A sabedoria inútil do homem

“… respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que escondestes estas coisas aos sábios e entendidos, e a revelastes aos pequeninos. Sim Ó Pai, porque assim te aprouve.”
Mateus 11: 25-26

Se estiveres completamente convencido de que é sobre a esterilidade do homem que Deus estabelece suas maiores obras, estarás, em parte, protegido contra a decepção ou surpresa. Ele destrói para poder edificar, pois quando está prestes a edificar Seu sagrado templo em nós, Ele primeiro arrasa totalmente esse fútil e pomposo edifício que as artes e os esforços humanos erigiram, e, de suas terríveis ruínas, uma nova estrutura é formada, somente pelo Seu poder.

Ó, que tu possas compreender a profundidade deste mistério e aprender os segredos da conduta de Deus, revelados às criancinhas, mas ocultos aos sábios e grandes deste mundo, que se consideram os conselheiros do Senhor, e capazes de investigar Seus métodos, e Supõem que obtiveram essa divina sabedoria, ocultos aos olhos de todos aqueles que vivem em si mesmos e estão envoltos em suas próprias obras. Quem, por um vivo engenho e elevadas faculdades, sobe ao Céu e pensa compreender a altura, profundidade e largura de Deus?

Esta sabedoria divina é desconhecida para aqueles que passam pelo mundo como pessoas de extraordinário conhecimento e iluminação. É morrendo para todas as coisas e estando verdadeiramente desatentos a elas, seguindo em direção a Deus, e existindo somente Nele, que chegamos a algum conhecimento da verdadeira sabedoria. Ó, quão pouco se sabe de seus caminhos e de sua conduta para com os seus servos eleitos. Raramente descobrimos algo dela, mas, surpresos com a dissimilitude existente entre a verdade recém-descoberta e nossas prévias idéias acerca dela, chamamos junto a Paulo:

“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!”
Romanos 11:33

Ó Tu, Manancial de Amor! Pareces de fato tão zeloso pela salvação dos que tens comprado que preferes o pecador ao justo! O Pobre pecador, que se vê vil e miserável, é, por assim dizer, forçado a detestar-se a si mesmo; e; vendo que seu estado é horrível, ele se lança, em seu desespero, nos braços de seu Salvador, mergulha na fonte de cura e sai dela “branco como a neve”.

Quão cheio de amor próprio são os que se justificam a si mesmos, e quão vazios do amor de Deus! Eles se valorizam e se admiram em suas obras de justiça, que acreditam ser uma fonte de felicidade. Tão logo essas obras são expostas ao Sol da Justiça, descobrem que todas estão cheias de impureza e infâmia, e isso lhes aflige sobremaneira. Enquanto isso, o pobre pecador, é perdoado porque ama muito, e sua fé e amor são aceitos como justiça.

É próprio da sabedoria divina destruir o que está construído com orgulho e construir o que está destruído; fazer uso de coisas fracas para confundir os poderosos e empregar para Seu serviço aquele que parece vil e desprezível. Isso Ele faz de uma forma tão surpreendente que chega a transformá-los nos objetos do escárnio e desprezo do mundo. 

Madame Guyon (Século XVII)

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