O cristão e o álcool – Parte 2


Nota do tradutor: Para entender melhor este texto, recomendamos ler, previamente, a primeira parte. Clique aqui e leia “O cristão e o álcool – Parte 1”


Gostaria de explicar porque é que eu decidi falar com você sobre a relação entre o cristão e as bebidas alcoólicas nas últimas duas semanas. Havia um bom tempo que eu não ministrava sobre esse tema.

Mas, a razão de eu estar fazendo isso reside no fato de que você pode ter muitos “paedidaktikos” (é a palavra grega). Você pode ter muitos tutores. Mas, ousaria dizer, você tem um pai espiritual, no sentido terreno e Paulo disse isso para os coríntios (1Coríntios 4:15). Você pode ter dez mil “paedidaktikos”, ou seja, pessoas influenciando você, mas você tem alguém que é responsável por sua alma em um sentido muito real, como seu professor.

Quando falamos sobre o que a igreja é, ela realmente se resume a Hebreus 13:17: “Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil.” Essa é uma responsabilidade muito séria. Eu tenho que prestar contas do cuidado com as vossas almas.

Os perigos do alcoolismo são óbvios para todos nós. E é uma parte dos cuidados com a alma e, particularmente, porque nossa igreja é tão cheia de jovens e eles são os mais vulneráveis e os mais suscetíveis aos perigos da embriaguez e dos hábitos que são desenvolvidos a partir de consumir álcool.

É apenas mais um dos elementos no pastoreio que precisa ser tratado. E o que tem elevado o interesse pelo álcool hoje, neste momento, é uma nova geração de pastores jovens que são fortes defensores de que os cristãos precisam usar frequentemente sua liberdade e começar a beber, se ainda não o tenham feito isso. E alguns desses pastores disseram publicamente: “Eu pedi perdão ao Senhor por não beber álcool.”(!!!)

Então, nós nos esforçamos para dar a vocês uma compreensão bíblica desta questão e que irá fornecer alguma proteção para você.

Vamos voltar a Efésios 5:18. “E não vos embriagueis com vinho em que há devassidão, mas enchei-vos do Espírito Santo.”

Isso parece um contraste estranho para você? Por que o contraste entre ser cheio do Espírito Santo com a ordem de não se embriagar com vinho? Alguém pode dizer: ‘bem, você só deve estar sob a influência interna do Espírito Santo, não do álcool.’ Há verdade nisso e é bastante óbvio. Mas há algo muito mais significativo no que ele está dizendo aqui e tratamos sobre isso na semana passada.

O texto de Efésios está contrastando a embriaguez (que era essencial para a experiência religiosa pagã), com uma verdadeira comunhão com Deus produzida pelo Espírito Santo. As religiões que dominaram a região do Mediterrâneo, as religiões de mistério, os subprodutos dessas religiões tiveram a embriaguez como uma parte dos seus componentes, e esta tinha um papel importante.

Os cultos pagãos eram caracterizados por orgias de bêbados, porque acreditava-se que se a pessoa estivesse bêbada, ela transcenderia o mundo nominal, a terra firme e se elevaria para comungar com as divindades e assim eles se engajavam em brigas de bêbados e orgias, gula e imoralidade. Tudo isso destinava-se a elevá-los para comungar com as divindades…

Paulo fala em 1 Coríntios 10:20-21 que nestes cultos pagãos os adoradores não mantinham comunhão com Deus, mas com os demônios. Paulo está falando sobre um tipo diferente de religião. Havia pessoas em Éfeso que eram familiarizadas com esse tipo de culto, assim como o povo de Corinto era e como todas as pessoas no mundo gentio Mediterrâneo estavam.

Eles iam aos templos pagãos e se envolviam com demônios. Nesses templos ocorriam as festas em culto ao deus ‘Baco’, o deus do vinho, caracterizadas por extrema gula, embriaguez e imoralidade, com direito a ‘prostitutas do templo’. Este era o modelo de adoração do mundo pagão antigo . E o apóstolo Paulo está levantando um grande e extremo contraste, afirmando que para comungar verdadeiramente com o único e verdadeiro Deus, você deve estar sob o controle completo do Seu Espírito Santo.

Aquela era a maneira não regenerada de vida. Paulo diz em 1 Coríntios 5, novamente em 1 Coríntios 6, que era “como vocês costumavam viver”. Mas, agora vocês foram lavados, santificados. Vocês não vivem desse jeito. Aquela era a maneira antiga. Eu amo as palavras de Pedro em 1 Pedro 4:3: “Porque é bastante que no tempo passado da vida fizéssemos a vontade dos gentios, andando em dissoluções, concupiscências, borrachices, glutonarias, bebedices e abomináveis idolatrias”.

Já falamos sobre o fato de que a embriaguez é um pecado, inequivocamente um pecado. É condenado no Antigo Testamento. É condenado no Novo Testamento, qualquer tipo de embriaguez, qualquer coisa que embota os seus sentidos, que remove as restrições no seu comportamento, que altera o seu pensamento. Você tem que estar com a mente sóbria, ser lúcido.

Mas, esse realmente não é o foco primário de Paulo no texto de Efésios 5:18. Seu foco primário é demonstrar que há um novo tipo de adoração em Cristo. É o oposto da extrema imoralidade do passado, das práticas das quais aqueles cristãos efésios tinham sido salvos. Em 1 Coríntios 10:20-21, ele diz: ‘Você não pode vir para a mesa do Senhor e então ir para a mesa de demônios.’

Ser preenchido com o Espírito é viver sob o poder do Espírito Santo. É viver sob o domínio da Verdade. A Palavra de Cristo deve fazer moradia em nós e, assim, vamos sendo conformados com a Verdade, tanto a verdade escrita (as Escrituras), como a Verdade encarnada (Jesus), pela obra do Espírito Santo.

Mas tendo visto isto na primeira parte deste sermão, pareceu-me óbvio que todos concordam que um cristão não deve se embriagar e se deixar levar pela devassidão, tal como os ímpios fazem. Isso é extremo. Mas, vem a outra questão: como cristãos, podemos ingerir álcool? O que a Palavra nos ensina sobre isso?

E, então, eu disse que tinha oito pontos através dos quais você pode responder estas questões biblicamente. Na semana passada falamos sobre o primeiro ponto ou princípio, (Clique aqui e leia “O cristão e o álcool – Parte 1”)

Os cristãos que defendem ser lícito beber vinho, o fazem com base em um argumento básico, qual seja: os crentes no Antigo e Novo Testamento bebiam vinho. E disso veio o primeiro ponto: o vinho hoje, ou a bebida alcoólica hoje, é o mesmo dos tempos bíblicos? Será que quando falamos no vinho que era bebido pelos crentes dos tempos bíblicos, estamos falando do mesmo vinho que conhecemos hoje? E a resposta para a questão é NÃO, como já vimos.

Vimos, como exemplo comparativo, que a Bíblia nunca condenou a escravidão, tanto no Velho como no Novo Testamento. Na verdade, ela usa escravidão como uma analogia de como estamos relacionados com Jesus Cristo, pois Ele é o Mestre e nós Seus escravos. No Antigo Testamento pessoas tinham escravos e isso era normal. Os escravos deviam ser obedientes aos seus mestres e os mestres deviam ser gentis com seus escravos. No Novo Testamento foi a mesma coisa.

Então, ao saber disso, alguém hoje poderia dizer: “onde eu posso ir para comprar alguns escravos? Eles tinham escravos na Bíblia. Eles tinham escravos no Antigo Testamento. Eles tinham escravos no Novo Testamento. Preciso de escravos! Quero ser um cristão completo, eu preciso de escravos!”(!!!)

É que vivemos em um mundo diferente hoje… muito diferente. Ninguém defenderia que um cristão poderia ter escravos hoje. O conceito de escravidão no nosso mundo é diferente do conceito bíblico. É análogo ao dizer, então,porque as pessoas bebiam no Antigo Testamento, bebiam no Novo Testamento, precisamos ingerir bebidas alcoólicas hoje?

Será que estamos falando sobre a mesma coisa? O que a escravidão é hoje é o tráfico humano, muito diferente do que um benevolente sistema que pegava pessoas necessitadas e as fazia parte da família, dando-lhes cuidados em troca de trabalho.

Quanto ao vinho, tanto no Antigo e no Novo Testamento, era algo muito diferente do que é hoje, pois era diluído com água. Há vários tipos de provas, repletas de evidência de que as pessoas que bebiam vinho nos tempos antigos, mesmo os ímpios, bebiam vinho misturado com água, numa proporção que ia de três partes de água para uma de vinho até vinte partes de água para uma de vinho.

Outra maneira que vimos é que os antigos ferviam o vinho para evitar a fermentação do mesmo, porque não havia refrigeração. Eles ferviam o vinho até reduzi-lo a uma pasta. Nesse processo, o álcool evaporava. Eles, então, misturavam essa pasta com água para beber, ou comiam como uma geleia. Vimos, ainda, que as fontes históricas indicam que tomar o vinho puro era um padrão considerado de pessoas de baixo nível, sem cultura ou educação.

O vinho naqueles dias teria de 2% a 4% de teor alcoólico, chegando a no máximo 12% a 14% no mundo gentio. Mas, era diluído ou fervido e remisturado com água, caso contrário, haveria embriaguez.

É por isso que Paulo disse a Timóteo “tome um pouco vinho para o seu estômago” (porque esse vinho adicionado à água iria ajudar a combater as bactérias). Então, só por esse conselho de Paulo podemos ver que não estamos falando da mesma bebida, quando nos referimos ao vinho daquela época e ao vinho de hoje. As bebidas alcoólicas de hoje chegam a 75% de teor alcoólico.

Estabelecido que o vinho daqueles dias não é o mesmo que o vinho de hoje, vamos, então, ao segundo ponto: a necessidade de se utilizar o vinho, como nos tempos bíblicos, permanece hoje? E a resposta para isso seria: não! Temos outras maneiras para purificar a água.

A primeira vez que fui para o Egito nos disseram para não bebermos a água diretamente das torneiras, como fazemos nos EUA, que era para bebermos apenas água mineral engarrafada. E foi o que fizemos. Bem, um dia eu saí do lugar onde estávamos e um rapaz estava enchendo as garrafas que tínhamos bebido exatamente com água da torneira… (risos). Mas, estive em lugares onde nós tínhamos que ferver a água antes de consumi-la.

Nos tempos bíblicos não havia muita escolha e beber o vinho misturado era uma maneira de purificar a água. Mas, tendo hoje outros meios de purificação da água, não há necessidade prática em usar o vinho misturado tal como nos tempos bíblicos.

Eu também lhes falei que algumas pessoas dizem: ‘bem, eu gosto do sabor do vinho, a água retira-lhe o sabor,” e eu lhes falei sobre uma pesquisa científica moderna que demonstra que o sabor do vinho fica mais puro adicionando água a ele. A pesquisa comprovou ser isso é verdadeiro também com o café.

Chegamos ao terceiro ponto: usar bebida alcoólica é a melhor escolha? Mesmo que alguém considere que pode evitar a embriaguez, ingerir álcool é uma escolha sábia, prudente? Há alguns relatos convincentes nas Escrituras que nos ajudam a fazer a melhor escolha. Então, vamos dar alguns exemplos.

Em Levíticos, capítulo 10, há um relato interessante. Havia um par de irmãos chamados Nadabe e Abiú, filhos de Arão. Um dia, eles levaram seus incensários e ofereceram fogo estranho perante o Senhor, ou seja, fizeram de modo diferente do que Ele lhes tinha ordenado. Arão era o Sumo Sacerdote, certo? Então, seus filhos eram da linhagem sacerdotal e deveriam estar cumprindo seus deveres sacerdotais. Mas, o que eles estavam fazendo? Eles fizeram algo estranho. A Bíblia apenas relata que eles trouxeram ‘fogo estranho’.

Deus havia estabelecido como seria o fogo para ser colocado no altar. Como o incenso deveria ser apresentado. E eles fizeram algo diferente do que Deus ordenara. Então, saiu fogo da presença do Senhor e os consumiu. Eles morreram. Eles adulteraram a receita para o incenso e custou-lhes a sua vida. O que eles fizeram? Eles ofereceram fogo estranho. Por que eles fariam isso? Bem, eles não teriam feito isso se eles tivessem pensado… Então, talvez algo havia afetado seus sentidos, seu raciocínio.

Você diz: ‘bem, por que você diz isso?’ É que descendo para os versículos 8 e 9, vamos descobrir o seguinte: “E falou o Senhor a Arão, dizendo: Não bebereis vinho nem bebida forte, nem tu nem teus filhos contigo, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações”.

Logo após o Senhor ter matado os dois filhos de Arão, Ele fala a Arão. E o que que Ele disse? “não beba vinho ou bebida forte.” Você percebe que pode haver uma conexão aqui? Ah… Eu creio que estavam fazendo coisas estranhas porque eles não estavam hábeis a pensar claramente. Eles estavam bêbados. Por isso o Senhor dá essa ordem a Arão e a seus descendentes logo após o incidente com Nadabe e Abiú.

E era um mandamento para todos os sacerdotes, “de modo a fazer uma distinção entre o santo e profano, entre o imundo e o limpo.” (v. 10). O que acontece quando alguém está bêbado é que não consegue fazer distinções. Não sabe a diferença entre realidade e fantasia. E Arão deveria ensinar esse mandamento a todos os filhos de Israel (v.11). Os sacerdotes eram líderes espirituais. Deveriam ser modelos de boa conduta e claro discernimento. Deveriam ser boa influência para a nação. Assim, Deus lhes impôs total abstinência do álcool.

Outro exemplo está em Números 6:1-4, o Senhor fala a Moisés sobre o voto do nazireado. Quando alguém decidia se dedicar ao Senhor através desse voto do nazireado, essa pessoa não podia ingerir não apenas o vinho, mas qualquer coisa que viesse ou contivesse uva.

Este é o nível mais elevado de consagração que um judeu poderia fazer. A palavra “nazireu” deriva de “nazir”, que significa “voto”. Literalmente, significa “consagração”. Se alguém quisesse ser totalmente consagrado a Deus, faria esse voto de devoção, separação, santidade.

Assim, o Nazireu era a pessoa que se consagrava inteiramente a Deus, que tinha feito um voto de separação e disciplina autoimposta, por vezes, por 30 dias, às vezes, por 60 dias, 90 dias e, ocasionalmente, por uma vida inteira. Houve três Nazireus vitalícios no Antigo Testamento (bem, na verdade, o último estava no período da transição para o Novo): Sansão, Samuel e João Batista.

Houve muitas mais pessoas que fizeram o voto Nazireu. Você pode lê-lo no segundo capítulo da profecia de Amós. Mas, ao longo do tempo, havia cada vez menos e menos interesse no voto do Nazireado, porque havia menos e menos consagração a Deus e cada vez mais a idolatria. E sabemos que o resultado disso foi o cativeiro, tanto do Reino do Norte, como do Sul.

Considerando que, se você voltar no passado mais remoto da história de Israel nos tempos bíblicos, por exemplo para 1 Samuel 1, você vai se lembrar de uma senhora que foi diante de Deus em uma oração apaixonada e se privou de todo tipo de consumo da uva ou de qualquer produto dela. O nome dela era Ana e fez esse voto porque queria estar ao mais alto nível de consagração e derramar seu coração diante do Senhor.

Acerca de João Batista, Lucas 1, diz: “Ele não beberá vinho nem bebida forte.” Ele foi um Nazireu ao longo da vida. Ele foi o maior homem que já viveu até seu tempo. Ele foi separado durante toda a sua vida.

A razão para essa abstinência é por causa do potencial para a embriaguez. Provérbios 31: 4 diz: “Não é dos reis, ó Lemuel, não é dos reis beber vinho ou para governantes desejar bebida forte, pois eles vão beber e esquecer o que é decretado e perverter os direitos dos aflitos.” O texto segue dizendo que a bebida forte (pura, sem mistura) é para quem estivesse morrendo, para aliviar suas dores, agonias, pois aquele era um mundo sem analgésicos e anestésicos. Mas, fora disto, todos deviam manter a mente sóbria.

Em 1 Timóteo 3, onde você tem as qualificações para um presbítero, um ancião, pastor, há a advertência do versículo 3: “Não dado ao vinho”. Literalmente, estamos falando ‘não inclinado ao vinho’. O versículo 8 fala o mesmo quanto aos diáconos. Cuidado com isso. Aqueles que são líderes, que tomam decisões, que são árbitros,que são governantes, mediadores, aqueles que são mestres da verdade de Deus, que representam Deus diante do povo e o povo diante de Deus, como sacerdotes, devem se abster do álcool.

Então, diante de tudo isso, como fazer a melhor escolha? Que parâmetro seguir quanto a questão de beber ou não bebidas alcoólicas? Bem, parece sensato ter como parâmetro o que está estabelecido na Palavra para aqueles que têm a maior responsabilidade e influência. Se eles não devem usar, devo eu usar? Não perca esta mensagem. E é por isso que eu não faço e nunca fiz uso de bebidas alcoólicas. Por que eu iria fazer isso diante da imensa responsabilidade que eu tenho, uma responsabilidade espiritual? Eu não quero que meus sentidos sejam embotados. Quero ter discernimento. Quero ensinar com precisão a Palavra de Deus. Quero que as pessoas façam a escolha mais elevada e a melhor escolha.

Entramos agora no quarto ponto: É viciante? A bebida alcoólica tem o potencial de viciar? Esta é uma pergunta muito básica e fundamental, e poderia ser aplicada a uma série de comportamentos, não poderia? Um monte deles.

Veja 1 Coríntios 06:12: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm.” Por quê? “Porque todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.” Eu não vou ser trazido debaixo do poder do nada.
O sentido original da palavra aí é ‘manipular’, ‘colocar em cativeiro’. Será que o álcool tem o potencial para me trazer sob o seu poder?

Bem, todos sabemos a resposta para isso. O álcool tem o potencial para criar dependência. Pode ser viciante. E, ao mesmo tempo, controlar a mente. Agora, somos todos criaturas de hábitos, certo? Quer dizer, até as pequenas coisas básicas, você sabe, p.ex., gostar de um determinado tipo de creme dental, fazer sua barba sempre a partir do mesmo lado do rosto, levantar-se e cumprir a mesma rotina a cada dia…

Todos nós temos hábitos. E, você sabe, alguns de vocês amam seu café da manhã, ou no meu caso o meu bule de chá na parte da manhã… Isso é um hábito, mas não é um hábito que tem o potencial para assumir o controle da minha mente e alterar o meu comportamento. Porém, o álcool pode criar uma dependência química, pois possui um poder de alterar a mente contido nele, e isso faz com que seja muito perigoso. Todos nós sabemos as histórias terríveis de alcoólatras, cujas vidas são devastadas e arruinadas. Há trinta e oito milhões de alcoólatras hoje nos Estados Unidos.

As pessoas fazem coisas estranhas quando estão bêbadas. Noé fez. Noé deve ter sido um homem respeitável. Quero dizer, quando o Senhor afogou toda a raça humana, Ele manteve Noé, que deve ter sido um homem de influência para a Sra Noé, Sem, Cam e Jafé e suas três esposas e esses são os oito que Deus salvou.

E, em seguida, a imagem que você tem de Noé após o dilúvio… O que ele faz? Ele fica bêbado! (Agora, vamos aliviar um pouco a barra de Noé… talvez, a fermentação do suco da uva no pós-dilúvio aconteceu mais rápido do que Noé estava acostumado antes do dilúvio, já que as condições climáticas do planeta foram brutalmente alteradas com o Dilúvio… Isso é possível… E ele bebeu daquele líquido fermentado e se embebedou…). Mas o que aconteceu quando ele ficou bêbado? Foi embaraçoso. Era vergonhoso. Ele perdeu sua dignidade.

Quinto ponto: A bebida alcoólica pode levar à devassidão e destruição? Veja o que a sabedoria no livro de Provérbios pesa sobre isso: “O vinho é escarnecedor” (1:20); “a bebida forte é alvoroçadora e quem está intoxicado por ela não é sábio.” Em 23:21: “Porque o beberrão e o comilão acabarão na pobreza; e a sonolência os faz vestir-se de trapos.”

Provérbios 23 versículo 31-35: “Não olhes para o vinho quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente. No fim, picará como a cobra, e como o basilisco morderá. Os teus olhos olharão para as mulheres estranhas, e o teu coração falará perversidades.E serás como o que se deita no meio do mar, e como o que jaz no topo do mastro. E dirás: Espancaram-me e não me doeu; bateram-me e nem senti; quando despertarei? aí então beberei outra vez.” Nunca é uma boa escolha, não é mesmo? Sem dúvida, o álcool tem um alto poder destrutivo.

Sexto ponto: ingerir bebidas alcoólicas é ofensivo para outros, particularmente outros cristãos? Você sabe, você pode ser convencido de que tem toda a liberdade que você quer, e há uma ostentação de liberdade, há uma feia ostentação entre alguns desses jovens que se dizem pastores que é apenas devastadora, desoladora, uma espécie de egoísta que pensa: “eu vou viver minha vida, eu não me importo nem um pouco com o que você pensa!”

Você sabe, podemos estar convencidos de que a nossa ‘maturidade’ e nossa ‘força’ substitui nossa vulnerabilidade e que podemos controlar absolutamente qualquer coisa em nossa liberdade. Mas eu lhe disse, na semana passada, sobre o livro de Darren Patrick chamado “O Plantador de Igreja” que diz: “O maior problema entre esses jovens pastores é a embriaguez.” Que tipo de testemunho é esse?

Precisamos levar em consideração as pessoas ao nosso redor. Como um ex-alcoólatra se converte, é liberto do álcool e encontra na Igreja um ambiente propício a ele voltar ao seu velho hábito nocivo? Também não quero incentivar pessoas que não bebem a beberem. Em outras palavras, eu não quero ser a causa ou justificativa para alguém beber, porque eu não quero ser pedra de tropeço na vida de ninguém. Isso é uma coisa importante para mim. Isso é uma coisa importante para você, também, porque você tem pessoas na sua vida, a começar por seus filhos.

Você nunca deveria querer ser uma pedra de tropeço para alguém que abandonou a bebida alcoólica quando conheceu a Cristo, que relaciona o álcool como uma parte de seu passado nas trevas. Isso é o que estava acontecendo na igreja de Coríntios, que fez Paulo escrever: “Tome cuidado para que essa liberdade vossa não venha de alguma forma tornar-se uma pedra de tropeço para os fracos.”

Você sabe, Paulo aqui estava tratando do assunto de comer carne oferecida aos ídolos nas cerimônias pagãs. E os cristãos que tinham sido libertos desse paganismo se sentiam mal ao irem no açougue e comprarem carne que poderia ter sido oferecida a ídolos. Paulo fala sobre isso no décimo capítulo de 1 Coríntios, e ele faz uma ilustração: você vai para a casa de alguém, um incrédulo que você está tentando evangelizar.

E você leva junto um jovem cristão, um irmão mais fraco que é novo na fé e foi resgatado da idolatria. Você entra na casa do gentio que está no meio do paganismo e você se senta em sua mesa e ele vem com um grande prato de carne. Aí o irmão mais novo na fé olha para você esperando que você saiba o que fazer nessa hora, porque é bem provável que a carne seja sacrificada. Então, você pergunta ao incrédulo qual a procedência daquela carne…E ele responde que comprou no açougue do templo pagão. Logo, a carne foi oferecida aos ídolos…

Agora, um ídolo não é nada, certo? Ele não existe. E não há nada errado com a carne. Mas, sua consciência não pode lidar com isso. Então, digamos que você é o irmão forte, você é o cristão maduro, aqui é o seu dilema. Você poderia dizer para o anfitrião: “Nós não iremos comer a carne, desculpe”, e, com isso, ofender ao incrédulo. Ou você poderia dizer para o irmão mais fraco como você diz ao seu filho de seis anos de idade: “Você deve comer o que está no seu prato, certo?”

Eu quero dizer, seu dilema é: ou você vai ofender ao seu irmão mais fraco ou ao incrédulo. Quem você deve ofender? Paulo diz: “Ofenda ao incrédulo.” Por quê? Bem,podemos dizer que se você decidir ofender ao irmão mais fraco, para não ofender o incrédulo, este, o incrédulo, irá decidir que é melhor ser um incrédulo e ter paz com você do que ser seu irmão. Mas, o que o incrédulo realmente precisaria ver é uma amostra sacrificial, única, compassiva de amor entre os crentes. Tudo isso está descrito no final do capítulo 10 de 1 Coríntios.

Em Romanos 14:13b, encontramos a ordem: “seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão.” Não coloque um obstáculo, uma pedra de tropeço no caminho de um irmão. Versículo 15: “Se por causa de comida seu irmão está machucado. Você já não está andando de acordo com amor.” Você sabe, dói meu coração ver homens em posições de liderança nas igrejas dizendo às pessoas que elas necessitam beber, que elas têm liberdade, enquanto outros são ofendidos por causa disso. Esses líderes empurram pessoas para comportamentos que resultarão numa consciência culpada. Não destrua com alimentos teu irmão por quem Cristo morreu!

Versículo 17: “O Reino de Deus não é comida ou bebida…”. Versículo 20: “Não destruas por causa da comida a obra de Deus.” Verso 21:“Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça.” Então, você deve desistir de suas liberdades de modo a não ofender nunca um outro irmão, aquele que ainda não amadureceu para entender essas liberdades e para quem esses tipos de comportamentos são pecaminosos.

Penso o mesmo sobre música. Há algo mais demoníaco, mais ímpio, mais grosseiro, algo mais sensual, um ambiente mais propício para embriaguez e todo tipo de entorpecimento por drogas do que um concerto de rock? É uma coisa horrível! E, no entanto, tentam trazer essa cultura mundana para a igreja.

Bem, você deveria pensar assim: bem, nunca vou usar a minha liberdade para ofender alguém. Estou feliz em colocar a minha liberdade de lado. Afinal de contas, não é necessário beber e não é a melhor escolha. E isso me leva ao sétimo ponto: isso vai prejudicar o meu testemunho?

Já tratamos sobre isso e a resposta é: claro que sim! Eu quero fazer tudo para a glória de Deus. Eu não quero que as pessoas não me vejam como cristão. Estou feliz de abrir mão de toda e qualquer liberdade, a fim de conservar um testemunho cristão limpo, claro.

E isso só me leva a um oitavo ponto: será que ofenderei a Deus se eu não beber? Ou: Deus ficará satisfeito se eu faço isso? E isso nos leva a Romanos 15: devemos agradar nosso próximo para o bem dele e de sua edificação. Porque também Cristo não agradou a si mesmo. Temos que entender isso! Tem que ser meu desejo não fazer nada que ofenda alguém. Mas, além disso, eu quero fazer tudo o que faço para glorificar a Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo (versículo 6), assim como Cristo nos recebeu, para a glória de Deus.

Então, eu devo pensar sobre esse assunto, não só quanto à forma como isso afeta os outros, mas também a Deus. Eu O glorifico ingerindo álcool? O vinho mencionado na Bíblia corresponde ao vinho e às demais bebidas alcoólicas que conhecemos hoje? Existe necessidade de um cristão beber? A bebida alcoólica é a melhor escolha? É viciante? É potencialmente destrutiva? É ofensiva para os outros? É prejudicial para o meu testemunho? E estou realmente certo de que é certo?

Agora vamos voltar para Efésios 5, e eu quero fechar com um versículo. E, a propósito, essas perguntas podem servir para termos discernimento sobre vários outros tipos de comportamentos. Versículo 15: “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios…”. Devemos avaliar cuidadosamente cada passo. Versículo 16: “Remindo o tempo, porquanto os dias são maus”. Caminhe um passo de cada vez, em sabedoria, em um mundo mau e “não sejais insensatos, mas procurai compreender qual é a vontade do Senhor”.

Oremos:

Pai, tem sido bom. Tem sido importante para nós pensar sobre este assunto, não apenas no contexto de um comportamento, mas como uma espécie de uma estrutura, que nos leva a refletir sobre uma série de comportamentos.
Peço-te que nos proteja do uso indevido do álcool, que não venhamos a ser um mau exemplo que conduza a estragos nas vidas dos nossos familiares, especialmente nas crianças, nos jovens, que são mais suscetíveis a esse tipo de comportamento desenfreado .
Eu oro, Senhor, que Tu nos livres disso. Oro por aquelas pessoas que se sentem tentadas pela embriaguez, que encontram algum alívio ou mesmo alguma dependência no álcool, que os empurra para isso.
Eu oro, Senhor, que Tu lhes dê graça e força e poder e responsabilidade e vitória sobre isso. Suplico que possamos levantar uma geração de jovens com mente sóbria e clara, que querem viver no mais alto e melhor nível de devoção espiritual.
Queremos dar o exemplo para eles da maneira mais limpa, clara e inconfundível. E desejamos em tudo Te dar glória. Oramos em nome de Cristo. Amém.

Clique aqui e leia “O cristão e o álcool – Parte 1”

Clique aqui e leia “A triste libertinagem do álcool na igreja”


Este texto é uma síntese do sermão “Interrogating Alcohol”, de John MacArthur em 29/01/2012.

Você poderá ouvi-la integralmente (em inglês) no link abaixo:

http://www.gty.org/resources/sermons/80-381/interrogating-alcohol?Term=Alcohol

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


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