Escolhendo a melhor parte

A razão da vida cristã está tão-somente em desfrutarmos Cristo. Há muitas coisas a fazer. Mas só uma é necessária. Temos escolhido a melhor parte, que nunca nos será tirada?

Maria, Marta e Lázaro. Irmãos. Amigos de Jesus. O amor de Jesus por eles era notório: ‘aquele que tu amas está enfermo.’ Lázaro morreu e sua morte foi o cenário para que o Senhor mais uma vez glorificasse o Pai publicamente. Um morto sair da sepultura quatro dias depois era incontestavelmente obra de Deus, de quem Jesus o tempo todo lembrava ter sido enviado.

Ele foi enviado. A sua vinda foi planejada. Deveria viver como uma das suas criaturas. Porque era necessário que Deus tratasse com o pecado, descarregando toda a Sua ira, em forma de justiça. Por ser Justo, Deus tratou com o pecado. Por ser Amor, Ele despejou toda a sua santa indignação Em seu Filho, Deus Emanuel, o Verbo Eterno, aquele que criou todas as coisas e para quem todas foram criadas: Jesus.

Ele é a exata expressão do Deus Vivo. É o primogênito de toda a criação. Todo universo existe e subsiste pela sua palavra. Ele não teve princípio e não terá fim. Ele é Jesus, Deus que se fez homem e habitou com os homens. Mas um dia esse Jesus estava na casa dos seus amigos. Estava conversando com Maria. Mas queria a atenção de Marta. Deus nunca trata de trivialidades nem joga conversa fora.

Maria absorvia atenta cada palavra. Mas, Marta estava muito ocupada com os afazeres. Estava envolvida demais com suas obrigações para parar naquela hora. Não que não soubesse quem era Jesus. Foi ela quem sairia aos prantos na direção do Mestre quando Lázaro morreu. Ela cria ser Jesus o Messias.

Mas parece que a disposição e o destemor de ir correndo a Ele quando estava mergulhada na tristeza por causa da morte do seu irmão, não eram as mesmas quando sua vida estava normal, rotineira. E essa continua sendo uma das marcas das ‘martas’ de todos os tempos.

Com certeza ela estava envolvida em trabalhos para servir ao próprio Senhor. Ele não andava só. Mais cedo ou mais tarde haveriam homens famintos em sua sala. Ela estava garantindo que tudo estivesse em ordem. Ela enxergava o que limpar, o que pôr em ordem, o que fazer. Seus olhos de operária funcionavam bem. Mas não conseguia enxergar que Deus estava na sua sala simplesmente querendo conversar com ela.

Marta deixou de lado a melhor parte. Ela esqueceu que desfrutar de Cristo era a melhor parte e que tudo poderia ser tirado dela, menos o seu Salvador. Marta se deixou levar por seu zelo, suas boas intenções com a obra a fazer. E o serviço sempre é envolvente. Temos muito a fazer todos os dias. Muito a nos gastar por nós mesmos e pelos outros. Distraimo-nos facilmente. Os problemas nos absorvem, as lutas nos sufocam, a vida nos envolve.

Mas, só uma coisa é necessária.

Desfrutar de Cristo é do que precisamos. Desfruta-lo como indivíduos e como Corpo. Andar com Ele. Ser cheios Dele. Viver por Ele. Contempla-lo. O seu poder, a sua majestade, a sua proeminência.

Ele não é apenas amoroso. Ele é amor.
Não é apenas justo. Ele é a própria justiça.
Não apenas sábio, mas a sabedoria.
Não apenas santo, mas santificação.
Ele é tudo isso e infinitamente mais.

Os problemas, as lutas, as tribulações ou mesmo os ganhos, as realizações, as bênçãos, a Igreja, o mundo, nada disso pode atrair o nosso olhar. Não fomos chamados a olhar para os lados, para trás ou para qualquer outra direção que não seja olhar para o alto, para Cristo.

E não apenas olhar, mas desfrutar da Sua presença, honrar a Sua companhia. Se não escolhermos essa melhor parte, nenhuma parte nos trará proveito eterno.Cristo é a parte que não nos será tirada. Tudo o mais é passageiro, transitório. Mas Ele é eterno. Ele é fonte de água que salta para a eternidade e pão que sacia para sempre.Tudo, por mais urgente, imprescindível que seja, é posto de lado diante do privilégio de estar aos pés Dele, ouvindo-o, admirando-o, suspirando como a corça por Sua doce e pacificadora presença.

Não deixemos que nada nos tire a melhor parte. Sem ela, o serviço, a vida, a caminhada se tornam pesadas, enfadonhas. Assim como Marta, começaremos a pedir e a cobrar auxílio dos outros, quando a única esperança está bem próxima de nós. E essa esperança é Jesus.

Maria não fez muitas coisas. Mas escolheu a melhor parte.Marta estava cansada de tanto fazer. A parte que ela escolheu não só não era a melhor, mas esvaiu suas forças.

Isso soa familiar?

Com qual das irmãs nos parecemos, definirá se colheremos cansaço e perturbação ou se teremos a parte que nunca nos será tirada.

“Olharam para Ele e foram iluminados; seus rostos não serão confundidos.” (Salm. 34:5)

 

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