Rebelião, pecado de feitiçaria

Para compreendermos melhor o assunto, se faz necessário entendermos o que é rebelião. Segundo encontramos nos dicionários seculares rebelião é um processo político-militar em que um grupo de indivíduos decide não mais acatar ordens ou a autoridade de um poder constituído. Ainda pode-se atrelar ao termo rebelião a conspiração.

Mas, conforme constatamos na bíblia, a rebelião começou ainda na eternidade, quando um dos anjos de Deus de maior destaque, o qual era Querubim rebelou-se contra Deus.

Contudo antes de entrarmos em detalhes, aprendamos o que é um Querubim (do Hebraico כרוב – “keruv” ou do plural כרובים – keruvim) Pelos textos que se seguem, notamos como esse ser era importante no céu:

“Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório. Farás um querubim na extremidade de uma parte, e o outro querubim na extremidade da outra parte; de uma só peça com o propiciatório, fareis os querubins nas duas extremidades dele. Os querubins estenderão as suas asas por cima, cobrindo com elas o propiciatório; as faces deles uma defronte da outra; as faces dos querubins estarão voltadas para o propiciatório. E porás o propiciatório em cima da arca, depois que houveres posto na arca o testemunho que eu te darei. E ali virei a ti, e falarei contigo de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins (que estão sobre a arca do testemunho), tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel”. (Êxodo 25:18-22)

“O SENHOR reina; tremam os povos. Ele está assentado entre os querubins; comova-se a terra”. (Salmo 99:1)

Foram bordados querubins também nas cortinas e nos véus do Tabernáculo, bem como nas paredes do Templo. (Êxodo 26:31 e II Crônicas 3:7).

Então vemos que ele não era um anjo qualquer, tinha certo destaque, apesar de aparentemente o Arcanjo, na hierarquia angelical estar acima dele e dos demais.

Mas, o que levou aquele Anjo a rebelar-se? A bíblia nos dá a razão da revolta lucifenica. Em primeiro lugar veio a soberba: “Já foi derrubada na sepultura a tua soberba com o som das tuas violas; os vermes debaixo de ti se estenderão, e os bichos te cobrirão”. Isaias 14.11: Iniquidade: “Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti”. Ez. 28.15: Exaltação: “Pela extensão da tua sabedoria no teu comércio aumentaste as tuas riquezas; e eleva-se o teu coração por causa das tuas riquezas”; Ez. 28.5; Porfia: “Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo”.

Deus reprimiu com rigor a rebelião de satanás e seus anjos, de maneira que não houve sequer uma negociação. A punição foi imediata e exemplar. Deus não negociou com os rebelados. Enviou o seu principal guerreiro, Arcanjo Miguel, e repeliu do seu reino o conspirador.
No Estatuto divino, não havia espaço para que lúcifer apresentasse suas razões para tal rebelião. Quem sabe, se ele fosse se defender, não diria a Deus: “Eu não queria me rebelar, foi um mal entendido” ou “Isso é calúnia e difamação, eu jamais faria isso”. Só, que para o Deus que tudo sabe e tudo vê, não havia como engana-lo. Logicamente, que no âmbito da igreja, uma denuncia de rebelião precisa ser investigada, pois somos humanos e podemos ser injustos em nossos juízos.

Então vemos que o assunto tem origem ainda na eternidade e com seres que tinham tudo para viverem em paz e harmonia. No entanto, por causa da soberba, iniqüidade, exaltação e porfia, resolveram sair do lugar da benção, achando que seriam bem sucedidos em sua revolta.

Mais na frente vemos mais um exemplo de rebelião e suas conseqüências:

“E Coré, filho de Jizar, filho de Coate, filho de Levi, tomou consigo a Datã e a Abirão, filhos de Eliabe, e a Om, filho de Pelete, filhos de Rúben.E levantaram-se perante Moisés com duzentos e cinqüenta homens dos filhos de Israel, príncipes da congregação, chamados à assembléia, homens de posição,E se congregaram contra Moisés e contra Arão, e lhes disseram: Basta-vos, pois que toda a congregação é santa, todos são santos, e o SENHOR está no meio deles; por que, pois, vos elevais sobre a congregação do SENHOR? Quando Moisés ouviu isso, caiu sobre o seu rosto. (Nm 16. 1-4).

O fim dessa história está no mesmo capítulo.

“E a terra abriu a sua boca, e os tragou com as suas casas, como também a todos os homens que pertenciam a Coré, e a todos os seus bens”. v. 32

“E os que morreram daquela praga foram catorze mil e setecentos, fora os que morreram pela causa de Coré”. v.49.

Com Absalão, filho de Davi, não foi diferente. Apesar de ter sido perdoado pelo pai pelo mal que fez ao seu irmão. Na primeira oportunidade que teve, foi a porta do palácio, logo cedo e com ele 50 homens, para abordar aqueles que vinham ter com o Rei Davi, simplesmente para falar mal do pai, para mentir a seu respeito, para seduzir com abraços e falsos beijos e para fazer promessas de campanha para ser o novo monarca de Israel. Seu fim, também não foi diferente de Coré, conforme o texto sagrado. (II Sm. 1. 1-6: 18.14).

Bem, e hoje, o que leva tantos cristãos a rebelar-se contra sua liderança? Por que, a cada dia vemos esse problema ressurgir no seio da igreja? Em particular, acho que os motivos continuam o mesmo, ou seja soberba, iniqüidade, exaltação e porfia.

Deus compara a rebelião ao pecado de feitiçaria:

“Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei”. (I Sm 15.23).

Se alguém vê o erro na sua liderança e já esgotou todos os meios espirituais de lidar com o problema e decidiu procurar um outro lugar, tenha cuidado de fazer isto sem rebelião.
Quando for embora, não faça feito Coré e Absalão, não junte ninguém com você, caracterizando um motim. Vá sozinho, é mais ético. Ao chegar em outra congregação, não fale mal da sua antiga congregação, isso não é bíblico, não edifica, nem justificará sua ação. Simplesmente seja como Cristo aonde você estiver.

Não há outro caminho bíblico.

Robson Aguiar

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