Pregação requer aplicação

O ensino da Bíblia sem aplicação pode ser pior do que não se ministrar nenhum ensino e pode resultar em verdadeiro dano aos ouvintes.

Dificilmente haverá alguma coisa tão fátua e sem sentido como ensinar doutrina bíblica apenas por amor à doutrina. A verdade divorciada da prática não é a verdade bíblica. A doutrina muitas vezes é exposta como tendo valor em si mesma; e aí está a armadilha para o mestre como para o ouvinte.

A Bíblia persuade as pessoas a mudarem os seus caminhos e por sua vida em harmonia com a vontade de Deus como está exposta em suas páginas. Ninguém fica melhor por conhecer a verdade. A verdade teológica é inútil enquanto não é obedecida.

Expor a Bíblia sem fazer aplicação não provoca oposição nenhuma. É só quando o ouvinte é levado a compreender que a verdade está em conflito com seu coração que a resistência começa. Enquanto as pessoas puderem ouvir a verdade divorciada de sua prática de vida, freqüentarão e sustentarão igrejas sem objeções.

Muita coisa que passa por cristianismo neo-testamentário é pouco mais que a verdade objetiva adocicada com canções e tornada saborosa por meio de entretenimentos religiosos.

O que é nefasto é que as doutrinas podem ser ensinadas com completa fidelidade à letra do texto, sem melhorar os ouvintes. O mestre pode, e frequentemente o faz, ensinar a verdade de molde a deixar os ouvintes sem senso de obrigação moral.

Uma razão do divórcio entre a verdade e a prática pode ser a falta de iluminação do Espírito Santo. Outra é decerto é a falta de disposição do mestre em meter-se em dificuldades. Qualquer homem dotado de oratória pode trabalhar em harmonia com a igreja normal, se simplesmente a “alimentar” e a deixar a sós. Dê um monte de verdades objetivas aos ouvintes e nunca insinue que estão errados e precisam arrepender-se, e ficarão contentes.

Por outro lado, o homem que prega a verdade e a aplica às vidas dos ouvintes, sentirá os cravos e os espinhos. Levará uma vida dura, mas gloriosa. Queira Deus levantar muitos profetas assim. A igreja tem aguda necessidade deles.

A W Tozer

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