Igreja: Músculos e a Carne – 1


Este texto é o sexto de uma série de 8 sermões de John MacArthur a respeito da “Anatomia do Corpo de Cristo (igreja)”, onde ele distingue a cabeça, o esqueleto, os sistemas internos, os músculos e a carne.
No primeiro sermão ele falou sobre cinco verdades inegociáveis que formam o esqueleto da igreja: Uma visão elevada de Deus, a autoridade absoluta das escrituras, a clareza doutrinária, a santidade pessoal e a compreensão da autoridade espiritual.
No segundo sermão ele começou a falar sobre os sistemas internos da igreja, definido como sendo 16 atitudes básicas. Primeiro ele tratou da obediência, humildade, amor e unidade.
No terceiro sermão ele tratou da vontade de servir, alegria, paz e gratidão.
No quarto sermão ele tratou da autodisciplina, prestação de contas e perdão.
No quinto sermão ele tratou da dependência, flexibilidade, crescimento, fidelidade e esperança.
Abaixo segue a primeira parte dos músculos da igreja.


Esta manhã continuarei a falar sobre a “Anatomia da Igreja”. O Senhor nos levou, creio eu, a estudarmos sobre as características que Ele quer ver em Sua igreja.
Deus tem nos abençoado e construído aqui uma igreja no coração do seu povo, para que ela seja tudo o que Ele deseja.
Certamente, isso é verdade nos corações dos líderes, e eu sei que em seus corações também. Deus tem nos abençoado de forma maravilhosa.

E é importante para nós, ao apreciarmos estas coisas, entendermos os fundamentos, para compreendermos o que provoca a bênção de Deus para uma igreja.
Estamos fazendo um pouco de arqueologia espiritual, cavando e expondo os fundamentos nos quais estamos arraigados e comprometidos.
Nós não estamos tentando dizer coisas novas. Estamos apenas tentando enfatizar as que são fundamentais e as que representam a base sobre a qual a igreja está alicerçada.
Em resumo, as verdades com as quais estamos comprometidos, que eu vejo em vocês e quero continuar vendo cada vez mais intensamente.

Tomando emprestadas as palavras de Paulo, quero “que o vosso amor cresça mais e mais em ciência e em todo o conhecimento” (Filipenses 1:9). E é nesse tipo de perspectiva que eu venho a vocês com esta palavra.

Tenho receio de que à medida que a igreja cresça, as verdades fundamentais, que Deus usou para nos abençoar e sobre as quais o Seu Espírito a construiu, não estejam, de alguma forma, ocupando o lugar que devem ocupar em nossas mentes.
Essas verdades não podem se enfraquecer. Por isso eu quero chamar a todos para um compromisso ainda mais intenso com elas.

Temos uma enorme responsabilidade com aqueles que olham para nós, procurando ver em nós o que, talvez, eles não veem em outro lugar.
E eu acredito que há razões para que Deus tenha nos abençoado. Acredito que há princípios que nos colocam em uma posição de bênção.
O comprometimento real de cada um de nós com Cristo é algo que as pessoas percebem e que trás a benção divina.

Então, temos que persistir em ensinar os pilares fundamentais da igreja. São verdades muito básicas e que nunca podem ser negligenciadas por nós. A igreja ergue-se sobre elas.
Lembro-me das palavras de Pedro: “Por isso não deixarei de exortar-vos sempre acerca destas coisas, ainda que bem as saibais, e estejais confirmados na presente verdade.” (II Pedro 1:12).

Antes de tudo, uma igreja, para ser o que Deus quer que ela seja, tem que ter um esqueleto. Em outras palavras, a base, o que lhe dá forma.
E, basicamente, temos dito que há algumas verdades inegociáveis e fundamentais. Sugerimos cinco delas: uma visão elevada de Deus, a autoridade absoluta das Escrituras, a clareza doutrinária, a santidade pessoal e autoridade espiritual. Esse é o esqueleto da igreja.

Movendo-se para a segunda dimensão da nossa analogia, dissemos que um corpo tem que ter sistemas internos fluindo através dele.
Esses são os sistemas de vida. Isso é o que lhe confere a sua vida e capacidade de agir e reagir.
E, na igreja, temos que ter sistemas internos, que são atitudes espirituais corretas. O que está fluindo através das vidas das pessoas por trás das cenas é a questão.

Aos ministros não basta olhar a superfície, mas o que está por trás dela. Que tipos de atitudes internas existem além do que é visível?
Vimos dezesseis atitudes básicas: Obediência, humildade, amor, unidade, serviço, alegria, paz, gratidão, autodisciplina, perdão, dependência, flexibilidade, responsabilidade, crescimento, fidelidade e esperança.
Essas são as atitudes que devemos cultivar entre nós pela pregação, ensino, discipulado e tudo que fazemos.

Com o esqueleto bem estruturado e fluindo as atitudes que o Senhor espera ver em seu corpo, podemos ir para a terceira dimensão: Os músculos do corpo.
O corpo de Cristo (igreja) tem forma e vida. Logo, qual é a sua função? Qual sua responsabilidade neste mundo? O que deve fazer? O que devemos ser? Qual é o nosso ministério?
Os músculos da igreja têm a ver com sua responsabilidade, sua função, com tudo o que faz nos movimentar.
Nesta manhã, eu quero dar-lhe quatro funções que eu acredito que são prioritárias e básicas, com as quais estamos comprometidos.

A primeira é pregar e ensinar. E eu combino as duas, pois ambas têm a ver com a proclamação da verdade bíblica.
Isso, a meu ver, é a função principal da igreja. A igreja é o destinatário da revelação de Deus e, portanto, a igreja deve ser a distribuidora da revelação de Deus.
Se Deus se revelou a nós, é para que possamos compreendê-Lo. Somos os ouvintes e anunciadores da Palavra.

Tudo que fazemos aqui tem um objetivo: pregar e ensinar a Palavra. A igreja deve estar totalmente comprometida em pregar e ensinar a Palavra de Deus. Isto é uma prioridade absoluta da igreja. Essa é uma função da igreja.
Estamos comprometidos com a clara e compreensível proclamação da autoridade da Palavra de Deus, seja na pregação ou no ensino.

Veja por um momento as epístolas escritas por Paulo a Timóteo. Penso que essas cartas foram escritas para nos ajudar a compreender o ministério, tanto do ponto de vista do ministro, como da congregação.
Ele mesmo nos diz que elas foram escritas “para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (I Timóteo 3:15).
Eu creio que a ênfase de ambas as cartas é a função da proclamação da sã doutrina e da Palavra de Deus.
Neste mesmo capítulo 3, versículo 16, ele resume a maravilha da encarnação de Jesus Cristo.

E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória.

Esse é o coração, o núcleo, a substância da nossa fé cristã. Não teríamos nada se Deus não tivesse se manifestado na carne de Jesus Cristo, morrido e ressuscitado. Então, esse é o cerne da nossa fé. Sem qualquer argumento. É uma grande verdade revelada.
Se olharmos para esse versículo, podemos ver alguns aspectos essenciais na encarnação, e um deles é essa verdade deve ser pregada aos gentios.
O que aconteceu deve ser pregado. Isso é o que ele está dizendo. Deve haver proclamação da mensagem.

É algo que unicamente a igreja faz e que nada no mundo pode se igualar. Eu acredito que o coração da igreja é a encarnação de Cristo; e no coração da encarnação está a proclamação dessa encarnação. E, assim, a pregação encontra um lugar central na vida da igreja.

Então, Paulo enfatiza ao jovem Timóteo: “Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Jesus Cristo, criado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido” (I Timóteo 4:6).
Em outras palavras: seu trabalho é levar os irmãos a lembrarem destas verdades que você tem aprendido e seguido.

Nós temos a Palavra da Verdade e estamos em um mundo onde as pessoas estão andando por aí atrás de algo verdadeiro.
Elas buscam respostas para suas infinitas perguntas e vivem sem conhecer o significado da vida.
Eis a pergunta que Pilatos fez a Jesus: “Que é a verdade?” (João 18:38). [E ele estava diante da verdade]. Esta é a pergunta do mundo.
E nós podemos proclamar: sabemos e conhecemos a verdade! Jesus disse em sua oração pelos discípulos: “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17:17).
Oh, que legado nós recebemos! E é isso que temos de dar. Isso é o que devemos transmitir.

Deus tem nos abençoado porque temos nos comprometido em proclamar a verdade, a Palavra de Deus. Não falamos sobre a Bíblia, mas da Bíblia.
É inestimável a quantidade de pessoas que têm sido alimentadas com a Palavra de Deus. E este é o nosso compromisso e a nossa função. É o trabalho de todos aqui.
Um bom ministro do evangelho alimenta-se da verdade, da sã doutrina, e alimenta seus liderados com aquilo que ele mesmo foi nutrido. Em outras palavras, ensina com autoridade.

Eu me lembro de um homem que foi reprovado na academia de polícia por causa de sua voz.
Ele tinha que ter uma voz firme para declarar a lei diante de um infrator. Esta declaração o revestia de autoridade. Ou seja, a lei era sua autoridade. Mas ele não tinha voz firme para fazer isto.
Da mesma forma, se nós estamos alimentados da Palavra de Deus, podemos ministra-la com autoridade, pois a autoridade está nas Escrituras Sagradas. Caso contrário, estaremos inabilitados.
Por isto Paulo disse a Timóteo:

Manda estas coisas e ensina-as. Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza. Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá. Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério. Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem (I Timóteo 4:11-16).

Em outras palavras, somos chamados a obedecer e proclamar a Palavra, ou seja, pregando, ensinando, instruindo. Que responsabilidade emocionante!

Agora, no capítulo 5, versículo 17, ele vem para uma outra dimensão: “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina.” (I Timóteo 5:17).
Mais uma vez, o foco da liderança na igreja é na pregação e no ensino. Esta é a nossa função. Repito: esta é a nossa função.

Precisamos conhecer o que a Bíblia nos diz sobre algo, antes que possamos fazê-lo.
Precisamos orar biblicamente, evangelizar biblicamente, discipular biblicamente, pastorear biblicamente, criar filhos biblicamente e etc. etc.
Nós não podemos fazer nada a menos que compreendamos o que Deus diz. Assim, pregamos e ensinamos.

No final do capítulo 6, Paulo diz a Timóteo: “Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado” (v.20).
Em outras palavras, penso que ele está se referindo ao depósito da verdade, a revelação de Deus, a fé, o conteúdo da verdadeira doutrina.
Isto significa ficar longe do lixo do mundo, das filosofias, teologias errantes e o suposto conhecimento dos homens que realmente não sabem nada.
Ele disse: “Tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência, a qual, professando-a alguns, se desviaram da fé” (v.20-21).

Os conselhos de Paulo a Timóteo são bem direcionados ao mesmo assunto:

Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. (II Timóteo 2:15).

Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e no amor que há em Cristo Jesus. Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós. (II Timóteo 1:13-14)

E ao servo do Senhor não convém contender, mas sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor; Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade. (II Timóteo 2:24-25).

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra. (II Timóteo 3:16-17).

Assim, você pode ver, então, como Paulo instrui Timóteo a respeito da igreja, numa tremenda ênfase sobre a pregação e o ensino.
No capítulo 4 de II Timóteo, vemos uma síntese do que ele falou durante as duas cartas:

Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. (II Timóteo 4:1-2).

Em outras palavras: Timóteo, responsabilizo-o diante de Deus e de seu Filho, que você pregue e proclame a Palavra, seja diligente nisto, trabalhe duro, sem descanso, seja quando parecer adequado ou inadequado, seja quando parecer que alguém possa ser ofendido ou não. Você deve continuar fazendo isso, o tempo todo.

Paulo não falou sobre conforto e incentivo, mas sobre corrigir, repreender, exortar.
Por que ele diz isso? Porque ele sabe que até mesmo os cristãos têm que lutar contra o pecado.
E, então, ele diz que a pregação tem que ser confrontadora, tem que ser de reprovação e correção.
Ele salientou a realidade do julgamento divino e chama Timóteo a conservar firme a pregação e o ensino da verdade.

E ele diz que este ensino se faça pacientemente e com doutrina.
O ensino é o coração do ministério. É pacientemente ensinar a Palavra de Deus de uma forma confrontadora, de modo que a vida das pessoas possa ser trazida à responsabilidade diante de Deus. Essa é uma função da igreja.

A Palavra na mente gera o comportamento. Precisamos ser enriquecidos com toda a instrução de Deus para nós. Não há substituto para isto.
E é por isso que a Bíblia diz: “E vos renoveis no espírito da vossa mente”, (Efésios 4:23) e “não vos conformeis com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:2).

A segunda função é a evangelização e missão. Evangelismo e missões. Os dois termos fornecem uma perspectiva abrangente.
A igreja não é apenas para seu próprio bem, mas para o bem do mundo. Deus quer que sejamos uma luz que brilha no meio de uma geração entenebrecida e perversa.
Queremos ser tudo o que Deus quer que sejamos para que Ele possa, através de nós, alcançar outros.
Isto vem de duas formas: Pelo exemplo de vida e pela palavra pregada aos perdidos. É a nossa vida lá fora que faz com que o nosso testemunho seja crível ou não.

Se temos uma igreja onde Cristo é exaltado, onde as pessoas vivem uma vida justa, onde estão lidando com seu pecado honestamente diante de Deus e estão procurando andar em obediência ao Senhor, seu testemunho individual tem credibilidade.
É tão maravilhoso quando as pessoas do mundo podem ver coerência entre o que pregamos e vivemos. Isto torna a mensagem do Evangelho digna de crédito.
O oposto é muito lamentável, quando as pessoas olham para a igreja e não conseguem ver nada além de um monte de hipócritas.
Satanás não quer eliminar igrejas, basta corrompe-las, ou seja, destruir as bases que podem fazer sua mensagem crível.

A igreja foi chamada a viver uma vida na comunidade, uma vida de evangelismo (Mateus 28:19-20).
Somos chamados a uma vida santa e pura, um viver na luz, para que nosso testemunho e pregação possam alcançar aqueles que estão nas trevas.
Foi isto que Jesus nos ensinou no sermão do monte:

Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. (Mateus 5:13-16).

Se a luz está escondida debaixo do alqueire, não vai ser vista. É uma indicação de pecado ou turvação do testemunho de sua vida.
Mas se você está lá fora e está brilhando, e você é o sal que é realmente salga, você terá um impacto sobre o mundo.
É muito triste quando alguém é envergonhado ou está embaraçado por causa de sua vida de mau testemunho. Quando sua mensagem não está em sincronia com sua vida. É trágico.

Temos uma base de credibilidade para estabelecer em nossas vidas, e é muito importante.
E, assim, nossa luz pode resplandecer diante dos homens e o Senhor ser glorificado. Que vida maravilhosa esta! E assim nós estabelecemos uma base do evangelismo.

Além disso, nós precisamos falar e proclamar a mensagem. Temos de estar prontos para falar da esperança que está em nós e anunciar Jesus Cristo.
Precisamos abrir nossos lábios. Devemos estar dispostos a falar sobre o Senhor e testemunhar de Seu nome.
Temos que ter a mensagem certa. Precisamos conhecer o Evangelho e permanecer cheios de tudo aquilo que o Senhor nos ensinou.

Um grande problema é que a maioria das igrejas está cheia de pessoas não convertidas. Isto é um problema.

Temos o compromisso com a evangelização e, além disso, para com missões. Ou seja, uma visão mundial, para alcançar muito além de onde estamos.
Em todo o mundo, tanto quanto o Senhor permite, porque Ele disse para ir a todo o mundo.

Nós estamos empenhados em treinar e enviar muitos com a missão de ir e pregar, batizar, ensinar.

Há uma terceira dessas funções: Adoração, adoração coletiva. Somos chamados à adoração coletiva.
Nós somos “verdadeiros adoradores que adoram o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.” (João 4:23).
Fomos chamados como sacerdotes, que oferecem nossos corpos em sacrifício vivo a Deus em um ato sagrado de adoração e sacrifício espiritual.

Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” (I Pedro 2:5)

“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. (Romanos 12:1)

Nós estávamos falando outro dia, em uma de nossas reuniões de equipe, sobre a preocupação que temos quanto a isto.
Quantos de nós oferecemos uma verdadeira adoração e exaltação a Deus nos cultos coletivos? Quantos corações estão cheios de louvor e adoração?
E quantos estão vivendo ansiosos ou estão bombardeados pelos meios de comunicação satânicos, e já não contemplam ao Senhor?

A obediência é a base da adoração. Poderemos dar ao Senhor uma verdadeira adoração, quando a obediência é uma marca em nós.
Nós adoramos melhor quando respondemos a Deus em obediência voluntária, de modo que a obediência é a definição básica do culto.
Nós obedientemente oferecemos louvor, obedientemente fazemos o que Ele nos diz para fazer.
A obediência e a adoração são sinônimas, tornando-se o modo de vida do crente, em vez de apenas um exercício no culto coletivo.

Nós somos chamados a nos aproximar de Deus: “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós.” (Tiago 4:8).
Devemos ser um povo adorador. Nós funcionamos em adoração nos aproximando de Deus de uma maneira sem pressa, deixando a mente ascender nas palavras dos hinos e da Escritura, num tempo de profunda devoção e oração.

Ainda esta manhã eu quero falar de mais uma função dada a igreja: A Oração. Vamos continuar este assunto na próxima vez.
Eu não preciso falar muito sobre isso. Eu só preciso lembrá-lo. Eu só quero colocá-lo em sua memória.
A oração é o mais difícil exercício espiritual que nos envolvemos, por duas razões .

Razão número um: é um trabalho duro, porque é altruísta. A verdadeira oração se estende para abraçar o reino de Deus: “Teu nome seja santificado, venha teu reino”.
Estende-se para abraçar o reino de Deus e para abraçar o povo de Deus: “Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia, perdoa-nos as nossas ofensas, mão nos deixeis cair em tentação”. Não há nenhum “Eu” na oração de Mateus 6: 9 a 12.
Ela abraça o reino de Deus em Sua glória. Ela abrange as necessidades de seu povo, e por isso a oração é um exercício desinteressado.
Somente altruístas, apenas as pessoas humildes podem se abandonar e abraçar a vontade de Deus, o reino de Deus, as necessidades das pessoas.

E quando Paulo diz: “Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos” (Efésios 6:18), ele está nos chamando para o tipo de oração que abraça os propósitos gloriosos de Deus e as necessidades do povo de Deus.
É algo altruísta, e por isso é limitado a pessoas altruístas. É um trabalho duro, porque você está derramando seu coração em nome de Deus, em nome do povo redimido de Deus, em nome de seus propósitos e suas necessidades. Você está além de si mesmo.

Oramos, por outro lado, de um modo muito fácil, quando algo nos atinge.
Um tipo de oração focada em algum mal que nos feriu, ou quando perdemos um ente querido, ou quando um filho se perde nas trevas, ou quando algum filho está decidindo sobre casar-se, ou por alguma tragédia etc. etc..
Neste caso, encontramo-nos muito facilmente atraídos para a oração em nosso próprio benefício.
Mas, isso não demonstra a força da oração. Isso demonstra a fraqueza da oração.
A força da oração é abandonar minha vida em oração incessante, em nome da extensão e glória de Deus no Seu reino eterno, e as necessidades de Seu povo redimido, algo além de mim mesmo, do que eu vejo.

E é por isso que é tão difícil entender a parábola do amigo importuno:

Qual de vós terá um amigo, e, se for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, pois que um amigo meu chegou a minha casa, vindo de caminho, e não tenho que apresentar-lhe; se ele, respondendo de dentro, disser: Não me importunes; já está a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na cama; não posso levantar-me para te dar; digo-vos que, ainda que não se levante a dar-lhe, por ser seu amigo, levantar-se-á, todavia, por causa da sua importunação, e lhe dará tudo o que for necessário. E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. (Lucas 11:5-9).

O primeiro bate na porta de um amigo à meia-noite, em busca de pão. Este amigo não tinha o que dar, então ele vai a um outro amigo, e o importuna até que consegue o pão para saciar a fome daquele que bateu em sua porta.
Eu poderia ser o cara batendo na porta a noite toda pedindo um pão para mim, para saciar minha fome.
A questão é: tenho disposição de bater na porta a noite toda, buscando conseguir pão para saciar a fome de outra pessoa? Essa é a questão.

Uma das vantagens de se envelhecer é que você começa a ter uma longa lista de assuntos sobre os quais Deus tem demonstrado Seu poder, ao responder as orações.
E quanto mais você envelhece, mais você vê Deus fazer coisas que só Ele poderia fazer. E isto torna você mais confiante em suas orações.
Então, eu creio que as pessoas mais velhas oram melhor do que as pessoas mais jovens, pelo menos nesse sentido, porque aquelas têm o histórico de prova das respostas de Deus.

A segunda razão que torna tão difícil a oração, não é só porque ela é altruísta, mas também é porque é muito privada.
Quando você ora, você ora sozinho e ninguém sabe. E, assim, você tem que ter a autodisciplina e a força para fazê-lo sem a pressão ou aprovação dos outros.

Há um monte de coisas que fazemos porque sabemos que as pessoas vão saber que fizemos.
Você vê, a oração é difícil, em primeiro lugar, por
que é altruísta e, em segundo lugar, porque não tem recompensas visíveis; e você não tem qualquer pressão dos outros. Ninguém vê você orando.

Qual era o foco dos apóstolos? “Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra.” (Atos 6:4).
Acho que é muito mais fácil dedicar-me ao ministério da Palavra do que ao da oração. Se eu aparecer aqui no domingo, não tiver nada a dizer, estarei em apuros.
Mas posso negligenciar a vida de oração e ninguém vai saber, pelo menos de imediato.
É por isso que a Bíblia fala sobre perseverar na oração; porque é algo que, antes de tudo, é altruísta e, por outro, não tem recompensas visíveis imediatas, em termos de afirmação e aprovação das pessoas.

Agradeço a Deus por aquelas pessoas abnegadas que oram e peço a Ele por mais pessoas assim no nosso meio.
Temos um grupo de pessoas mais velhas que oram persistentemente há muitos anos. Deus ouve e responde as suas orações, e nós todos ganhamos com a fidelidade deles.
A oração é o nervo que move os músculos da Onipotência. Eu não entendo como isto funciona, eu só sei que Deus ouve e responde a oração.
“A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” (Tiago 5:16). E eu quero ser esse homem justo que ora, porque eu quero ver Deus fazer tudo para Sua glória. Portanto, devemos estar comprometidos com a oração.

“Orai sem cessar” (I Tessalonicenses 5:17). Isto significa que você deve orar o tempo todo, viver na consciência da presença de Deus.
Em outras palavras, você interpreta a vida como se você estivesse olhando através da própria mente e do coração de Deus.
Pregar, ensinar, evangelizar, estender-se ao mundo, adorar e orar são funções elementares que formam os músculos da igreja. Vou dar-lhe o resto delas na próxima vez. Vamos orar juntos.

O que podemos dizer, Senhor? O que podemos dizer? O Senhor nos abençoou muito.
Tu nos abençoaste com a salvação, com a Palavra, o Espírito, com a assembleia de Teu povo redimido e amado.
Tu nos abençoaste com os amigos, com a família, com os parceiros de vida que Tu amas.
Tu nos abençoaste com um lugar maravilhoso, onde podemos ter comunhão e adoração.
O Senhor nos abençoou com belas canções que podemos cantar, instrumentos que ouvimos, que levam os nossos corações ase alegrar.
Tu nos abençoaste com a beleza de Tua criação, que só nós, que somos os redimidos, podemos apreciar plenamente como um dom de Teu amor, ao contrário do mundo que pensa, que é algum acidente cósmico.
Tu nos deste tanto! Pai, é o nosso desejo, como igreja, funcionar como devemos, pregando, ensinando, evangelizando, adorando, orando.
Queremos voltar para as coisas simples, e saber que programações não são tão importantes.
É apenas importante o que fazemos, como indivíduos, para sermos fiéis nestas áreas.
Obrigado por ajustar nosso foco nestes dias. Que sejamos fiéis em praticar as verdades que temos visto. Oramos em nome de Cristo. Amém.


Esta é uma série de 8 sermões sobre a Anatomia do Corpo de Cristo (igreja)

01. Anatomia da Igreja: O esqueleto
02. Anatomia da Igreja: Os sistemas internos – Parte 1
03. Anatomia da Igreja: Os sistemas internos – Parte 2
04. Anatomia da Igreja: Os sistemas internos – Parte 3
05. Anatomia da Igreja: Os sistemas internos – Parte 4
06. Anatomia da Igreja: Os músculos e a carne – Parte 1
07. Anatomia da Igreja: Os músculos e a carne – Parte 2
08. Anatomia da Igreja: A cabeça da igreja


Este texto é uma síntese do sermão “The Anatomy of the Church: The Muscles and the Flesh, Part 1”, de John MacArthur, em 09/10/1983.

Você poderá ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/resources/sermons/2029/the-anatomy-of-the-church-the-muscles-and-the-flesh-part-1

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


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