Em busca de uma fé bíblica

Estamos no tempo do fim. Isto é um fato. A Palavra de Deus descreve características e apresenta profecias precisas. É um tempo difícil, quando a fé genuína está cada vez mais rara. Nada que surpreenda, pois Jesus chegou a questionar se acharia fé na terra quando ele voltasse (Lc. 18:8). Evidente que Jesus não se referia a uma fé qualquer, mais a uma fé verdadeira, fundamentada num profundo amor do homem para com Deus, resultado de um viver “olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz…” (Heb. 12:2).

Olhando para a realidade do mundo, temos dois grandes ataques contra a fé genuína, aquela que nasce do alto e para lá retorna. Um está dentro dos arraiais do cristianismo e o outro está no mundo.

Dentro do que se chama cristianismo temos duas correntes tão perigosas quanto a qualquer avalanche que rola inferno abaixo sobre o mundo. Não estamos aqui julgando ninguém e nem queremos que esta palavra sirva para fundamentar qualquer crítica a quem quer que seja. Estamos falando de princípios e não de pessoas. Deus julgará a obra de cada um.

Quanto Paulo disse: “Os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos” ( I Cor. 1: 22-23), ele estava tratando de um assunto que é muito atual. O problema de homens buscando sensações e milagres sempre foi paralelo aos que buscam um cristianismo intelectual sem o milagre da presença sobrenatural de Cristo.

Alguém já descreveu o cristo dos teólogos como alguém difícil de entender, complicado. Algo para os eruditos analisarem, discutirem e dissecarem, mas que não transforma. Isto fundamenta uma farta literatura de conclusões que inspiram lições de moral, psicologia, comportamento e até mesmo de modernidade. Ser cristão se tornou algo moderno, atraindo figuras de poder e fama.

Afinal de contas, o cristo apresentado é apenas um ser que veio dar paz, alegria, direcionamentos, liberdade, soluções para os problemas da vida e o que mais interessar aos ouvintes. Os homens então se lançam a análises puramente intelectuais. Parece crescente o número de “cristãos” por adesão e não por conversão; convencidos de verdades, mas sem experimentar a Verdade (Jesus); com ajustes em sua natureza, mas sem a nova natureza que brota dos céus.

Este problema não é novo. Paulo já advertia há 2.000 anos atrás: “E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado. E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder; Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus” (I Cor. 2: 1-5).

Por outro lado, temos o perigo terrível do sensacionalismo, dos milagreiros, dos que vendem um produto em nome da fé cristã. Um evangelho que atrai multidões em busca de satisfazer suas necessidades. Confusões são geradas na mente de muitos, pois os alegados sinais e prodígios em massa não resultam numa aliança firme do homem com Deus. E não faltam os líderes nefastos e mercadores da fé. Explodiu o número de rompimentos e conseqüentes desdobramentos infinitos de “ministérios”, tendo como causa aparente a briga por dinheiro e poder. Os dissidentes que fazem isto seguem com “novos ministérios” de supostos milagres e prodígios e assim sucessivamente. Isto tem deixado a muitos perplexos e confusos.

No capítulo 6 do evangelho de João, Jesus deparou-se com uma multidão que o seguia por causa das curas e milagres que ele tinha operado. Jesus conhecia o coração daquelas pessoas e sabia que a maioria não almejava um compromisso real com Deus, mas extrair Dele bênçãos materiais e curas. Ao passo que Jesus passou a confrontar a multidão para experimentarem de fato o governo de Deus sobre suas vidas, eis que a maioria esbraveja: “- Duro é este discurso; quem o pode ouvir?” (v. 60), logo em seguida a Bíblia relata a decisão da maioria que estava ali: “- Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele” (v. 66).

Quando Jesus enviou 70 discípulos para anunciaram a vinda do Reino de Deus, eles regressaram empolgados com o fato da submissão dos demônios ao poder de Deus. Jesus que presenciou a queda de Satanás na eternidade os advertiu a se alegrarem por causa da eternidade com Ele.

“E voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam. E disse-lhes: Eu via Satanás, como raio, cair do céu. Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada vos fará dano algum. Mas, não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus.” (Lc. 10: 17-20)

Por que isto? Fácil. Jesus, por aquele período, quando do sermão do monte, já havia ensinado algo muito forte:

“Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.” (Mat. 7: 19-23)

Precisamos entender com muita profundidade as conseqüências da real presença de Cristo na vida do homem. Tozer tinha uma preocupação com “o fracasso completo de multidões de interessados, por mais sinceros que sejam, de experimentar um cristianismo real”, com a “falta de um fruto espiritual na vida de tantos que dizem ter fé” e com “raridade de uma transformação radical na conduta das pessoas”.

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. (II Cor. 5:17)

“E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade. Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele.” I Jo 2: 3-5

Mas não somos chamados a uma obediência formal, a seguir uma lei, pois isto anularia a obra da cruz, quando Jesus aboliu a Velha Aliança e estabeleceu uma Nova Aliança de Deus com os homens.

“Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude, Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo”. II Ped. 1: 3-4

Aqui a Palavra de Deus fala de um grande fundamento da vida cristã: Esta vida é gerada pelo conhecimento do filho de Deus, gerando participação na natureza divina. Este conhecimento não se refere ao intelecto, nem a sensações da alma e nem da busca de milagres e prodígios, mas de uma experiência real que pode conduzir o homem a compartilhar a natureza de Deus.

Quando a Bíblia relata que Deus “fez conhecidos os seus caminhos a Moisés, e os seus feitos aos filhos de Israel” (Sl 103:7), temos a explicação da causa que fez Deus perecer no deserto toda aquela geração que saiu do Egito. Uma geração que presenciou coisas estrondosas do poder de Deus, tais como as pragas no Egito, a abertura do mar Vermelho e a derrocada do então poderoso exército de Faraó diante de uma multidão indefesa e sem armas. Mas, eis que era um povo duro de coração, que cansou do Maná (um figura de Jesus) enviado por Deus (Num. 11:6) e o rejeitou. Um povo que queria os sinais, mas não os caminhos do Senhor. Foram provados por 40 anos, viram sinais e prodígios, mas foram reprovados.

Quarenta anos estive desgostado com esta geração, e disse: É um povo que erra de coração, e não tem conhecido os meus caminhos. A quem jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso”. (Salmos 95:10)

Conclusão

Precisamos conhecer a Cristo. Desfrutar de sua presença e aprender com Ele, como um discípulo verdadeiro.

Este mundo é como um navio à deriva, rumando para os rochedos em um mar tempestuoso. Há muitos destroços por aí. Os homens estão naufragando, e com eles tudo que pertence a este mundo.

Temos que estar alicerçados em Cristo e longe da influência deste mundo e de uma religiosidade vazia. A Palavra alerta: “Temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo” (II Cor. 11:3). “

Fujamos de um cristianismo vazio, preso a um entendimento formal e sem uma real experiência da glória de Deus. Fujamos também de um cristianismo de ofertas de milagres, que transforma o evangelho em um balcão de trocas com os homens. Se alguém deseja uma fé que resulte em ausência de sofrimento e provações, deve entender que esta fé é enganosa. 

Não bastasse olhar para a vida dos profetas, de Jesus, dos apóstolos e dos grandes servos que Deus levantou ao longo dos séculos, a Palavra de Deus é clara em mostrar que as provações neste mundo servem para Deus produzir frutos de valores eternos, pois a Palavra diz “alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis” (I Ped. 4:13) e que “a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo” (I Ped. 1:7).

“Nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos” e que “nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado” (I Cor. 1:23 e 2:2).

Por mais estranho que pareça, as duas correntes que estão causando profundos danos ao evangelho verdadeiro de Jesus possuem uma coisa em comum, e esta é a principal fomentadora de suas estatísticas de seguidores: a fuga da mensagem da cruz. Como disse Tozer: “Com perfeito conhecimento disso tudo, Jesus disse: ‘Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.’ Assim a cruz não só põe fim à vida de Jesus; termina também a primeira vida, a velha vida, de cada um dos seus seguidores verdadeiros. Ela destrói o velho modelo, o modelo de Adão, na vida do cristão, e lhe dá fim. Então o Deus que levantou a Cristo dos mortos levanta o cristão, e uma nova vida começa.” Esta mensagem não atrai as multidões. Não empolga. Não serve para os que estão apenas aderindo ao cristianismo ou para aqueles que querem apenas soluções milagrosas de seus problemas.

“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” (Gal. 2:20).

“Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gal. 6:14).

“Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua majestade”(II Ped. 1:16).

“Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo” (I Ped. 2:5)

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