A Tremenda Reverência de Cristo

João 2
13 E estava próxima a páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.
14 E achou no templo os que vendiam bois, e ovelhas, e pombos, e os cambiadores assentados.
15 E tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, também os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas;
16 E disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes, e não façais da casa de meu Pai casa de venda.
17 E os seus discípulos lembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devorará.

O evangelho de João apresenta Jesus como Deus. O Deus Eterno em um corpo. Jesus não é apenas um bom mestre ou apenas um bom exemplo. Ele não é um religioso ou um mito. Ele é Deus em um corpo e veio a este mundo para mostrar como Deus é e também para nos redimir.

Antes de ir a Jerusalém, Ele transformou água em vinho (João 2: 1-12). Ele demonstrou o poder criador de Deus. Somente Deus pode criar do nada. Ele é “o Deus que dá vida aos mortos e chama a existência coisas que não existem como se existissem” (Rm. 4:17).

Salmos 19
1 Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.
2 Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite.

Jesus demonstra em Jerusalém todo seu ardor em reverência ao Pai. Ele posicionou-se intolerante contra qualquer atitude de irreverência para com o Pai. Todas as coisas foram criadas para a glória de Deus. E elas glorificam o criador. Apenas o homem e os anjos caídos não dão glória a Deus. Ao longo de todos os tempos Deus tem demonstrado sua glória, mas o homem tem recusado. Quando Jesus voltar, a glória de Deus constituirá um grande julgamento eterno e dele ninguém escapará.

I Coríntios 10
31 Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.

Deus exige do homem reverência. Nada menos. A atitude de irreverência para com Deus é resultado na natureza decaída do homem. Jesus não chega a Jerusalém e diz: Vim falar sobre o amor! Ele não veio para ser aprovado em um concurso público de popularidade.

Ninguém pode amar a Deus sem primeiro ter passado por uma esmagadora sensibilidade de seu próprio pecado. Então Jesus desfere um duro golpe no estômago da religiosidade hipócrita. Com chicotes Jesus levanta-se contra os comerciantes da fé.

A religião era apenas um negócio. Uma hipocrisia sem sentido. Os sacerdotes eram enganadores e dotados de um caráter maligno. Eles eram materialistas, queriam prestígio, dinheiro e poder. Os líderes religiosos transformaram a adoração em negócio. Eles eram irreverentes e usavam o nome de Deus para ganhar dinheiro.

Mais de dois milhões de pessoas iam a Jerusalém nas comemorações da Páscoa. Havia no templo um forte comércio para venda de animais para sacrifício e troca de moedas que geravam altíssimos lucros à liderança religiosa. Tudo era feito a preços exorbitantes.

Malaquias 3
1 Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais; e o mensageiro da aliança, a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o Senhor dos Exércitos.
2 Mas quem suportará o dia da sua vinda? E quem subsistirá, quando ele aparecer? Porque ele será como o fogo do ourives e como o sabão dos lavandeiros.
3 E assentar-se-á como fundidor e purificador de prata; e purificará os filhos de Levi, e os refinará como ouro e como prata; então ao Senhor trarão oferta em justiça.

Diante da atitude de Jesus, todos estavam presenciando o cumprimento de profecias. A blasfêmia da irreverência resultou em uma forte indignação por parte de Jesus. Ele não tolerou a terrível irreverência contra o Pai. E isto demonstra quão grande será o cálice da ira de Deus quando vier julgar as nações por suas irreverências. Quando a glória de Deus está sendo tratada de forma irreverente, Jesus se apresenta de forma contundente. Após limpar o templo, Ele declara que aquele templo ficaria deserto e desolado (Mt. 23:38).

Quando Ele morreu na cruz o véu do templo, que cobria o lugar chamado Santo dos Santos partiu-se no meio, indicando que ali já não estava mais a presença de Deus. E por fim Ele diz: “Vês estes grandes edifícios? Não ficará pedra sobre pedra que não seja derrubada” (Mc 13:2). Ou seja, os edifícios que faziam parte da estrutura do templo seriam literalmente destruídos. Este fato aconteceu poucas décadas após sua morte. Deus julgou a religiosidade hipócrita e desolou suas estruturas. Somos hoje o templo do Espírito Santo, quanto temor deve estar em nós diante desses fatos.

Isaias 1
11 De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios, diz o Senhor? Já estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; nem me agrado de sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes.

Quando Jesus expulsou os mercadores da fé, ele também expulsou os animais que ali estavam sendo oferecidos para sacrifício. Era o começo do fim dos sacrifícios contínuos pelo pecado. Ao morrer na cruz, Ele foi o último e definitivo sacrifício pelo pecado. O rompimento do véu foi uma demonstração de que os serviços do templo de Jerusalém tornaram-se inócuos.

Salmos 69
8 Tenho-me tornado um estranho para com meus irmãos, e um desconhecido para com os filhos de minha mãe.
9 Pois o zelo da tua casa me devorou, e as afrontas dos que te afrontam caíram sobre mim.

A atitude de Jesus foi uma ofensa a religiosidade organizada. Ele sabia que ali estava formando batalhões que o matariam na cruz. Assim como ocorreu com Davi, o zelo pela casa de Deus produziu inimigos mortais. Ele se tornou um estranho perigoso para os líderes religiosos.

Salmos 51
16 Pois não desejas sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos.
17 Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.

Na cruz uma nova aliança foi estabelecida por Deus com os homens. Deus destruiu toda a estrutura religiosa para restabelecer a reverência do homem para com Deus. Não é possível alguém ser templo do Espírito Santo e não ter profunda reverência ao Senhor.

João 2
18
Responderam, pois, os judeus, e disseram-lhe: Que sinal nos mostras para fazeres isto?
19
Jesus respondeu, e disse-lhes: Derribai este templo, e em três dias o levantarei.
20
Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e tu o levantarás em três dias?
21
Mas ele falava do templo do seu corpo.
22
Quando, pois, ressuscitou dentre os mortos, os seus discípulos lembraram-se de que lhes dissera isto; e creram na Escritura, e na palavra que Jesus tinha dito.

Os religiosos pediram um sinal para crer em Jesus. Ele lhes deu. “Derribai este templo, e em três dias eu o levantarei”. Quando ele ressuscitou após três dias de morto, seus discípulos entenderam sua palavra profética, bem como o Salmo 16:16, que diz: “Pois [Deus] não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção”.

Mas os religiosos nunca conseguiam entender o que Jesus lhes dizia. Eles estavam totalmente cegos por seus próprios preceitos. Tudo que eles conseguiam enxergar estava no nível material e do discernimento humano. Eles pensaram que Jesus estava falando em reconstruir a estrutura do templo.

  • Nicodemos pensou que Jesus falou em voltar ao ventre da mãe e nascer novamente (João 3: 1-10).
  • A mulher samaritana pensou que Jesus falou em uma água mágica que não deixaria seu corpo ter mais sede (João 4: 10-15).
  • A multidão pensou que Jesus falou de um pão que não os deixaria mais ter fome (João 6: 30-52).
  • Quando Ele disse que voltaria ao Pai e não mais seria visto por eles, os religiosos imaginaram que ele iria embora para estar com os gregos (João 7: 34-35).
  • Quando Ele falou da vitória sobre a morte para aqueles que guardarem sua Palavra, os religiosos responderam: “Agora conhecemos que tens demônio. Morreu Abraão e os profetas; e tu dizes: Se alguém guardar a minha palavra, nunca provará a morte” (João 8:52)

Eles pediam sinais. E quando Jesus operava sinais, eles o rejeitavam mais ainda. Ao testemunharem a libertação de um homem, eles disseram: “Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios” (Mt. 12:24). Os religiosos pediram mais sinais, Jesus então lhes respondeu: “Uma geração má e adúltera pede um sinal, porém, não se lhe dará outro sinal senão o do profeta Jonas” (Mt. 12:39). E completou: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos” (Mt. 11:25).

Quando eles destruíram o templo do corpo de Cristo, ao matá-lo na cruz, no mesmo momento o véu do templo se partiu (Mt. 27: 50-51) significando a destruição espiritual do templo de Jerusalém, o qual foi literalmente destruído pelos romanos 37 anos depois. Jesus foi o único e definitivo perfeito sacrifício agradável a Deus. Todo e qualquer novo sacrifício de animais tornou-se uma ofensa ao Senhor.

I Coríntios 6
19
Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?

Efésios 2
20 Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina;
21 No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor.
22 No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito.

Na sua ressurreição, após três dias, Jesus construiu um novo templo, a sua Igreja, o seu corpo. Não é um templo feito por mãos de homens, mas um templo espiritual, feito pelas mãos divinas. Há um templo coletivo, representado pela Igreja do Senhor nesta terra. Mas também há um templo individual, quando cada discípulo seu torna-se um templo de duas pernas para andar por todos os lugares declarando a glória de Deus.

João 2
23 E, estando ele em Jerusalém pela páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome.
24 Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia;
25 E não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem.

Muitos aparentemente creram em Jesus. Mas a maioria possuía uma falsa e inútil fé. Jesus pode ver cada coração. Ele percebe a falsidade e a indiferença do homem. Ele percebe a confissão superficial. Ele não se impressionou com uma multidão animada por milagres, mas olhou para um pequeno grupo de pessoas que mais tarde deram suas vidas por amor a Ele. Ele continua a buscar pessoas que estão motivadas dessa forma. Nada menos. Os verdadeiros crentes são parte deste pequeno grupo de pessoas e não das multidões errantes.

Tal ocorreu em Ezequiel 10 e 11, quando a glória do Senhor se retirou do Templo e de Jerusalém, mas a religião continuou com suas atividades normais, assim ocorreu após o fim da velha aliança. A religião continuou seus ritos, supostamente para Deus, após seus líderes terem matado na cruz o Filho de Deus. O véu do templo partido demonstrou que a estrutura do templo se tornou algo sem qualquer sentido. O Espírito Santo não estava lá, mas a religião continuava com seus ritos e programas. Que fato lamentável! Mas este fato é tão real hoje!


Esta é uma série de sermões traduzidos de John MacArthur sobre todo o Evangelho de João.
Clique aqui e acesse o índice ordenado por capítulo, com links para leitura. 


Este texto é uma pequena síntese do sermão “Jesus Displays His Deity”, proferido por John MacArthur em 12/04/1970.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

http://www.gty.org/resources/sermons/1505A/jesus-displays-his-deity

Tradução e síntese feitas pelo Site Rei Eterno


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