro disse: “O qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano.” (I Pedro 2:22).

Ele viveu Sua vida inteira sem cometer um pecado, sem um mau pensamento, nunca disse uma palavra má e nunca fez uma coisa má.


Deixe-me dar um passo adiante. Ele nunca pensou nada que não fosse perfeitamente santo. Ele nunca disse nada que não fosse perfeitamente santo. E Ele nunca fez nada que não fosse perfeitamente santo.


E, no entanto, Ele sofreu pelos pecados. Ele sofreu como oferta pelo pecado. A Bíblia diz que o salário do pecado é a Morte (Romanos 6:23).

No Antigo Testamento Deus requeria a morte de um animal como um símbolo da necessidade de alguém morrer para cobrir os pecados (Hebreus 9:22).

E assim, Jesus Cristo, na Sua morte, morreu pelos pecados, mas agora foi uma morte que satisfez plenamente a justiça de Deus (Hebreus 10).

Há um terceiro aspecto sobre seu ato triunfante de carregar sobre si nossos pecados. Ele morreu, Ele não apenas morreu carregando ou expiando nossos pecados, mas, em terceiro lugar, Ele morreu uma só vez.

O que quero dizer com ‘uma só vez’? Uma vez. Algo que é único, separado, não há nada que se compare.


A morte de Cristo não foi somente um sofrimento definitivo ou supremo, não somente relacionado ao pecado, uma vez que Ele morreu pelos pecados em forma de sacrifício para expiar os pecados, mas foi também uma morte única, sem algo que possa ser semelhante a ela.

Como assim? “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados…” (v.18). Isto é absolutamente único.

A tradução “uma vez”, vem do original grego “ἅπαξ” (“legomenon”) que significa “validade perpétua que não necessita de repetição”.

Ele morreu uma vez. Foi algo novo para o povo judeu, que abatiam duzentos e cinquenta mil cordeiros em uma Páscoa, a cada ano, sacrifício após sacrifício.

Em Hebreus, capítulo 7, versículo 26-27 diz: “Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus, que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo”.

Você vê, é por isso que a Nova Aliança é melhor do que a Velha Aliança. É por isso que o sacrifício de Cristo é melhor do que qualquer outro sacrifício. Foi uma vez por todas.

No capítulo 9 de Hebreus, versículos 24-25 diz: “Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus; Nem também para a si mesmo se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no santuário com sangue alheio”.

O sumo sacerdote entrava no lugar santo ano a ano com sangue alheio, mas Cristo se manifestou para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo. Ele fez isso uma vez e aniquilou o pecado.

E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação. (Hebreus 9:27-28).

Uma morte completamente suficiente para proporcionar a expiação de pecados. Ele era diferente de qualquer outro sacrifício, nunca precisou ser repetido.

Amado, como uma nota de rodapé, gostaria de lembrar como é tão desesperadamente herética a missa católica romana, que sacrifica Cristo de novo e de novo e de novo.

Qualquer ponto de vista que exige um sacrifício renovado de Cristo é um ataque contra a unicidade singular do que Ele realizou na cruz do Calvário. Não vai haver sangue sendo derramado no céu. Não haverá qualquer obra adicional ao sacrifício de Cristo. Ele fez isso uma vez. Foi abrangente. Uma vez por todas.

O sofrimento de Cristo foi definitivo, supremo. O sofrimento de Cristo foi pelos pecados. O sofrimento de Cristo foi único, para nunca mais ser repetido. O sofrimento de Cristo foi abrangente, cobriu tudo.

O sacrifício de Cristo pelos pecados não foi limitado, como os sacrifícios no Antigo Testamento.

Os sacrifícios do Antigo Testamento eram limitados a uma determinada pessoa, uma determinada família, uma certa nação, de um certo tempo. Não é assim o sacrifício de Cristo. Ele operou satisfação a Deus para com todos os que vêm a Ele.


Ele veio proporcionar salvação a todos que vêm a Ele:

Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora. Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia. Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. (João 6:37-40).

Outro aspecto, e este é um lembrete maravilhoso, a morte de Jesus Cristo não foi apenas suficiente, não só em favor dos pecados, não só única, não só abrangente, mas, foi vicária, ou seja, Ele morreu em nosso lugar.

Pedro diz: “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos.” (I Pedro 3:18).
Isto realmente resume tudo. O justo pelos injustos, Aquele sem pecado pelos pecadores. Ele tomou o lugar dos pecadores.

“Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.” (I Pedro 2:24).

“Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.” (II Coríntios 5:21).

Ele tomou a decisão que pertencia a nós. Ele foi o perfeito sacrifício final e completo pelos pecados. E o que podemos aprender com Ele? Que o sofrimento injusto, em seu ponto mais extremo, pode ser triunfante. Mesmo tendo sido um Digno que estava morrendo pelos indignos pecadores, Ele triunfou em tudo.

Isto leva-nos para outro aspecto: O sofrimento de Cristo foi intencional, Ele veio para isto.

Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus. (I Pedro 3:18).

Maravilhosa notícia. Jesus Cristo reuniu na cruz, naquele dia, todos os nossos pecados, Ele suportou a escuridão ao ser abandonado por Deus na Sua morte por nós. Ele abriu o caminho para Deus.

Simbolicamente, Deus demonstrou isto quando rasgou o véu no templo de cima para baixo e abriu o Santo dos Santos para acesso imediato a todos.

Não há mais separação, não mais uma classe de sacerdotes, somos todos sacerdotes de Deus, todos nós temos acesso imediato à Sua presença.

Ele trouxe-nos a Deus. Ele satisfez a justiça de Deus e abriu-nos o caminho para Ele.
Este foi o objetivo, a finalidade do triunfo da Sua morte por nós: a reconciliação com Deus.

Por favor, note o que Pedro disse: “Para levar-nos a Deus”. Vem do grego “prosagōngus”, significa um doador de acesso, de alguém que você traz para a presença de outra pessoa.

No tribunal de um rei, havia um “prosagōngus”. Essa pessoa seria aquela você teria que procurar, se você quisesse ver o rei. Se você o convencesse de que você tinha uma razão justa para ver o rei, ele iria apresentá-lo ou introduzi-lo ao rei.

Jesus é quem nos introduz à presença de Deus. Ele é o doador oficial do acesso ao Pai. Ele disse: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” (João 14:6).

Você se lembra do que diz Atos 4:12 ? “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”.

Não há mais ninguém para apresentá-lo a Deus, ninguém mais pode fazê-lo, ninguém. Somente Cristo. Os homens exaltam figuras das religiões, mas nenhuma dessas figuras pode levar alguém a Deus. Ninguém pode ir a Deus, senão por Jesus.

E assim, você vê que o sofrimento de Cristo foi triunfante. Ele sofreu colocando sobre si os nossos pecados, com o objetivo de trazer os eleitos a Deus, reconciliando-os com o Pai.

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo.” (II Coríntios 5:17-18).

Esta é uma verdade maravilhosa, para aqueles que depositam sua fé em Jesus Cristo: eles são levados à presença de Deus, para serem reconciliados com Ele.

Jesus não é uma espécie de fada madrinha. Jesus não é um grande psiquiatra. Jesus é aquele que nos introduz à presença de Deus. Ele é o agente de reconciliação para todos os que vêm a Ele.

Você diz: “como posso ir a Cristo para Ele me apresentar a Deus?” Bem, você tem que vir reconhecendo seus pecados, ter uma atitude de arrependimento, um profundo desejo de ser perdoado e de ter um relacionamento com Deus.

Essa é a mensagem do Evangelho: somos pecadores, temos que abandonar o pecado e vir com um coração que deseja conhecer e se reconciliar com um Deus santo, então Jesus Cristo vai nos apresentar a Deus.

Esse é o triunfo de Cristo ao ter carregado nossos pecados. Há algo tremendo na cena da crucificação.

Quando Jesus estava morrendo na cruz, Deus o abandonou e Jesus clamou: “Meu Deus, Meu Deus, por que me desamparaste?”.
Seus discípulos o tinham abandonado e fugiram, com exceção de alguns fiéis ao pé da cruz. Houve trevas na terra.

Foi uma terrível e indescritível cena de rejeição, hostilidade, pecado, etc. Mas, no meio de tudo isto, Ele estava triunfando, porque Ele estava ali tomando sobre si nossa culpa e pagando a dívida que era nossa.


Ele estava satisfazendo a justiça e o propósito do Pai. Tudo isto de forma definitiva e única. Um tremendo triunfo.

Há um segundo ponto. Eu não tenho tempo para desenvolvê-lo hoje. Eu só quero deixá-lo com desejo de conhecer mais sobre isto.

Houve uma proclamação triunfante. Note o verso 18-19 de I Pedro 3: “…Mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado no espírito. No qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão”.

Teria sido suficiente o triunfo sobre o pecado, mas Ele também triunfou sobre os demônios de uma forma mais incrível.

Você tem que entender isso, que a morte de Jesus Cristo envolveu toda a força dos demônios do inferno e o próprio Satanás.
Eles estavam tentando extinguir e esmagar a Sua vida, visando a eliminá-Lo para sempre.

E, mesmo no meio da Sua morte, embora tenha sido condenado à morte na carne, Seu Espírito de vida foi para aqueles espíritos e fez uma proclamação triunfante para eles.

É uma das mais, se não a cena mais dramática, nos bastidores da morte de Jesus Cristo. Um dos cenários mais chocantes, assustadores, perturbadores que se possa imaginar ocorreu por trás da cena visível, como descrito no verso 20, com referência aos ‘dias de Noé’.

[No próximo sermão você entenderá este segundo e maravilhoso triunfo de Cristo].

Mas deixe-me fazer uma observação final hoje. A apresentação disto não apenas permanece por sua própria causa, mas por nossa causa.

O que Pedro está nos dizendo é que quando nós sofremos, devemos sofrer triunfantes, como Cristo fez.

Há um sentido em que mesmo quando sofremos injustamente, pode haver uma nota triunfante neste sofrimento, porque se passarmos por ele com o espírito certo e a atitude certa, podemos levar salvação aos outros.


Em segundo lugar, enquanto nós sofremos, pode parecer que os demônios do inferno estão triunfando.


Mas Pedro quer que saibamos que a verdade é que, se sofrermos por causa da justiça e nos comprometemos na fidelidade a Deus, iremos não só triunfar sobre os pecadores, como também triunfar sobre os espíritos malignos também.

Vamos orar:

Pai, que noite maravilhosa que compartilhamos! Como nossos corações se alegram!

Como somos gratos pela revelação da majestade do triunfo de Cristo, que é um modelo para a nossa própria confiança no sofrimento.


E, embora não sofremos até ao sangue, pois não podemos sofrer de maneira suficiente, qualquer que seja o sofrimento, pode vir como resposta à nossa maneira de viver piedosamente em uma sociedade ímpia.


Quaisquer que sejam as hostilidades ou perseguições, ou mal-entendidos ou deturpações ou mentiras que podem vir contra nós, podemos encontrar em nossas casas, porque estamos no meio dos incrédulos, ou no nosso trabalho, porque há aqueles lá que se ressentem com Cristo e com nosso testemunho divino, nossa honestidade, a integridade.


Podemos também sofrer dificuldades em nosso ambiente escolar quando nos posicionamos em Cristo em sala de aula.

Senhor, nós percebemos que, embora possa parecer no momento que pecadores estão triunfando sobre os justos, não é o caso.

Pois há mesmo em nosso injusto sofrer uma nota triunfante, que torna o sofrimento em testemunho que pode transformar o coração de um pecador.


Dá-nos a sofrer como Cristo, com um espírito de confiança, comprometendo-nos a um Criador fiel que é Justo, contando com o privilégio de ter o Espírito de Cristo, para que possamos ser um exemplo para aqueles que assistem a grande e difundida graça de Deus que acalma a alma no meio das dificuldades.


Que o nosso sofrimento seja triunfante. E então, Senhor, dá-nos a compreender que não só triunfaremos sobre homens pecadores, mas nós sobre os espíritos pecaminosos. Mostra-nos lá também o exemplo de nosso Cristo.


E nós agradecemos por tudo o que o Calvário significa para nós no Seu querido nome. Amém.


Esta é uma série de 3 sermões sobre o triunfo do sofrimento de Cristo

01. O triunfo do sofrimento de Cristo – Parte 1
02. O triunfo do sofrimento de Cristo – Parte 2
03. O triunfo do sofrimento de Cristo – Parte 3


Este texto é uma síntese do sermão “The Triumph of Christ’s Suffering Part 1”, de John MacArthur, em 08/10/1989.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

http://www.gty.org/resources/sermons/60-36/the-triumph-of-christs-suffering-part-1

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


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2 Responses

  1. Rafaella disse:

    Amém! Glória a Deus!

  2. Mateus Oliveira disse:

    Que Maravilha, que delicia se deleitar no trinfo do nosso Senhor Jesus Cristo…

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