Orgulho e exaltação – A lição do Titanic

Há noventa anos atrás, era lançado no mar o maior e mais luxuoso navio de passageiros do mundo. E o ingleses, seus construtores, estavam certos que “nem Deus poderia afundá-lo”. Mas a arrogância não duraria mais que a viagem inicial. A 14 de abril de 1912, uma noite calma e serena, um iceberg rasga o casco do navio inafundável. Faltavam 20 minutos para a meia noite. Às 02h20min da madrugada do dia 15, o Titanic já era totalmente fraco e imprestável; a não ser para hoje, deixar-nos lições do terrível e traiçoeiro que é o pecado do orgulho e da arrogância.

O Pastor João Korps, de saudosa memória, disse: “deveis odiar a exaltação”. Falava isto a propósito da queda de Satanás (Isaías 14:12-15 e Ezequiel 28:13). De fato, o ser humano, direta ou indiretamente, sempre está a procura de um ponto de apoio, real ou fictício, para se gloriar. Nabucodonozor sentiu o sabor amargo de tal atitude, conforme vemos em Daniel 4:29.

O Titanic era o navio do século, pesando mais de 46.000 toneladas, expressão máxima do orgulho da indústria naval britânica. Era o primeiro transatlântico a ter piscinas, jardins suspensos e selecionados salões para cinema. A Inglaterra estava certa que, com este fortíssimo gigante, manteria a supremacia de domínio na linha mais cobiçada, a rota Europa – Estados Unidos.

Tudo preparado para a surpreendente viagem. Os passageiros, escolhidos a dedo, sendo os da primeira classe, representantes dos altos círculos financeiros anglo-americanos, que disputavam as passagens do Titanic, atraídos pela perspectiva de rapidez, conforto e segurança. E, como é notoriamente sabido, um inspetor do Ministério do Comércio britânico, depois de rigorosa vistoria, percorrendo todo o navio, proclamara orgulhosamente: “Nem Deus pode afundar este navio”.

Assim é que lá se vai o assoberbado transatlântico singrando o mar em direção a Nova York, com poucos botes salva-vidas, afinal de contas, não havia perigo algum para abatê-lo. Para alegrar o ambiente daquele que seus oficiais denominavam de “Babilônia Flutuante”, estava bem colocada a orquestra com suas músicas de opereta. Tudo era festa e alegria, aventura e música.

O comandante quase sexagenário e habilidoso profissional, bem como seus oficiais, conheciam o perigo de navegar pelos icebergs, ou pedras de gelo no Atlântico Norte. Mas, o que poderia se constituir perigo ao gigante inabalável? Os brindes de champanha se revezavam nos grandes e luxuosos salões, quando o monstro seguia firme em velocidade máxima. Ao mesmo tempo, os passageiros trocavam mensagens, através dos radiotelegrafistas do navio. Vinham incessantes avisos de outros pequenos navios que navegavam naquela área, alertando sobre grandes icebergs, e os mesmos recebiam do Titanic a lacônica resposta: “Obrigado e boa noite.”.

O navio Californian, que se encontrava bloqueado por gigantescos icebergs, comunicou ao Titanic o perigo iminente, e a resposta foi: “Favor não interferir, temos de transmitir e receber centenas de telegramas.” Pouco tempo depois, às 23h40min, um marinheiro avista uma massa escura à frente e dá o sinal de alarme: “Iceberg à proa!!”.

Ordena-se, mediante o perigo, agora bem à vista, que se mude o curso. O Titanic começa a contornar o temível bloco de gelo. Mas, era tarde demais… Uma ponta aguda do imenso iceberg rasga o casco do navio, a bombordo, e uma catadupa de água gelada do mar invade a casa de máquinas. Tudo estava perdido e os minutos do gigante de ferro, já meio adernado, só teria mais uma hora e meia de existência sobre as águas.

O hino 283 do Cantor Cristão. O comandante tinha pulso como tal. Ordena que a orquestra toque para acalmar os passageiros. O pavor dominou a todos, impossível controlar o desespero do “Salve-se quem puder”.

O Californiam, o mais próximo navio, nada podia fazer, estava imobilizado pelos icebergs. Os botes salva-vidas são disputados a socos e ponta-pés. Todos sabiam que em pouco tempo, o navio criaria um grande redemoinho que puxaria todos para o fundo do mar gelado.

Um outro navio, o Carpathia, a uma distância de 50 milhas, recebe o pedido de socorro e parte em direção ao Titanic. A água já está a cintura, mas a orquestra continua executando o hino:

“Mais perto quero estar, meu Deus de Ti
Inda que Seja a dor que me una a Ti
Sempre hei de suplicar, mais perto quero estar
Meu Deus de ti.”

Às 02h20min, do dia 15/04/1912, soçobra o navio que “Nem Deus podia afundar”… O navio Carpathia, que veio às pressas sob tremendo risco de icebergs, nem podia acreditar que o gigante estava totalmente submerso. Ele consegue resgatar 800 pessoas, morreram 1.500 pessoas, inclusive o comandante Smith, que ficou à bordo até os últimos momentos. Assim é que, a quase 4.000 metros de profundidade, jaz humildemente o ex-soberbo titã.

Noventa anos após, esta e outras lições da história, continuam a desafiar o homem a colocar sua confiança somente em Deus, pois, neste mundo, tudo é passageiro, inseguro, frágil e ilusório. Tudo é vaidade e tudo passa, “mas aquele que faz a vontade do Senhor permanece para sempre”.

A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda. (Prov. 16:18)

A soberba do homem o abaterá, mas a honra sustentará o humilde de espírito. (Prov. 29:23)

E visitarei sobre o mundo a maldade, e sobre os ímpios a sua iniqüidade; e farei cessar a arrogância dos atrevidos, e abaterei a soberba dos tiranos. (Isaías 13:11)

Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre. (I Jo 2: 15-17)

Pr. Agnaldo Leite do Sacramento

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