O Poder da Oração do Justo

Tiago 5
13 Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores.
14 Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor;
15 E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.
16 Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.
17 Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra.
18 E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto.

Esta parte da carta de Tiago é uma das mais interessantes e encorajadoras desta rica carta. Também é aquela que tem sido um campo de batalha para os intérpretes ao longo dos séculos e ainda há muitas pessoas que ficam na confusão quanto ao seu significado.

  • É a passagem que a Igreja Católica Romana usa para apoiar o que chamam de doutrina ou o sacramento da extrema-unção.
  • É uma passagem em que muitos, pretensos curadores e defensores da moderna doutrina de cura, propõem a ideia de que temos uma cura garantida se orarmos sob as circunstâncias adequadas.
  • É uma passagem que é usada para respaldar unção com óleo sobre pessoas doentes. 

Enfim, é uma passagem curiosa e criou resultados ainda mais curiosos.

Agora, apenas na leitura desse texto, estou certo das perguntas que vêm à sua mente:

  • Quando Tiago fala sobre o ‘sofrimento’ ou ‘aflição’ (verso 13), a que tipo de sofrimento ele está se referindo?
  • Quando ele fala sobre ‘doença’ (verso 14), que tipo de doença que ele tem em mente?
  • E o que é que os presbíteros da igreja têm a oferecer em suas orações que outras pessoas não podem fazer?
  • Será que eles têm um caminho de acesso especial para Deus?
  • E o que é esta unção e por que o óleo?
  • E a ‘oração da fé’ sempre irá restaurar a pessoa que está doente e permitir que o Senhor a levante?
  • Mais: o que o pecado tem a ver com isso? E que tipo de cura que ele está falando no verso 16?
  • Por que Tiago dá uma ilustração de chuva no meio de uma passagem sobre a cura?

Eu me sinto animado e entusiasmado com o que eu vou compartilhar com vocês hoje. A chave para a interpretação de qualquer passagem é sempre o contexto. Em outras palavras, cada seção da Escritura deve ser interpretada à luz de todo o livro, o capítulo em que se encontra, o parágrafo anterior e o parágrafo seguinte. Simplificando: O contexto é o ambiente de pensamento em que uma dada passagem está contida.

Nós nos comunicamos através do contexto. Se eu dissesse a você: “Eu subi e desci”. Você não saberia o que estou falando. Eu poderia estar falando sobre a minha temperatura, meu peso, uma montanha-russa, uma viagem de avião, dirigindo meu carro até uma colina, uma caminhada. Ou seja, você precisa de um contexto. Isso é uma maneira simples de dizer que cada conversa com algum significado tem que ter um contexto.

Cada passagem da Escritura tem um ambiente de pensamento em que ela existe e faz sentido. Então, a primeira coisa que temos que fazer é pensar sobre o contexto em que esta passagem está contida.

  • Tiago estava escrevendo esta carta para uma assembleia de judeus. Eles são chamados de “doze tribos que andam dispersas” (Tiago 1:1).
  • Eles são uma igreja, um conjunto de judeus que usam o nome de Cristo. Eles foram espalhados pelas perseguições de Atos 7 e 8, que chamamos de a ‘dispersão’ ou a ‘diáspora’.
  • E aqui é um grupo de judeus que vive em algum lugar na área do Mediterrâneo, não sabemos onde.

Por serem judeus e seguirem a Cristo, eles enfrentavam hostilidade. Eles estavam em uma situação de grande estresse. Por isso Tiago começa sua carta dizendo: “Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações; Sabendo que a prova da vossa fé opera a paciência” (Tiago 1:2-3).

Os que eram genuinamente cristãos precisavam permanecer fiéis em uma situação muito difícil. Eles estavam enfrentando grandes problemas. Eles estavam sendo perseguidos por causa da fé que eles tinham em Cristo. Havia a hostilidade de fora e os conflitos interiores.

E através desta maravilhosa epístola, Tiago estava os chamando a suportar tudo isso. Apesar das duras provas, Tiago diz: “Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma” (Tiago 1:4).

E completa: “Bem-aventurado o homem que suporta a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam” (Tiago 1:12).

Diante das duras perseguições Tiago diz: “Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus” (Tiago 1:19-20).
Diante da tentação do pecado: “… O pecado, sendo consumado, gera a morte. Não erreis, meus amados irmãos” (Tiago 1:15-16).

No capítulo 5, ele retorna ao mesmo tema:

Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia. Sede vós também pacientes, fortalecei os vossos corações; porque já a vinda do Senhor está próxima. Irmãos, não vos queixeis uns contra os outros, para que não sejais condenados. Eis que o juiz está à porta. Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor. Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso (Tiago 5:7-11).

Do versículo 7 a 11 do capítulo 5, ele os está chamando novamente para serem fiéis nas perseguições. Eles estavam em uma situação contínua de sofrimento. Eles estavam sob uma pressão que poderia produzir irritabilidade e fraqueza.

E então ele os encoraja, nos versos 7 a 11, a serem pacientes, suportarem os maus tratos e fortalecerem seus corações. Foi uma exortação para as pessoas que estavam sob perseguição, para permanecerem pacientes, fortalecidas, sem queixas, tendo a sua quota de sofrimento para exaltar o nome de Jesus Cristo.

Agora, com esse tipo de tema em mente, com o contexto geral para a epístola, não estamos surpresos, francamente, quando chegamos aos versículos de 13 a 18 do capítulo 5. Ele começa dizendo “Está alguém entre vós aflito? Ore”. A oração é mencionada em cada verso. Eles precisavam depender do recurso divino. A oração era a chave.

Isso, então, é uma passagem sobre a oração. Pessoas que estavam sendo chamadas à paciência, à resistência, ao fortalecimento de seus corações, ao sofrimento sem reclamar e tendo aflição, como fazia Jó. Isto exigia um comprometimento com a oração.

Então, o que Tiago está nos dizendo é que o centro de nossa resistência é a oração. Veja o ele disse: “Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai, por vossas misérias, que sobre vós hão de vir. Condenastes e matastes o justo; ele não vos resistiu” (Tiago 5:1,6).

Havia algumas pessoas mundanas e ricas que literalmente matavam cristãos. Era uma hostilidade bastante grave. Alguns cristãos estavam sofrendo lesões corporais. Alguns deles foram literalmente esmagados em seu espírito, mental e emocionalmente. Alguns deles foram feridos profundamente ou mutilados.

Diante disto Tiago diz: “Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores” (Tiago 5:1). É sempre este o recurso divino, amados. É tão simples e é tão direto. E de alguma forma nós perdemos isto.

Agora, com este contexto, você pode entender que esta é uma passagem sobre a oração. Não é uma passagem sobre cura. Vamos ver especificamente o que ele ensina. Quatro coisas que quero recordar-lhe: oração e conforto, oração e restauração, oração e comunhão, oração e poder.

A Oração fornece conforto ao guerreiro ferido, restauração, comunhão e poder. É isto que ele está transmitindo. Cada um deles é um recurso maravilhoso para o cristão leal que está sofrendo muito na sua experiência espiritual.

Ele reconhece a dureza do conflito. Ele sabe que há a necessidade da oração. E ele não só trata dessas quatro características da oração, como também encaixa todas as pessoas nelas: no versículo 13 ele fala sobre o crente, o indivíduo. E, em seguida, nos versos 14 e 15, sobre os anciãos, os pastores, os líderes da igreja. Então, no versículo 16, ele fala sobre toda a congregação.

Assim, ele abraça toda a Igreja, na sua vida de oração e também fala sobre as características maravilhosas da oração que beneficiam a vida do crente.
A atenção primária desta passagem com base no verso 13 é claramente as baixas da batalha. Os crentes fracos, os crentes derrotados, os que perderam o vigor em suas vidas espirituais, os soldados caídos, os gravemente feridos nas batalhas.

Você já experimentou isso, não é? Às vezes, em meio à dureza das batalhas, seu espírito se abate. Alguém esmagou você. Em alguns lugares na história cristã, e alguns lugares no mundo hoje, essas podem até ser feridas físicas que são infligidas.

Esta é a chave para interpretar o que Tiago diz nos versos de 13 a 18 do capítulo 5. Entendemos agora o contexto. Estou convencido de que esta passagem não tem absolutamente nada a ver com a doença física ou doenças em geral. Não é uma passagem sobre a cura de doenças físicas.

É uma passagem sobre a cura de fraqueza espiritual, cansaço espiritual, esgotamento espiritual e depressão espiritual, que exige meios espirituais, ou seja, o quê? Oração.

Não há nenhuma razão convincente, em todo este texto, para pensar que Tiago criou uma seção sobre a cura física. Isso é inconsistente com a sua carta e o contexto dela.

Oração e conforto

“Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores” (Tiago 5:13).

Agora, com isso em mente, vamos olhar para o ponto número um. Isso é tão rico. Oração e conforto. Veja o que ele diz no verso 10: “Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor”.

Agora ele diz (verso 13): “Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores”. Vimos isso em II Timóteo 2: Fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus… Por isso sofro trabalhos e até prisões, como um malfeitor… Se sofrermos, também com ele reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará” (v. 1,9,12).

O que Tiago está dizendo? Qualquer um de vocês que está sentindo o peso da perseguição e dos combates? Ore. Recorra a Deus. Veja o que Pedro disse:

Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós. Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; Ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo (I Pedro 5:6-9).

Eu nasci e cresci ouvindo este hino:

Em Jesus amigo temos mais chegado que um irmão.
Ele manda que levemos tudo a Deus em oração.
Oh, que paz perdemos sempre.
Oh, que dor no coração!
Só porque nós não levamos tudo a Deus em oração.

Temos lidas e pesares, e na vida tentação.
Não ficamos sem conforto indo a Cristo em oração.
Haverá um outro amigo de tão grande compaixão?
Os contritos, Jesus Cristo, sempre atende em oração.

E, se nós desfalecemos, Cristo estende-nos a mão.
Pois é sempre a nossa força e refugio em oração.
Se este mundo nos despreza,
Cristo é nosso, em oração.
Em seus braços nos acolhe e nos dá consolação.

E assim, se você está sofrendo, ore. Tiago completa: “Está alguém contente? Cante louvores”. No original grego, o que ele está dizendo é qualquer um que “está bem em espírito” ou “qualquer um que está bem na alma”.

Ele não está falando de coisas físicas aqui, ele está falando sobre o seu espírito. Por um lado você tem a alma em sofrimento. Por outro lado você tem a alma feliz.

Por um lado você tem o espírito quebrado e ferido. Por outro lado, você tem o espírito em regozijo. Um está cantando louvores, o outro está pedindo conforto.

Se alguém está feliz em espírito, cante louvores. E ele usou uma bela palavra grega “psallo” a partir do qual vem a palavra “salmos”. Você está com dor espiritual profunda, ore. Sua alma está em alegria, louve. E louvor é uma forma de oração, não é? É uma expressão de gratidão.

Assim, o principal ponto que eu quero que você observe fora do versículo 13, é que Tiago não está falando de oração em relação àqueles que estavam com alguma enfermidade física.

Mas em relação àqueles que estavam mentalmente e emocionalmente sofrendo os efeitos das provações, tentações e perseguições.
Quando nos aproximamos do próximo ponto, ele se move para além de quem estava sofrendo, Ele fala daqueles que haviam perdido a capacidade de suportar o sofrimento. Temos aqui o soldado caído, o guerreiro ferido, o exausto, cansado e deprimido cristão.

Oração e Restauração

E isso nos leva à discussão de oração e restauração no versículo 14:Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor” (Tiago 5:14).

A Escritura diz: “Está alguém entre vós…” e, em seguida, o verbo grego “ασθενεω” (astheneo), que quer dizer “estar fraco”. Esse “estar fraco” pode expressar vários sentidos, mas seu significado principal é uma expressão de fraqueza. As traduções sempre dizem “doente”. Como resultado disso, todo mundo assume que ele está falando sobre doenças físicas.

Há vários termos no Novo Testamento que podem se referir a doença ou enfermidade. O termo aqui é muito, muito importante. “Astheneo” pode se referir à doença, pode e é usado no Novo Testamento, mas todos os léxicos gregos concordam que seu significado primário é “estar fraco” ou “estar impotente”.

Nas epístolas apostólicas e no livro de Atos, ele é usado, na maioria das vezes, para expressar este tipo de fraqueza e não uma doença física.

  • Em Romanos 4:19 e 14: 1,2,21 é usado para expressar “estar fraco na fé”.
  • Em 1 Coríntios 8:9,11-12 ele é usado para expressar “fraqueza espiritual”.
  • Em Romanos 5:6 ele é usado como “fraqueza espiritual”, a “impotência dos perdidos”.
  • Em 2 Coríntios 11:21 ele é usado para se referir à “fraqueza da personalidade”.

Olhe comigo por um momento em II Coríntios 12:10: “Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte”.

Este é um uso muito interessante desta mesma palavra. Paulo está falando sobre suas perseguições e sobre suas dificuldades. E ele diz que tem um espinho na carne (v.7) que ele orou para que Deus tirasse. Mas Deus não lhe atendeu e lhe disse: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (v.9).

Em seguida, no versículo 10, ele usa esta mesma palavra “astheneo”: “Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte”.

Em outras palavras, esta mesma palavra é usada aqui para os pontos fracos na carne humana, como resultado das dificuldades da vida.
É um termo, então, que em sua maioria nas epístolas e no livro de Atos tem a ver com fraqueza. E principalmente com a fraqueza espiritual.

Dentro do contexto da carta de Tiago e das cruéis perseguições que assolavam aqueles irmãos, certamente a melhor tradução seria “Está alguém entre vós fraco?”.

Ou seja, está alguém abatido no meio da batalha, lutando por sua vida diante dos perseguidores e sentindo-se derrotado? Veja que no verso anterior ele diz “Está alguém entre vós aflito? Ore”.

Mas agora ele usa uma palavra de maior intensidade: “Está alguém fraco?”. As duras batalhas colocaram alguns numa posição de total fragilidade espiritual.

Bem, ele diz: “Se está aflito, ore”. Mas, se alguém atingiu o fundo do poço, e já não encontra forças nem para orar de forma eficaz, então “chame os anciãos da igreja”. Eles são os pastores que vão ao socorro do rebanho.

Segundo I Timóteo 3 e Tito 1, os pastores são qualificados espiritualmente e fortes para suportar pacientemente as tribulações e socorrer os que estão debilitados, com a Palavra e a oração.

No verso 16, ele diz que “A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos”. Vê isso? Isso não é um belo ministério? Apóstolos nomearam diáconos para tratar de assuntos diversos na igreja. Por quê? “Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra” (Atos 6:14).

A Palavra não diz: “Aconselhamento e no ministério da Palavra”, mas “oração e no ministério da Palavra”.

Muitos pastores pensam que o seu papel é o de pregar a Palavra por um lado e dar conselhos de outro. Isso não é o que a Escritura diz. O poder de Deus está em sua Palavra. A função do Pastor é exatamente esta: Pregar a Palavra e orar pelo rebanho. O que aconteceu com este ministério? Para onde ele foi?

Muitos pastores abandonaram suas funções indelegáveis para gastar seus ministérios dando conselhos a todos em seus problemas. Estranho. Triste.

Através da Palavra e da oração, os pastores podem animar os guerreiros feridos, os soldados quebrados, as pessoas de coração partido e que não têm sequer força para invocar a Deus de seu próprio coração. Esse é o ministério. Esse é o dever pastoral. Os pastores são chamados para isto: Palavra e oração.

Você diz: mas o que quer dizer “ungindo-o com óleo em nome do Senhor? O que é isso?”.

  • A palavra “ungir” aqui é o verbo grego “ἀλείφω” (aleipho), que significa esfregar óleo.
  • A melhor maneira de traduzir este seria “esfregando-o com óleo em nome do Senhor”. Neste caso, com o azeite de oliva.
  • Literalmente o texto diz: “Depois de ter oleado ele”. Isso não é interessante?

Você diz: ‘Espere um minuto. Quer dizer que você vai a um pastor e te vai te olear? O que é isso?’

A palavra “aleipho” significa massagear com óleo. Esta palavra nunca foi usada, repito, nunca foi usada, nas Escrituras Sagradas, para falar de uma unção cerimonial.

Para este fim é usada uma palavra completamente diferente: “chrio”. “Aleipho” é um uso secular, significando literalmente “esfregar” óleo em alguma coisa. A raiz da palavra é “lipos”, que significa “graxa”. Não é uma palavra de uso cerimonial, espiritual.

Em todos os usos da unção cerimonial o verbo que aparece é “chrio”. E cada vez que você lê “aleipho”, o sentido tem a ver com “aplicar óleo” em alguém.

As pessoas faziam isso depois de um banho. De fato, o óleo era a base do sabão. E, nesse sentido, poderia referir-se à lavagem de alguém. Era também usado com vinho. Você se lembra? Em Lucas 10:34 , o bom samaritano colocou vinho e óleo sobre as feridas do homem.
O vinho fermentado tinha álcool e purificaria as feridas. E então o óleo acalmava. Ele só era bom para uma aplicação tópica ou externa.

Um crente chegando fraco, cansado, ferido, esmagado e quebrado na batalha, muitas vezes perseguido em seu trabalho ou por alguém que odiava a Cristo, e os anciãos literalmente derramavam óleo sobre essa ferida.

Muitas vezes os anciãos da igreja, por não haver médicos confiáveis naquele ambiente hostil, vinham socorrer aqueles que estavam extenuados com as durezas do dia. E esses homens na bondade infinita, levavam algum óleo para esfregar os músculos doloridos de um crente cansado, que no serviço de Cristo tinha suportado o ódio de alguém.

Mas também tinha um sentido metafórico. Que nada tem a ver com uma literal aplicação de óleo, mas uma palavra de estimulo, incentivo, uma mensagem ao seu espírito para proporcionar força para a sua fraqueza.

Por um lado, eles podiam realmente aplicar o óleo. Lembra-se da cena da mulher ungido os pés de Jesus com unguento? O que disse Jesus a Simão: “Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com unguento” (Lucas 7:46).

Se você fosse a uma casa e como convidado principal, a primeira coisa que eles podiam fazer, depois de limpar seus pés, era derramar óleo sobre a tua cabeça. Um óleo perfumado apenas para um refrigério para a poeira e calor do dia.

Esse é o espírito aqui. Essa é a ideia. O óleo era aplicado para feridas externas. Veja Isaías 1: “Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo” (v.1). Ele está falando de Israel na forma de um corpo humano aqui, metaforicamente. Eles usavam óleo para curar as feridas externas e amaciar a pele ressecada.

Isso é um ministério maravilhoso. Este é o ministério da restauração, em que os fracos, cansados, soldados exaustos, quebrados e feridos, que estavam lá fora, lutando a batalha, encontram em seus pastores os recursos espirituais da Palavra e da oração.

E esses pastores, com um coração compassivo, são usados por Deus para fortalecer, estimular, consolar o coração quebrado e até mesmo ministrar aos ferimentos, se há feridas no corpo humano. Esse é o ministério do amor. Isso é o ministério do cuidado. De alguma forma, nós perdemos isso.

Mesmo em Marcos 6:13 diz que os apóstolos massageavam óleo sobre pessoas. Eles entenderam isso. Eles ministraram conforto físico.

[A Bíblia não tem qualquer relato de que Jesus ungiu alguém com óleo nas curas que realizou. O relato em Marcos 6:13, não somente foi usado o óleo em suas propriedades, mas sob uma profunda dependência do Senhor].

Os feridos na batalha vinham para os líderes piedosos, espiritualmente fortes, para orar com eles e orar por eles, incentivá-los, estimulá-los e curar suas feridas. Isto é retrato no Salmo 23: “Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda” (v.5).

Você sabe o que isso significa? Quando o pastor trazia todas as ovelhas para o pequeno rebanho na encosta, depois de terem pastado durante todo o dia, ele colocava sua equipe na frente da pequena entrada e apenas uma ovelha passava por vez.

Ele examinava todo o corpo do animal. Onde quer que houvesse uma ferida, ele massageava óleo e a acalmava. Onde quer que a pele estivesse ressecada, ele esfregava o óleo e depois deixava a ovelha entrar. Isso é o ministério do pastor… O ministério de cuidar. É um ministério de restauração.

De alguma forma, isso é tão absolutamente estranho à igreja hoje. Este é o ministério da oração. E eu quero dizer-lhe que, como pastor e ancião aqui, e digo isto em nome de todos os pastores, que queremos não só ensinar a Palavra de Deus para vocês, mas nós queremos ser uma força no meio de sua fraqueza espiritual.

Queremos ser espiritualmente fortes, para vocês encontrarem um refúgio na Palavra e na oração. E se for necessário o óleo através do consolo, zelo e ânimo, fortalecendo e restaurando você através dos clamores a Deus, pois “a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tiago 5:16).

E então ele diz: “ungindo-o com azeite em nome do Senhor” (v.14). O que isso significa em nome do Senhor? Para dizer “em nome do Senhor” significa consistente com o seu nome. Consistente com quem Ele é, porque seu nome é quem Ele é. Deus disse: “Eu sou o que sou… Esse é o meu nome”. Para fazer isso em nome do Senhor, significa fazê-lo porque é isso que Cristo faria. Orar em nome do Senhor significa dizer o que Cristo diria.

E então não é de admirar que o versículo 15 diz: “E a oração da fé salvará o doente”. No grego, a palavra usada aí é “κάμνοντα” (“komnonta” de “Kamno)” e significa “estar cansado”. Então, não é usado no texto original a palavra grega que significa “doente”, tanto no inglês, como no português. A tradução correta é “estar cansado”.

E essa mesma palavra grega, “komnonta”, é usada apenas uma outra vez no Novo Testamento, em Hebreus 12:3: “Considerai, pois, aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos”.

Observe que este verso da carta aos Hebreus tem o mesmo contexto da carta de Tiago. Está falando da necessidade de as pessoas que estão sofrendo perseguições olharem para Jesus, a fim de serem fortalecidas (v.2).
E a mesma “oração da fé” feita por esses homens de Deus, conforme Tiago escreveu, é que irá restaurar aquele que está cansado, e perdeu o ânimo.

A palavra “salvará” (v.15) é uma palavra tão maravilhosa no grego (para salvar, para resgatar), e aqui significa “para restaurar”. Nos evangelhos, nas expressões “a tua fé te curou”, é usada esta mesma palavra. Mas aqui não tem a ver com a doença física. A oração da fé salvará o cansado (“κάμνοντα”).

“E o Senhor o levantará” (v.15). Aqui a palavra usada no grego tem o sentido de: levantar, despertar, excitar. Oh, isto é um pensamento tremendo. Aquele que havia perdido todo o seu ânimo e entusiasmo, será restaurado, excitado e despertado pelo Senhor. Que promessa! Amado, é uma tremenda promessa!

Quando você chegar ao ponto de estar espiritualmente fraco, tendo esgotado todos os seus recursos, certo de que está perdendo a batalha, tudo parece estar caindo aos pedaços sem forças para clamar, o que fazer?

Ir para a quem é espiritualmente forte, os anciãos da igreja e esses homens piedosos intercederão por você com o óleo do conforto para restaurá-lo.
E o próprio Senhor, em resposta à oração da fé feita em Seu nome, virá restaurá-lo e levantá-lo.

Note que na última parte do versículo 15, ele diz: “e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.” Isso prova a certeza de que ele não está falando sobre doenças físicas, porque nem toda a doença está relacionada com o pecado.

Mas, se no caso em que o seu cansaço e sua derrota espiritual são resultados do pecado, nesse ambiente de confissão e clamor a Deus, você vai experimentar o perdão. Uma restauração completa. Tremenda.

Agora você pode ser fraco na batalha apenas por causa da perseguição. Mas você também pode agravar essa fraqueza através do pecado. Em qualquer caso, se você chegar a esse ponto de fraqueza, cansaço e exaustão, você não poderá lutar a batalha sozinho. A presença dos anciãos da igreja, através de suas orações e cuidados, irão te levantar. É um dever dos pastores estarem envolvidos no ministério da restauração. Isso é o que ele está falando aqui.

Oração e Comunhão

Em seguida, Tiago vai para um terceiro ponto: Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis…”.
Em outras palavras: Não espere até chegar ao fundo do poço. O pecado quer isolá-lo. O pecado não quer ser exposto. E enquanto ele é privado e secreto, ele pode se auto-alimentar. E Deus quer que você o exponha entre as pessoas que você ama.

Ser honesto, compartilhar sua luta, que as pessoas saibam que você está em uma batalha para que você não se torne fraco, derrotado, exausto e ferido. Abra-se, compartilhe, busque o perdão uns com os outros. Confessar as fraquezas da sua vida até que Deus lhe dê a vitória sobre essas áreas. Não lute sozinho. Não deixe que isso aconteça.

Assim, ele ensina confessar um ao outro e, em seguida, orar uns pelos outros. Você diz a alguém onde está sua batalha e depois ele ora por você diante de sua batalha, e você é restaurado.

“Sareis” (no grego) pode ser usado para doença física, mas a palavra pode ser usada para libertação de muitas coisas. Quando ele diz que você pode ser curado (ou sarado), há muitas maneiras que a palavra pode ser usada. Mateus 13:15 utiliza este mesmo verbo grego:

Porque o coração deste povo está endurecido, E ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam seus olhos; Para que não vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, E compreendam com o coração, e se convertam, e eu os cure.

Jesus está falando sobre a salvação e restauração espiritual, e não sobre cura física.

Jesus volta a usar o mesmo verbo em outros textos sem referência a doenças físicas, por exemplo:

“Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, a fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, e se convertam, e eu os cure”. (João  12:40)

“O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração” (Lucas 4:18).

Alguns exemplos de uso deste verbo sem referência a doenças físicas:

Porquanto o coração deste povo está endurecido, E com os ouvidos ouviram pesadamente, E fecharam os olhos, Para que nunca com os olhos vejam, Nem com os ouvidos ouçam, Nem do coração entendam, E se convertam, E eu os cure (Atos 28:27).

Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados (I Pedro 2:24).

Assim, o ponto é este, se você chegou ao fundo de poço, em função da perseguição e agravada pelos seus próprios pecados, você vai para os homens espiritualmente fortes, eles aplicam o óleo do conforto e amor, orando a Deus por sua vida. E para evitar que você chegue a este extremo, queridos irmãos, partilhem seus cargas uns com os outros e orem uns pelos outros.

Oração e Poder

Tiago tratou sobre oração e comunhão, oração e restauração, a oração e conforto e, por fim, oração e poder: “A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (v.16). Tão simples. É por isso que você vai para os mais experimentados, uma pessoa justa orando por você tem um poder tremendo.

Vou colocar isto de uma forma muito clara para você: Se uma pessoa que está enfrentando lutas, encontrar um homem justo e piedoso, e com ele passar algum tempo de joelhos, em oração e súplica, descobrirá que o poder está na oração e não no aconselhamento.

Mas tem que ser um homem justo, porque a Palavra diz: “Se eu atender à iniqüidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá” (Salmo 66:18). Você necessita estar andando com Deus para que possa ajudar alguém. Se esta não for sua realidade, em nada você será útil para aqueles que estão enfermos espiritualmente.

Essa frase “pode muito em seus efeitos” (v.16), no grego, significa literalmente: “é muito forte”. O poder da oração de um homem que vive retamente diante de Deus e que está lidando com o pecado na vida de outros, é muito forte.

Sabe o que isso me diz? Há coisas como orações fracas. E orações fracas vêm de pessoas fracas. É por isso que as pessoas fracas têm que ir para as pessoas fortes. Amados, temos um ministério de oração tremendo para o outro. Uma tremenda responsabilidade.

Para exemplificar sobre esta questão do poder, ele dá uma ilustração. Eu acho que isso é tão interessante. Eu demorei de entender isto: “Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra. E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto” (Tiago 5:17-18).

A maioria dos judeus considerava Elias o mais romântico aventureiro do Antigo Testamento. E todo mundo sabia sobre ele. Elias era um homem com uma natureza como a nossa. Em outras palavras, ele era apenas como nós somos. Ele era apenas humano. Ele tinha paixões. Ele sofreu como nós sofremos.

Você pode voltar e ler 1 Reis 17:11 e descobrir que ele estava com fome. Você pode ler 1 Reis 19:3 e descobrir o que ele estava com medo.
Você pode ler 1 Reis 19: 4 e você pode descobrir que estava cansado da batalha, a ponto de dizer a Deus; “Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida…”. Ele era apenas um homem.

A palavra que Tiago usou no grego e nós a traduzimos como “orando”, referindo a Elias, tem um sentido incrível: “Ele orou com oração”, uma maneira de dizer que ele realmente orou.

Algumas pessoas oram, mas elas realmente não oram. Elas falam de Deus como se Ele fosse um garçom divino e eles apenas estão lhe dando uma ordem. Mas Elias realmente orou. Você pode ler 1 Reis 17, é a história, mas ele realmente orou.

Tiago disse que Elias orou para não chover. E sabe de uma coisa? Não choveu por três anos e meio. Ele era um homem como nós. Mas ele era um homem justo.

Suas orações eram tão poderosas que não choveu por três anos e meio. Ele orou novamente pedindo chuva, o céu derramou chuva, e a terra produziu o seu fruto.

Se você ler 1 Reis 17, o texto não diz nada sobre a oração de Elias. Não diz nada sobre os três anos. Em 1 Reis 18 menciona o terceiro ano. Elias passou dois anos em Sarepta com a viúva e no terceiro ano foi confrontar Acabe. A única coisa que sabemos sobre a oração e o tempo sem chover é o que Tiago nos diz.

Mas o interessante é Tiago dizer que Elias era um homem exatamente como nós somos. Ele tinha pontos fortes e fracos. E ele disse: olhe para ele, ele orou e olha o que Deus fez. Deus controlou literalmente a chuva em resposta à sua oração.

Agora, deixe-me dizer mais uma coisa. Isso é uma ilustração interessante. Mas se Tiago nesse texto que estamos tratando tivesse falado sobre a cura física, seria uma ilustração estranha de usar.

Se ele quisesse ilustrar a cura física, ele poderia ter usado uma infinidade de ilustrações sobre a cura física, certo? Mas para ilustrar como Deus envia a água refrescante em terra seca, esta é uma ilustração perfeita. Porque o que ele está falando é que o fraco de alma, em sequidão, exausto e cansado, precisa de um derramamento da chuva refrescante da bênção de Deus.

É uma ilustração perfeita. Como Deus enviou a chuva em resposta às preces de um homem justo e poderoso. Então, em resposta às verdadeiras orações de homens justos, Ele envia a restauração abençoadora de alegria e refrigério para os crentes cansados, secos, exaustos e que precisam tão desesperadamente de uma refrescante toque do céu. Este é o ministério de oração.

Vamos orar…

Nós Te agradecemos, abençoado Pai, por esta grande palavra para nós.
Eu Te agradeço pela alegria de estudar a Bíblia e descobrir suas preciosas verdades.
Mas confesso a loucura da minha própria ignorância, nos anos que não fiz o que eu deveria ter feito, porque eu não entendia.
A verdade sempre esteve lá. Perdoe-me por minha incapacidade de não ter sido diligente o suficiente para entendê-la. Mas obrigado por Tua graça em mostrar-nos isso. Dê-nos a todos uma nova fome de oração.

Senhor, se houver alguém, nesta congregação, que sofre perseguição por sua fé em Cristo, energize suas orações.
E, Senhor, se há alguns que, por causa da perseguição, estão cansados, talvez agravados pelo pecado em suas vidas, e estão fracos e sem nenhuma força, que eles possam achar pastores piedosos.
Pastores que possam chamá-los para juntos orarem, buscando o poder do alto,para que possam ver o poder de Deus em movimento.

Nós oramos, Pai, para que Tu nos dê o ministério da restauração, para estimular, incentivar, massagear o cansado, despejando óleo sobre suas feridas, acalmando, confortando e orando com paixão em seu nome, para um renovo espiritual.
Ajuda-nos a substituir nossos métodos para o plano divino da oração. Dê-nos de volta na igreja o ministério da oração.

E, Senhor, que isso aconteça em um nível congregacional, onde compartilhamos nossas fraquezas e oramos uns pelos outros.
Para que nunca cheguemos ao lugar de fraqueza total, por estarmos sempre fortalecido pelas orações de justos que amamos.
E nos ajude a saber que nossas orações têm poder, assim como Elias orou e viu a mão de Deus operar.
Podemos saber que há poder na oração, porque vemos sua mão operando entre nós.
Vemos o Senhor levantar e restaurar os feridos, fortalecê-los e usá-los novamente em uma forma mais graciosa.
Agradecemos-te porque a oração traz conforto, restauração, comunhão e poder.
E nos abençoe seu nome. Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.


Este texto é uma síntese do sermão “The Power of Righteous Praying”, de John MacArthur em 30/08/1987.

Você pode ouvi-la integralmente (em inglês) no link abaixo:

http://www.gty.org/resources/sermons/59-33/the-power-of-righteous-praying

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


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1 Response

  1. ESTEVÃO SCHRAN CARNEIRO disse:

    gostei muito, bem sugestivo e claro.

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